O homem que sabia demais.



O homem que sabia demais.


 


            3 meses juntos fora o suficiente para que Draco Malfoy conhecesse a esposa melhor do que conheceria a si próprio mesmo que fosse trancafiado em um quarto pela eternidade. E Ginevra sabia disso. Sabia que o louro tinha contado o número de sardas espalhadas por sua face, colo e rosto, resultando em 108 pinturinhas arruivadas que ele dizia serem inteiramente dele. Sabia que Gina sorria com os olhos, um sorriso que muitas vezes os obrigava a fechar, mostrando todo o deleite que tinha ao ouvi-lo falar besteiras. Sabia quando a ruiva estava nervosa e quando estava inquieta, porque uma enorme mancha vermelha se apoderava de sua testa. Sabia seu gosto, entendia seus medos, enaltecia seus pontos fortes e lutava contra os fracos.


            Draco Malfoy sabia, acima de tudo, que desde a fatídica noite em que, bêbados, se casaram e se amaram, Gina nunca mais poderia esquecê-lo, porque somente ele saberia tocá-la, entendê-la e niná-la do jeito que ela desejava.


            Isso fazia Gina tremer. Seria realmente saudável deixar-se tão à mostra do louro? Sempre soube que deveria tomar cuidado com as coisas relacionadas ao coração, mas perto dele sentia-se como um carro desgovernado. Um carro que não queria ser governado, o que era pior. O que fazer, então, quando há a entrega de corpo, alma e coração? Gina tinha a resposta. Bastava abraçar aquilo tudo com os olhos fechados. Bastava abraçar o marido.


- Você entendeu bem que isso pode causar-te a perda do Draco Júnior?


- Sim, Ginevra, já te disse mil vezes que esses ruivos não me metem medo.


            Entrelaçou a mão à do marido e dando-lhe um beijo na boca abriu a porta d’A Toca. Todos os ruivos ali presentes a olharam para lá de felizes e, ao verem o louro que a abraçava por trás, embranqueceram. Seis vassouras varinhas foram imediatamente apontadas na direção do casal. Mais especificamente na direção do “louro que estava a molestar a nossa pequena”.


Dois meses depois...


            Draco a conhecia tão bem que adivinhava seus desejos antes mesmo da ruiva tê-los. Soube quando ela quis comprar o carrinho dos gêmeos, quando quis comer sorvete de anis com cenoura, quando teve o primeiro enjôo. E, agora, neste momento tão crítico e tão especial, não haveria de ser diferente.


- Gina? Gi, meu amor, acorda!


- Hum? Que foi lourinho?


- Acho que vamos ter os bebês!


- Draco, pode ir parando por aí, eu que sou a mãe, eu que deveri...


            Não pôde mais falar porque sentiu-se imediatamente molhada. Seus olhos se esbugalharam enquanto o marido ficava ainda mais branco. “Parece o Gasparzinho”, pensou. O louro corria pelo quarto afobado, enquanto Gina começava a ter as primeiras contrações.


            No caminho para o hospital, concluiu o que deveria ter concluído desde a agitada noite em Vegas. Sempre o amaria. E sempre seria seu Draco Malfoy, aquele que sabia até demais. Que a amava até demais.


            E eram felizes. Pra lá de felizes.

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