justificável



− Malfoy. – Ela murmurou, parando o beijo, mas ainda a centímetros do meu rosto. A filha da mãe sabia encenar!


Estava séria, e fitava-me nos olhos, o que era um pouco constrangedor: eu não era o tipo de cara com quem, por merlin, a garota perde tempo para “olhar nos olhos”, mas lá estava Granger fazendo seu papel...


Por outro lado, eu não sentia vontade de afastá-la e certamente não queria interromper a tortura que eu mesmo começara com os amiguinhos da sangue-sujo.


Sorri, sem vontade realmente, minha única vontade era a de irritá-la, para logo depois morder seu lábio inferior com força: Aquilo também a irritaria.


Ela recuou a cabeça centímetros de novo, de forma sutil.


− Malfoy. – Dissera, e desta vez era um aviso.


− Que foi, Granger? – Perguntei, irônico, antes de morder seu lábio inferior e puxá-lo com mais força. – Não é como se você não estivesse implorando por isso.


Ela riu, debochada (?), desde quando a sabe tudo era assim?, discreta, quase tocando meus lábios com os seus.


− Isso foi uma piada, não foi? – Perguntou. Tive a impressão que ela havia me desafiado, foi uma sensação estranha, de que eu precisava calá-la a qualquer custo.


− Corresponder a um beijo sucessivas vezes não configura minha afirmação como “uma piada” – Falei, e algo ali em seu rosto me disse que eu estava ganhando, que ela acabara de reconhecer a sua decadência.


− Eu n-


Cortei-a, desta vez explorando a sua boca com mais calma que das últimas vezes.


Suas mãos encontravam-se em minha nuca, urgentes, enquanto eu apertava contra mim.


− Você não..? – Incentivei-a, repetindo um sorriso maldoso.


Granger parecia prestes a explodir de ódio, revolta ou apenas frustração consigo mesma.


Mas o que ela podia fazer? Resistir a um Malfoy? Tsc tsc tsc..., lembro de ter pensado, esperando que a sangue-sujo soltasse suas racionais justificativas.


Ouvi-a bufar, com o cenho franzido e irritado.


Você é linda, pensei, e logo um alarme disparou em meu cérebro. QUE DIABOS DE PENSAMENTO ERA AQUELE?! DE ONDE TINHA VINDO?!


Ela não era linda!. Gostosa certamente, sangue-ruim, com toda a certeza e mandona, mas de jeito nenhum linda. Era uma palavra deveras inapropriada.


Mas não tive como prolongar minha análise, já que pela primeira vez Granger estava me beijando.


Aquilo era uma vitória! Era como se o corpo dela estivesse dizendo Ok, Malfoy, que seja...


− Se eu correspondo ou não a uns beijos, - Começara, falando como se os beijos em questão fossem uma coisa qualquer e rotineira. – Apenas interessa a mim, loiro aguado. – Encerrara.


E então percebi, aquele beijo não era seu corpo concordando comigo, era apenas mais uma demonstração do quanto aquela sabe-tudo não aceitava perder.


− Por que está sorrindo? – Perguntou-me, não satisfeita com minha expressão.


− Então você corresponde. – Concluí, como se nem a tivesse escutado. Ouvi-a bufar de novo. – Muito bom saber que chegamos a um acordo.


− Merlin, que idiota. – Falou, balançando a cabeça negativamente.


− E o melhor de tudo: a cara dos seus amiguinhos assistindo tudo isso. – Lembrei, sem larga-la.


− Sabe que isso não vai ficar assim, não é? – Afirmou, com uma expressão de quem seria capaz de me estrangular.


− Mal posso esperar pra vê-la jogando sujo de novo. – Disse, confiante. Porque de fato eu estava. E curioso, precisava saber até Granger era capaz de ir. Como eu queria que ela perdesse o controle..!


--


Pouco tempo havia se passado desde o último incidente com Malfoy. Era dia de passeio a Hogsmeade, não que eu realmente estivesse empolgada, afinal de contas, Rony olhava-me como se eu tivesse uma doença e  Harry mantinha seu jeito calado, embora eu soubesse que por dentro ele se torturava com isso, com mil teorias de conspiração contra o outro.


Gina era a única pessoa que ainda falava comigo como antes, ainda que estivesse se sentindo um pouco traída (!) por eu não ter lhe revelado antes meus “encontros secretos” com Draco (!), o mundo só podia estar de pernas pro ar mesmo...


Mas o exílio social deveria significar que eu estava perto de vencer, e isso me tranquilizava. E eu não podia deixar de ir a Hogsmeade, precisava renovar meu estoque de penas e materiais.


O problema é que Gina estaria em um encontro com Simas (!!), ainda que tivesse me dito que poderia me juntar a eles, eu duvidava que segurar vela fosse tão divertido quanto exílio social.


Todos pareciam felizes e empolgados, feito os idiotas que eram, antes de começar a subir nas carruagens. Algumas terceiranistas indo a Hogsmeade pela primeira vez em seus primeiros (?) encontros com os imbecis do quarto ano.


Da mesma maneira, era como se o passeio a Hogsmeade fosse um grande acontecimento em Hogwarts, e por merlin, era só uma droga de um passeio, por que diabos as pessoas não poderiam agir com normalidade?!


A alguns metros de mim observei a figura cabisbaixa de Ron, ele conversava sobre algo sério com Harry, por vezes o moreno balançava a cabeça, concordando, e Ron voltava a falar sobre o que quer que fosse, provavelmente táticas de quadribol.


Revirei os olhos, que droga de vida.


− Procurando companhia, Granger? – O dono da voz mais surpreendente dissera.


Na verdade, eu sequer conseguia lembrar de alguma vez ter ouvido a voz do sonserino que estava a minha frente, embora eu soubesse quem ele era. Claro que eu sabia.


Estava parado em minha frente e um sorriso de diversão dançava em seus lábios.


− Ah, o fiel escudeiro... – Pontuei, irônica. – Se é da sua companhia que fala, Zabini: não, eu não estou procurando. – Respondi, amarga, caminhando em direção AO NADA, mas com esperanças de que uma carruagem logo aparecesse, pra que assim eu me sentisse menos idiota e sem propósito.


− Estava falando da companhia do Draco, já que é tão apaixonada por ele. – Respondeu-me, debochado.


E foi quando me lembrei: Ele não deveria saber da aposta, isso ia contra as leis dos acordos bruxos! D’onde vinha aquela insinuação? E se Malfoy tivesse dado um jeito de explicar aquela aposta de maneira implícita? Isso significava que eu poderia compartilhá-la com alguém nesse aspecto, não é?


− Não que isso seja da sua conta. - Concordei, optando por fingir.


− E como se sente sabendo que a pessoa que ele vai levar a Hogsmeade é a Pansy?


Nossa, eu me sinto extremamente depressiva diante dessa informação, minha consciência reagiu, irritada.


Foda-se com ele saía ou deixava de sair!


− Muito mal. – Menti, sem entender porque ainda estava conversando com o idiota.


Vi a carruagem parar em minha frente e subi na mesma sem olhar pra trás. UFFA!


A viagem foi solitária, mais solitária do que eu podia prever.


Fazia-me sentir como se eu estivesse fazendo algo muito errado com a minha vida, mas não é como se Malfoy tivesse algum poder sobre minhas perspectivas, então deixei os pensamentos de lado, Era só uma questão de tempo até que tudo ficasse bem, pensei, consolando-me.


Fui direto a primeira loja que vi pela frente. Juntei a quantidade de penas e cadernos que precisaria no futuro e comecei a observar os amuletos que estavam expostos em um canto mais afastado do caixa.


Eram uma espécie de mineral lapidado, de cor acinzentada, mas toda vez que eu olhava um em específico, sua tornalidade atingia o tom esverdeado. Era algo curioso de se observar, além do que este era o único dos objetos que não tinha nome, a maioria nomeava-se Amuleto da sorte, Pedra da amizade ou coisas ridículas assim, mas este não.


− Sra. – Chamei, assim que a loja esvaziou um pouco mais. – Qual o nome desse aqui? – Perguntei-lhe, curiosa. – E que feitiço o faz brilhar assim?


− A srta não acredita no poder natural dos amuletos, não é? – Observou, um pouco amarga.


− Por que eu deveria? É óbvio que um feitiço foi lançado pra que ele brilhasse dessa maneira. – Expliquei-lhe, conclusiva.


− O amuleto parece um mineral opaco, - Começara. – Mas na verdade é um pedaço do chifre de unicórnio. E a razão pela qual ele brilha, é quando reconhece alguém de coração puro.


Não estava certa se realmente queria acreditar na história da senhora, mas sendo ou não pedaço de chifre de unicórnio, resolvi compra-lo. Segundos depois percebi que pelo preço barato, definitivamente aquilo não tinha vindo de um unicórnio!


Revirei os olhos, e daí da loja, entediada. Agora o exílio social começaria...


Haviam poucas opções, e todas imensamente povoadas. Cabeça de Javali, Dedos de mel, Três vassouras...


Droga!, pensei, antes de ter certeza que precisaria ir a casa dos gritos, o lugar mais silencioso da vila inteira.


A segunda opção era atormentar Malfoy em seu encontro, é claro, mas 1) eu não saberia onde seria o encontro do idiota, 2) arruinar o seu encontro não era necessariamente sinônimo de irritá-lo, afinal, era só a Parkison!. E de qualquer maneira, eu nem tinha um plano...


Estava procurando algum lugar pra sentar quando ouvi vozes, sem saber porquê movi-me o mais longe do pequeno caminho em frente a caça dos gritos em direção a uma árvore mais afastada.


Houve um suspiro alto e entediado.


− Fala, Pansy. – Logo reconheci a voz da doninha.


Meu coração havia acelerado, talvez porque eu estivesse escondida ou talvez porque a conversa entre os dois fosse séria.


− Aliás, por que aqui? – O loiro aguado quisera saber, parecendo irritado. – Não podia em algum lugar civilizado, onde eu pudesse tomar um whiskey? –Reclamara.


Idiota...


− Eu te amo. – Ela respondera, de primeira, urgente, ansiosa.


Por merlin!


Pansy Parkison era a garota mais imbecil da face da terra, concluí, revirando os olhos. Mas o loiro aguado também era, então talvez eles combinassem juntos.


− Que seja. – O loiro respondeu, pude imaginar sua velha e constante cara de desinteresse. – Vamos ao cabeça de javali.


− Draco, você não ent-


− Ah, por merlin, Parkison! “Que seja”, você é idiota ou o quê, garota?! – Falei, antes de perceber que aquilo não havia sido um pensamento. DROGA!


A morena de cabelos e traços simétricos encarava-me, em choque, e ao mesmo tempo nojo.


E Draco apesar de surpreso, parecia estar se divertindo com a situação (!), COMO ELE PODIA ESTAR SE DIVERTINDO COM ISSO?!


− Estava nos espionando, sangue-sujo?! – Ela vociferou, ofendida, estreitando os olhos.


− Eu já estava aqui antes do casal 20 chegar. – Esclareci, tentando soar indiferente.


− Granger, essa sua obsessão está passando dos limites. – Malfoy afirmou. – Espionagem, tsc tsc tsc...


Ele podia ver que já estava começando a me irritar, é claro, porque logo em seguida O QUE ELE FEZ?! SIM, aumentou o sorriso!


− Que obsessão?! – Parkison vociferou novamente, não gostando dos sorrisos irônicos de Malfoy ou da situação ou talvez sentir-se por fora de alguma coisa.


− Granger vive correndo atrás de mim. – Ele declarou, fazendo-me bufar.


− Claro claro, é totalmente o meu gênero correr atrás do maior babaca de Hogwarts! – Expliquei, irônica.


Imaginei como a vida seria boa se a gente pudesse simplesmente avançar na pessoa e colocar as mãos ao redor do pescoço do idiota até enforca-lo.


− Ei, sangue-sujo, não fale assim do MEU NAMORADO! – Pansy gritou, ofendida.


E eu não soube porque, mas de repente comecei a rir.


− Isso é sério, Parkison? Namorado? – E voltei a sorrir. – Não seja tão idiota quanto todos já sabem que você é. – Falei, soando maldosa.


− O QUE ESTÁ INSINUANDO? – Falara, em um tom agudo.


Draco estava calado, olhando de mim pra ela, curioso aonde aquilo iria dar.


− Por que não pergunta pra ele?


− DRACO! – Ela gritou, de olhos arregalados, pronta pra avançar no loiro, o que era estranho, não sabia que uma insinuação tão simples pudesse arruinar as convicções apaixonadas da “namorada” do idiota. Ou pelo menos era isso que ela achava que fosse...


− Pansy, isso não é um namoro. – Exibi uma postura vencedora diante da afirmação entediada de Malfoy.


− E como eu sei de tudo isso? – Falei, tomada por alguma vontade de insana de fazê-lo pagar.


O loiro idiota arregalou os olhos, finalmente saindo de sua bolha de indiferença.


− Porque o Draco me disse. – Concluí.


A confusão tomava conta dos olhos dela.


­− O q-


− Eu e Draco estamos tendo um caso. – Afirmei.


A coisa foi tão absurda, que senti ímpetos de rir daquela barbaridade, provavelmente Malfoy estava sentindo a mesma coisa.


Eu esperava que ele soltasse uma frase irônica ou estúpida, ou quem sabe uma fala surpresa e arrogante, mas tudo o que o loiro fez foi sorrir. Um sorriso genuíno. Durou apenas alguns segundos, e logo ele se tornou o velho babaca de sempre. Pansy grunia/bufava de ódio, e quando o loiro abriu a boca para dizer algum sarcasmo, ela lhe deu uma tapa e saiu de lá pisando no chão com força.


Um sentimento de vitória tomou conta de mim: Parkison nunca mais dormiria com Malfoy. Não que ele parecesse o tipo de cara que tem trabalho para conseguir esse tipo de “coisa”, mas que seja.


− E você acha que isso me irritou, Granger? – O loiro soltara, como se estivesse lendo meus pensamentos.


− Mas...


Ele revirou os olhos.


− Como se eu me importasse com ela. – Completou, soando um vencedor.


IDIOTA!


Balancei os ombros, em um sinal que deveria significar indiferença, mas por dentro eu me sentia decepcionada.


− Mais pontos pra mim, de qualquer forma. – Acrescentei, amarga.


− Pontos pra mim, pelo o que vejo. – Pausara. – Foi exilada pelo trio de ouro, certo Granger?


− É temporário. – Declarei. – Aliás, há algo que preciso saber...


O loiro fingiu que eu não havia dito nada e deu as costas pra mim!, o que mais eu podia fazer? Bufei, seguindo-o.


− Malfoy! – Chamei-o, mas só recebi como resposta um Vai ficar aí o dia todo?.


Babaca.


− Custa responder logo a pergunta, doninha?


− Quando chegarmos ao cabeça de javali quem sabe...


− Perdão?


Ele ergueu uma de suas sobrancelhas, convencido.


− Ou vai querer passar o dia contemplando a casa dos gritos?


− Você sabe que existem... hã, pessoas lá, não é? – Ironizei, mortificada pela naturalidade com que o idiota estava agindo.


Vindo dele eu só deveria esperar o pior...


Inclusive os seus amiguinhos.


Senti como se algo estivesse clareado dentro da minha mente.


− Existe alguma coisa que você faça além de querer irritar Harry e Ron o tempo todo?


− Sexo? – Sugeriu, arrogante.


− Argh. Idiota.


− Só estava sendo educado e respondendo a sua pergunta, cara Granger.


− Então agora você responde. Ótimo. – Murmurei, sem me importar de parecer ligeiramente incomodada.


Estávamos quase chegando ao bar. Eu já via a porta. E todas as cenas trágicas que poderiam acontecer caso eu entrasse naquele lugar ao lado do loiro aguado. Inclusive podia ver que com certeza haveriam tentativas de me humilhar, ou ao menos tentar humilhar alguém do estabelecimento.


Lembrar do olhar magoado dos meus amigos me fez parar de caminhar.


− Não vem, sangue-sujo? – O loiro dissera, e parecia me esperar.


− Contou alguma coisa sobre a aposta ao seu amiguinho? – Soltei, subitamente, aproveitando o contato visual.


Ele franziu o cenho.


− Por que eu contaria..?


− Porque você é um trapaceiro. – Respondi. – E porque hoje mais cedo ele veio falar comigo e pareceu estar ciente dela.


− Eu contei a ele que havíamos apostado outra coisa.


− Que coisa? – Ouvi minha voz perguntar, antes mesmo de eu processar a informação.


­− Se você não sabe, é porque não é da sua conta, sangue-ruim. – Respondeu, com a voz carregada de desprezo.


Não soube explicar porquê, mas estava – quase (!) – começando a me acostumar com a nova maneira com que eu ouvia as palavras saírem da boca de Malfoy. Ultimamente tinha a impressão de que quando ele dizia as coisas, não parecia estar realmente falando aquilo. Mas agora pela primeira vez nos últimos dias, ele expressara de volta o nojo usual.


Aquilo me irritou, embora eu não soubesse o motivo.


Em um impulso, ignorei-o, deixando-o pra trás, entrando no Pub.


Procurei nas mesas algum sinal de Harry, Ron ou Gina, e logo que os avistei, apressei o passo na direção da mesa em que eles estavam. Ou melhor, na mesa em que Harry, Ron e Luna (?) estavam.


Não esperei ser cumprimentada por nenhum deles, apenas sentei no lugar vago ao lado de Harry, que – por incrível que pareça – não me dirigiu nenhum olhar magoado.


Ron saiu da mesa em direção a algum lugar, o balcão, provavelmente, e Luna permaneceu orbitando na pequena atmosfera em que só ela vivia.


− Tudo bem, Mione? – Perguntou, animada, com a sua voz lenta e melodiosa.


− Indo, Luna. – Foi tudo o que decidi falar, antes de finalmente decidir encarar Harry.


− Eu e Ron vamos dar um jeito de superar isso. – Ele se pôs a falar, subitamente.


Parecia-me profundamente culpado.


− Não deveríamos estar... Fazendo essas coisas. – Pausara. – Obrigada por ter vindo, mesmo que nenhum de nós tenha tido coragem de convidá-la.


A pequena constatação de Harry foi como um calmante. Ou foi o mesmo que estar tomando uma xícara do meu chá favorito.


− Se quiser, eu posso tentar convencer o R-


− Não, Harry. Eu que vou falar com ele. – Cortei-o, não sem antes lhe oferecer um sorriso de conforto, que eu esperava que sinalizasse que tudo podia ficar bem entre nós.


Depois, levantei-me da mesa, pronta para chegar ao balcão e encarar o ruivo.


− Ronald, precisamos conversar...


Ron virou para me encarar, seus olhos estavam expressivos e sua expressão misturava obstinação com rancor.


Ele me olhou com desgosto, antes de baixar a cabeça, balançando-a negativamente.


Era como se estivesse em uma discussão consigo mesmo.


− Veio pra me falar do seu namorado?


Revirei os olhos.


− Não, vim pr-


− Continua “apaixonada” por ele? – Dissera, erguendo as duas mãos para frisar a ironia.


− Continuo. – Respondi, firme. ­– Mas queria esclarecer qu-


− Isso, Hermione, esclareça tudo ao cenoura ambulante... – Draco começara, vindo de sabe-se lá onde.


Agora o idiota me chamava de Hermione..!


Droga, como eu tinha esquecido que ele era capaz desse tipo de coisa?!


E você também é capaz, por sinal..., minha mente vociferou, mordaz.


Será que nem a minha consciência poderia ficar ao meu lado agora? Não, aparentemente não!


O ruivo virou-se bruscamente. Parecia ter sido golpeado pela constatação de Malfoy.


Quando me olhou, parecia que o que quer que ele visse, lhe causava nojo.


Fuzilei Malfoy com o olhar, esperando que ele entendesse que Ron não era a Parkison, que eu me importava com ele.


E então eu percebi que sim, ele havia entendido, e esta era a única razão pela qual ele continuava ali, encarando com Ron com um esboço de sarcasmo, desafiando com seu olhar fingidamente superior.


− Não é uma boa hora, Draco. – Frisei, irritada.


Eu sentia como se a tensão fosse uma fina linha que nos equilibrasse.


Ron exibiu uma segunda careta de desprezo, enquanto saía dali, esbarrando em um casal que acabara de entrar no lugar, mau humorado.


Meu único impulso foi segui-lo, embora parecesse inútil. Mas não consegui me mexer, porque o braço de Malfoy segurou-me pela cintura, puxando-me para si.


− Malfoy, me solta... – Sussurrei.


Eu sentia seu hálito sorridente contra o meu pescoço.


− Estão todos olhando... Não vou deixar que você me deixe falando sozinho para ir atrás do Pobretão. – Esclarecera, como se aquilo fosse o suficiente pra SIMULAR UMA CENA DAQUELE NÍVEL PRA METADE DE HOGWARTS!


− Rony não é a Parkison. – Tentei lhe explicar, embora estivesse pensando em algum feitiço não-verbal que pudesse me soltar daquela posição. – Eu me importo com ele.


Quem visse de longe talvez pensasse que aquela era alguma cena melosa entre um casal recém-formado, argh.


− Eu não ligo pros seus “sentimentos”, Granger. – Sua boca estava em contato com a pele do meu pescoço, beijando a área devagar. – Na verdade, eu gosto de brincar com eles. – Acrescentou.


Repreendi – sem sucesso – o arrepio que senti com o toque. O quê? Era uma reação involuntária e biologicamente justificável!


Fiz a única coisa que “podia”.


Levei uma de minhas mãos a sua nuca, tocando com os dedos de leve na região, foi o suficiente para ele reagir, virando-me para si.


Beijei-o com força. E ele retribuiu com a mesma violência. Eu podia escutar os murmúrios envolvendo os nossos nomes, e eu sabia que ainda precisava sair dali, embora tentasse me convencer que sairia dali, depois que o beijasse mais um pouco... Eu estava me enganando, é claro, mas me dei conta disso de algum tempo, enterrei minhas unhas com toda a força que tive em sua nuca, e logo ele afroxou o aperto que mantinha em minha cintura, foi o suficiente pra que eu conseguisse sair dali.


Não encarei a plateia gigante que nos assistia e só mais tarde iria perceber que talvez tivesse ferido a doninha, há-há-há.


Não haviam muitos lugares em Hogsmeade onde alguém pudesse se esconder, logo minha primeira opção foi a casa dos gritos.


Encontrei-o sentado em uma rocha que deveria ter mais de 1m de largura, bem de frente a velha casa.


− Às vezes eu o odeio também. – Declarei, imaginando que o comentário fosse quebrar o gelo.


A expressão amargurada de Ron foi suavizada.


− Quando eu disse que estava apaixonada por ele, não quis dizer que agora eu aprovo tudo o que ele faz ou que já fez...


− Você não me convence. – Dissera. – Existe algo por trás disso tudo. A Herms que eu conheço nunca se apaixonaria pelo filhote de comensal.


E lá vamos nós...


− Eu não quero discutir isso de novo, Ron...


Ele pareceu compreender o esforço que eu estava fazendo de correr atrás dele pela milésima vez.


Respirou fundo, levantou-se e me abraçou. Eu senti como ainda estivéssemos nos velhos tempos... Era semelhante ao que Harry me fazia sentir, uma sensação de paz confortável.


Quando abri meus olhos, uma coisa loira nos encarava.


Ah não, de novo não!


− Nossa, Granger, você foi rápida, hein?


Ele parecia estar em busca de algum prêmio de pessoa mais irritante do mundo.


Ron afastou-se de mim, mas um sorriso brincava em seus lábios. Um sorriso não-weasley. Ele beijou a minha testa rapidamente.


− Nunca achei que fosse ver a doninha com ciúmes. – Afirmara, enquanto saía dali, não sem antes esbarrar em Malfoy.


O loiro parecera tão afetado pela frase do ruivo, que não reagiu a ameaça física.


Dei meia volta, apressando o passo.


− Planejando correr atrás do Weasley de novo?


− Planejando chegar a tempo de voltar a Hogwarts. – Afirmei, mas na verdade apenas queria sair de perto do idiota.


O beijo de mais cedo havia sido de longe o mais intenso. E por merlin, já era o quê? O quinto? Sexto? Droga! As coisas estavam fugindo do controle...


Não ouvi mais nada depois disso, o que me fez deduzir que o loiro aguado havia ido atrás das outras serpentes. Contudo, no momento em que subi em minha carruagem, foi quando me dei conta que lá estava ele, sentado a minha frente.


− O que faz aqui? – Perguntei, mau humorada.


− Qual o seu palpite a respeito, sangue-sujo? – Falara, olhando pela janela.


− Me atormentar..?


− Lhe dar a honra de comtemplar a minha existência.


Idiota.


− O que você chama de existência eu chamo de “ferramenta feita para destruir a minha vida”...


− Sei... – Dissera, trocando de lado na carruagem.


Afastei meu corpo até ficar colada a parede, instintivamente.


− Granger, você sabe que os amassos não tem nada a ver com a aposta, não é? – Falara, dando a impressão de que estávamos falando do tempo.


− Amassos? – Tentei parecer indiferente. – Uns 5 beijos são só beijos, Malfoy. Não faça parecer outra coisa...


E ele riu. Aproximava-se.


− Nisso você tem razão, Granger. Eu não faço parecer, eu faço.


Subitamente tive o ímpeto de levantar do banco, mas sem sucesso.


Por motivos de: Lá estava a doninha me puxando em sua direção. E no momento em que a sua pele entrou em contato com a minha, eu não quis relutar.


Ele mantinha uma expressão cínica o tempo todo, mas seu rosto mudou no segundo em que ele me colocou devagar em seu colo. Era uma sensação estranha. Uma cena estranha.


Não parecíamos as mesmas pessoas.


E quando eu me deixei ficar ali, eu – ou ele, não sei ao certo – mas o fato é que as nossas bocas se encontraram ao mesmo tempo.


O que eu estava passando parecia o limite tênue entre querer xingar e destruir a pessoa e ao mesmo tempo desejar continuar ali.


Estava com minhas pernas ao redor dele e ele me beijava sem nenhuma pausa, nem mesmo para respirar.


--


COMENTEM!


Digam-me o que acharam!


Esse capitulo veio do nada hahaha Extremamente sem planejamento, espero que não tenha sido entediante a primeira parte, eu precisei de um tempo pra pegar o ritmo, acho.


Tenho achado a história um pouco instável, mas vamos ver... 

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Comentários (7)

  • Lia M. Potter

    Merlin, poste a continuaçããããão!

    2014-07-15
  • Diênifer Santos Granger

    Por amor a Mérlin, continueeeee! Amei de mais o cap!!!

    2014-04-17
  • camila_granger

    PELO AMOR DE DEUS ,   posta  logo  . Estou amando a sua fic .♥♡

    2014-02-16
  • Landa MS

    embora sua fic seja livre tem uma pegadas nc, bem fotes e que deixam o corpo pegando fogo.. Principalment do do casal, mas senti calor também. Muito boa.

    2014-02-16
  • RiemiSam

    O seu Draco é uma pimenta malagueta para por tempero na vida da Herms. Kkk

    2014-02-14
  • Herms_Granger Potter

    Continue postando rapido tipo hoje posta hoje

    2014-02-13
  • Leilane Lima

    Tá muito bom, parabéns e posta rápido!

    2014-02-11
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