two.




Estava cansada. Tão cansada, que sem querer, deu um suspiro profundo, como se aquilo fosse a preparar pra o que viria depois. Até que sentiu duas mãos suaves massagearem seu ombro.


- Harry! – Censurou, levantando-se da poltrona para dar um abraço no amigo.


Ele beijou-a no rosto, fraternal.


- Você parece...


Eu sei. – Retrucou, com a voz baixa. – É só que hoje foi um dia... Meio estranho. Com todas as entrevistas que tive que fazer com Malfoy.


- A doninha concordou mesmo? – Dissera, confuso.


- O que você acha? – Rebateu, divertida. – Eu disse que pediria demissão caso ele me ajudasse.


- Você o quê? – Murmurou o moreno. – Por Merlin, Herms! Você ama aquele lugar...


- E também amaria ter um filho. – Completou ela.


Harry revirou os olhos.


- E o Malfoy...?


- O mesmo imbecil. – Respondeu, alheia. – Tirando o fato de que realmente me ajudou hoje... Quase me fez acreditar que era humano.


- O que ele fez?


- Desmascarou um babaca que eu pensei que fosse o pai ideal, quer dizer, o doador ideal. – pausara, com o olhar perdido. – Sabia que ele entende Mozart e sinfonias de Beethoven?


- Hã, o babaca que tentou enganá-la...?


- Não, não. Eu tô falando do Malfoy... – Pausou, distante. – Ele gosta de MOZART!


- Tá, tá. Que seja. Que diferença isso faz?


- nenhuma. Eu só... Achei estranho o fato de um imbecil como ele ter algum tipo de cultura. Por Merlin, ele gosta de Nietzsche...!


O moreno revirou os olhos, para logo em seguida fitá-la de forma atenta.


- Que foi? – Perguntou confusa.


- Hermione Jane Granger está atraída por aquele... Imbecil. – Falou, um pouco chocado.


- Não, não estou.


- Sim, você está. Está fazendo aquela coisa de...


- Ok, aconteceu uma coisa meio estranha hoje...


- Que coisa?


- fui ao apartamento do Malfoy e...


- Você o quê?


- Fui ao apartam...


- Eu entendi, Hermione. Pode continuar.


- enfim, fui até lá e ele estava tomando café com uma garota totalmente desprezível e quando nos apresentou... Ela, por Merlin, ELA SABIA O MEU NOME! Sei que parece óbvio pelo fato de sermos meio famosos e etc, mas Harry, ela disse que sabia meu nome PORQUE O MALFOY "NÃO PARAVA DE FALAR DE MIM NENHUM SEGUNDO". Hã? Isso não parece normal...


- E não é. – Harry concordou. – Ele também se sente atraído.


- como assim "também"? EU NÃO ME SINTO ATRAÍDA POR ELE!


- Que seja.


- argh. – Ela murmurou, sentindo-se desconfortável.


- Ah merda – O moreno sussurrou, observando seu celular. – É a Gina... De novo. Precisou atender ok? Já volto. – Falara, saindo da mesa enquanto a castanha o ouvia dizer um Oi, amor...


Foi até o balcão pedir um segundo descafeínado, quando se deparou com aquela coisa.


- Malfoy? – Gaguejou, rezando aos céus que aquilo fosse uma alucinação.


- Andou me seguindo, Granger? – Não, aquilo não era uma alucinação... – Tsc tsc tsc.


Aliás, era bem real.


- Ah claro, eu o segui. – Concordou, irônica. – Óbvio... – Disse, sentindo o incômodo dos estúpidos olhos de Malfoy. Como alguém poderia parecer sarcástico ATRAVÉS DE OLHARES? Argh...!


- Ok, eu a segui. – Ele admitiu, convencido.


- Nossa, sério?


- Precisava falar com você.


- Essa é nova pra mim... – Comentou, irritada.


- Alguém já disse que você é pior que o grilo falante?


- Que grilo f...


- Tanto faz. O fato é que eu tenho um novo acordo.


- Sobre...?


- Sobre o nosso bebê, oras. – Retrucou, fazendo com que as pessoas ao redor os encarassem de forma chocante.


imbecil. – murmurou por baixo do fôlego, levando-o pra mesa aonde estivera. – Nosso Bebê? Que eu saiba esse bebê é meu...


- Claro que é, Granger. Foi só uma forma de falar...


- Que seja. Qual o acordo?


- Eu a ajudo a encontrar o doador certo pro bebê e você não pedir demissão, mas...


- mas...? – Ela o ajudou, intrigada.


- Mas teria que deixar com que eu fizesse o seu parto.


- O quê? Por que iria querer isso? – falou, quase tocando na testa de Draco Malfoy perguntando-se o que raios aquele imbecil estaria aprontando.


- Nunca fiz um parto antes.


- E daí? Existem milhões de grávidas no St. Mungos...


- Nenhuma delas vai ter o doador de esperma escolhido com a minha ajuda... – pausara, como se estivesse convencendo-a de que era um santo angelical. – E hoho, ia ser divertido. Eu poderia irritá-la até provocar um aborto, tsc tsc tc. – Brincou, com uma de suas sobrancelhas erguidas.


- isso não teve graça.


- Eu sei que não, tsc tsc tsc.


- Ok, você não me convenceu e a resposta é não.


- Não vim aqui pra convencê-la, vim aqui pra comunicá-la. – Avisou, sarcástico.


Ela bufou, em cólera.


- Tá vendo? Existe prazer maior no mundo do ver essa cara de fúria?


- existe. – Pausou. – Eu te estrangulando... isso sim seria prazeroso.


- Perdão? – Ela ouviu uma terceira voz dizer. Era Harry. Puta. Merda.


Malfoy sorriu, satisfeito com a pequena confusão de duplo sentido que armara.

 


07:45


- Quem temos aqui? – Ela perguntou, querendo alcançar as fichas dos doadores.


Malfoy ergueu-as, fitando-a com superioridade, crispando os lábios em um gesto de Vem pegar, sangue-sujo.


- Dois doares patéticos. – Respondeu, dando um passo a frente, com a intenção de intimidá-la.


Hermione, contudo, não se moveu. Apenas ignorou os centímetros que distanciavam seus corpos. E argh, seus rostos! Conseguia ver o nariz afilado de Malfoy, bem como a boca – entreaberta – e sem rachaduras. Haviam então, os olhos. Malditos olhos filhos da mãe! Por que tinham que ser tão estranhos? Desde quando ela queria que os olhos de Malfoy lhe dissessem alguma coisa?


- Imbecil. – Murmurou, como se ele não fosse capaz de escutar.


- Que seja. – Disse, indiferente.


- Gr.


- Eles já estão chegando, Granger. Relax... – Falara, colocando as fichas em cima de sua prateleira de pastas, pra poder tocar nos ombros da garota, como se quisesse massageá-la.


Detalhe: Ele realmente queria.


Ela retirou suas mãos com um falso sorriso de Já disse que te odeio?. Mas cada fibra gritante pelo restrito contato dos dedos e da palma da mão do loiro contra sua pele, de forma macia e suave, negava esse ódio.


- Que horas marcou a primeira entrevista? – Perguntara, desistindo e sentando-se.


- 09:30. – Respondeu. – O que há entre você e o Potter? – Dissera, bruscamente.


Ela arregalou os olhos e apenas cruzou os braços.


- Responde, Granger.


- Não preciso responder, Malfoy.


- Por que não o Potter?


- perdão?


- O Potter. Pra ser o doador... – Indicara, com certo desprezo.


- Somos amigos, não teria cabimento.


- E quanto ao Weasley? Vocês já saíram há algum tempo...


- Não quero que meu filho ou filha sejam como Rony. Quer dizer, respeito-o muito, mas... Ele é...


- Chato? Cansativo? Gay? Irritante? Pobre? Dono daquilo que alguns chamam de cabelo?


Ela apenas revirou os olhos.


- Vai a merda, Malfoy.


Ele sorriu.


- Que foi?


Desde quando Malfoy sorria?


- Nada. – Respondera, o sorriso desaparecendo de forma automática para dar lugar a uma expressão que de quem a considerava insana.


09:32


- Bom dia, Sr... – Ela pausara, encarando-o o homem a frente, como se ele lhe fosse familiar. Leu a ficha que Malfoy lhe entregara. – Finningan. – dera uma segunda pausa. – Espera... Simas Finningan? – Perguntara, relembrando seu colega de escola. – Nossa, quando tempo...! – Dissera, enquanto o homem a puxava para um abraço desajeitado.


- Eu é que digo, Hermione...!


Um imbecil, Malfoy classificou, e por mais que tentasse, não conseguia lembrar quem diabos era Simas na época de Hogwarts.


O homem a sua frente tinha os traços fortes, era bem branco, os cabelos em bagunça, de olhos quase negros, mas de alguma forma aqueles olhos não conseguiam ser comuns. Tinham um brilho próprio.


Hermione, acorda, é o SI-MAS! Ela tentou se convencer, sem sucesso.


O loiro ergueu-se, a fim de cumprimentar o tal cara.


- Draco Malfoy, chefe do St. Mungos. – Anunciou, apertando a mão do homem.


Só então Finningan notou que Hermione não era a única naquela sala.


Olhou-os como se não entendesse o que porquê de um Malfoy e uma Granger estarem trabalhando juntos.


- Não sabia que você fazia o tipo que doa o... hã...


- Esperma? – Simas completou, seguro. – Isso já faz tempo.


- Então, o que costuma fazer?


- Nada demais. Trabalhar no escritório e nadar. Às vezes jogo quadribol com uns amigos... – Falou.


- Quais seus gostos musicais?


- Por que todas essas perguntas?


- Processos burocráticos obrigatórios, Finningan. – Malfoy respondeu, fitando-o como se ele fosse um verme.


- sei. – O moreno falara, praticamente ignorando o loiro. – Odeio música clássica. – Disse. – Gosto de rock dos anos 80... – dera uma pausa. – e você, Mione?


Mione. Aquela pequena palavra contorceu o estômago de Draco Malfoy. O nome dela é Granger, ouviu?


Pela primeira vez algum doador havia interagido com a garota, o que a fez abrir um sorriso suave, quase de confissão.


- Os gostos da Dr. Granger são irrelevantes, Sr. Finningan. Atenha-se as perguntas. – Draco propusera, quebrando o contato visual dos dois.


- Você se considera uma pessoa responsável?


Quer sair comigo? Ok, Hermione não era tão corajosa a ponto de lhe fazer essa pergunta. Mas isso não significava que não quisesse.


- Não. – Simas respondeu, na mesma hora.


Hermione sorriu.


Malfoy teve vontade de lhe perguntar o que era TÃO engraçado naquele pateta, mas permaneceu em silêncio.


- Tem tatuagens?


- Ainda não.


10:00


- Não precisava flertar tão descaradamente com seu amiguinho, tsc tsc tsc... – O loiro começara.


- Eu sabia que viria um comentário desse. – Dissera, bufando.


- se sabia, então é verdade certo? Mas.. O Finningan? Francamente! O cara é um idiota...


- Menos idiota que você, eu garanto.


- Por que está defendendo ele?


- Não é uma questão de defesa. Você que é o imbecil paranóico aqui...


- Ah claro, você flerta com um perdedor e eu sou o paranóico. Você tem tooooda razão, Granger.


- Vai pro inferno, babaca.


- Por que está tão pê da vida, hã?


- Por que você tem que ser tão, argh, irritante? – Ela murmurou, controlando-se para não agredi-lo.


- Por que tem a necessidade de ficar dando em cima desesperadamente de todos os doadores?


- Eu não dei em cima de ninguém, mais que merda! – Pausara. – E não se percebeu, mas você está parecendo um namorado ciumento! Por Merlin!


- A única coisa que me interessa é a integridade das médicas do meu Hospital.


- O St. Mungos não é seu!


- Ele está sob meu comando, loooogo eu posso dizer que é meu.


- Mas não é.


- Sim, ele é.


- Não, ele não é.


- Sim, ele é...


- Não, ele não...


- Que seja, Granger. Por que tem que transformar tudo em discussão?


- Eu? Por Merlin, já parou pra pensar em quem começa os comentários sarcásticos e intensos?


- Acha meus comentários intensos?


- Às vezes... – Respondera, corando. – Mas no bom sentido... quer dizer, quando eu disse intenso eu quis dizer que, ah, você entendeu! – gaguejou.


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