O príncipe Mestiço



Capitulo Cinco: O príncipe Mestiço.


No dia seguinte, os garotos se encontraram com Hermione no salão comunal, antes do café da manhã. Harry pareceu não perder a esperança em sua história sobre Malfoy, pois assim que encontrou Hermione, ele contou-lhe o que houve no trem.


- Mas é óbvio, que ele estava se exibindo para a Parkinson, não é? – aparteou Ryan, rápido, antes que Hermione pudesse responder.


- Bem – hesitou ela – não sei... É bem coisa do Malfoy querer parecer mais importante do que é... Mas assim é exagero.


- Exatamente – disse Harry, mas ele não pode argumentar porque havia muita gente querendo ouvir a conversa, sem falar naqueles que o encaravam e cochichavam cobrindo a boca com a mão.


- É falta de educação apontar. – Rony ralhou com um aluno do primeiro ano particularmente pequeno quando entraram na fila para passa pelo buraco do retrato. O garoto que, disfarçadamente, estivera murmurando alguma coisa para o amigo, ficou escarlate e, assustado, caiu pelo buraco no corredor. Rony deu uma risadinha.


- Adoro estar no sexto ano. E o melhor é que vamos ter tempo livre este ano. Períodos para sentar e relaxar.


- Vamos precisar desse tempo para estudar, Rony. – lembrou Hermione, quando caminhavam pelo corredor.


- É, mas não hoje. – respondeu Rony. – Hoje vai ser moleza pura.


- Espere aí! – exclamou Hermione, esticando o braço e fazendo um aluno do quarto ano, que tentava passar por ela segurando com firmeza um disco verde limão. – Os Fribees-dentados são proibidos, me dê isso. – pediu com severidade. O garoto, amarrando a cara, entregou o disco que rosnava, passou por baixo do braço de Hermione e saiu no encalço dos amigos. Rony esperou que ele desaparecesse e roubou o Frisbee da mão de Hermione.


- Ótimo, sempre quis ter um.


O protesto de Hermione foi abafado por uma risadinha alta. Pelo visto, Lilá Brown achara o comentário de Rony engraçadíssimo e passou por ele ainda rindo, olhando- por cima do ombro. Rony pareceu muito satisfeito.


O teto do Salão Principal estava serenamente azul, raiado de leves farrapos de nuvens, como nos quadrados de céu que se viam pelas janelas de caixilhos. Enquanto comiam mingau de aveia e ovos com bacon, Ryan, Harry e Rony contaram a Hermione a conversa constrangedora que tinham tido com Hagrid, na véspera.


- Mas ele não pode realmente pensar que continuaríamos a cursar Trato das Criaturas Mágicas! – comentou ela perturbada. – Quero dizer, quando foi que algum de nós manifestou... Sabe... Algum entusiasmo?


- Isso mesmo? – apoiou Ryan. – Além disso, no que a matéria pode ajudar a gente no futuro.


- É isso ai, né? – disse Rony, engolindo um ovo frito inteiro. – Nós fazíamos o maior esforço nas aulas porque gostamos do Hagrid. Mas ele achou que gostávamos daquela matéria idiota. Será que alguém vai continuar até o N.I.E. M?


Nem um dos três respondeu; não carecia. Sabiam perfeitamente que ninguém de sua turma iria querer continuar Trato das Criaturas Mágicas. Evitaram olhar para Hagrid e retribuíram seu aceno cordial sem animação quando o amigo deixou a mesa dos professores dez minutos depois.


Terminada a refeição, eles continuaram sentados aguardando a professora McGonagall descer da mesa dos professores. Este ano a distribuição dos horários estava mais complicada do que o normal, porque ela precisava primeiro confirmar que cada aluno tivesse obtido as notas mínimas nos N.O.M.s para continuar as matérias escolhidas nos N.I.E.M.s.


 Ryan não se importava muito, afinal se conseguisse ser um cantor famoso como queira ser, não precisaria das notas. Não tinha atrevido se a contar a ninguém ainda, muito menos a Hermione, que já não gostara do comentário que tinha feito na Toca. Mas conseguiu continuar as matérias que queria: Feitiços, Defesa contra as Artes das Trevas, Transfiguração, Herbologia, e Poções.


Hermione foi prontamente liberada para continuar Feitiços, Defesa contas as Artes das Trevas, Transfiguração, Herbologia, Aritmancia, Runas Antigas e Poções e sem demora, partiu para assistir o primeiro período de Runas Antigas. Os horários de Neville exigiram mais tempo para destrinchar; seu rosto redondo expressava ansiedade enquanto a professora examinava o seu pedido e consultava os resultados dos N.O.M.s.


- Herbologia pode. – disse ela. – a professora Sprout ficará encantada de ver você retomar a matéria com um “Ótimo” no N.OM. E qualificou-se para Defesa contra as Artes das Trevas com um “Excede Expectativas”. O problema está em Transfiguração. Sinto muito, Longbottom, mas um “Aceitável” não é o suficiente para continuar no nível de N.I.E.M. Acho que você não conseguiria dar conta dos deveres do curso.


Neville abaixou a cabeça. A professora fitou-o através dos óculos quadrados.


- Mas por que quer continuar em Transfiguração? Você nunca me deu a impressão de gostar tanto assim da matéria.


Neville fez uma cara infeliz e murmurou alguma coisa como “minha avó quer”.


- Hum – bufou a professora. – Já está mais do que na hora de sua avó aprender a ter orgulho do neto que tem, em vez do neto que gostaria de ter, particularmente depois do que aconteceu no Ministério.


Neville corou fortemente e piscou atordoado; a professora McGonagall nunca lhe fizera um elogio antes.


- Lamento Longbottom, mas não posso aceitá-lo na minha classe de N.I.E.M. Mas vejo que você recebeu um “Excede Expectativas” em Feitiço; por que não tenta um N.I.E.M. em Feitiços?


- Minha avó acha que Feitiços é uma opção muito fácil. – murmurou Neville.


- Matricule-se em Feitiços. – disse a professora. – E eu vou mandar uma palavrinha a Augusta lembrando que só porque ela não passou no N.O.M de Feitiços... Não significa que a matéria seja inútil. – Com um leve sorriso ao ver a expressão de incrédula satisfação no rosto de Neville, McGonagall bateu com a ponta da varinha em um formulário em branco e entregou-o ao garoto, já impresso, com detalhes de suas nova matérias.


Em seguida, ela se voltou para Parvati Patil, cuja primeira pergunta foi se Firenze, aquele centauro bonitão, continuaria a ensinar Adivinhação.


- Ele e a professora Trelawney vão dividir as turmas este ano. – respondeu a professora McGonagall, com um quê de desaprovação na voz; todos sabiam que ela desprezava a matéria. – O sexto ano ficará por conta da professora Trelawney.


Parvati saiu para a aula de Adivinhação cinco minutos depois, parecendo um pouco desconcertada. Ryan concordou em esperar os meninos já que tinha um horário vago.


- Então, Potter, Potter... – disse a professora, consultando suas anotações ao se dirigir a Harry. – Feitiços. Defesa contras as Artes das Trevas, Herbologia, Transfiguração... Tudo bem. E devo dizer que fiquei satisfeita com sua nota na minha matéria, Potter, muito satisfeita. Mas porque não pediu para continuar em Poções? Pensei que a sua ambição fosse se tornar um auror.


- Era, mas a senhora me disse que eu precisava de um “Ótimo” no meu N.O.M.


- E realmente precisava quando o professor Snape ensinava a matéria. O professor Slughorn, porém, fica perfeitamente feliz em aceitar no N.I.E.M alunos que tenha obtido “Excede Expectativas” no N.O.M. Você quer continuar em Poções?


- Quero – respondeu Harry. – Mas não comprei os livros nem os ingredientes, nem nada...


- Tenho certeza de que o professor Slughorn poderá lhe emprestar o material. Muito bem, Potter, aqui estão os seus horários. Ah, sim, vinte aspirantes já se inscreveram para a equipe de quadribol da Grifinória. Passarei a lista a você por esses dias, e poderá marcar os testes quando quiser.


Alguns minutos, mais tarde, Rony foi liberado para cursar as mesmas matérias que Harry, e os três garotos deixaram a mesa juntos.


- Veja – exclamou Rony muito feliz, conferindo o seu horário. – Temos um período livre agora... E outro depois do recreio... E depois do almoço... Excelente.


Os três voltaram à sala comunal, que estava vazia exceto por meia dúzia de alunos do sétimo ano, inclusive Cátia Bell, a única jogadora que restava da equipe original de quadribol da Grifinória, para qual Ryan entrara no terceiro ano.


- Achei que você ganharia isso, parabéns. – disse a garota, apontando para a insígnia de capitão no peito de Harry. – Me avise quando começarem os testes!


- Não seja retardada. – respondeu Harry. – Você não precisa de testes, há cinco anos vejo você jogar...


- Você não pode começar assim – alertou a garota. – Pelo que sei, tem gente melhor que eu fora do time. O Ryan, por exemplo, precisa estar na equipe. Você é brilhante. – elogiou ela, dando um tapinha no ombro do garoto que ficou corado ao comentário. – Boas equipes já acabaram mal porque os capitães simplesmente continuaram a jogar com caras conhecidos, ou deixaram os amigos entrarem...


Rony pareceu meio constrangido, e começou a jogar o Frisbee que Hermione confiscara do aluno do quarto ano. O brinquedo voou pela sala comunal, rosnando e tentando morder a tapeçaria. Bichento acompanhou-o com seus olhos amarelos e bufou quando o Frisbee se aproximou demais.


Uma hora depois eles deixaram, relutantes, a sala ensolarada para assistir à aula de Defesa contras as Artes das Trevas, quatro andares abaixo. Hermione já estava na fila, carregando uma braçada de pesados livros, e com um ar de que fora usado.


- A professora de Runas nos passou tantos deveres! – exclamou ansiosa, quando Harry, Ryan e Rony se reuniram a ela. – Um trabalho de quase quatro metros, duas traduções, e preciso ler tudo isto para quarta-feira.


- Que pena. – bocejou Rony.


- Espera para ver. – disse ela com raiva. – Aposto como o Snape também vai passar um montão. – Quando ia dizendo isso, a porta da sala abriu e o professor saiu para o corredor, o rosto macilento emoldurado pelas eternas cortinas de cabelos pretos oleosos. A fila silenciou imediatamente.


- Para dentro. – disse ele.


Ryan olhou a toda volta quando entraram. Snape já impusera sua personalidade à sala; estava mais sombria do que antes, pois ele fechara as cortinas e iluminara com velas. Novos quadros adornavam as paredes, vários deles mostravam pessoas sofrendo com pavorosos ferimentos ou partes do corpo estranhamente torcidas. Ninguém falou enquanto os alunos se acomodavam, admirando os sinistros quadros escuros.


- Não pedi a vocês para apanharem seus livros. – começou Snape, fechando a porta e virando-se para encarar a turma de sua escrivaninha. Hermione devolveu depressa à mochila os seu exemplar de “Frente ao irreconhecível” e guardou-a embaixo da cadeira. – Quero conversar com os senhores e exijo sua total e absoluta atenção.


Seus olhos negros percorreram os rostos voltados para ele, demorando-se uma fração de segundo a mais no rosto de Ryan e Harry.


- Creio que já tiveram cinco professores nesta matéria.


Ryan observou o rosto de Harry ao ouvir isso, e não era nada bom.


- Naturalmente, cada um teve o seu método e suas prioridades. Diante dessa confusão, é uma surpresa que tantos tenham obtido nota para passar nessa matéria. E surpresa maior será se todos conseguirem dar conta dos deveres do N.I.E.M, que serão bem mais complexos.


Snape começou a andarem volta da sala, falando agora mais baixo; os alunos esticaram o pescoço para conseguir vê-lo.


- As Artes das Trevas são muito variadas, inconstantes e eternas. Combatê-las é como combater um monstro de muitas cabeças, no qual, cada vez que cortamos uma cabeça, surge outra ainda mais feroz e inteligente do que a anterior. Vocês estão combatendo algo que é instável, mutável e indestrutível.


Ryan encarou Snape. Não podia deixar de pensar que Snape tinha razão, afinal fazia muitos anos que o Mundo Bruxo lutava contra Voldemort e as forças das trevas.


- Suas defesas. – disse Snape alteando a voz. – Portanto, têm de ser flexíveis e inventivas com as Artes que vocês querem neutralizar. Esses quadros. – ele apontou alguns à medida que passava. – São uma boa representação do que acontece com quem, por exemplo, sofre a Maldição Cruciatus – (ele fez um gesto indicando uma bruxa que visivelmente urrava de dor.) -, sente o Beijo do Dementador. – (um bruxo de olhos vidrados encolhido contra uma parede). – ou provoca a agressão de um Inferius (uma massa sangrenta no chão).


- Então já foi avistado algum Inferius? – perguntou Parvati Patil com voz aguda. – Então é oficial, ele está usando Inferi?


- O Lorde das Trevas usou Inferi no passado. – respondeu Snape. – o que significa que seria sensato presumir que pode tornar a usá-los. Agora...


Ele recomeçou a andar pelo outro lado da sala em direção à própria escrivaninha, suas vestes escuras enfunando a cada passo e, mais uma vez, a classe acompanhou-o com os olhos.


-... Creio que os senhores são absolutamente novatos no uso de feitiços mudos. Qual é a vantagem de um feitiço mudo?


A mão de Hermione se ergueu no ar. Snape aguardou calmamente olhando os outros alunos, certificando-se de que não tinha outra escolha, antes de dizer secamente:


- Muito bem... Srta. Granger?


- O adversário não pode prever que tipo de feitiço a pessoa vai realizar. – respondeu Hermione. – o que lhe dá uma fração de segundo de vantagem.


- Uma resposta decorada quase palavra por palavra do “Livro Padrão de feitiços, 6ª série”. – comentou Snape com menosprezo (no canto Malfoy riu). – mas correta em sua essência. Sim, aqueles que aperfeiçoam e aprendem a usar a magia sem proferir os encantamentos, passam a contar com o elemento surpresa em sua arte. Nem todos os bruxos conseguem fazer isso, é claro; é uma questão de concentração e poder metal que alguns. – seu olhar recaiu demoradamente em Harry. – Não possuem.


Ryan sabia o que Snape estava pensando, soube por Dumbledore, que Harry não sabia executar o feitiço Oclumência com êxito. O garoto só não entendia porque Snape tratava Hermione daquele jeito, tinha que ter um por que.


- Os senhores agora vão se dividir em pares. Um parceiro tentará enfeitiçar o outro sem falar. O outro vai tentar repelir em igual silêncio. Comecem.


Embora Snape não soubesse, no ano anterior, Harry ensinara pelo menos à metade dos alunos (os que tinham participado da AD) como executar Feitiço-Escudo. Nenhum deles, porém, jamais realizara o feitiço sem falar. Seguiu-se uma boa dose de enrolação; muitos alunos simplesmente murmuravam o encantamento em vez de dizê-lo em voz alta. Como era de esperar, dez minutos de aula, Hermione conseguiu repelir o Feitiço das Pernas Bambas, murmurado por Neville, sem enunciar uma palavra, feito que  certamente teria rendido vintes pontos à Grifinória na aula de qualquer professor justo, pensou Ryan com raiva, mas Snape ignorou. Passeava imponente enquanto os alunos praticavam, parecendo mais do que nunca um morcego exageradamente grande, detendo-se a observar Ryan, Rony e Harry se esfalfarem para cumprir a tarefa.


Rony; que devia enfeitiçar Harry tinha o rosto púrpura, os lábios fortemente comprimidos para não cair em tentação de murmurar o encantamento. Harry mantinha a varinha erguida, aguardando, aflito, para repelir um feitiço que provavelmente jamais viria. Ryan esperava Harry repelir o feitiço, para depois ser sua vez.


- Patético, Weasley. – comentou Snape depois de algum tempo. – Deixe-me mostrar a você...


Snape virou a varinha para Harry tão ligeiro que este reagiu instintivamente; esqueceu a recomendação de não pronunciar o feitiço e gritou: “Protego!”.


O Feitiço-Escudo foi tão forte que o professor se desequilibrou e bateu em uma carteira. A classe inteira tinha virado a cabeça e agora observava Snape se levantar de cara amarrada. Ryan suprimiu o riso.


- Você está lembrado que eu disse para praticar feitiços não-verbais, Potter?


- Sim – respondeu Harry, inflexivelmente.


- Sim, senhor.


- Não é preciso me chamar de “senhor”, professor.


As palavras pareceram escapar da boca de Harry. Vários alunos ofegaram inclusive Hermione. Às costas de Snape, no entanto, Ryan, Rony, Simas e Dino riram aprovadoramente.


- Detenção, sábado à noite, meu escritório – disse Snape. – Não admito atrevimento de ninguém, Potter... Nem mesmo do Eleito. A aula terminou, podem ir. Exceto você Felling, quero dar uma palavrinha com você.


Harry, Rony e Hermione, o olharam com pesar; Ryan murmurou um “podem ir” e os três saíram pela porta a caminho do recreio. Ele se encaminhou até Snape que ainda estava com cara amarrada.


- O professor Dumbledore me mandou lhe entregar isso. – disse ele, entregando um pedaço de pergaminho a Ryan. – Tome cuidado com o que está fazendo, garoto. Pode se encrencar.


- Não se preocupe com isso, professor sei me cuidar. Obrigado por entregar o pergaminho. – falou Ryan, pegando o pergaminho e indo se encontrar com seus amigos.


No caminho foi lendo o pergaminho:


Caro Ryan,


Gostaria que você me encontrasse hoje na minha sala, para conversarmos sobre nosso “assunto”. Venha por volta das nove horas da noite. Não mostre esse pergaminho para ninguém. Espero que tenha gostado do seu primeiro dia de aula.


Atenciosamente.


Alvo Dumbledore.


P.S. Gosto de Acidinhas.


O garoto riu ao ler o P.S. da carta, com certeza era a senha para passar pela gárgula.


Ryan conseguiu alcançar os amigos no caminho. Inventou uma história sobre o que Snape queria com ele, e fez de tudo para mudar de assunto rapidamente, os amigos estranharam um pouco.


- Foi genial, Harry. – disse Rony às gargalhadas, sendo acompanhado por Ryan que comentavam sobre o acontecimento à caminho do recreio.


- Você realmente não devia ter dito aquilo. – comentou Hermione, franzindo a testa para Harry. – Por que disse?


- Ele tentou me lançar um feitiço, caso você não tenha reparado. – irritou-se Harry. – Me enchi disso nas aulas de Oclumência! Por que ele não usa um porquinho-da-Índia para variar? Afinal, o que é que o Dumbledore está querendo para deixar o Snape ensinar Defesa contra as Artes das Trevas? Você ouviu bem o que ele disse? Ele adora essas artes! Todo aquele papo de instável, indestrutível...


- Bem – contestou Hermione. – achei que lembrava um pouco você falando.


- Eu?


- É, Harry. A Hermione tem razão. – começou Ryan, olhando para o amigo. – Lembra você disse que não era uma questão de decorar um monte de feitiços, disse que era apenas você e seu cérebro e sua coragem...


- É, bem, não era isso eu Snape estava dizendo? – completou Hermione. – Que a arte se resumia em ter bravura e agilidade mental?


Harry pareceu não gostar da comparação, mas ficou calado.


- Harry! Ei, Harry!


Ryan olhou para os lados; Juca Sloper, um dos batedores da equipe de quadribol de Grifinória no ano anterior; vinha correndo na direção deles com um pergaminho na mão.


- Para você – ofegou Sloper. – Escute, soube que é o novo capitão. Quando vai fazer os testes?


- Ainda não tenho certeza – respondeu Harry. – Aviso você.


- Ah certo. Eu tinha esperança de que fosse neste fim de semana...


Mas Harry pareceu não estar escutando, por que assim que pegou o pergaminho começou a andar, Ryan, Rony e Hermione o seguiram enquanto andava. Ryan reconheceu a caligrafia fina e inclinada. E começou a ler:


Caro Harry,


Gostaria de começar as nossas aulas particulares no sábado. Por  favor, venha ao meu escritório às oito horas da noite, no sábado. Espero que esteja apreciando o seu primeiro dia de escola.


Atenciosamente.


Alvo Dumbledore.


P.S. Gosto de Acidinhas.


Quando terminou de ler o pergaminho Ryan não pode deixar de sorrir, ao ver que era quase igual a que ele receberá mais cedo.


- Ele gosta de Acidinhas? – estranhou Rony, que leu o bilhete por cima do ombro do amigo, perplexo.


- É a senha para passar pela gárgula na porta da sala dele – respondeu Harry em voz baixa. – Ah! Snape não vai gostar... Não vou poder cumprir a detenção!


Os quatro passaram todo o recreio especulando o que Dumbledore iria ensinar. Ryan achava que era alguma coisa para se defender de Voldemort, e lembrou-se de guardar mentalmente de perguntar a Dumbledore o que ele faria com Harry. Rony achou mais provável que fossem feitiços e azarações desconhecidos dos Comensais da Morte. Hermione argumentou que isso era ilegal, e acho mais provável que Dumbledore quisesse ensinar a Harry magia defensiva avançada. Terminado o recreio, ela seguiu para a aula de Aritmancia, enquanto Harry, Ryan e Rony voltavam, de má vontade, começaram a fazer os deveres passados por Snape. Ryan conseguiu terminar os exercícios depois, de ficar algumas horas tentando fazer e indo ajudar os amigos. Quando Hermione chegou, ela o ajudou eles a terminarem os deveres. Mal concluíram os deveres, tocou a sineta para a aula de Poções e eles fizeram o já conhecido trajeto para a sala na masmorra que, durante tanto tempo, pertencera a Snape.


Quando chegaram ao corredor, viram que apenas uns doze alunos haviam continuado no nível de N.I.E.M. Crabbe e Goyle evidentemente não tinha obtido a noto exigida no N.O.M., mas quatro alunos da Sonserina tinham passado, inclusive Malfoy. Aguardavam também quatro alunos da Corvinal e um da Lufa-Lufa, Ernesto Macmillan, de quem Ryan gostava, apesar do jeito pomposo.


- Harry – saudou Ernesto, auspiciosamente, estendendo a mão quando ele se aproximou. – Não tive chance de falar com você hoje de manhã na Defesa contra as Artes das Trevas. Achei uma boa aula, mas Feitiços-Escudos é, obviamente, uma velharia para veteranos da AD como nós... E vocês com vão, Ryan, Rony... Hermione?


 Mal os três responderam “ótimo”, a porta da masmorra se abriu e a pança de Slughorn o precedeu no corredor. Quando entraram na sala, seus enormes bigodes de leão-marinho se curvaram nos cantos da boca sorridente e ele cumprimentou Harry, Ryan e Zabini com particular entusiasmo.


A masmorra estava, como nunca antes, impregnada de vapores e odores estranhos. Harry, Rony, Ryan e Hermione aspiraram, interessados, ao passar pelos grandes caldeirões borbulhantes. Os quatro alunos da Sonserina ocupavam juntos uma das mesas, o mesmo tendo feito os da Corvinal. Sobraram, assim, Harry, Ryan, Hermione, Rony e Ernesto para dividirem a terceira mesa. Escolheram a mais próxima a um caldeirão dourado que exalava um dos aromas mais fascinantes que Ryan já sentira na vida: lembrava à rosas com jasmim, e ao mesmo tempo cheiro de terra molhada pela chuva.  Viu que respirava muito lenta e profundamente e que a fumaça da poção o satisfazia como uma bebida. Ele foi arrebatado por um grande contentamento; sorriu para Harry à sua frente, e o amigo retribuiu indolentemente o seu sorriso.


- Ora muito bem. – começou Slughorn, cuja silhueta maciça parecia tremeluzir em meio aos variados vapores.


- Apanhem as balanças e os kits de poções e não esqueçam, o manual de “Estudos avançados no preparo de poções...”


- Senhor. – disse Harry, erguendo a mão.


- Harry, meu rapaz?


- Não tenho livro nem balança nem nada... O Rony também não... Não sabíamos que poderíamos fazer o N.I.E.M., o senhor entende...


- Ah, sim, de fato a professora McGonagall me falou... Não se preocupe, meu caro rapaz, não se preocupe. Use os ingredientes do armário hoje, e estou certo de que podemos lhe emprestar uma balança, e temos um estoque de livros usados, eles servirão até que você possa escrever para a Floreios e Borrões...


Slughorn foi até um armário de canto e instantes depois virou-se com dois exemplares muito gastos de “Estudos avançados no preparo de poções”, de Libiatus Borage, e entregou a Harry e Rony, juntamente com duas balanças oxidadas.


- Ora, muito bem – disse voltando para a frente da turma e enchendo o peito, já bastante volumoso, o que por um triz não fez os botões do seu colete saltarem. – Preparei algumas poções para vocês verem, apenas pelo interesse que encerram, entendem? São o tipo de coisa que deverão ser capazes de fazer no fim dos N.I.E.M. Já devem ter ouvido falar de algumas, ainda que não saibam prepará-las. Alguém pode me dizer qual é está aqui?


O professor indicou o caldeirão mais próximo à mesa as Sonserina. Ryan levantou ligeiramente de a cadeira e viu algo que lhe pareceu água pura em ebulição.


A mão bem treinada de Hermione subiu antes que qualquer outra; Slughorn apontou para ela.


- É Veritaserum, uma poção sem cor nem odor que força em a bebe dizer a verdade. – respondeu Hermione.


- Muito bem, muito bem! – elogiou o professor, feliz. – Agora. – continuou apontando para o caldeirão mais próximo da mesa da Corvinal – Essa outra é bem conhecida... E também apareceu em alguns folhetos do Ministério ultimamente... Quem sabe?


A mão de Hermione foi novamente a mais rápida.


- É a poção Polissuco, senhor.


Ryan também reconheceu a substância com aspecto de lama que fervia lentamente no segundo caldeirão, mas não se aborreceu que Hermione recebesse todo o crédito por responder à pergunta; afinal, fora ela quem conseguira preparar a poção, quando estavam no segundo ano.


- Excelente, excelente! Agora, esta outra aqui... Sim, minha cara? – interrompeu-se Slughorn, parecendo ligeiramente tonto ao ver a mão de Hermione perfurar mais uma vez o ar.


- É Amortentia!


- De fato. Parece quase tolice perguntar. – comentou o professor muito impressionado. – Mas presumo que você saiba que efeito produz, não?


- É a poção do amor mais poderosa do mundo! – disse a garota.


- Certo! E você a reconheceu, presumo, pelo brilho perolado?


- E o vapor subindo em espirais características – respondeu Hermione animada. – E dizem que tem um cheiro diferente para cada um de nós, de acordo com que nos atrai, e eu estou sentindo cheiro de grama recém-cortada, pergaminho novo e...


Mas ela corou ligeiramente e não completou a frase.


Ryan ao ouvir, pensou em cortar a grama do castelo e passar nele.


- Posso saber o seu nome, minha cara? – perguntou Slughorn, não dando atenção ao constrangimento de Hermione.


- Hermione Granger, senhor.


- Granger? Será que você é parenta de Hector Dagworth-Granger, que fundou a Mui Extraordinária Sociedade dos Preparadores de Poções?


- Não. Creio que não, senhor. Nasci trouxa, sabe.


Ryan viu Malfoy se inclinar perto de Nott e cochichar alguma coisa, e os dois riram. A vontade de Ryan era sair da mesa e acertá-los com um soco. Mas Slughorn não se mostrou desapontado, pelo contrário, abriu um largo sorriso e olhou de Hermione para Harry, sentado ao seu lado.


- Oho! “ Uma das minhas melhores amigas é trouxa e é a melhor da nossa série”.  Presumo que seja esta a amiga de quem me falou, Harry!


- É, sim, senhor.


- Ora muito bem, vinte pontos muito merecidos para a Grifinória, Srta. Granger – exclamou Slughorn cordialmente.


Malfoy tinha no rosto a mesma expressão do dia em que Hermione lhe dera um soco na cara. A garota virou-se Harry radiante e sussurrou:


- Você realmente disse a ele que sou a melhor da série? Ah, Harry!


- Você é a melhor da série: eu teria dito se ele tivesse me perguntado. – cochichou Rony, o que deixou Ryan irritado.


- Ora, grande coisa que ele disse! – falou Ryan um pouco mais alto do que queria.


Slughorn olhou para ele com um sorriso que Ryan não conseguiu identificar. O professor foi até o que parecia ser seu armário pessoal e tirou de lá um revista, com um capa verde limão. Ryan soube o que era, e não estava pressentindo nada de bom.


- Sabe, Ryan. Tenho um amigo que trabalha no Semanário das Bruxas, e ele me entregou o exemplar adiantado da sua entrevista. “ a única mulher na qual confio é na minha melhor amiga”, creio que seja a senhorita Granger a sua melhor amiga, não é caro Ryan?


- É ela sim, professor.


- É Srta. Granger, parece que você tem muitos admiradores.


Ele não soube como conseguiu responder, parecia que sua garganta havia secado. Rony não gostou muito do que Slughorn disse, pois estava com uma cara de quem estava com dor de barriga.


- Você deu uma entrevista, e nem nos contou? – cochichou Harry quando o professor se virou para devolver a revista ao armário.


- Não era nada importante. E vocês sabem como não gosto disso. – respondeu Ryan, corado.


- Mas claro que é importante. – advertiu Hermione. – Mesmo que seja para o Semanário das Bruxas... E obrigado pelo elogio. – disse Hermione voltando ao tom de vermelho, se era possível Rony ficou mais aborrecido ainda. Slughorn voltou-se para a sala.


- A Amortentia na realidade não gera amor, é claro. É impossível produzir ou imitar o amor. Não, a poção causa um forte paixonite ou obsessão. Provavelmente é a poção mais poderosa e perigosa nesta sala. Ah, sim – confirmou solenemente com a cabeça para Malfoy e Nott, que riam descrentes. – Quando vocês tiverem visto tanto da vida quanto eu, não subestimarão o poder do amor obsessivo...


“E agora, está na hora de começarmos a trabalhar.”


- Professor, o senhor não nos disse o que tem neste aqui. – lembrou Ernesto Macmillan, apontando para um pequeno caldeirão preto em cima da mesa de Slughorn. A poção espirrava vivamente para todo o lado, era cor de ouro derretido, e dela saltavam enormes gotas como peixinhos à superfície, embora nem uma só partícula extravasasse.


- Oho! – exclamou novamente o professor. Ryan tinha certeza de que o professor não se esquecera da poção, mas esperou que lhe perguntassem para produzir um efeito teatral – Sim. Aquela. Bem, aquela ali, senhoras e senhores, é uma poçãozinha curiosa chamada Felix Felicis. Suponho – e ele se voltou sorridente para Hermione, que deixara escapar uma exclamação audível – que a senhorita saiba o que faz a Feliz Felicis, Srta. Granger?


- É a sorte líquida. – respondeu Hermione excitada. – Faz a pessoa ter sorte!


A classe inteira pareceu sentar mais aprumada. Agora Ryan só podia ver os cabelos louros e sedosos de Malfoy, porque finalmente ele estava prestando total atenção ao professor.


- Correto, mais dez pontos para a Grifinória. É uma poçãozinha engraçada a Feliz Felicis – explicou Slughorn – Dificílima de fazer e catastrófica se errarmos. Contudo, se a prepararmos corretamente, como no caso, vocês irão descobrir que os seus esforços serão recompensados... Pelo menos até passar o efeito.


- Porque as pessoas não a bebem o tempo todo, senhor? – perguntou Terêncio Boot, pressuroso.


- Porque ingerida em excesso causa tonteiras, irresponsabilidade e perigoso excesso de confiança. Tudo que é bom demais, sabe... Extremamente tóxica em quantidade. Mas tomada com parcimônia e muito ocasionalmente...


- O senhor já experimentou? – perguntou Miguel Corner muito interessado.


- Duas vezes na vida. Uma aos vinte e quatro anos e outra aos cinquenta e sete. Duas colheres de sopa ao café da manhã. Dois dias perfeitos.


Ele deixou se perder na distância sonhadoramente. Se estava representando ou não, pensou Ryan, o efeito era bom.


- E a poção. – disse Slughorn aparentemente voltando à terra o que vou oferecer de prêmio nesta aula.


Houve um grande silêncio em cada borbulha e gargarejo das poções na sala pareceram se multiplicar dez vezes.


- Um frasquinho de Felix Felicis. – explicou Slughorn, tirando do bolso um minúsculo vidro com rolha e mostrando-o a todos. – Suficiente para doze horas de sorte. Do amanhecer ao anoitecer, vocês terão sorte em tudo o que tentarem.


“Agora, preciso avisar que a Felix Felicis é uma substância proibida nas competições oficiais, eventos esportivos, por exemplo, exames e eleições. Por isso quem a ganhar deve usá-la em um dia comum... e observar como esse dia comum se torna um dia extraordinário!”


- Então! – disse o professor repentinamente enérgico, - Como irão ganhar esse prêmio fabuloso? Bem, abrindo a página dez de “Estudos avançados no preparo de poções”. Ainda nos resta pouco mais de uma hora, que dever ser o suficiente para vocês fazerem uma tentativa válida de preparar a poção do Morto-Vivo. Sei que é mais complexa do que qualquer outra que tenham tentado antes e não espero que ninguém faça uma poção perfeita. Mas aquele que fizer a melhor ganhará a pequena Felix aqui. Podem começar!


Houve muito barulho quando os alunos arrastaram objetos e puxaram seus caldeirões para perto, e batidas estridentes à medida que acrescentavam pesos e pratos das balanças, mas ninguém falou. A concentração da sala era quase tangível. Ryan viu Malfoy folheando febrilmente seu exemplar  de “Estudos avançados no preparo de poções”. Não podia ficar mais evidente que ele era realmente desejava ganhar aquele dia de sorte. Ryan debruçou-se ligeiro sobre seu livro, e começou a pegar os ingredientes necessários para o preparo da poção.


A poção parecia ser muito difícil, tinha muitas regras sobre como colocar os ingredientes, e como mexer a poção. Mas Ryan, não pode deixar de pensar no que poderia fazer se ganhasse a poção. Queria muito que a poção lhe ajudasse a conseguir conquistar uma certa pessoa. Além de poder ajudar com os problemas relacionados a Voldemort.


Todos olhavam para os lados a ver o que o resto da turma fazia; esse era ao mesmo tempo a vantagem e a desvantagem na aula de Poções; a dificuldade de trabalhar sozinho. Em dez minutos, a sala toda se encheu de fumaça azulada. Hermione, naturalmente, parecia ter ido mais longe. Sua poção apresentava-se lisa e cor de groselha como o livro dizia ser o ideal ao chegar à metade do processo.


Ao terminar de picar as raízes, Ryan olhou para o lado para ver o que os outros da mesa faziam, Ernesto estava picando as raízes, Rony estava tentando pegá-las enquanto pulavam sem parar, e Harry parecia tentar decifrar o que estava escrito em seu livro, que ao ver de Ryan, estava todo rabiscado.


- Professor, acho que o senhor conheceu o meu avô, Abraxas Malfoy.


Harry levantou a cabeça; Slughorn ia passando pela mesa da Sonserina.


- Conheci. – confirmou o professor, sem olhar para Malfoy. – Lamentei quando soube do eu falecimento, quando soube do seu falecimento, embora não tenha sido inesperado; Varíola de Dragão na idade dele...


Quando Slughorn se afastou, Ryan voltou a atenção para o seu caldeirão, rindo. Compreendeu que Malfoy esperara ser tratado como ele, Harry ou Zabini; talvez até receber um tratamento privilegiado do tipo que Snape normalmente lhe dispensara. Pelo visto, Malfoy teria de depender apenas do seu talento para ganhar o frasco de Felix Felicis.


Ryan agora tentava cortar a Vagem Soporífera.


- Pode me emprestar a sua faca de prata? – pediu Harry a Hermione.


Ela concordou impaciente, sem tirar os olhos de sua poção, que continuava muito púrpura, embora o livro dissesse que já deveria estar lilás-clara.


Ryan conseguiu contar a vagem e colocou-a no caldeirão, agora a poção devia estra lilás, mas estava ficando roxa. Já estava ficando irritado porque a poção não adquiria o tom que deveria ter segundo o livro. Começou a mexê-la no sentindo anti-horário, quando se virou para ver a poção dos amigos viu que a poção de Harry estava rosa muito claro, como dizia o livro. Hermione também percebeu .


- Como é que você está conseguindo isso? – quis saber ela, o rosto muito corado e os cabelos cada vez mais volumosos com o vapor que subia do caldeirão; sua poção continuava decididamente púrpura.


- Dê uma mexida no sentido horário... – falou ele, aos amigos.


- Não, não, o livro diz anti-horário! – retorquiu Ryan.


Harry encolheu os ombros e continuou o que estava fazendo. Ryan voltou-se para a poção e começou a mexê-la de novo como dizia o livro a cor agora era roxo. Do lado oposto da mesa, Rony xingava baixinho sem parar; a poção dele parecia alcaçuz líquido.


- E acabou-se... o tempo! – anunciou Slughorn. – Por favor, parem de mexer!


O professor caminho lentamente entre as mesas, examinando o conteúdo dos caldeirões. Não fez comentários, mas ocasionalmente mexia ou cheirava uma das poções. Por fim, chegou à onde estavam Harry, Ryan, Rony, Hermione e Ernesto. Sorriu ao ver a substância densa e escura no caldeirão de Rony. Passou rapidamente pela preparação de Ernesto. Deu um aceno de aprovação para Ryan e Hermione. Então viu a de Harry, e uma expressão de prazer e incredulidade espalhou se pelo seu rosto.


- Sem dúvida, o vencedor! – exclamou para a masmorra. – Excelente, Harry! Deus do céu, é inegável que você herdou o talento de sua mãe que tinha uma mão ótima para Poções, a Lílian. Tome aqui, então, tome aqui: um frasco de Felix Felicis, conforme prometi, e use-o bem!


Harry guardou o frasquinho de líquido dourado no bolso interno das vestes. Ryan não podia acreditar que Harry tinha conseguido, ele fizera tudo igual ao do livro e não tinha dado certo. Mas não sentiu desapontamento, somente felicidade pelo irmão ter acertado a poção e ter ganhado o frasco. Ao contrário Hermione estava desapontada, já Rony estava simplesmente estarrecido.


- Como foi que você fez aquilo? – sussurrou para o amigo, ao deixarem a masmorra.


- Tive sorte, presumo. – respondeu Harry preocupado com alguma coisa.


Uma vez, porém, refestelados à mesa da Grifinória para jantar, Harry pareceu se sentir seguro e contou aos amigos o que houve. O rosto de Hermione foi endurecendo a cada palavra que ele dizia.


- Suponho que você esteja achando que colei? – concluiu ele, incomodado com sua expressão.


- Bem, não foi exatamente trabalho seu, não é? – disse tensa.


- Ele apenas seguiu instruções diferentes das nossas. – defendeu-o Ryan. - É, poderia ter sido uma catástrofe, não é? Mas ele arriscou e se deu bem.


- Slughorn bem podia ter dado aquele livro para mim. – suspirou Rony. – Mas não, me deu um em que ninguém escreveu nada. Vomitou, pela aparência da página cinquenta e dois, mas...


- Calma aí. – disse uma voz ao ouvido esquerdo de Ryan, que sentiu a repentina presença de um aroma floral muito bom. Ele se virou e viu Gina ao lado deles. – Será que eu ouvi direito? Você andou seguindo ordens que alguém escreveu em um livro, Harry?


Ela estava assustada e zangada. Ryan entendeu imediatamente o que passava pela cabeça da amiga.


- Não foi nada importante – tranquilizou-a, baixando a voz. – Sabe, não foi como no caso do diário de Riddle. Era só um livro-texto velho em que alguém fez anotações.


- Mas você seguiu o que estava escrito?


- Só experimentei umas dicas à margem, verdade, Gina, não tem nada suspeito...


- Gina tem razão. – disse Hermione, empertigando-se instantaneamente. – Temos de verificar se não há nada esquisito com o livro. Quero dizer, todas aquelas instruções engraçadas, quem sabe?


- Ei! – exclamou Harry indignado, ao ver Hermione tirar o exemplar de “Estudos avançados no preparo de poções” da mochila dele e erguer a varinha.


- Specialis revelio! – ordenou ela, dando uma pancadinha rápida na capa do livro.


Nada aconteceu. O livro continuou imóvel, apenas velho, sujo e cheio de orelhas.


- Terminou? – perguntou Harry irritado. – Ou quer esperar para ver se o livro dá umas cambalhotas?


- Parece normal – concluiu Hermione, ainda mirando o livro desconfiada. – Quero dizer, parece que é realmente... um simples livro.


- Que bom. Então posso guardá-lo. – concluiu Harry, apanhando na mesa o livro, que escorregou de sua mão e caiu aberto no chão.


Harry não percebeu, mas Ryan conseguiu ver o que estava escrito ao pé da quarta capa, na mesma caligrafia pequena e apertada das instruções que Harry havia seguido.


Este livro pertence ao Príncipe Mestiço.


 


 

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