Um dia perfeito



Bom, aí está mais um capítulo. Não postei no domingo, mas também não atrasei tanto. Espero que gostem. Ainda estou recebendo poucos comentários, então já sabem, COMENTEM, COMENTEM, COMENTEM.


 P.S: Decidi fazer essa fic em trinta capítulos, então ainda vêm doze capítulos por aí.


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Capítulo 18: Um dia perfeito


Hermione não queria se levantar. Alguns filetes de luz invadiam o quarto e insistiam em bater no seu rosto. Ela se virou, tentando se livrar deles e aquele perfume a invadiu novamente. Se aquele cheiro fosse a única sensação que ela pudesse sentir pro resto da vida, então seria a mulher mais feliz do mundo. Se aconchegou mais próxima à fonte dele. O sol entrava mais forte e já não adiantava mais lutar. Quando abriu os olhos e finalmente voltou a si, se desesperou. Pulou da cama e começou a sacudir Rony, que acordou muito assustado.


- Ron, Ron, acorda. O que foi que nós fizemos? – o garoto resmungou alguma coisa e tentou virar para o outro lado. Mione deu a volta na cama e voltou a sacudí-lo.


- Acorda logo, seu trasgo. Você não vê a gravidade da situação? – Ron se levantou e ficou apoiado nos cotovelos, ainda meio sonolento.


- Não, não vejo. Só você pelada na minha frente.


- Ahhhh – Mione deu um salto pra trás. Puxou o lençol de cima de Rony pra se cobrir e deu outro salto quando viu que agora era ele que estava sem roupa.


- Calma garota, até parece que cometemos um crime – Ron se cobriu com o travesseiro e sentou-se na cama.


- Você não percebe né. Você está na minha casa, na primeira vez que vem aqui e eu estou aqui nua no seu quarto. E a gente fez, a gente fez... – mas ele a interrompeu.


- Sim Hermione , a gente fez amor sim. E foi a coisa mais linda e maravilhosa da minha vida. E nunca me senti tão bem. Você é o amor da minha vida e a única mulher que eu quero pra mim. E caso você ainda não sabia, eu nunca tirei a camisa na frente de ninguém, porque eu tenho vergonha, tenho nojo de todas essas cicatrizes, mas pra você não vi nenhum problema em mostrá-las, porque perto de você, isso não importa – ele terminou de se levantar, deixando a garota completamente atônita.


- É melhor voltar pro seu quarto, seus pais podem desconfiar. Eu vou tomar banho – ela pensou em protestar, mas ele trancou a porta do banheiro. Mione, muito amargurada, juntou suas roupas e saiu. Conferiu o corredor para garantir que seus pais não a encontrariam e voltou de fininho para o seu quarto.


Assim que entrou e trancou a porta, começou a chorar. Sentia exatamente o mesmo que Rony e se odiou por ter estragado tudo para ela e para ele. Não tinha nem ideia de que Ron tinha vergonha das cicatrizes e que não as mostrava a mais ninguém. Isso a fez se sentir pior. Resolveu tomar banho, conversaria com o garoto mais tarde.


Quando desceu para o café, seus pais já estavam à mesa. Abriram um largo sorriso quando a garota apareceu. Aparentemente não perceberam a expressão triste da filha.


- Bom dia papai. Bom dia mamãe – ela sentou-se, mas não sentia nenhuma fome.


- Bom dia minha querida. Dormiu bem? – sua mãe perguntou e a garota logo percebeu alguma coisa em seu olhar. Seu coração despencou quando imaginou se sua mãe já sabia que ela não dormira em seu quarto. Para não levantar suspeitas, acabou comendo alguma coisa. Depois de um bom tempo, Ron apareceu e parecia ainda um pouco contrariado.


- Bom dia senhor e senhora Granger. Me desculpe descer só agora. Dormi demais – ele lançou um olhar muito significativo a Hermione que acabou olhando pro outro lado.


- Não se preocupe meu filho. Espero que tenha dormido bem? – Bill parecia feliz e Hermione pressentiu que ele ainda não desconfiava de nada.


- Dormi muito bem. O quarto é muito confortável.


- E como foi ontem à noite? Gostou da peça? – Ron gaguejou um pouquinho, mas acabou respondendo. Os pais de Mione fizeram mais algumas perguntas até que Alice se levantou.


- Venha Bill, temos que ir.


- Aonde vocês vão? – Mione perguntou.


- Ao consultório. Desmarcamos os pacientes de hoje, mas ainda precisamos resolver algumas coisinhas. Não vamos demorar – Bill se levantou e se juntou à esposa. Despediram-se dos garotos e saíram. Um silêncio constrangedor pairou sobre os dois. Demorou um tempo até que um deles falasse.


- Ron, me, me desculpe. Eu me assustei. Não queria... – mas, mais uma vez naquele dia, o ruivo a interrompeu.


- Não precisa se preocupar. Eu que tenho que te pedir desculpas. Não devia ter reagido daquele jeito. Estamos na sua casa, faz todo sentido você se preocupar daquela maneira. Eu faria o mesmo se estivéssemos na Toca. É que, é que, foi tão bom, tão lindo, que eu queria passar o dia inteiro deitado ao seu lado, daquele mesmo jeitinho – Mione corou de leve, mas sorriu.


- Eu também adorei, pode ter certeza. E foi lindo, carinhoso, tudo que eu imaginava que seria. E também queria ter passado o dia inteiro deitadinha ao seu lado. Mas ainda vamos ter muito tempo pra isso – ela se levantou e sentou-se no colo dele. Ron começou a beijá-la e não demorou muito para que ela percebesse aonde aquilo iria parar. O ruivo, cheio de malícia, falou.


- Você acha que seus pais vão demorar? – a morena, adorando aquele joguinho, respondeu.


- Acho que sim, o consultório é um pouco longe. Por quê? – ela pontuou cada sílaba com um beijo.


- A cama ainda tá quentinha. Vamos voltar pra lá – foi a vez dele provocar a namorada.


- E se eles aparecerem?


- Não me interessa. Eu não consigo esquecer nossa noite.


- Nem eu – não resistiram. O garoto ficou de pé e, com a menina completamente enlaçada a ele, subiu as escadas. Quando chegaram ao quarto, tudo foi muito mais rápido e fácil, mesmo porque, dessa vez, não usavam tanta roupa.


Hermione ficou deitada no peito de Rony admirando as cicatrizes. Eram realmente horríveis, mas ela não se importava nem um pouco. Aquilo só servia pra demonstrar ainda mais a força que ele tinha. Fechou os olhos enquanto ele acariciava seu cabelo. Finalmente ele falou baixinho.


- Eu te amo. Muito – ela sorriu e levantou o rosto para ele.


- Eu também te amo – ele se inclinou e deu um beijo nela.


- Se eu pudesse, nunca mais me levantaria dessa cama. Nunca me senti tão bem – ela devolveu o beijo.


- Também me sinto assim – então Hermione começou a passar a mão sobre a palavra MORRA escrita em seu peito. Rony segurou a mão da namorada, que olhou atônita pra ele.


- O que foi meu amor?


- Ainda me sinto muito desconfortável a respeito dessas cicatrizes, essa em particular.


- Mas não precisa. Pois saiba que eu não vejo nenhum problema nelas. Muito pelo contrário, só me mostra como meu namorado foi forte. Como ele aguentou todo esse sofrimento e nunca desistiu. Você devia pensar o mesmo.


- Eu sei, eu sei, mas não consigo. Ainda está tudo muito vivo. Todas essas marcas de tortura ainda me levam de volta àquele lugar, me trazem de volta as lembranças da dor que eu senti. Eu vou superar tudo isso, mas vamos aos poucos. Eu já te mostrei as cicatrizes, já é alguma coisa – uma lágrima acabou escorrendo do seu rosto. Hermione se apressou em enxugá-la e os dois permaneceram abraçados mais um tempo. De repente ela sentou-se na cama.


- Venha. Precisamos nos levantar – quando ela fez menção de se levantar ele a puxou de volta e ela precisou apoiar os braços para não cair por cima dele.


- Não, fica aqui. Só mais um pouquinho – ela tentou lutar contra ele e acabou se desvencilhando.


- Não senhor. Se meus pais chegarem e virem isso, vão nos matar. Agora veste a roupa e desce – Mione arrumou-se como pôde e saiu do quarto. Assim que sumiu no corredor abriu um enorme sorriso. Aquela havia sido, sem dúvida nenhuma, a noite mais maravilhosa da sua vida. O cheiro dele ainda impregnado nela era a prova disso. Desceu para a sala, mas não conseguia se concentrar em mais nada. Mais alguns minutos e ela ouviu alguém tentando chamar sua atenção.


- Mione, Mione, tá me ouvindo?


- Ahn, quê? Oi Rony, estava viajando aqui. Nem te vi.


- Eu hein. Enfim, tinha duas corujas na sua janela e eu tomei a liberdade de recolher o que elas viam trazendo. Tem uma carta pra você e outra pra mim – a garota agora parecia muito interessada. Se ajeitou melhor na poltrona e pegou sua carta. Começou a examinar seu conteúdo.


Cara senhorita Hermione Jean Granger,


 é com muito prazer que lhe informo que, devido às ótimas recomendações recebidas de todo o corpo docente da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e também ao seu notório interesse nos direitos das criaturas mágicas, você foi selecionada para um período de estágio no Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas. Caso decida aceitar, peço que compareça aos nossos escritórios no prazo de três dias úteis.


 Sem mais para o momento, me coloco à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas.


 Angela Tinguel,



Chefe do Departamento de Seleções e Estágios


Hermione leu e releu a carta sem conseguir acreditar direito. Seria verdade que finalmente o que ela mais queria se tornaria realidade. Poderia trabalhar no lugar que sempre sonhou e lutar pelo que achava certo. Estava super empolgada e precisava contar a Rony, mas ao se virar e notar a expressão do amado, sua expressão mudou.


- O que foi? Aconteceu alguma coisa?


- Marcaram o julgamento. Será semana que vem – toda a alegria no rosto do garoto havia desaparecido. Mione sentiu até mesmo a sua empolgação minguar um pouquinho. Ficou receosa em contar sua novidade, não sabia como ele reagiria.


- E a sua carta? Era sobre o quê?


- Ah, nada demais. Me ofereceram um estágio no ministério.


- É mesmo? Que coisa boa. Em que departamento?


- No Departamento para Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas.


- Que ótimo meu amor. Você sempre quis trabalhar lá. E começa quando? – Ron parecia realmente interessado, o que fez a garota reabrir o sorriso.


- Me disseram para comparecer ao Ministério em até três dias. Não disseram mais nada.


- Estou muito feliz por você. Você merece – o ruivo se adiantou e deu um beijo na namorada. Quando se separaram, Mione teve que perguntar.


- E esse julgamento? Tá muito nervoso?


- Ah, um pouco. Me parece que tudo que eu faço pra me ver livre desse pesadelo nunca é suficiente. Agora vou ter que reviver tudo de novo.


- Dessa vez eu vou estar lá com você até o final. Não se preocupe, pode contar comigo – novamente eles se beijaram. Namoraram mais um pouquinho na sala, até que os pais da garota voltaram. Mione ajudou sua mãe a preparar o almoço, enquanto Ron foi ajudar Bill a descarregar o carro.


- Você realmente gosta da minha filha, não é mesmo? – a pergunta pegou Ron completamente desprevenido. Se atrapalhou com as palavras antes de responder.


- Sim senhor Granger. Eu amo sua filha. Muito – Bill ainda não parecia totalmente convencido.


- Minha filha fala muito em você, mas eu preciso te perguntar. Como você sabe que realmente a ama? Vocês dois ainda são muito jovens.


- Olha senhor Granger, tem várias maneiras de provar pra você que eu realmente amo sua filha, mas eu vou te contar uma coisa que nem mesmo ela sabe. Pra falar a verdade, nem mesmo meus pais sabem – o senhor Granger imediatamente mudou seu semblante e pareceu realmente intrigado.


- Eu não sei se o senhor sabe o que é a Maldição Imperius – quando viu o sogro balançar a cabeça em negação, ele continuou. – A Maldição Imperius é uma das maldições imperdoáveis. Quem a executa vai direto a Azkaban, a prisão dos bruxos. É um lugar horrível, onde ficam os dementadores...


- Mas o que isso tem a ver com minha filha? – ele agora parecia um pouco irritado.


- Me desculpe, desviei do assunto. É o seguinte, a Maldição Imperius é usada quando você quer obrigar outra pessoa a fazer tudo que você quiser. Foi muito usada durante a guerra e causou grandes estragos. Enquanto eu estive preso, os dois bruxos que me sequestraram tentaram usá-la em mim, para que eu os entregasse Harry, mas não funcionou. Eu resisti e não fiz nada do que eles disseram. Eu fui o primeiro bruxo a resistir a essa maldição. Sabe o que me fez lutar contra ela e vencê-la? Sua filha, Sr. Granger. A enorme vontade que eu tinha de revê-la, de poder abraçá-la, beijá-la, de simplesmente estar perto dela me fez derrotar uma das Maldições mais terríveis que existem. Isso após ter sofrido meses e meses de tortura. Acredite em mim, meu sentimento por ela é forte assim – Bill parecia sem palavras. Demorou até que pudesse reagir.


- Bem, não há muito o que eu possa fazer depois de um discurso desses – ele estendeu a mão ao garoto, que a tomou com grande alívio.


- Vamos voltar então. As duas devem estar esperando as compras.


- Tem razão – os dois terminaram de recolher as sacolas e se prepararam para sair.


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Enquanto isso, na cozinha, Alice e Hermione iam terminando de preparar as coisas. Depois de um tempo em silêncio, a Sra. Granger começou a falar.


- Minha filha, eu vi que você não dormiu em seu quarto. Por quê? – o que Mione mais temia era verdade. Não tinha a menor ideia de como sairia dessa. Ficou muito corada e evitou olhar pra mãe.


- Você dormiu com o Rony, não foi? – apesar de ser um assunto delicado, Alice não parecia com raiva ou nada assim. Hermione não conseguia falar, então somente concordou com a cabeça.


- Imaginei que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde. Não se preocupe, ainda não vou contar pro seu pai. E fico feliz que tenha sido com Ron, um rapaz que você realmente gosta. Espero que vocês tenham tomado todos os cuidados, ainda não estou pronta pra ser avó – ela abriu um sorriso quando Mione olhou abismada pra ela. As duas acabaram rindo juntas.


- Enquanto eu termino aqui, vai lá ver se seu pai está precisando de ajuda, ele está demorando – Mione largou o que estava fazendo e rumou para a garagem.


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Hermione chegou à garagem a tempo de ouvir o que Rony estava dizendo. Ela ficou completamente sem reação ao terminar de ouvir tudo. Ficou sem fôlego e suas pernas até bambearam um pouco. Nunca poderia imaginar que ele havia resistido a uma maldição imperdoável por ela. Não sabe quanto tempo se passou até que deu de cara com seu pai


- Bem, acho que você quer falar com ele a sós, certo? Então eu vou indo – passou pela filha e deixou os dois sozinhos.


- O que você está fazendo aqui?


- Eu já tinha terminado na cozinha e vim ver se vocês precisavam de ajuda. O que você disse era verdade? Você realmente resistiu à Maldição Imperius?


- Não só resisti, como fiz por você. Duas vezes. Eles usaram muito a Maldição Cruciatus e nem mesmo isso me fez abrir a boca – Mione voou no pescoço do namorado e deu outro beijaço nele. Ron teve que se segurar para não deixar as sacolas caírem.


- E tem mais. Eles me disseram que tinham te sequestrado. Obviamente era um blefe, mas eu não tinha como saber. Eu sabia que se cedesse, eles me matariam e matariam você depois. Eu nunca desistiria, nunca. Não sem antes poder dizer que te amo – a garota tinha lágrimas nos olhos. Deu mais um beijo no namorado. Olhava pra ele com profunda admiração. Sabia o quanto ele havia sido forte, mas não imaginava que ele tinha resistido a duas maldições imperdoáveis. Quando ia dar outro beijo no amado, ouviram alguém chamando.


- Ei vocês dois, o almoço está pronto, andem logo – era Alice chamando da porta da garagem.


- Te amo muito, de verdade – Mione falou antes de tomar a mão do namorado e sair da garagem.


- Eu também. E foi isso que me manteve vivo – ela continuou sorrindo como uma boba. Chegaram à cozinha e encontraram a mesa já pronta. Sentaram-se e Ron não pôde deixar de reparar que os pais da namorada lançavam olhares a ele. Provavelmente Bill já havia contado à esposa sobre a conversa que tiveram. O ruivo manteve-se muito concentrado no seu prato. Acabado o almoço ele se levantou para ajudar a arrumar a mesa, mas a Sra. Granger tentou impedi-lo.


- Não, faço questão de ajudar. É o mínimo depois de tudo isso – ele acabou recolhendo toda a louça e levou para a cozinha. Alice até ficou feliz com a ajuda.


- Muito obrigada Ron, mas não precisava.


- De nada Sra. Granger, fico feliz em ajudar. Ah, por um acaso, a Mione já lhes contou que recebeu uma proposta de emprego? – os pais logo se eriçaram com a notícia. A menina até tentou desconversar um pouquinho, mas não adiantou. Seu pai logo a encheu de perguntas e ela não teve como escapar. Mostrou a eles a carta que recebeu do Ministério, mas seus pais, apesar de felizes, não entenderam nada.


- Mas esse departamento aqui, será que é coisa boa?


- É claro papai. Pra falar a verdade, sempre quis trabalhar lá. Acho que algumas criaturas mágicas são muito desrespeitadas e eu quero tentar mudar isso – Bill abriu um sorriso antes de responder.


- Se você está feliz então é o que importa. Mas você nunca nos falou sobre esses tais elfos domésticos – Ron se adiantou e explicou o que eram os elfos e como eles viviam. Contou também sobre a importância de dois elfos em particular, Dobby e Monstro, que salvaram as vidas deles em mais de uma ocasião. Não contou sobre o que aconteceu a Mione na Mansão dos Malfoy, pois isso era assunto dela com os pais. O senhor e a senhora Granger pareceram até muito interessados em tudo. Ainda conheciam pouco sobre o mundo bruxo apesar de terem uma filha bruxa.


- E seu pais Ron, como são? Devem ser muito diferente de nós.


- Na verdade, até que não. Meu pai é absolutamente fascinado por coisas dos trouxas. Vive querendo saber o que é etrelicidade, ou coisa assim – Mione e os pais riram da pronúncia errada de Ron, que corou um pouquinho, mas acabou rindo também.


- Eu sei que ele adoraria passar um tempo aqui. Ficaria mexendo em tudo, como uma criança pequena. E minha mãe ia adorar sua companhia, Sra. Granger. Comentei com a Hermione como vocês duas se parecem. Ficaria difícil escolher quem deveria preparar o jantar, afinal são duas ótimas cozinheiras.


- Obrigada pelo elogio. Devemos marcar sim de nos encontrarmos com seus pais. Adoraria ver como vive uma família bruxa. Pelo que nossa filha conta, os Weasley são um povo realmente especial.


- Detesto admitir, mas é realmente verdade. Todo mundo adora um Weasley – todos deram boas gargalhadas. Mione ficou admirando o namorado, que estava causando uma extraordinária primeira impressão.


Os quatro conversaram mais um pouco até que Alice se levantou para cuidar do jardim. Era um dos poucos hobbies que ela realmente mantinha e se dedicava com afinco. Ron ficou imaginando que sua mãe não se interessaria muito por aquilo, visto como eram os jardins da Toca. Bill foi arrumar algumas coisas em seu escritório e os garotos ficaram sozinhos na sala. A garota apanhou um livro e ficou lendo enquanto o garoto perambulava pela casa.


- Tô adorando sua casa. Agora eu quero experimentar essa tal de tevelisão que vocês tanto falam – Hermione riu de mais uma confusão do namorado.


- É televisão Rony. Vem cá, vou te mostrar como funciona – a garota pôs seu livro de lado e ligou a televisão. Ron ficou estático olhando pra aquele tubo cheio de pessoas e lugares diferentes. Ficou um bom tempo sem dizer nada, só mudando os canais e mexendo nos botões.


- E você tem certeza que isso aqui não funciona por magia – ela riu mais uma vez.


- Não meu amor, nós trouxas também sabemos nos divertir. Viu como é legal? – ele simplesmente fez que sim com a cabeça e ficou assistindo mais um pouco.


Ron simplesmente passava os canais, sem entender muito bem o que estava assistindo. Depois de um tempo, parece que se cansou e desligou o aparelho. Mione, que estava muito concentrada se virou pra ele.


- Cansou da televisão?


- Cansei. Tá um dia tão bonito, vamos dar um passeio.


- Um passeio. Mas aonde você quer ir?


- Não sei, você que mora aqui. Onde é legal aqui perto?


- Posso dar uma sugestão? – os dois garotos se viraram para ver quem estava falando e encontraram Alice parada logo atrás deles.


- Oi mamãe, não te vimos ai.


- Me desculpe, sem querer eu ouvi a conversa de vocês e quis dar uma opinião. Tudo bem?


- Claro que sim. O que a senhora tem para nos sugerir?


- Eu e seu pai estávamos pensando em levar vocês ao shopping hoje. Já que Ron já conheceu boa parte de Londres, que tal ele conhecer o shopping? – Hermione levantou da cadeira e falou.


- Ia ser ótimo. O que você acha Rony?


- Claro, claro. A Mione fala tanto nesse lugar. Deve ser muito legal – a garota puxou o namorado pelas mãos. – Então vamos nos arrumar – antes de sair da sala, Ron falou.


- Precisamos enviar uma carta ao Harry e a Gina. Eles ficaram de vir nos buscar hoje.


- Ah, é mesmo. Mas onde vamos encontrar uma coruja? E sem varinha não poderemos enviar um patrono ou coisa parecida.


- É, parece que teremos que ir ao Beco Diagonal. Será que dá pra voltarmos a tempo pra ir ao shopping.


- Talvez, se a gente correr – então Mione saiu rapidamente da sala para se arrumar. Tomariam um táxi até próximo ao Beco Diagonal e depois voltariam pra casa. Com sorte, teriam bastante tempo pra se divertirem depois. Passados uns vinte minutos a garota reapareceu. Quando ela e o namorado iam saindo, foram surpreendidos por um grito vindo da cozinha. Correram preocupados para lá e encontraram sua mãe muito assustada. Quando viram o motivo caíram na gargalhada. Harry e Gina desaparataram dentro da cozinha, o que assustou Alice imensamente.


- Eu te falei que era uma má ideia Harry, aparatar diretamente na cozinha.


- Eu sei, eu sei, me desculpa Sra. Granger – Alice, agora mais recomposta, abriu um sorriso.


- Não se preocupe meu filho. É que eu ainda não me acostumei com esses meios de transporte que vocês usam. Mas como vão vocês?


- Muito bem, obrigado. Viemos buscar o Rony. Como não sabíamos muito bem a hora que devíamos aparecer, resolvemos vir agora.


- Parece que você leu nossos pensamentos Harry, a gente já ia ao Beco Diagonal para lhes enviar uma carta. Nós estávamos combinando de ir ao shopping hoje. Por que vocês não nos acompanham. Tem algum problema mamãe?


- Claro que não, quanto mais gente melhor.


- Espero que meu irmão não tenha dado muito trabalho para a senhora.


- Claro que não. Pra falar a verdade ele nos impressionou bastante – ao ouvir a resposta da mãe de sua namorada, Ron mostrou a língua para a irmã em sinal de deboche. Harry e Hermione riram e Gina fez cara de espantada.


- Sério? Porque será então que lá em casa ele nunca é assim?


- Porque lá tem você, o que me atrapalha profundamente – dessa vez todos riram. Ron acabou dando um abraço na irmã. Depois de mais um tempo rindo, Alice saiu da cozinha e foi conversar com seu marido.


Os quatro garotos sentaram-se na sala e começaram a conversar. Ron contou como havia sido seu dia em meio aos artefatos trouxa. Harry já conhecia todos, mas Gina achou fascinante, especialmente a televisão. Ela também errou o nome do aparelho, o que levou todos às gargalhadas. Depois de um tempinho, Bill e Alice reapareceram na sala. Harry e Gina cumprimentaram o senhor Granger.


- Bem, ainda preciso resolver umas coisinhas por aqui. Daqui umas duas horas nós vamos, ok? – todos concordaram e ele voltou ao que estava fazendo. A Sra. Granger pegou as chaves do carro e saiu para visitar uma paciente. Novamente, estavam só os quatro na sala.


Conversa vai, conversa vem, Mione acabou contando o que Ron havia conversado com o pai dela mais cedo. Harry já sabia daquilo porque acompanhou as memórias de Rony, mas Gina ficou muito espantada quando terminou de ouvir a história.


- Você resistiu à Maldição Imperius e à Maldição Cruciatus? – Ron parecia um pouco irritado ao responder.


- Resisti. Será que dava pra gente não ficar falando nisso. Até parece que o que eu fiz foi algo assim tão extraordinário.


- Foi extraordinário sim meu amor. E você devia ter orgulho disso. Foi difícil e tal, mas você resistiu às maldições mais terríveis que existem. Não fica diminuindo o que você fez – Hermione falou muito decidida. Ron ficou olhando pra ela, admirando-a e sua expressão mudou. Tinha um olhar de total ternura e carinho, afinal, fora por ela que ele fez tudo aquilo. Gina percebeu que os dois agora se olhavam de maneira diferente, que se tocavam de maneira diferente. Se levantou da cadeira onde estava e chamou a amiga.


- Mione, você pode me servir um copo d’água? Estou morrendo de sede.


- Claro Gina, vem comigo – a morena saiu com a ruiva logo atrás. Assim que chegaram à cozinha, Gina olhou pra trás para se certificar que os meninos não estavam ouvindo e disparou a pergunta


- Me responde, o que você fizeram ontem à noite? – Mione quase deixou cair a jarra com água. Demorou a se reequilibrar e olhou pra amiga, muito corada.


- Como, como assim?


- Eu vi como vocês dois estão se olhando, se tocando. Está tudo diferente de quando eu fui embora ontem à noite. Alguma coisa me diz que a noite foi boa, e quente – Mione ficou completamente vermelha. Desviou o olhar de Gina, que captou tudo na hora.


- Vocês, vocês dormiram juntos? Não adianta negar. Me conta, como foi? – demorou um pouquinho até Mine responder.


- Foi ótimo, foi lindo. A melhor noite da minha vida. E ainda repetimos hoje de manhã – Gina soltou um gritinho, mas logo levou as mãos à boca.


- Sua safadona. E ia me contar quando? – Mione fez menção de responder, mas foi interrompida por um grito que vinha da sala.


- MIONE, GINA, TÁ TUDO BEM AÍ?


- ESTÁ SIM, JÁ ESTAMOS VOLTANDO – as duas começaram a caminhar de volta para a sala. Antes de sair da cozinha Gina falou.


- Vou querer cada detalhe, cada um. Bem, talvez você possa pular a parte em que meu irmão ficou pelado, mas fora isso – se possível fosse, Hermione ficou ainda mais corada. Chegaram à sala e retomaram seus lugares.


Ron logo percebeu que sua namorada estava mudada. Ela ainda estava muito corada e evitava olhá-lo nos olhos.


- O que foi? Você tá diferente – o ruivo finalmente perguntou.


- Não é nada, não se preocupe. Vou abrir a janela, está um calor aqui – antes que Rony pudesse contestar ela se levantou e foi abrir as janelas. Quando retornou, já tinha retornado ao normal. Ron continuava muito desconfiado, mas não disse nada. Passado mais um tempo, Alice voltou para casa e Bill terminou o que estava fazendo.


- Todos prontos? Vamos – Bill perguntou e todos se levantaram.


- Estamos sim Sr. Granger, acho que podemos ir – Ron respondeu enquanto ainda lançava alguns olhares desconfiados à namorada.


Dessa vez foi mais difícil encaixar todo mundo no carro. Ficou mais apertado e se o carro não fosse grande, não caberiam. Depois de uns vinte minutos chegaram ao shopping, mas foi difícil estacionar. Depois de muita procura acharam uma vaga. Desceram do carro e rumaram para a entrada. O lugar era enorme e tinha todo tipo de coisa trouxa que se podia imaginar. Ron e Gina não conheciam nada do que era vendido ali e ficaram maravilhados. A ruiva pedia para ir a todas as lojas e perguntava a Mione detalhes de cada coisinha que via. As duas acabaram se interessando por uma lojinha e entraram. O Sr. e a Sra. Granger pararam em um outro local e Harry e Ron sentaram sozinhos enquanto esperavam as garotas.


- Recebi uma carta do Ministério hoje. Marcaram o julgamento.


- É mesmo? Pra quando? – Harry, que estava muito disperso, se ajeitou melhor no banco para poder prestar atenção.


- Pra daqui uma semana. Quando eu pensava que já tinha me livrado disso, agora me aparece essa.


- Mas é melhor assim. Depois desse julgamento, tudo ficará terminado. E também poderemos ver as memórias de Lúcio Malfoy – Ron arregalou os olhos à menção do nome de Malfoy.


- É mesmo, não havia pensado nisso. Finalmente poderemos saber o que ele queria com você. E o que ele realmente pretendia fazer comigo – Harry simplesmente concordou com a cabeça. Sabia que Lucio queria encontrá-lo, mas nunca parou pra pensar o motivo. Agora esclareceria isso também. Os garotos não falaram muito depois disso e finalmente as meninas apareceram.


- Que demora hein. E nem compraram nada – Ron ralhou com as duas.


- Não é essa a questão maninho. Entramos só pra ver.


- Eu sei muito pouco sobre os trouxas, mas uma coisa que os buxos e os trouxas têm em comum é que mulheres não podem ver uma vitrine – Harry riu do comentário do amigo e Hermione, fingindo-se de ofendida deu um tapa no braço do namorado. Retomaram a caminhada e foram em direção ao cinema, onde Alice e Bill estariam. Gina ficou pra trás de propósito e Mione fez o mesmo.


- Preferia vocês dois quando viviam brigando. Agora que vocês já, você sabe, ficam assim todos melosos. Ainda bem que eu e o Harry não ficamos assim – Gina percebeu que havia falado demais e tentou desconversar, mas Mione não a deixaria se safar assim tão facilmente.


- Quer dizer que você e o Harry já transaram também. E você nem me contou nada.


- Ah Mione, convenhamos. Você e o Rony terem transado é muito mais importante que eu e o Harry. Agora vamos voltar que os dois devem estar desconfiados – a morena nem teve a chance de argumentar. Harry e Ron estavam voltando até elas.


- O que foi? Aconteceu alguma coisa?


- Nada não, a Gina só queria me mostrar uma coisa nessa vitrine – Ron achou muito estranho porque era claramente uma loja de roupas masculinas, mas achou melhor não comentar nada. Continuaram caminhando e alcançaram os cinemas. Alice e Bill estavam sentados em um café ali perto e os garotos se juntaram a eles.


Depois de fazerem um lanche e papearem um pouquinho, chegou a hora de assistir ao filme. Fizeram fila e conseguiram entrar. Cada um se sentou e ficaram esperando. Hermione comprou pipoca, que Ron e Gina nunca haviam comido, e eles gostaram muito. O filme finalmente começou e os dois ruivos pareciam duas crianças pequenas. Se Ron tinha conhecido televisão naquele dia, imagina como estava se sentindo diante de um telão gigante. Gina, sentada à sua frente, nem piscava. O ruivo acabou colocando sua mão sobre a perna de Mione, que estremeceu um pouquinho. Percebendo a reação da namorada, ele resolveu provocar.


- Depois de ontem à noite, não consigo passar muito tempo sem imaginar você, você sabe, nua – a garota engasgou com a pipoca e começou a tossir. Demorou a se recompor e olhou pro lado. Ron tinha um sorriso muito malicioso. Ele definitivamente adorava as reações que provocava na namorada. Mione ficou imaginando quando foi que aquele garoto inseguro e ciumento havia se tornado esse homem, que sabia provocá-la e fazê-la perder a cabeça com uma simples frase. Começou a sorrir e constatou que ela também queria repetir a noite anterior. Ficou um pouquinho triste porque não teriam facilidade em encontrar outra noite como aquela. O filme passou e ela mal conseguiu se concentrar.


O shopping já estava fechado então não puderam comer ali. Pararam em uma lanchonete ali perto e Ron comeu quase que uma porção de cada item que tinha no cardápio. Ele disse que estava começando a achar a comida trouxa melhor que a bruxa. Foi só quando sua irmã o repreendeu que ele parou de comer.


Quando chegaram em casa, Harry e Gina disseram que precisavam ir embora. Ron, a muito contragosto, fez o mesmo. Havia ficado longe de casa por dois dias e sua mãe devia estar furiosa. Os outros deram licença e ele foi se despedir de Hermione, em particular.


- Não queria ir embora. Nunca. Ontem foi a melhor noite da minha vida. E hoje a melhor manhã – a garota riu envergonhada e afundou o rosto no peito do namorado.


- A minha também. Não queria que você fosse embora.


Os dois finalmente se separaram. Ron despediu-se de Alice e Bill. Teve a nítida impressão que os pais de sua namorada haviam gostado imensamente da companhia dele e de que havia conquistado a confiança dos dois. Harry devolveu a varinha para Hermione e sacou a sua. A garota e os pais ficaram observando quando Harry, Gina e Ron rodopiaram e desapareceram de vista. A morena estava muito feliz, mas com o coração apertado porque não dormiria ao lado do seu amor naquela noite.


Assim que chegou à Toca, Ron teve que aguentar o sermão da sua mãe, mas nem ligou. Só tinha uma coisa em mente. Não havia mais nenhum Weasley em casa, somente seus pais. Enquanto Molly ralhavacom Arthur por ele não ter chamado a atenção do menino, ele aproveitou e foi dormir. Harry agora dormia no quarto de Percy, que estava tendo que dormir em Londres, próximo ao Ministério.


Ron não conseguia dormir. Imagens da noite anterior insistiam em voltar à sua mente. Já era alta madrugada quando ele resolveu fazer algo diferente. Se levantou e sacou sua varinha.


A muitos e muitos quilômetros de distância, Hermione também não conseguia dormir. Achava a cama extremamente fria e sem graça. Rolava de um lado pro outro inquieta. De repente levou um susto tremendoe saltou da cama quando viu um vulto, de cabelos muito vermelhos aparecer no seu quarto. Precisou de um tempo pra reconhecer quem era e ficou espantada quando reconheceu seu namorado.


- Meu Deus, o que você está fazendo aqui? Aconteceu alguma coisa?


- Vim te ver, não conseguia dormir. Acho que nunca mais vou conseguir dormir sem você ao meu lado – antes de Mione poder responder ele a agarrou e começaram outro beijaço. No instante seguinte, estavam completamente enlaçados em cima da cama. Dormir foi a última coisa em que eles pensaram naquele instante.         


 

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Comentários (1)

  • lumos weasley

    otimo capitulo como sempre, parabens! espero que o julgamento do ron passe logo pq vai ser muito tenso e tbm pq fiquei curiosa p saber o que aquele desclassificado do lucio queria com o harry. bjs! até a proxima

    2011-09-05
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