Fly With Me



Era uma tarde de sábado de um dia muito quente de verão, e toda a família estava reunida no Chalé das Conchas. Afinal, a casa de Bill e Fleur era o lugar mais fresco que os Weasley conseguiram encontrar para abrigar todas aquelas pessoas e onde as crianças podiam se divertir a vontade, brincando na areia e, eventualmente, correndo, quando James tentava tacar água em todos que se encontravam perto do mar.
Enquanto Hermione não tirava os olhos de Hugo, que tendia a se juntar com James e aterrorizar as meninas com jatos de água no rosto, Ron observava Rose, que não dava a mínima para a confusão. James não costumava implicar com ela, pois logo recebia um olhar de reprovação que fazia o menino recuar e mudar de alvo. Tão Hermione. Aliás, ela era sempre tão Hermione, que Ron não conseguia observar nada em sua personalidade que mostrasse que ela também era filha dele. Se no físico ela era uma clássica Weasley, no temperamento ela era totalmente uma Hermionezinha. 
Ron olhou para a menina, que parecia pensativa, observando o horizonte, como se estivesse fazendo um plano. A viu caminhando decidida para longe de todos e foi ao encontro da filha.

- Aonde a senhorita pensa que vai, dona Rose? - perguntou, pegando a menina de surpresa.

- Quero ir ali. - respondeu, apontando para mais adiante. - Naqueles balanços.

- Tá bem. Então eu vou com você, porque enquanto eu estiver contigo ninguém vai se atrever a perturbar. Sabe como é, eu sou poderoso. Já te contei que ajudei o tio Har...

- Já, papai. Um milhão de vezes. Mas vamos rápido que eu tô com pressa.

Ron só riu e passou a mão no cabelo da filha, que torceu de leve o nariz, mas depois sorriu, apreciando o carinho.

A menina caminhava depressa e puxava o pai, que, para brincar com a filha, começou a andar muito devagar.

- VAMOS, PAPAI! EU QUERO FAZER UMA COISA!

- Eu tô tentando, Rosie. Mas meu corpo tá pesado!

- Mentira! EU TE CONHEÇO! Você só está fazendo mais uma daquelas suas brincadeiras que a mamãe finge que odeia. MAS EU ODEIO DE VERDADE!

Ron riu e parou de brincar quando Rose resolveu correr sozinha e deixar o pai pra trás. 
Quando Ron alcançou a filha, ela já estava sentada no balanço, começando a se impulsionar. O pai sentou no chão, olhando a ruivinha balançar para cima e para baixo, para cima e para baixo... Até que alcançou uma altura muito grande. Ron ficou preocupado, mas não tinha o que fazer, no momento, que pudesse tirar a filha dali.

- Rosie, filha, acho que não precisa ir tão alto assim.

A menina ignorou e continuou, até alcançar o mais alto que pôde. 

- ROSE! DESÇA JÁ DAÍ, AGORA!

- Tá bem!

Quando terminou de falar, a menina, do alto, largou do balanço e se impulsionou para frente, voando, por sorte, em direção ao pai. Ron pegou a filha no ar e ambos caíram no chão. Rose soltou uma enorme gargalhada e saiu de cima do pai, deitando de costas na areia.

- Pai... isso... foi... demais!

- ROSE! Como que foi demais? Você me deu um susto! Se eu não estivesse aqui você poderia ter se machucado. Tá doidinha? Por que você fez isso?

- Ah, papai. É que eu queria voar! Sabe? Que nem quando você, o tio Harry e a tia Ginny ficam brincando lá no quintal da vovó.

- É verdade? Você gosta disso?

- An han! Sempre fiquei me imaginando lá no alto, junto com vocês. - a menina virou de lado e olhou para o pai. - Diz pra mim que eu posso voar também?

- Você sabia que se sua mãe ouve isso ela tem um ataque nervoso? 

- Por quê?

- Porque ela odeia voar! E você não é nada parecida com ela nisso.

- Então eu sou parecida com você, papai?

- É... Acho que sim. - Percebeu Rony, sorrindo de orgulho. - Você sabia que o papai já foi considerado rei de um time de quadribol na escola?

- Não. - Rose respondeu, com uma cara de espantada. - Você é o máximo!

- Obrigado! - respondeu Ron, todo bobo. - Olha, você pode voar, mas não desse jeito! Eu te prometo que, quando você for mais velha, eu te dou uma vassoura. Uma só pra você. Mas você vai ter que me prometer não tentar voar de outra forma nunca mais, tá certo?

- Mas papai! Por que só mais velha?

- Porque você pode se machucar se for antes. 

A menina fez bico e cruzou os braços.

- Rosie! - repreendeu o pai. - Nada de birra! Eu sei do que estou falando. Jura pro papai que você não vai tentar voar até que eu lhe dê uma vassoura. Jura!

- Tá bem. Eu juro! - respondeu a menina, meio a contragosto.

Os dois deram as mãos e foram andando, sujos de areia, até encontrar o resto da família, mas antes de chegar até seus primos e tios, Rose se virou para o pai, com um ar de quem fez besteira, e disse:

- Pai, não conta isso pra mamãe! Acho que ela pode me colocar de castigo se souber que eu andei voando por aí, não é? Promete que esse vai ser um segredo só nosso?

- Prometo, meu amor. - Ron respondeu rindo para a filha. - Mas agora vai brincar com seus primos!

A menina saiu correndo em direção ao grupo e, de longe, piscou para o pai, que sorriu.

***

Três anos depois, na madrugada do seu aniversário de onze anos, Rose acordou com um barulho na janela e um pacote ao pé da cama. A menina pulou quando viu que era um presente e olhou para a janela, mas não viu nada. O embrulho era grande e trazia junto um cartão. Rose abriu e leu:

“Espero que com isso você possa alcançar a estrelas. Que tal começar agora? Abra a janela!
Te amo! - Pai.”


A menina abriu a janela e viu o pai lá, voando bem debaixo do parapeito do seu quarto, sorrindo.

- E aí, vamos voar, Rosie?

A garota pegou a vassoura, e saiu correndo pro quintal.

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