Da Mais Velha



Depois de despedir-se da irmã mais nova, a jovem mulher entra no vagão destinado aos professores.

Se não fosse pelo rosto um tanto encovado e olheiras profundas, ela poderia muito bem ser confundida com uma aluna do 7º ano, afinal, contava apenas 23 primaveras e usava roupas típicas de adolescentes trouxas: Uma calça jeans justíssima, botas plataforma pretas e um top de amarril na mesma cor, sobreposto por uma jaqueta de couro, também preto, adornada com tachinhas de metal. Usava o longo cabelo solto, óculos escuros e nenhuma maquiagem ou esmalte nas unhas, que trazia curtas. Seus adornos eram apenas grandes brincos de argolas, combinados com mais dois pares de bolinhas prateadas e um pequeno ponto de luz no lado direito do nariz. De fato, ela parecia tanto ser uma aluna que teve de explicar-se ao oficial que insistiu em mandá-la para o vagão dos alunos.

Quase todos os professores da Escola de Magia e Bruxaria estavam no trem, voltando do recesso, com exceção de Minerva McGonagall e da Prof. Sprout. Numa cabine, Madame Hooch, Flitwick, Snape e Quirrel conversavam animadamente. Bem, na verdade, Snape fingia ler um livro enquanto escutava os outros conversarem.

A recém chegada, Lacrima, bateu hesitante na porta, pedindo permissão para entrar...

- Senhorita, o vagão dos estudantes não é este, faça o favor de...

Ia dizendo o professor Snape, com aquele olhar mortal, quando Flitwick salva a situação:

- Ah, não, Severus, essa é a nova professora! Srta. Lunare, não?

- Sim... - Ela sorriu tímida.

- Professora? - perguntou Snape com uma expressão de espanto e desaprovação - Bem, sugiro que use roupas mais apropriadas à seu cargo para evitar esse tipo de engano, se é isso que deseja. - Continuou seco, como sempre.

Lacrima Lunare já ia se acomodando no lugar oferecido por Flitwick, enquanto, corada com a frase rude de Snape, tentava achar uma resposta adequada.

- Bem, tive de andar por Londres antes de pegar o trem, por isso me vesti como trouxa... - tentava desculpar-se, acanhada. - E, bem, as roupas deles são realmente confortáveis, não? - deu um sorriso desconcertado.

- Ah, sim, concordo plenamente! - Respondeu Hooch, tentando ser acolhedora, enquanto Snape já voltara à sua "leitura".

- Qual é mesmo a disciplina que a Srta. vai lecionar? - perguntou, gentil, Quirrel.

- História da Magia. O Sr. Dumbledore me chamou porque acredita que a minha visão de História seja bem completa, já que cursei a faculdade trouxa e a bruxa simultaneamente...

- É interessante - dizia Flitwick - porque, até onde sei, as universidade trouxas têm disciplinas que estudam o comportamento dos alunos, estou certo?

- Sim... Alguns cursos, inclusive o que eu mesma cursei, incluem matérias que habilitam o aluno a ministrar aulas assim que se forma. Um pouco de psicologia e fundamentos da educação. Pelo que pude notar, o curso bruxo é mais centrado no próprio assunto, já que, em geral, há mais liberdade no que diz respeito ao trato com alunos nas escolas bruxas do que nas escolas trouxas... Os trouxas adoram burocracia! - completou com um sorrisinho.

Assim segui-se a conversa entre eles e a viagem, Snape sempre escutando calado com sua típica expressão mal-humorada.

Já em Hogwarts, eles saíram rapidamente do trem e pegaram as primeiras carruagens para o castelo. Os testrálios, os quais Lunare nunca havia visto de perto e a deixaram maravilhada, sequiram à rápido galope e finalmente os professores adentraram o castelo.

Lacrima estava sem palavras diante da obra de arte que era aquela construção e todos os detalhes mágicos no interior que quase nem percebeu que Alvo Dumbledore aproximava-se dela, cumprimentando-a.

- Oh, boa noite, Sr. Diretor! Estou sinceramente encantada com as instalações da escola, meus parabéns!

- Obrigada, Srta. Lunare. Como está sua estadia em Londres?

- Bem, o Sr. conhece minhas... condições especiais, não? Fora esses incômodos, a casa é adorável e os vizinhos muito discretos, agradeço o empenho em localizar uma moradia para minha família...

- Agradeça ao Sr. Weasley quando tiver a oportunidade, ele é um grande conhecedor da cidade e, principalmente dos bairros trouxas. Contei com a ajuda dele para achar uma casa que pudesse atender às suas necessidades. Fico feliz que tenha gostado! - Ele tinha no rosto um sorriso franco e contagiante - Bem, acho que está na hora de dar início à festa! Por favor, sinta-se à vontade para sentar na mesa junto com os outros professores... E, se me permite dar-lhe um conselho, escolha a segunda cadeira à esquerda, é onde sempre aparece a torta de abóbora!

Lacrima sorriu largamente e agradeceu a atenção do diretor enquanto dirigia-se ao assento indicado.

Notou que os alunos, nas quatro grandes mesas a olhavam curiosamente e cochichavam com seus colegas... Então percebeu que estava usando roupas um tanto incomuns para a ocasião e sentiu-se muito envergonhada. Devia ter trocado de roupa no trem, mas envolvera-se na conversação...

Logo Dumbledore aparece na mesa, faz um breve discurso e apresenta os novos professores, Quirrel, para Defesa Contra Artes das Trevas e Lunare, para História da Magia. Ela se sentiu constrangida ao ter de se levantar, mas os alunos fizeram uma verdadeira algazarra quando viram por completo o visual "rebelde" da professora. Batiam palmas, gritavam, assobiavam e Snape torcia o nariz tremendamente. Ela se sentiu bem mais confortável e agradeceu a saudação dos alunos.

Viu as crianças do primeiro ano entrarem e, uma a uma, serem selecionadas para as casas. Desde que chegaram em Londres, Aurea ficava o tempo todo falando da escola e perguntando em qual casa a irmã achava que ela ficaria. Viu a pequena ser posta na Sonserina e pode perceber sua alegria. Sorriu e acenou para a irmã quando recebeu seu olhar.

A festa correu deliciosamente, mas ela se sentia sozinha. Os outros professores conversavam entre si e Dumbledore cochichava alguma coisa com Severus Snape... Estava, definitivamente, sozinha. Sempre tivera dificuldade em fazer amigos, embora se animasse a cada oportunidade que surgia. Nova classe, nova escola, novo país... Sempre sonhando com pessoas iguais à si mesma e, principalmente, com alguém especial... Era estranho, sempre sonhava com ele, mas não conhecia seu rosto, sentia sua presença e, nas horas de desespero chegara até a conversar com ele... Estaria louca? Não... Ele era mais que uma simples idéia arraigada numa mente insana. Pegava-se sempre esperando-o, sentindo sua falta... Seria melhor que estivesse mesmo louca e visse esse ser, pudesse tocá-lo em seus delírios e então não sentiria mais aquele vazio que a solidão lhe legava.

Suspirou e tentou esquecer tais divagações. Logo a festa acabou e Dumbledore lhe indicou o quarto que reservara a ela... Realmente ele parecia saber exatamente o tipo de quarto que ela gostaria de ter. Poderia parecer estranho à quem não lhe conhecesse, mas ela ficou satisfeitíssima ao saber que se hospedaria na antiga torre de prisioneiros. Esqueceu os aborrecimentos e passou boa parte da noite mexendo com a decoração, tendo ido dormir quando as primeiras corujas já voltavam à seus poleiros...

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