Reencontro



Aí está galera, mais um capítulo. Particularmente, é o que eu mais gostei até agora. Comentem por favor. Me sinto incentivado a continuar quando leio algum review. Quando ninguém escreve, acho que não estou agradando, então comentem, comentem, comentem.


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 Capítulo 7: Reencontro


 A viagem pela Rede de Flu emergencial fora uma loucura total. Era muito mais rápida e consequentemente muito mais desagradável. Um a um os Weasley foram chegando. Após se recuperarem, ficaram ansiosamente esperando por Hagrid, que vinha trazendo Rony. Mais alguns minutos e toda a lareira tremeu quando o gigante finalmente irrompeu por ela com o menino nos braços. Já havia duas enfermeiras e dois medibruxos esperando-os com uma maca.


 - Rápido, coloquem-no aqui – uma das enfermeiras apontava a maca para Hagrid. O gigante depositou Rony cuidadosamente e as duas saíram correndo pelo corredor, acompanhadas de um dos curadores. O outro ficou para conversar com a família.


 - Boa noite, meu nome é Andrew McNamara, sou um dos responsáveis pelo atendimento. Alguém poderia me explicar o que aconteceu?


 Arthur começou a falar tudo que sabia até então. Relatou como o filho fora encontrado e tudo que Madame Pomfrey tinha feito para ajudá-lo. A enfermeira pegou todos os frascos que usara para socorrer Ron e mostrou ao medibruxo. Ele os analisou por um instante e então falou.


 - Também estudei em Hogwarts e sei como a senhora é competente. Talvez não se lembre de mim, mas eu era provavelmente seu paciente mais assíduo, me machucava quase toda semana. Pelo que eu vi até então, a senhora salvou a vida dele.


 A enfermeira simplesmente sorriu e o medibruxo passou a anotar tudo que ela havia lhe entregado. Fez mais algumas perguntas sobre Rony até que finalmente pediu que o acompanhassem.


 - Por favor, venham, vou lhes mostrar onde poderão esperar. Ele foi levado à Ala Medibruxa de Terapia Intensiva. Trarei notícias assim que possível – Andrew então conduziu-os até uma salinha bem pequena no final do corredor. Estava em reforma, o hospital sofrera vários danos durante a guerra. Era mal iluminada e tinha poucos lugares, provavelmente só caberiam eles ali. O medibruxo se despediu e sumiu atrás de uma porta.


 - Acho que só nos resta esperar – Gui falou enquanto procurava uma cadeira para se sentar. Os outros o acompanharam e logo todos estavam acomodados. Nunca houvera um clima tão pesado entre os Weasley. Ninguém falava nada. Nesse instante reconheceram as vozes de Jorge e Carlinhos na recepção. Gui se levantou e foi falar com os irmãos.


 - Preciso retornar a Hogwarts. Todos irão estranhar se eu não estiver por lá amanhã – a Profª McGonagall se levantou. Arthur, Molly e os outros levantaram-se para se despedir.


 - Tudo vai ficar bem Molly, tenho certeza, ele é um menino forte. Vai sobreviver. – A Sra. Weasley simplesmente olhou para Minerva, mas não disse nada. – Você vem comigo, Pomfrey? – A enfermeira concordou com a cabeça e as duas então se dirigiram à saída.


 - Espere que eu irei com vocês – era Hagrid quem falava agora. – Ainda tenho muito o que arrumar para o Natal. E quero que mandem notícias, ok – falou apontando para os Weasley. Todos se despediram e agradeceram a sua ajuda. Os três rumaram para a mesma lareira pela qual chegaram e foram embora.


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 Harry chegou ao hospital, mas ainda estava meio atordoado. Nunca gostara de viajar por Pó de Flu, e dessa vez não fora diferente. Ajeitou seus óculos e suas roupas e olhou ao seu redor. Avistou Carlinhos e Jorge e foi correndo até eles, reparou que Gui também estava ali.


 -... e já o levaram para a ala de terapia intensiva – Harry conseguiu escutar uma parte do que Gui estava contando aos irmãos. – Disseram que se demorássemos mais um pouco talvez ele não tivesse sobrevivido.


 - E alguém falou quando poderíamos vê-lo? – Jorge perguntou aflito.


 - Ainda não, teremos que esperar. Por enquanto é só o que podemos fazer. Papai, mamãe e os outros estão logo ali na frente, vamos? – Gui saiu e os três o seguiram.


 Molly estava chorando recostada no ombro do marido. Percy olhava fixo para o chão, enquanto Fleur abraçava Gina, que também chorava muito. Hagrid, Madame Pomfrey e a professora McGonagall já haviam ido embora. Assim que viu o namorado, a ruiva soltou-se do abraço da cunhada e foi correndo até ele.


 - Eu...tô...com...muito...medo – ela tentou dizer, mas sua voz saiu quase inaudível.


 - Eu também, eu também, meu amor. Acalme-se, agora só nos resta esperar – Harry falou enquanto afagava os cabelos da namorada. Ficaram abraçados assim por alguns minutos até que foram se sentar.


 As horas que se passaram foram as piores da vida de Harry. Desde o desaparecimento de Rony, sentia uma culpa imensa. Mas agora, depois de ver o estado do amigo, e sabendo que ele poderia morrer, não conseguia mais aguentar de tanto pesar. Se virou para os lados e notou que metade da família Weasley dormia. Gina dormia em seu colo e Carlinhos e Gui não estavam por perto. Tentou segurar o choro, mas não conseguiu, agora as lágrimas teimavam em descer, cada vez mais intensas. Após alguns instantes sentiu que Gina havia acordado, não queria encará-la, mas as mãos da ruiva viraram seu rosto e ele foi obrigado a olhá-la nos olhos.


 - O que foi, meu amor? – Gina parecia preocupada, nunca vira o namorado daquela maneira.


 - Eu...sinto...que...é...tudo...culpa...minha – nesse instante o garoto desabou em lágrimas. Começou a tremer e soluçar. Não se importava mais se os outros estavam ouvindo ou não. Precisava extravasar. Nesse instante Gina forçou-o novamente a encará-la nos olhos.


 - Para com isso. Quantas vezes teremos que dizer que você não é culpado de nada. Meu irmão vai se recuperar e você verá que ele concorda comigo. Ninguém aqui o considera culpado – Gina continuou encarando-o firmemente. Aos poucos o garoto foi se acalmando. Notou que todos os Weasley estavam reunidos ali perto. Harry soube naquele instante, pela maneira com que todos o olhavam, que Gina tinha razão. Ninguém ali o considerava culpado, mas alguma coisa, lá no fundo, ainda o impedia de sentir-se assim também. Aos poucos foi se acalmando e quando menos percebeu já estava dormindo.


 Não sabe quanto tempo dormira, mas ao abrir os olhos, notou que o dia já havia amanhecido. Aparentemente Fleur fora até em casa e trouxera café da manhã para todo mundo. Aceitou uma xícara de chá que lhe foi oferecida e ficou calado encarando os outros. Pouco tempo depois, a porta que dava para a ala onde Rony estava sendo atendido se abriu e Andrew irrompeu por ela. Todos se levantaram e se reuniram ao redor dele.


 - Fizemos o que podíamos até o momento. Ele perdeu muito sangue e sua perna está em estado lastimável. Os cortes foram muito profundos e são muito difíceis de curar. Ele ainda não está completamente livre de perigo – nesse instante Molly irrompeu em lágrimas e foi se sentar. Gina e Fleur foram atrás dela. O curador então pediu para conversar a sós com Gui. O ruivo não entendeu muito bem, mas o acompanhou.


 - Não estou entendendo doutor, posso ajudar em alguma coisa?


 - Esses cortes em seu rosto foram feitos por um lobisomem, certo?


 - Sim, sim, há uns dois anos atrás, por quê?


 - Os cortes no corpo do seu irmão têm características bem similares a esses no seu rosto. Tenho convicção de que foram feitos por um lobisomem também. Estou lhe contando isso, pois você já convive com isso há um certo tempo e terá que ajudá-lo no processo de cura. As cicatrizes nunca sairão e ele sofreu bem mais cortes que você.


 - E ele vai...se tornar...você sabe...um lobisomem? – a voz do ruivo estava carregada de preocupação, não conseguia imaginar o irmão se tornando um lobisomem.


 - Acho que não, não são marcas de mordida, mas não sei se ele foi atacado pelo lobisomem quando este estava transformado ou não. Teremos que esperar – se virou então para o resto da família. – Infelizmente terei que ir agora. Quando possível, trarei mais notícias – o medibruxo pediu licença a todos e voltou através da porta pela qual chegara. Gui foi juntar-se ao resto da sua família.


 - Entam meu amor-r-r, o que ele querria? – Fleur falou quando viu a expressão do marido. Gui contou a todos o que Andrew havia acabado de lhe falar. Se o clima de tristeza naquela sala já era muito forte, agora então que sabiam que talvez Rony pudesse se tornar um lobisomem, se tornou quase insuportável. O semblante de preocupação de todos se agravou e vários começaram a chorar, mesmo que discretamente. Definitivamente, Harry nunca vira aquela família tão despedaçada.


 O resto do dia foi se arrastando. Harry e Gina se prontificaram a providenciar o almoço. Depois que todos comeram, fez-se um silêncio sepulcral naquela sala. Harry não conseguia mais ficar ali. Era frio, desconfortável e bem atrás daquela porta, seu melhor amigo estava lutando pela vida. Estava quase chorando de novo, quando Gina tirou-o dos seus devaneios.


 - Finalmente conseguimos convencer mamãe a ir para casa. Eu me ofereci para passar a noite aqui, mas não quero ficar sozinha. Você fica aqui comigo?


 - Claro, meu amor, sem problemas.


 - A cada dia, dois de nós passarão a noite aqui. Amanhã, Carlinhos e Jorge virão para cá. A Rede de Flu vai ficar sempre aberta, então poderemos ir para casa a qualquer instante – Harry concordou com a cabeça e segurou a mão da namorada. Os dois foram se juntar ao resto da família que se preparava para ir embora.


 - ... mas eu virei amanhã e todos os dias. E vou passar algumas noites aqui também – conseguiram ouvir a Sra. Weasley argumentando com o marido. Quando todos estavam prontos, se despediram e dirigiram-se à lareira.


 - Se tiverem notícias, queremos ser os primeiros a saber, está bem? Boa noite, se precisarem de alguma coisa, podem nos chamar – Arthur falou e despediu-se dos dois. Segurou a mão da sua mulher e os dois despareceram. Em seguida, um a um, o restante dos Weasley foi saindo. Agora só restavam Harry e Gina ali, o hospital parecia ainda mais frio e solitário. Finalmente os dois retornaram para a sala de espera e se sentaram. Gina recostou a cabeça no ombro do namorado e falou.


 - Você acha que ele vai ficar bem?


 - Eu tenho certeza que sim – Harry fez um carinho no rosto da namorada.


 - Ele sempre foi o irmão que eu mais admirei. Nunca conheci alguém tão leal quanto ele. Sempre viveu à sombra dos irmãos mais velhos, mas nunca reclamou. Você era o bruxo mais famoso da escola e Hermione a mais inteligente, mas ele nunca deixou que isso atrapalhasse a amizade de vocês. Sei que ele daria a vida para proteger qualquer um de nós – Harry começou a chorar de novo. Sabia que tudo aquilo era verdade. Sempre admirou Ron pela sua simplicidade e coração bom. Daria tudo para que fosse ele o torturado, não conseguia engolir que alguém tão bom pudesse ter sido tão maltratado. Passou alguns instantes chorando, quando finalmente falou.


 - Por falar em Hermione, você não acha que deveríamos escrever para ela? – Gina levantou sua cabeça para poder encará-lo.


 - Sabe que eu não tinha pensado nisso. É claro que precisamos avisá-la, mas ela falou que iria à Bulgária com Viktor Krum – Gina contorceu o rosto quando falou o nome do búlgaro. – Acho que ela só volta no início de janeiro.


 - Nunca entendi muito bem esse namoro dela – Harry falou ao notar que a expressão da namorada mudara.


 - Eu dou uma força para ela e tal, mas também não gosto nada disso. Ela ama o Rony, não aquele cara. Acho que o que aconteceu mexeu com ela de uma maneira que nunca poderemos entender.


 O resto da noite correu tranquilamente. Jorge reaparecera trazendo o jantar. Depois de comerem, Harry e Gina se acomodaram da melhor maneira possível e foram dormir.


 Não sabiam que horas eram, mas foram acordados bem cedo pela Sra. Weasley e o resto da família. Harry havia se esticado em um sofá que havia ali perto. Gina estava dormindo abraçada a ele. Quando viram os outros ali, coraram furiosamente e se sentiram bastante envergonhados.


 - Pelo visto, a noite foi boa hein – Jorge brincou e conseguiu arrancar alguns sorrisos.


 - Para de encher os dois, Jorge. Aposto que tiveram uma noite terrível. Alguma notícia, meus queridos? – a Sra. Weasley parecia bem melhor agora que tinha passado uma noite em casa.


 - Não mamãe, nada ainda – Gina respondeu e se levantou. Deu um tapa no braço do irmão e se dirigiu ao banheiro.


 O resto do dia não trouxe nenhuma novidade. Passaram o dia sentados naquela salinha, sem nada para fazer. Harry aproveitava cada oportunidade que tinha para sair dali. Ajudou Fleur a providenciar o almoço, se prontificou a ir até a Toca para pegar algumas coisas que a Sra. Weasley havia pedido e também ficou responsável pelo jantar. Após a refeição todos retornaram para casa. Jorge e Carlinhos passariam a noite no hospital. Harry mal podia esperar por uma noite longe dali.


 Tiveram uma noite tranquila. Ninguém estava muito a fim de papo e foram dormir cedo. Harry não sabia que horas eram, mas sabia que era muito cedo para acordar quando ouviu vozes no corredor. Já estavam todos de pé e prontos para saírem. Após o café mais silencioso de toda a sua vida, Harry e os outros voltaram para o hospital. O resto da manhã não trouxe novidades. Logo após o almoço, no entanto, viram Andrew caminhando em sua direção.


 - Ele já demonstra sinais de melhora – alguns ameaçaram abrir um sorriso – já respira com mais facilidade e pudemos diminuir bastante a dose dos medicamentos. Posso permitir que dois de vocês visitem-no, mas ele ainda não acordou. Também tivemos que cortar boa parte do cabelo dele devido aos grandes ferimentos no couro cabeludo – assim que o medibruxo terminou, Molly e Arthur o acompanharam pela porta da AMTI.


 O restante da família ficou aguardando ansiosamente pelo retorno do Sr. e da Sra. Weasley. Enquanto esperavam, ouviram uma voz no final do corredor e viram que o ministro havia chegado e estava acompanhado pelos dois aurores que haviam ido até a Toca na noite que Rony voltara. Os três cumprimentaram os outros e perguntaram por Molly e Arthur. Quando foram informados que eles estavam no quarto do Rony, resolveram esperar. Passaram-se trinta minutos e o Sr. e a Sra. Weasley retornaram.


 - Então mamãe, como ele está? – Gina perguntou aflita


 - Ele ainda tá tão machucado, não consigo acreditar – Molly falou enquanto enxugava as lágrimas.


 - Nem parece o mesmo. Tão magro e ainda por cima com tantos machucados horrorosos. Quem seria capaz de uma coisa dessas? – Arthur completou, não estava em estado muito melhor que a esposa.


 - Acho que poderemos ajudá-los a esclarecer isso – o auror Julian Estevez falou e todos o encararam sem entender. O ministro então se levantou.


 - Deixa que eu explico. É melhor todos se sentarem.


 - Desde o desaparecimento de Rony, não tínhamos pista nenhuma. Quando descobrimos que um elfo doméstico havia sido encontrado junto a ele na noite de seu retorno, resolvemos investigar. Após muita pesquisa junto ao Departamento de Controle das Criaturas Mágicas, ficamos sabendo que Monstro – o ministro respirou fundo, como se estivesse medindo as palavras. Os outros apuraram os ouvidos – morava na Mansão dos Malfoy.


 Kingsley interrompeu seu discurso e ficou esperando a reação dos demais. Inesperadamente, Arthur se levantou e deu um murro em uma das placas de compensado que estavam ali perto, abrindo um buraco na mesma. Todos se levantaram assustados com a sua reação, ele caminhava e bufava cheio de fúria.


 - Se...eu...souber...que...aquele...miserável...do...Lúcio...está...envolvido...com...isso...eu, eu...mato...ele – ele falou com ódio injetado nos olhos. Todos olhavam atônitos.


 - Não será preciso, o senhor Lúcio Malfoy foi encontrado morto em sua residência há dois dias atrás junto com o lobisomem Fenrir Greyback – assim que um dos aurores terminou a frase, o tempo pareceu congelar naquela sala. O Sr. Weasley parou de caminhar e ficou de queixo caído. Harry sentiu a garganta seca, não conseguia acreditar. Os outros estavam todos com os olhos arregalados e olhavam para o auror incrédulos. Ainda não tinham processado completamente as implicações daquilo que acabara de ser dito quando o ministro retomou a palavra.


 - Draco e Narcisa Malfoy – começou ele bem cuidadoso – nos procuraram há dois dias atrás para relatar que Lucio havia desparecido. Um grupo de aurores foi até a casa deles e após muito trabalho descobriram que havia uma sala escondida nos porões da residência que aparentemente ninguém conhecia além dele. Ao entrarem descobriram o corpo do Sr. Malfoy e de Greyback – agora até mesmo o ministro parecia não acreditar no que iria dizer. – Foram encontradas várias evidências que poderiam sugerir que havia alguém sendo mantido preso ali dentro – ninguém falou nada por um bom tempo, não sabiam como reagir.


 - E...vocês...acham que, que Rony era...mantido ali? – Percy falou com a voz trêmula.


 - Ainda não sabemos, mas os indícios são fortes. Antes dos corpos serem recolhidos foram retiradas as memórias dos dois, para ver se descobrirmos o que se passou. Só o que sabemos é que alguém esteve preso ali recentemente.


 Os minutos pareceram se arrastar daquele momento em diante. As revelações que o ministro trouxera ajudavam a iluminar muita coisa. Ninguém nem suspeitava quem seriam os responsáveis por tamanha barbárie, mas agora estava claro que era Malfoy, não restava dúvida. Todos ainda tentavam digerir o que fora dito, ninguém falava nada. Um dos aurores, impaciente, olhou para seu relógio e disse.


 - Me desculpem se eu parecer grosseiro, mas preciso ir direto ao ponto. Duas pessoas foram mortas pela Maldição da Morte e o elfo doméstico encontrado com o senhor Ronald Weasley o coloca diretamente na cena do crime. Não posso afirmar que era ele que estava ali, mas ele precisará ser interrogado assim que acordar – o auror definitivamente não esperava a reação que viria a seguir. Sem saber de onde, sentiu um soco amassando sua cara. Ficou atordoado e quando finalmente conseguiu reogarnizar as ideias, viu algumas pessoas tentando conter Jorge, que estava roxo de fúria.


 - Você ficou louco moleque, vou te levar preso agora mesmo.


 - COMO SE ATREVE A CHAMAR MEU IRMÃO DE ASSASSINO. EU DEVERIA TE BATER MAIS, SEU DESGRAÇADO – Jorge estava completamente descontrolado. O hospital inteiro viera ver o que estava acontecendo. Após mais alguns instantes, conseguiram acalmá-lo e o ministro então falou.


 - Sua atitude foi completamente lastimável Weasley – ao ver o sorrisinho do auror, ele falou ainda mais alto. – E a sua também Julian, nunca deveria ter falado isso. É a segunda vez que faz insinuações desse tipo. Você não tem provas de nada. Isso se encerra aqui. Ninguém vai ser preso e você está fora do caso – o auror tentou argumentar, sem sucesso. Recolheu suas coisas e ele e o parceiro saíram pisando duro.


 Demorou um tempo até tudo se normalizar. Aparentemente ninguém conseguia entender completamente o que estava acontecendo. O ministro precisou sair, mas retornou pouco após o anoitecer, Arthur então lhe perguntou.


 - Senhor Ministro, Lúcio Malfoy não deveria estar preso? – Kingsley olhou surpreso para ele. Deu mais um gole na xícara de chá antes de responder.


 - Sim Arthur, deveria, mas estava foragido. Draco e Narcisa relataram que não contaram que Lúcio se mantinha escondido em casa porque ele os ameaçava. Os Malfoy não teriam mais nenhum dinheiro caso Lúcio fosse preso. Disseram que ele passava a maior parte do tempo em algum lugar no porão, provavelmente na sala onde o seu corpo foi encontrado – todos haviam se aproximado para ouvir o que o ministro estava falando.


 - E porque resolveram contar que ele havia desaparecido? – Arthur perguntou incrédulo.


 - Porque descobriram que Lúcio havia acabado com todas as economias da família. Como a única coisa que impediam os dois de entregá-lo eram os bens da família, pelos quais ele era responsável e como não conseguiram encontrá-lo para cobrar explicações, resolveram entregá-lo aos aurores – todos ficaram atônitos. Lúcio roubara a própria família, mesmo depois que esses o haviam escondido todo esse tempo. Sentiram ainda mais asco. Passou um tempo até que alguém falasse alguma coisa.


 - E o que exatamente vai acontecer ao Rony? – Harry fez a pergunta que todos queriam fazer, mas até então não tinham tido coragem.


 - Bem, o que o auror falou é verdade. Em parte. Rony terá que depor, para que possamos esclarecer as coisas, e se foram realmente Lúcio e Greyback os responsáveis por tudo, Ron terá que explicar porque os dois foram encontrados mortos no mesmo dia em que ele reapareceu.


 - Quer dizer que ele pode ser acusado de assassinato? – Jorge se levantou, já começara a se irritar de novo. O ministro manteve a calma.


 - Ainda não sei Jorge. Se foi realmente ele quem disparou os feitiços que mataram aqueles dois, ele terá sim que se explicar, mas se ele tiver feito isso em legítima defesa, então não deverá ter nenhum problema – as implicações de tudo aquilo começaram a ficar mais claras. Havia uma grande possibilidade de Ron ter sido o responsável pela morte daqueles dois, mas ninguém sabia em que circunstâncias aquilo havia ocorrido. Aparentemente essa história ainda estava longe de ser concluída.


 Kingsley foi embora logo após o jantar. Todos os Weasley também se foram. Gui, Fleur e Percy passariam a noite ali. Mais uma vez a noite na Toca fora muito tranquila, só que dessa vez Harry não conseguiu dormir. Rony, além de tudo, poderia ser preso. Tentou afastar esse pensamento, mas não conseguiu. Quando menos percebeu o dia já amanhecera. Se juntou aos outros e após o café retornaram ao hospital.


 Os outros dias foram basicamente iguais. Os medibruxos permitiram que todos ali visitassem Ron, desde que separados em pares, mas o garoto não dava sinais de que acordaria. Continuavam revezando quem dormiria no hospital, e Harry teve que passar mais uma noite desagradável por lá, dessa vez ao lado de Jorge. No outro dia bem cedo já estavam de pé.


 - Amanhã é dia 31 de dezembro. Acho que nunca passei uma virada de ano tão melancólica – Gina falou enquanto terminava de almoçar.


 - Também não, mas não temos nada o que comemorar – Arthur respondeu, sem levantar os olhos do prato. Passaram-se alguns segundos até que Percy falasse.


 - Eu tive uma ideia, preciso ir, depois falo com vocês – antes que alguém pudesse perguntar aonde ele iria, pegou suas coisas e saiu.


 Percy passou o dia inteiro fora. Já haviam jantado quando ele retornou.


 - Bom – ele começou, todo pomposo – fui até o Ministério e pedi ao ministro que nos autorizasse a usar o salão de eventos do hospital para que façamos uma ceia de Ano Novo aqui e ele concordou. O que acham? – ninguém disse nada, demorou um tempo até que entendessem completamente o que ele falara.


 - Como assim, uma ceia? Aqui no hospital? – Molly foi a primeira a falar.


 - Pensa bem mamãe. Sei que estamos todos preocupados e que não temos motivo para comemorar, mas acho que seria bom para desviar um pouco desse clima de hospital. Acho que uma pequena celebração traria novas energias a todos nós. E estaremos aqui do lado, qualquer coisa é só mandar nos chamar – Percy terminou com um sorriso nos lábios.


 - Acho que ele tem razão mamãe – era Gina quem falava agora. Um a um, todos se levantaram e fizeram coro à ideia de Percy. O garoto agora sorria de verdade. Finalmente a Sra. Weasley cedeu.


 - Ok, faremos a ceia amanhã, mas só para a gente, não chamaremos ninguém. E alguém terá que me acompanhar até em casa para me ajudar a preparar tudo – surpreendentemente, todos se prontificaram a ajudar. Ao ver a empolgação de todos, Molly começou a se convencer de que talvez aquela realmente tenha sido uma boa ideia.


 No outro dia, a Sra. Weasley começou a colocar todos para trabalhar bem cedo. Parecia mais um dia típico na casa dos Weasley. Gui e Percy passaram a noite no hospital e ficaram encarregados de arrumar o salão de eventos. Gina e Fleur ajudavam Molly com a comida, enquanto os outros ficaram encarregados de separar copos, pratos e talheres. Depois de tudo pronto e embalado, voltaram ao hospital.


 O salão de festas era bem simples. Era um cômodo quadrado com piso de cerâmica e tudo ali era muito branco. Não havia nenhum tipo de decoração no chão ou nas paredes. Gui e Percy fizeram o melhor que podiam com as mesas e as cadeiras de plástico do lugar.


 Foi um jantar muito alegre. Todos conseguiram rir e se divertir pela primeira vez em muito tempo. Parece que todos sentiam que Rony melhoraria, que era só questão de tempo. Jorge até havia levado alguns Fogos Filibusteiro para comemorarem a chegada do Ano Novo. Todos brindaram com Uísque de Fogo e decidiram que era hora de encerrar a festa quando viram Jorge e Carlinhos dançando em cima da mesa após algumas doses a mais. Foram dormir satisfeitos naquela noite. Gina e Fleur ficariam no hospital.


 O dia seguinte foi exatamente a mesma coisa dos anteriores, exceto que dessa vez havia alguns com uma ressaca de matar, o que foi motivo de muitas piadas. Após o almoço Harry chamou Gina para conversar.


 - Acho que devemos escrever para a Mione hoje.


 - Claro, claro, ela chega amanhã. Vou buscar um pedaço de pergaminho – Gina voltou e então ela e Harry redigiram a carta. Foram até o corujal do hospital e enviaram a carta em uma coruja alvíssima, que era muito parecia com Edwiges. Voltaram para a sala e retomaram o que vinham fazendo – esperar, nada além de esperar.


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 Hermione acabara de chegar da Bulgária, já era tarde e seus pais provavelmente já estavam dormindo. Foi até a cozinha e notou que sua mãe deixara um bilhete em cima do balcão, junto com um prato de comida do jantar. Hermione sorriu e se sentou para comer, estava faminta. Assim que acabou, ouviu um barulho vindo da janela, foi até ela e viu uma coruja muito parecida com Edwiges. O animal tremia de frio, devia estar ali há horas. Colocou-a para dentro e recolheu a carta que ela trazia. Foi até a sala e sentou-se no sofá para lê-la.


 Cara Mione,


 espero que tenha feito uma ótima viagem. Gostaria de tê-la avisado antes, mas como estava na Bulgária e não sabíamos o seu endereço, tivemos que esperar você retornar. Rony está vivo. Na véspera de Natal, logo após o jantar, o encontramos caído nos jardins de casa. Ele ainda está em estado grave, mas está melhorando. Estamos no St. Mungus e esperamos que você venha o quanto antes. Te conto mais detalhes depois.


 Abraços,


 Gina Weasley


 Hermione leu e releu carta diversas vezes, não conseguia acreditar. Ron estava de volta. Estava no hospital em estado grave, mas estava de volta.


 Demorou um pouco para que a menina digerisse tudo que havia ocorrido. Ainda estava meio atordoada com tudo aquilo, mas sabia que teria que ir ao St. Mungus, precisava vê-lo. Levantou-se do sofá e foi buscar seu casaco. Assim que o vestiu, buscou nos bolsos pela sua varinha e encontrou a foto que fora encontrada no banheiro no dia do desaparecimento de Rony. Ficou olhando para ela e sentiu uma lágrima escorrendo pelo seu rosto. Nos últimos meses havia se esquecido dela. Nesse instante ouviu passos na escada, reparou que sua mãe vinha descendo.


 - Oi Mione, tudo bem? – a mãe abriu um sorriso e correu para abraçar a filha.


 - Oi mãe, tudo, e com a senhora? – Hermione deu um abraço rápido na mãe e começou a procurar pela varinha.


 - O que você está procurando?


 - Minha varinha – a menina respondeu, se abaixando para olhar embaixo da mesa. – Ah, achei, deve ter caído sem eu perceber – ela então se levantou e se encaminhou para a porta, mas foi interrompida pela mãe.


 - O que está acontecendo? Aonde você vai? – ela parecia um pouco preocupada. Hermione então respirou fundo e contou tudo. Quanto mais tempo elas ficavam ali, mais a menina ficava aflita. Demorou um tempo até que a mãe falasse.


 - Então vai logo, mas tenha cuidado. E volte assim que puder – Hermione simplesmente assentiu com a cabeça e abriu a porta. Antes de sair, sua mãe falou.


 - Ele vai ficar bem, querida, tenho certeza – a morena não respondeu, simplesmente girou e sumiu no ar.


 Hermione estranhou o estado em que o hospital se encontrava. Não imaginava que a guerra pudesse tê-lo afetado tanto assim, mas não tinha tempo para pensar nisso, precisava saber onde Ron estava. Foi correndo até a recepção e perguntou à funcionária que ali se encontrava.


 - Por favor, posso saber em que quarto está Ronald Weasley? – a funcionária olhou para ela, claramente irritada por ter sido interrompida. Procurou alguma coisa nos papéis à sua frente e respondeu sem levantar o rosto.


 - Ala Medibruxa de Terapia Intensiva, quarto 16.


 - Pra que lado fica? – Hermione já estava ficando impaciente, a funcionária simplesmente apontou para o seu lado esquerdo e a morena disparou pelo corredor.


 Correu pelos corredores seguindo as placas que apontavam para AMTI, depois de um tempo parou diante de um letreiro que dizia:


 “Ala Medibruxa de Terapia Intensiva – AMTI – Entrada Restrita”


 Hermione se desesperou, Rony estava atrás daquela porta, mas ela não podia atravessá-la. Começou a andar de um lado para o outro tentando pensar em alguma alternativa, quando ouviu alguém chamar seu nome.


 - Ei Mione, aqui – a menina se virou e viu Harry caminhando em sua direção. Sem pensar muito, correu até o amigo e o abraçou. Harry devolveu o abraço.


 - Como ele está? – ela perguntou com um senso de urgência em sua voz.


 - Fica calma, está todo mundo ali, vamos nos sentar e eu te conto tudo – a menina simplesmente assentiu e os dois foram se juntar ao resto da família. Todos se levantaram para cumprimentá-la. Hermione não pôde deixar de reparar no semblante de cansaço e preocupação que eles carregavam. Se suas contas estivessem corretas, deviam estar ali há mais de uma semana. Depois de cumprimentar todo mundo, finalmente se sentou.


 - E então, como ele está?


 - Está estável agora, mas o encontramos em péssimo estado. Os medibruxos disseram que ele está reagindo bem, mas se não fosse por madame Pomfrey, talvez ele estivesse... – antes que Harry pudesse completar a frase, percebeu que a amiga estava chorando. Sentou-se mais próximo a ela e a abraçou. Gina também se aproximou e segurou sua mão.


 - Vai ficar tudo bem. Ele está vivo e está com a gente agora – Gina, que também tinha lágrimas nos olhos, tentou consolar a amiga.


 - Eu...sei. Eu...tive...tanto...medo... – Hermione agora soluçava. Harry puxou-a mais para perto e ela colocou a cabeça em seus ombros. O menino começou a afagar os cabelos da amiga, tentando acalmá-la. Não sabem quanto tempo ficaram assim, mas de repente viram Andrew McNamara saindo pela porta da AMTI. Todos se levantaram de súbito quando o viram ali.


 - Ele é um homem muito forte, viu. Nunca imaginei que alguém pudesse sofrer tanto abuso e ainda assim sobreviver. As sequelas serão muitas, a maioria das cicatrizes nós não conseguimos curar e a perna dele talvez tenha sido afetada para sempre, mas fora isso, ele não corre mais risco algum. Deve acordar a qualquer momento. Infelizmente somente poderá visitá-lo uma pessoa de cada vez. Então, decidam-se e podem entrar por aquela porta. Agora, se me dão licença, preciso ir visitar outros pacientes – o médico então acenou e se despediu. Os Weasley agradeceram-no imensamente. Todos imaginaram que a Sra. Weasley iria querer ser a primeira a conversar com o filho.


 - Acho que você devia ir primeiro minha querida – ela falou e apontou para Hermione, que foi pega completamente de surpresa.


 - Eu? Mas, mas, a senhora...é a mãe dele – falou uma Hermione completamente aturdida.


 - Eu sei, mas acho que não há ninguém no mundo que ele gostaria de ver nesse momento a não ser você. Nem mesmo a própria mãe – Molly sorriu e passou as mãos nos cabelos de Hermione. A menina simplesmente assentiu e se virou em direção à porta. Antes que pudesse sair, Harry segurou-a pelo braço.


 - Ele está muito machucado Mione, muito mesmo.


 - Eu sei Harry, mas não me importo, preciso vê-lo – o menino concordou e largou o braço da amiga. Hermione atravessou a porta e se dirigiu ao quarto 16.


 A menina podia sentir seu coração batendo muito mais forte agora. Iria ver Ron pela primeira vez em sete meses. Ali, naquele instante, pôde sentir realmente a falta que o ruivo lhe fizera todo esse tempo. Uma lágrima ameaçou descer pelo seu rosto, mas ela a reprimiu, precisava ser forte. Encontrou o quarto que procurava. Respirou fundo e empurrou a porta.


 Ela imaginou que Ron estaria muito machucado, mas nada poderia prepará-la para o que veria a seguir. Foi caminhando bem devagar até chegar ao lado da cama, mas deu um passo atrás e levou a mão à boca quando viu o rosto do ruivo. Havia cortes e cicatrizes horrorosos, e seu cabelo estava quase todo raspado. Os olhos continuavam muito inchados. Tentou se recuperar e voltou para perto dele. As lágrimas lhe corriam livremente pelo rosto. Puxou uma cadeira e sentou ao seu lado. Pegou as mãos do ruivo com as suas e ficou-as segurando, não se sabe por quanto tempo, quando sentiu um leve apertão nos dedos. Se levantou de uma vez e ficou olhando para o menino. Aos poucos, viu que ele abria os olhos. Tentou falar, mas não conseguiu. Rony mirou seus olhos por um instante e então falou.


 - Oi Mione, quanto tempo!


 


 


 

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