Capítulo 2

Capítulo 2 –

- MERLIN! O que fizeram com você, Harry Potter?

- O que fizeram com VOCÊ, Hermione?

A bruxa se sentiu extremamente ofendida com a pergunta. Como assim o que fizeram com ela? Ela estava ótima, oras! Mas pelo tom de Harry, a mulher estava parecendo um bicho, e dos bem nojentos. Será que ele não sabia que mulheres grávidas são mais sensíveis?

- O que você quis dizer com isso, Potter? – Tentou parecer brava, mas seus olhos se tornaram mais brilhantes por causa das lágrimas que começaram a surgir, entregando que a mulher tinha ficado triste com o comentário do amigo.

Ela tinha se preparado tanto praquele momento, e era assim que ele a recebia? Nem seu melhor amigo, aquele que sempre a apoiou, que enxugava suas lágrimas, que a conhecia melhor do que qualquer um, nem ele a recebera direito.

- Querida, calma! Eu não quis ..AI! – O homem não conseguiu se levantar do sofá que estava, e foi só então Hermione voltou pra realidade. Seu amigo estava todo machucado, e ela ali, se lamentando por besteira, se sentiu extremamente egoísta. Como ele estava sem camisa, viu que sua barriga estava enfaixada, assim como antebraço direito. Além disso, havia um corte em sua boca, que a fazia inchar levemente e ficar muito vermelha, contrastando com seus olhos verdes e seu cabelo muito preto. Seria uma imagem bonita, se não fosse preocupante.

- Diga-me você antes, o que aconteceu? Esteve em uma missão? – Indagou Hermione se sentando rapidamente ao lado do amigo e segurando sua mão, olhando-o com preocupação.

- Bem, sim, você sabe, são apenas machucados de quedas. – Harry respondeu tranquilamente, apertando a mão de Hermione, tentando acalmá-la - Foi em um tipo de floresta, muitos galhos, sabe? Acabaram me machucando, mas é superficial. Amanhã estarei perfeito.

- Você já é – A própria mulher acabou se surpreendendo com o que acabara de falar, soltando a mão do amigo, se levantou e ficou de costas, tentando esconder quão vermelha ficara – Não foi isso que eu quis dizer.

Harry também ficara constrangido, mas não por muito tempo. Havia algo que ele tinha que descobrir.

- Hermione, me conte – Ele tentou se levantar, mas novamente foi impedido pela dor na barriga. Vendo que a amiga se virou para ajudá-lo, ele continuou – Sente-se aqui. É melhor eu ficar sentado, não sei que tipo de história você vai me contar.

- Como assim, Harry? – Perguntou a bruxa sentando-se ao lado dele – Estou grávida, oras! E nós estamos com fome, tá na hora do almoço!

Hermione, claramente tentando mudar de assunto, tentou se levantar e ir para a cozinha, mas Harry segurou seu braço e a prendeu no sofá. Mesmo machucado, o bruxo continuava incrivelmente forte, e isso era claro pelos músculos que estavam a mostra. Não se recordava do quão definido ele era, fazia tempo que o tinha visto assim, além disso, estava escuro naquela ocasião. A mulher ficou vermelha ao perceber no que estava pensado, ou melhor, lembrando.

- Você ta achando mesmo que eu vou aceitar só isso? Me explique! – Hermione percebeu que o amigo falava sério, seus olhos estavam mais escuros do que o normal, isso a assustou. Quase nunca ele usava esse tom com ela, guardando-o para interrogatórios com bruxos das trevas – De quem é essa criança? De quantos meses você está? O pai vai assumir?

A mulher achou aquilo um absurdo, olhou-o com indignação, não querendo dar satisfação de sua vida. Estava pensando seriamente em ir embora dali sem contar nada. Mas ela não podia fazer isso, já sabia que seria assim, estava ciente que aquela poderia ser a reação do amigo e decidiu voltar mesmo assim. Tentou se acalmar, fechou os olhos, pensou bem no que iria falar.

- A criança é minha. De vários meses. Prefiro não falar sobre ele. E sim, estou muito bem, obrigada por se preocupar com o meu bem estar. Posso comer agora?

Harry percebeu que havia chateado novamente a amiga. Como fora estúpido, tinha perguntado coisas para saciar sua curiosidade, e não demonstrara o mínimo de interesse com a saúde da amiga e do seu bebê. Ele não passara um dia sem pensar em como ela estava, no que ela estava fazendo, quem estava com ela, e agora toda essa preocupação tinha sido substituída por curiosidade, e por raiva. Raiva desse homem que havia engravidado Hermione, e que não estava ao seu lado. Raiva desse homem que havia encostado intimamente nela. Raiva desse homem que teria uma criança com sua menina.

O bruxo estava apertando fortemente o braço do sofá, olhando para o centro da sala, parecia que ele iria quebrar a mesa de centro com o olhar.

- Harry, você tá bem? – Perguntou Hermione dentro da cozinha, que era separada da sala somente por um balcão – Desculpe não querer falar disso ainda. Vai chegar a horas certa e você vai descobrir – Ela ergueu seu lanche e o mostrou para o amigo, sorrindo – Você quer um?

O lanche era enorme e Harry não pode deixar de rir com o fato, estando mais relaxado sabendo que a amiga iria lhe contar uma hora.

- Não quero, obrigada. Vai faltar comida daqui a pouco! Pensei que seriamos só nós dois.

- Mas somos nós três - Ela deu uma piscadela e sentou-se no balcão de lado para Harry.

"Nós três" ele pensou. Sentiu uma tristeza tomar conta de si. Ele não era parte do "nós". Talvez nunca fosse parte de nenhum "nós". Talvez nunca tivesse uma família, uma esposa, filhos. Isso nunca o incomodou, mas estava sentindo que ficaria sozinho, já que seu melhor amigo estava noivo de Luna, e sua melhor amiga teria um filho com um estranho. Tinha certeza que esse homem tiraria Hermione de perto dele, era sempre assim, todos os pretendentes dela faziam isso, provavelmente por ciúmes de sua intensa amizade e de sua intimidade com a mulher.

Harry voltou seu olhar para amiga. Ela estava com uma bela barriga, mas ele não tinha noção de quantos meses era a gravidez. Seus cachos castanhos brilhavam com a luz que entrava pela janela, seu perfil era delicado e sua bochecha estava cheia, dando um tom divertido àquela imagem. Ela estava linda, muito linda. Mas tinha algo diferente, havia muito tempo que ele tinha percebido a beleza da amiga, mas não era só isso, ela estava magnífica.

- Eu sei.

Ele acordou dos seus pensamentos, olhou confuso para a amiga, que tinha um sorriso divertido nos lábios.

- Eu sei que estou enorme, e que você não sabe onde me colocar pra dormir! Já digo que aceito sua belíssima cama de casal, já que naquela cama de solteiro do quarto de hóspedes não cabe nem minha barriga!

Ele não tinha pensado nisso. Começou a tentar achar uma solução, já que o colchão do quarto de hóspedes ele tinha dado para o Rony. Este agora morava sozinho, e com freqüentes visitas de Luna, fato que o fez pedir o colchão de Harry, já que a garota não tinha onde dormir na casa do namorado.

Hermione pareceu ter um estalo. Levantou-se rapidamente e foi quase correndo em direção ao amigo. Harry se assustou e de reflexo tentou levantar-se novamente, mas parou quando viu que amiga sorria. Na frente de Harry, indo o mais próximo possível, abriu as pernas do moreno com seus joelhos e se pôs entre elas. Com um sorriso enorme e encantador, ela se abaixou e pegou as mãos do amigo. Ele percebeu que seus olhos estavam extremamente brilhantes, não sabia se eram lágrimas ou qualquer outra coisa que ele desconhecia. Ela levantou, ainda segurando as mãos dele com as suas.

- Você ainda não tocou no bebê. Ele chutou, acho que gosta de você. Quer sentir? – Havia uma lágrima escorrendo pela face de Hermione.

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