O julgamento



Desculpem a demora. Esse era um dos capítulos mais importantes, então tinha que ter certeza que tinha ficado bom. Acho que consegui. Espero que gostem. Já sabem. COMENTEM, COMENTEM, COMENTEM


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Capítulo 20: O Julgamento


Não foi o fim de semana que os dois esperavam. Molly estava muito desconfiada e fez jogo duro para impedir que eles ficassem sozinhos. Para alívio de Ron, Gina e Harry sofreram da mesma pressão que ele e Mione e também não tiveram muito tempo juntos. No domingo à noite, com muito esforço, Mione conseguiu entrar no quarto do namorado, mas logo em seguida, a Sra. Weasley bateu à porta e ela teve que se esconder. Acabou tendo que voltar ao quarto de Gina e Ron foi dormir sozinho.


Foi uma das piores noites da sua vida. Acordou segunda pela manhã sem a menor disposição para nada. Dali a poucas horas estaria no tribunal enfrentando toda a Suprema Côrte dos Bruxos. Para completar, tanto o Profeta Diário quanto o Pasquim, recentemente reativado, estariam presentes. Ainda era muito cedo quando desceu para a cozinha. Para a sua surpresa, Hermione o aguardava.


- Bom dia Rony, dormiu bem? – ela parecia preocupada.


- Bom dia meu amor. Na verdade não, mal preguei os olhos. Por que está acordada tão cedo?


- Imaginei que você fosse acordar cedo, então resolvi fazer o mesmo. Vem cá, eu preparei um chá para você – Ron puxou uma cadeira e se sentou. Os dois tomaram o chá em silêncio, até que de repente ele abraçou a namorada, cada vez mais forte. Não falava nada e Mione, mesmo sem entender, também ficou em silêncio. Daí a pouco ela sentiu algumas lágrimas lhe molharem a blusa e se afastou para olhá-lo de frente.


- Calma, não fica assim. Tudo vai dar certo – ele mantinha os olhos fechados, com uma inegável expressão de dor. Ela precisou de muita força para não chorar também. Sentia-se péssima ao vê-lo naquele estado. Demorou para que ele se acalmasse.


- Eu vou ter que reviver tudo de novo. Cada pedacinho. E dessa vez o mundo inteiro vai ficar sabendo – Mione ficou calada. Simplesmente continuou junto a ele, dando-lhe forças. Não sabe quanto tempo ficou assim, mas acabou notando que os outros estavam começando a acordar.


Um a um, os outros moradores começaram a aparecer na cozinha. Ron tentou disfarçar os olhos marejados, mas sem sucesso. Sempre que alguém via sua expressão, acabava ficando mais sério. Foi um café da manhã muito calado. Todos os Weasley, além de Harry e Hermione compareceriam ao julgamento, inclusive Carlinhos, que viria da Romênia só pra isso. Pouco depois do café, um carro apontou no jardim.


O mesmo homem que havia conduzido Harry e Ron ao depoimento seria o encarregado dessa vez. Muito formal, ele se apresentou à família e se dirigiu ao rapaz.


- Bom dia senhor Weasley. Eu sou o condutor encarregado pelo Ministério. Como o senhor verá nesse pergaminho, eu tenho ordens de recolher a sua varinha e revistá-lo – ele esticou um pergaminho a Rony, que simplesmente entregou-o para sua mãe.


- Eu já conheço o procedimento. Aqui está minha varinha – o bruxo pegou a varinha e colocou-a num saco plástico. O funcionário do Ministério anotou algumas coisas do lado de fora e guardou o objeto em uma bolsa que trazia a tiracolo. Procedeu com a revista de Rony, que foi um processo extremamente embaraçoso. Depois de satisfeito, pediu que ele o acompanhasse.


- Tudo vai ficar bem meu filho, logo logo estaremos lá – Molly lhe deu um abraço apertado e demorou a largar. Quando finalmente se soltou, tinha lágrimas nos olhos. Arthur e os outros se despediram dele e Mione ficou por último. Quando todos saíram, ela chegou mais perto.


- Quero que fique com isso – ela entregou um pequeno pedaço de papel muito velho. Ron olhou e era a foto de Mione que ele havia perdido no dia do sequestro.


- Mas como você encontrou? – ele parecia não acreditar.


- Na verdade, foi Percy que encontrou, no dia do sequestro. Eu guardei ela comigo desde então. De alguma maneira isso me fez acreditar que você voltaria e me fez ter certeza de que realmente me amava. Quero que fique com ela e saiba que sempre estarei por perto.


- Mas você vai estar lá, não vai? – ele tinha os olhos cheios de lágrimas, assim como ela.


- Claro que vou, mas vou estar longe. Quero que sinta que isso aqui sou eu ali, ao seu lado – ela segurou mais forte as mãos do garoto enquanto ele fitava a foto. Ficaram alguns segundos em silêncio, até que o motorista do Ministério falou com eles.


- Agora realmente precisamos ir Sr. Weasley – Ron não queria se separar de Hermione. Deu um abraço demorado na namorada, que acabou se afastando.


- Eu te amo muito. A gente se vê lá – ele concordou com a cabeça e seguiu o funcionário até o carro. Sua família estava parada no quintal. Molly já não segurava as lágrimas. Deu outro abraço no filho antes dele entrar no carro. Partiu deixando a Toca pra trás.


Nunca a viagem entre a Toca e o Ministério pareceu demorar tanto. Depois do que pareceu ser uma eternidade chegaram à uma entrada reservada. A rua parecia tranquila, mas Ron não teria a mesma sorte do lado de dentro. Foi só colocar os pés naquele lugar que ele se tornou o centro das atenções. Primeiramente, todos os funcionários que estavam ali pareciam saber quem ele era. Foi abordado várias vezes nos poucos instantes desde sua chegada. Caminhou um pouco e a situação ficou pior, agora teria que encarar os repórteres. Antes que fosse bombardeado por eles, encontrou-se com Percy que estava junto a um bruxo muito gordo, de estatura mediana.


- Oi Ron, tudo bem? – parecia preocupado ao dar um abraço no irmão. Ron, ainda meio atordoado devolveu o cumprimento.


- Ah, mais ou menos. Que loucura que está isso aqui. Achei que vocês poderiam evitar esse tipo de coisa.


- Nós bem que tentamos, mas você conhece esses jornalistas. Aquela tal de Rita Skeeter deve ter algum informante aqui dentro. Depois que ela soube que você viria hoje não demorou a espalhar pra todo mundo. Por isso está essa loucura, você não imagina como o ministro ficou – o bruxo que o acompanhava pigarreou para chamar a atenção dos dois.


- Ah sim. Ron, esse aqui é Mark Martelli. É um dos melhores advogados que o mundo bruxo já viu. Ele ficou sabendo do seu caso e resolveu ajudar – essa foi a deixa para que o advogado começasse a falar.


- Muito prazer senhor Weasley – ele cumprimentou o rapaz entusiasmadamente.


- Muito, muito prazer. Pra que eu preciso de um advogado? – Mark soltou uma risada muito afetada.


- Todos nós precisamos de um advogado mais cedo ou mais tarde, meu caro rapaz. Depois de ouvir o que eu tenho a dizer, você verá que posso ser de grande ajuda – Ron olhou para o irmão que o encorajou a ouvir o que o outro tinha a dizer, mas antes que pudesse falar, o bruxo se adiantou.


- Bem, eu li e reli todo o seu caso. Tive acesso a vários documentos relacionados ao seu depoimento e cheguei à conclusão de que você está sendo injustamente acusado – Ron se irritou levemente. Não precisava de um advogado para lhe dizer o que já sabia. Mark, sem perder muito tempo continuou.


- Resolvi te ajudar porque a família Malfoy é muito influente e eles dificultarão bastante sua vida. Não se engane, mesmo com todas as evidências a seu favor, esse julgamento pode dar muito errado – ele estava subitamente mais sério, o que deixou o rapaz um pouco preocupado.


- Agradeço a sua ajuda, senhor Martelli, mas o que devo fazer agora?


- Ah sim – sua expressão se anuviou novamente. – Vamos começar pelo básico. Não responda a nenhuma pergunta da imprensa antes do início do julgamento. Dependendo do resultado, você pode e deve falar com eles no final. No tribunal, a acusação vai pegar pesado, então mantenha a calma. E o mais importante, nunca responda nada sem pensar muito bem antes. Qualquer coisinha, qualquer vírgula fora do lugar pode estragar todo o nosso caso – ele terminou o seu discruso sentindo-se importante. Ron, meio assustado, concordou.


- Agora me siga – O advogado começou a abrir caminho entre os repórteres com seu corpanzil. Ron veio logo atrás e as perguntas começaram a jorrar. Os repórteres se acotovelavam para terem a chance de chegar mais perto dele. Todos falavam ao mesmo tempo, então o rapaz não conseguia entender muito bem. Quando conseguiu se livrar de todos, deu de cara com quem menos queria, Rita Skeeter. Não a via há muito tempo, mas ela não mudara absolutamente nada. Era a única que não fora contida pelo cordão de isolamento. Mark, muito irritado, foi discutir com os funcionários que faziam a segurança, deixando Ron sozinho com aquela víbora.


- Bom dia Sr. Weasley, espero que esteja se sentindo bem – abriu o sorriso mais falso do mundo e sacou sua pena de repetição rápida. O garoto ainda não havia falado nada e a pena escrevia loucamente.


- É verdade que você matou o senhor Malfoy por causa de uma desavença antiga entre você e o filho dele, Draco? – ela emendou outra pergunta antes que Ron tivesse tempo de compreender a primeira.


- Você, vindo de família humilde, sempre sentiu inveja da vida abastada do senhor Malfoy? Queria mostrar a todos que, apesar de Harry Potter ser o grande herói da guerra, você tembém tinha capacidade de matar bruxos das trevas? – Ron estava ficando roxo de raiva. Não dissera uma palavra, bem como seu advogado mandara, mas a pena de repetição rápida já havia escrito cinco páginas. Quando estava à beira de explodir, Mark retornou e o levou pra longe dali.


- Escuta o que estou dizendo. Nenhuma palavra do que está escrito aí vai ser publicada ou eu fecho o jornal – ele vociferou com Skeeter que deu uma risadinha. Mais alguns segundos ela recolheu sua pena, não sem antes tirar uma foto do advogado enfurecido protegendo seu cliente.


Apesar de Ron ter ido embora, a imprensa tinha muito com o que se ocupar. Logo em seguida, Draco Malfoy apareceu. Deu declarações com os olhos marejados, completamente falso. Sua mãe também se fingiu de abalada. Vinham acompanhado do pomposo investigador do Ministério, que presenciou todo o depoimento de Rony. Continuava a manter o nariz empinado, mesmo depois de ter presenciado todo o horror a que Ron foi submetido.


Depois do burburinho que foi a chegada dos Malfoy, Harry Potter e os Weasley apareceram. Mais uma vez os repórteres se ouriçaram e sufocaram a família com perguntas e fotos. Todos passaram sem dizer uma palavra. Uma vez livre daquela bagunça, Hermione perguntou.


- Mas que coisa. Onde será que está o Ron?


- Já deve ter entrado. Vamos, senão não vamos encontrar lugares.


Realmente a sala estava muito cheia. Na frente do salão estava sentado o chefe da Suprema Côrte dos Bruxos e, distribuidos ao seu redor, os demais integrantes dessa mesma côrte. De repente, todos se calaram ao ouvirem a voz do bruxo que presidia a sessão.


- SILÊNCIO. Vamos começar – ele tinha a varinha encostada na garganta, aumentando bastante o som. Todos ficaram muito quietos e se arrumaram em seus lugares.


- Gostaria de convocar as partes envolvidas. O réu Ronald Abílio Weasley – Rony etrou acompanhado de seu advogado. Hermione segurou sua vontade de se levantar. Ao seu lado, algumas pessoas cochichavam, mas ela não conseguiu identificar o que estavam falando. Logo em seguida, Gui, Fleur e Carlinhos apareceram.


- Agora gostaria de chamar o promotor e a família Malfoy – Draco e sua mãe entraram na sala, sob algumas vaias. Toda a família Weasley, além de Harry e Hermione sentiram asco daqueles dois. Se sentaram nos seus lugares. Todos ficaram em silêncio esperando o presidente da mesa dar prosseguimento ao julgamento.


- Bem, estamos aqui hoje para investigar a morte de Lúcio Malfoy e Fenrir Greyback. O réu Ronald Weasley já confessou ter matado os dois, mas alega legítima defesa. O mesmo já forneceu suas memórias daquela época, que foram analisadas por alguns bruxos aqui presentes, que prestarão depoimentos sobre o que viram mais tarde – o discurso continuou por um tempo. Finalmente o bruxo começou a ler os detalhes do caso, que demorou quase uma eternidade. Quando ele terminou, deu a palavra à acusação. O invesigador do ministério, muito pomposo, se levantou.


- O senhor Lúcio Malfoy, uma figura notável, foi assassinado friamente por esse rapaz. Os motivos ninguém sabe ao certo, mas dado a notória rivalidade entre o mesmo e o meu cliente, Draco Malfoy e a alguns depoimentos que dizem ter certeza que o o réu tinha inveja da família Malfoy, nos dão uma boa ideia do motivo. Ele afirma ter agido em legítima defesa, mas o fato é que não deu à vítima a menor chance de se defender, estando ela inclusive desarmada – o sangue de Harry fervia enquanto ouvia o bruxo falar. Aquele sujeito esteve com ele presenciando a tortura de Ron. Não conseguia acreditar que ele pudesse mentir tão descaradamente. Para seu total desapontamento, vários bruxos ali pesentes pareciam concordar com ele. Quando aquele cara terminou de falar tanta abobrinha, ele se virou para os outros.


- Não consigo acreditar que alguém possa mentir tanto assim. Ele viu as memórias de Ron junto comigo, ele viu tudo – assim como ele, Hermione, Gina e os outros Weasley se sentiam tão ou mais revoltados. Finalmente o chefe da sessão deu a palavra à defesa e eles tiveram que se calar.


- Bem, fico realmente admirado com o discurso de meu colega. Ele esteve presente, junto com meu cliente, quando esse forneceu as suas memórias. Ele presenciou como o senhor Ronald Weasley foi barbaramente torturado pelas duas vítimas. Ao se presenciar tais atos cometidos contra ele, fica claro que meu cliente não tinha outra opção para se manter vivo. Foi legítima defesa na sua mais clara forma. Não só isso, como também foi uma ajuda sem tamanho na luta contra os Comensais da Morte. Pessoas como o senhor Lúcio Malfoy e Fenrir Greyback já cometeram diversas atrocidades, portanto não podem ser considerados pessoas do bem. Digo isso porque tenho total convicção que ao final desse julgamento poderei provar a todos as monstruosidades cometidas contra o meu cliente – apesar de sua condição física e de seu aspecto engraçado, aquele advogado dominava a sala. Falou com muita determinação e parece ter agradado vários dos bruxos que estavam ali. Para alívio de Harry, a maioria dos presentes parece ter se comovido mais com o discurso da defesa.


- Quem contratou esse advogado? Ele me parece muito bom – pela primeira vez Hermione sorria. Arthur veio falar com ela.


- Não conta pra ninguém, mas foi o ministro. Ele me indicou esse cara e me pediu segredo – Mione ficou surpresa, mas obviamente se calou. Se virou para a frente da sala e se pegou sorrindo. Parecia que Ron estava em mãos muito boas.


Defesa e acusação agora haviam terminado seus discursos de abertura. Agora seria a vez de Ron ser chamado para testemunhar. Quando ele se levantou e se dirigiu à cadeira das testemunhas, Hermione sentiu seu coração se acelerar. Ficou de pé instintivamente, mas logo percebeu todos os olhares sobre ela. Ron olhou pra cima e viu sua namorada. Deu um pequeno sorriso antes de se sentar. Um bruxo chegou próximo a ele e posicionou sua varinha sobre a cabeça do ruivo. Pronunciou algumas palavras e colocou um feitiço em Ron que o impedia de falar mentira. Depois de tudo pronto, a acusação seria a primeira a fazer perguntas.


- Senhor Ronald Weasley, o senhor admite que matou Lúcio Malfoy e o lobisomem Fenrir Greyback?


- Sim – várias pessoas se assustaram com a afirmação do garoto.


- Você também confirma que os dois estavam desarmados?


- Não, Malfoy estava com a sua varinha.


- E você usou a de Greyback para matá-los?


- Sim.


- E a varinha de Lúcio estava abaixada no momento que aconteceu?


- Não, não sei dizer. Ele tinha acabado...


- Simplesmente responda a minha pergunta. Você não sabe dizer, é isso?


- Sim – Ron continuava a bufar de raiva. O advogado o estava induzindo a responder. Mark também estava irritado e tentou protestar. Ao ter seu pedido negado percebeu que estava diante de uma platéia hostil. Quando a acusação terminou sua parte, ele se levantou para inquirir Rony.


- Senhor Ronald Weasley, você alega ter agido em legítima defesa. Você forneceu suas memórias por livre e espontânea vontade?


- Sim.


- E quantas pessoas estiveram lá com você?


- Além de mim, seis pessoas.


- E você pode indicá-las para mim?


- Sim. O ministro Kingsley Shacklebolt, o chefe dos aurores, Harry Potter, um especialista em reconhecimento de memórias, Blásio Zabini e o investigador do ministério que acabou de me inquirir – o burburinho recomeçou. Não só as pessoas haviam acabado de descobrir que Harry Potter estava presente, como descobriram que o bruxo responsável pela acusação estivera presente e presenciara toda a verdade. Quando finalmente fizeram silêncio, Mark continuou.


- E você confirma que foi torturado covardemente pelas duas vítimas?


- Sim, sem dúvida alguma – estava começando a gostar do rumo que o interrogatório estava tomando.


- E todos os que estiveram presentes, incluindo o advogado de acusação puderam confirmar isso?


- Sim, sem dúvida alguma – se sentindo melhor, Rony respondeu muito mais tranquilamente ao restante das perguntas. O investigador não parecia muito feliz sentado em sua cadeira. Ron logo foi dispensado e o chefe da sessão declarou um intervalo.


Hermione se levantou e foi tomar um ar. O clima ali dentro estava pesadíssimo. Sentia-se mal por ver o que estava acontecendo com Rony. Enquanto bebia uma água, uma pessoa muito desagradável parou ao seu lado.


- E aí Granger, preocupada com seu namoradinho? – Mione se engasgou e ao se virar deu de cara com Draco Malfoy.


- O que você está fazendo aqui? Não deveria estar lá dentro no seu teatrinho?


- Pois é, vou voltar pra lá, só vim ter certeza que você está assitindo. Descobriu que tipo de namorado você tem?


- Claro que sim. Eu sei de tudo o que aconteceu. Ele já me contou. Várias pessoas já viram as memórias dele, inclusive esse sujeitinho que vocês contrataram. Eu sei que seu pai é um monstro e mereceu morrer – Mione sentiu que talvez tenha exagerado um pouquinho, mas não desviou o olhar. Draco parecia sem palavras. Foi poupado de mais constrangimento ao ouvir sua mãe chamar. Fuzilou Hermione com o olhar e saiu bufando. A garota conseguiu sorrir e voltou pra sala.


Quando já estavam todos reunidos, a sessão foi retomada. Agora era a vez da defesa chamar uma testemunha e para a surpresa de todos, o Ministro Shacklebolt foi chamado.


- Caro Senhor Ministro, o senhor confirma que presenciou todo o depoimento do acusado Ronald Weasley e esteve presente quando as memórias dele foram investigadas?


- Sim, confirmo.


- E o senhor acredita que tudo que viu foi verdade?


- Tenho certeza.


- E o senhor acha que Ronald Weasley agiu em legitíma defesa?


- Sim – o advogado sorriu e terminou seu inquérito. O advogado de acusação parecia completamente perdido e demorou a se levantar. Fez algumas perguntas, mas nada de relevante. O ministro se levantou e Ron começou a achar que a maré estava mudando a seu favor.


Agora era a vez da acusação chamar uma testemunha e chamaram Blásio Zabini, que todos imaginavam ser o que poderia complicar um pouco as coisas.


Ao sentar-se, Zabini parecia muito desconfortável. A acusação começou as perguntas e ele parecia muito hesistante ao respondê-las. Dava respostas evasivas que não contribuiam muito para o desenrolar do julgamento. Já irritado, o investigador resolveu pressioná-lo.


- Senhor Zabini, você ainda não respondeu. Você testemunhou o momento em que Ronald Weasley disparou os feitiços contra o senhor Malfoy?


- Sim – Blásio começava a suar.


- E você pôde perceber se o senhor Malfoy portava sua varinha?


- Sim, ele portava.


- E ele a apontava pra onde?


- Para o réu. Logo após matar o elfo doméstico, ele levantou sua varinha e a apontou para Ronald, segundos antes de ser morto – definitivamente não era a resposta esperada. Todos pareciam ter congelado na cadeira. A testemunha que deveria favorecer a acusação havia acabado de dar um depoimento que poderia mudar tudo. O investigador do Ministério, muito desconcertado, tentou prosseguir.


- Você, você tem certeza disso?


- Sim, absoluta – daquele ponto em diante, todos sabiam, inclusive os Malfoy que a maré havia mudado. Tirando alguns poucos presentes, a grande maioria passava a acreditar em Ron. Percebendo isso, Hermione conseguiu sorrir e apertou o braço de Harry, sentado ao seu lado.


- Vai dar tudo certo. Não tem como ninguém prejudicar Rony – Harry sorriu pra ela e confirmou com a cabeça. A defesa se levantou para interrogar Zabini.


O depoimento só serviu para confirmar o que a defesa vinha tentando argumentar. Ron se defendeu de torturas terríveis e não tinha outra alternativa a não ser matar aqueles dois. A morte de Fenrir Greyback não estava sendo muito discutida, pois o mesmo era um lobisomem e não causava grande comoção. Para dar prosseguimento ao julgamento o chefe da sessão pediu que fossem revistas alguns trechos das memórias de Rony selecionadas tanto pela defesa quanto pela acusação.


Mark se levantou  primeiro e tinha alguns trechos para mostrar. O uso da Maldição Imperius e da Maldição Cruciatus, a parte em que Lúcio escreve a palavra MORRA, várias outras cenas de tortura e por último a parte da morte, dando enfoque ao fato de que Lúcio possuia sim sua varinha apontada para Rony. Quando a defesa teve sua chance, mostrou apenas a parte do assassinato, logicamente tentando provar que Lúcio estava desarmado. Só para fortalecer um pouco mais a sua parte, a defesa chamou o especialista em memórias. O excêntrico francês sentou-se em sua cadeira.


- Boa tarde. O senhor acompanhou todas as memórias de Ronald Weasley?


- Sim.


- E quais as suas conclusões?


- Todas as memórias fornecidas eram absolutamente verdadeiras. Não notei nenhum tipo de alteração no tempo ou no espaço, bem como nos diálogos e atitudes dos personagens. Tenho total certeza disso – aquilo causou ainda mais burburinhos. Sentado em seu lugar, Ron parecia mais feliz e até sorriu. Um julgamento que prometia ser um martírio estava sendo muito tranquilo. A acusação não tinha nada a perguntar ao especialista e ele então foi liberado.


Os argumentos da acusação estavam fraquíssimos e praticamente não tinham mais como vencer aquele caso. Percebendo isso e dado o fato de que estavam ali há muitas horas, o chefe da Suprema Côrte dos Bruxos, resolveu fazer um discurso


- Primeiro eu gostaria de perguntar a vocês o que estamos fazendo aqui? Estamos discutindo se esse garoto merece ou não ser punido por se defender de provavelmente um dos piores casos de tortura que eu já tomei conhecimento em mais de quarenta anos trabalhando nessa Côrte. Meu antecessor Alvo Dumbledore já teria encerrado isso há muito tempo e eu sugiro fazer o mesmo. Um Comensal da Morte reconhecidamente cruel e um lobisomem que causou muitas mortes morreram após terem realizado todo tipo de barbaridades conhecidas e aqui estamos reunidos para discutir se eles merecem justiça. Digo que, caso meus colegas concordem , encerremos esse julgamento logo. Não só isso, como o senhor Ronald Weasley deveria ser indicado como auror. Nunca ouvi nenhum caso de algum bruxo que tenha resistido à Maldição Imperius, nem mesmo nosso ministro, o melhor auror que já tivemos. E o senhor – ele apontou para o investigador da acusação – deveria se envergonhar desse papel que está fazendo – o clima ficou pesado, cheio de apreensão. Um intervalo foi decretado para que pudessem decidir.


- Até que enfim parece que vai acabar – Hermione falou aliviada.


- Parece que sim – Gina respondeu e deu um abraço na amiga. Molly e Arthur também se abraçavam e todos os Weasley pareciam felizes. Alguns saíram da sala para descansarem um pouco. Depois de uns dez minutos, a sessão foi reiniciada.


- Bem, conversei com meus colegas de Côrte e decidimos inocentar o réu de todas as acusações – a sala explodiu em gritos. Todos aplaudiam e gritavam o nome de Rony. O ruivo ficou emocionado e olhou para sua família. Seus olhos encontraram os de Mione e viu que ela chorava. Ele não se aguentou e mandou um beijo para ela, que foi prontamente correspondido. Ele virou para seu advogado e sussurou alguma coisa em seu ouvido. Depois que a sala fez silêncio, Mark pediu a palavra.


- Senhor, gostaria de lhe pedir uma coisa – todos os olhares se viraram para ele. Ninguém entendeu muito bem, mas pararam para escutar.


- Meu cliente me fez um pedido e eu acho muito pertinente colocá-lo em pauta. Ele disse que deveríamos rever as lembranças do senhor Lúcio Malfoy. Meu cliente foi torturado para que entregasse Harry Potter. Acho de extrema necessidade descobrirmos porquê ele desejava isso – o burburinho era geral. Acharam o pedido no mínimo inusitado. O juiz pediu silêncio e respondeu.


- Acho seu pedido no mínimo curioso. Não consigo entender porque deveríamos continuar a reviver os acontecimentos daquela época. Entendo também que vocês têm razão e se meus colegas concordarem, acho pertinente revermos as memórias do senhor Lúcio Malfoy – o advogado dos Malfoy tentou portestar, mas sem sucesso. Sabia que se fossem a julgamento seria obrigado por lei a fornecer as memórias do senhor Malfoy. Os membros da Côrte cochicharam por alguns minutos e decidiram que deveriam sim revisitar aquelas memórias.


Aquilo nunca havia sido feito antes. Ninguém sabia muito bem quem seriam os bruxos que deveriam entrar na penseira e nem se havia uma penseira grande o suficiente para aquilo. Ele decidiu pedir ajuda ao especialista do Ministério que lhe informou que havia uma maneira de se expandir qualquer penseira para comportar qualquer número de presentes. Depois de muita deliberação, ficou decidido que todos os bruxos da Suprema Côrte entrariam, assim como Rony e seu advogado, o ministro, o especialista e a família Malfoy com seu advogado.


Passaram-se por volta de 40 minutos até que todos estivessem prontos. Hermione, Harry e os Weasley ficaram muito aflitos. Não entendiam porque Rony havia pedido aquilo. Queriam levá-lo pra casa e comemorar. Sabiam que esse tipo de memórias demorariam muito tempo para serem revistas. Continuaram presentes, apesar da sala já ter esvaziado bastante.


O chefe da Suprema Côrte dos Bruxos ordenou que as memórias fossem jogadas na penseira. O especialista realizou o feitiço e no instante seguinte estavam todos lá dentro.


Estavam em Hogwarts, no dia que a guerra terminou. Lúcio estava se esgueirando pelos corredores, com Greyback logo atrás. Sem que ninguém percebesse entraram no banheiro.


- Se esconda aí. Lembre-se, precisamos de Harry Potter ou de alguém que seja puro sangue e amigo dele. Não ataque nenhuma outra pessoa – tomaram seus lugares e ficaram aguardando. Depois de uns vinte minutos sem nada acontecer, três garotos apareceram. Lúcio ficou preocupado se Greyback não poria tudo a perder. Para seu alívio, o lobisomem não estragou tudo. O tempo foi passando e nada de Potter aparecer. Quando já iam desistindo, viram Rony entrando e Lúcio resolveu que era hora de agir. Saiu de seu esconderijo e foi confrontar o garoto.


Os presentes puderam ver exatamente como foi realizado o sequestro. Mesmo com o julgamento definido, ele sentia que precisava mostrar a todos o que realmente aconteceu. Depois do sequestro, as imagens se adiantaram até o momento em que ele era trancado no porão.


- E agora, o que eu faço com ele? – Greyback perguntou enquanto arrastava Ron desacordado para o fundo da sala.


- Prenda-o às correntes. Eu vou aguardar ele se levantar – Lúcio se sentou e ficou esperando. Depois de alguns minutos, reparou que o garoto se movia e se levantou ansioso.


Os momentos que se seguiram mostraram toda a tortura que Rony sofreu. Quem esteve presente nas memórias do ruivo já tinha visto aquilo tudo, mas para a maioria ali era tudo novidade. Os únicos momentos realmente relevantes diziam respeito a Lúcio e Greyback fora daquela sala. No primeiro deles, presenciaram os dois comensais conversando na cozinha da mansão.


- Ele não está querendo falar – Greyback havia acabado de chegar, vindo do porão. Lúcio estava arrumando alguma coisa e parecia apressado.


- Calma, ele está aqui há pouco tempo. Ele vai falar.


- E se ele morrer antes de abrir o bico? – Lúcio olhou espantado para o bruxo à sua frente.


- Você, Fenrir Greyback, um lobisomem, está preocupado com aquele traidor do sangue? – o lobisomem pareceu ofendido.


- Não é nada disso. Todo mundo sabe que ele não morreu na guerra e ele é o melhor amigo de Harry Potter. Claro que vão notar a falta dele e farão de tudo para encontrá-lo.


- Eu já dei um jeito nisso. Tenho um contato no Ministério que irá plantar algumas pistas falsas. Não nos descobrirão aqui.


- Um contato? Posso saber quem é? – Greyback pareceu repentinamente curioso.


- Melhor não dizer nada. Mas ele já está infiltrado no escritório dos aurores. Vai facilitar bastante nossa vida.


- Ok então. E agora, o que eu faço?


- Melhor você ir. Vou mandar Monstro levar essa merda de comida pra aquele garoto – Fenrir concordou com a cabeça e se ausentou. Lúcio entregou a comida à Monstro e também saiu da cozinha. Voltou pro seu escritório e se trancou lá.


A revelação de Malfoy pegou todos completamente de surpresa. Ele tinha um comparsa infiltrado no Ministério. Todos pareciam falar ao mesmo tempo e o ministro precisou pedir silêncio. Ninguém sabia muito bem que providência tomar. O chefe dos aurores disse alguma coisa no ouvido do Kingsley e saiu acompanhado de mais outros dois bruxos.


- Ele foi até o quartel-general dos aurores. Disse que já tem um plano em mente. Obviamente aquilo não foi suficiente para acalmar os outros bruxos. Depois de muitos protestos e bastante confusão, o chefe da Suprema Côrte precisou gritar.


- Se acalmem, vamos voltar ao que estávamos fazendo. Já temos três aurores investigando a denúncia. Por favor, quero terminar ainda hoje. Não é necessário lembrar que isso que vimos aqui hoje tem que ficar somente entre nós – os bruxos concordaram e voltaram suas atenções para a penseira.


Por mais um tempo, só se viam os momentos de tortura. Nada de relevante era dito entre Lúcio e Greyback quando estes não estavam no porão. Os bruxos já iam perdendo a paciência quando finalmente aconteceu o momento que Ron tanto ansiava. Greyback e Malfoy agora estavam no escritório conversando.


- Por que você precisa de Potter? – Greyback parecia irritado.


- Já te falei. Será que preciso repetir?


- Você me disse que queria ressuscitar o Lorde das Trevas. Só não entendi como isso é possível – Malfoy jogou os braços pra cima, visivelmente irritado.


- Vou repetir pela última vez. Eu descobri, há algum tempo atrás, em um livro de magia muito obscuro, que é possível trazer alguém da morte. Obviamente não será a mesma coisa, mas desde que se tenha um corpo de sangue puro para abrigar a alma, é possível reviver os mortos.


- E você está pensando em usar esse garoto para abrigar a alma de Voldemort. Essa parte eu entendi, mas porque Harry Potter?


- É necessário usar o sangue do bruxo que matou a pessoa que se quer reviver. Além disso, precisaríamos de um pedaço da alma do morto. O Lorde das Trevas acabou transferindo um pedaço da sua alma e alguns dos seus poderes a Harry Potter. Se o pegarmos, conseguiremos os dois.


- Tá tá, mas a gente não vai precisar do corpo do Lorde Voldemort? – Malfoy já estava irritado com Greyback, que parecia ser mais burro do que ele pensava.


- Isso é óbvio e vou repetir mais uma vez. Meu contato no Ministério sabe onde os aurores estão guardando o corpo. Teríamos que dar um jeito de entrarmos lá, mas isso é pro futuro – Greyback se deu por satisfeito. Voltou para o porão para mais uma “conversinha” com Rony.


Todos ficaram atônitos com o que viram. O ministro decidiu se ausentar para ir ao Ministério. Iria verificar pessoalmente se o corpo estava bem guardado, além de verificar como estava indo a investigação sobre o espião. Depois que ele saiu e todos pareceram se recuperar, voltaram às memórias.


Não viram nada muito diferente. Realmente estavam ficando mais malvados os dois comensais. Ninguém conseguia imaginar como ele poderia ter sobrevivido àquilo tudo. Viram Ron conversando com as paredes e sua nova amizade com Monstro. Os únicos momentos em que viam alguma coisa diferente era quando Lúcio e Fenrir estavam sozinhos. Os momentos mais marcantes foram o planejamento do sequestro de Hermione, que foi particularmente pertubador porque os dois narravam coisas abomináveis que desejavam fazer com ela. O outro momento foi a frustração de Malfoy quando Ron resistiu à Maldição Imperius.


Depois de muitas horas e ânimos exaltados, finalmente havia chegado a parte que todos esperavam. Iriam presenciar novamente o assassinato de Malfoy e Greyback. Draco e Narcisa pareciam envergonhados, assim como o investigador que eles haviam contratado. Todos os olhares se voltavam para eles, que pareciam estar querendo sair dali desesperadamente. No momento crucial, não restou nenhuma dúvida a ninguém ali de que Ron havia matado os dois em legítima defesa.


Finalmente as memórias se encerraram e todos voltaram ao seu lugar. Não havia a menor dúvida de que haviam tomado a decisão correta de inocentar Rony. O mundo bruxo viveria melhor sem aqueles dois.


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Mais uma vez peço desculpas pela demora. Acho que valeu a pena porque esse capítulo esclareceu muita coisa.


 


 


 


 

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Comentários (2)

  • potter e weasley

    adorei o capitulo..bastante interesante essa parte da revelação pq eles queriam o harry

    2012-01-06
  • lumos weasley

    gostei muito do capitulo. ainda bem que tudo correu bem para o ron. bjs!

    2011-09-25
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