O plano e o acordo



James estava deitado em sua cama, no seu apartamento, totalmente só. Estava pensando no que faria. Precisava de um plano, e rápido.


            Faltava dois dias. Dois dias para a tortura que Sirius denominava “reencontro dos amigos.”. Para James parecia mais o “reencontro da morte” ou algo assim. Sabia muito bem que seu amigo não deixaria de convidar Lily para a reunião em Paris, e não podia mostrar que seus sentimentos não haviam mudado, a não ser que tivessem ficado mais fortes. Só de imaginar-se implorando para Lily que lhe desse uma chance para ouvir mil e um “nãos” seguidos ele sentia dor, angustia, tristeza e todos os sentimentos ruins possíveis.


            Cansado de pensar, James levantou-se da cama e se dirigiu para a cozinha. Começou a preparar uma xícara de café, e enquanto mexia a bebida com uma pequena colher, lembrou de Remus, seu amigo viciado em cafés. Sim, ele tinha muitas saudades dos tempos de Hogwarts, mas não sabia se seria bom para ele reviver os momentos de tristezas por causa do amor.


            Bebeu um gole do café e ficou encarando a porta, onde colava recados e avisos para não se esquecer, mas do mesmo jeito esquecia. Pensava novamente em um plano, então foi quando avistou um pequeno papel arrancado de um caderno que estava colado em cima de outros avisos na porta. Chegou mais perto e viu que era os endereços das férias de todos os amigos: Peter, Sirius, Remus, Marlene, Dorcas... Seu olhar parou no ultimo nome, da amiga caidinha por seu amigo lobisomem. O endereço também era de Londres, onde ele se encontrava, só que do outro lado da cidade.


            “Bom, eu acho que não vai fazer mal algum pedir a ajuda dela no meu plano recém bolado...” comentou ele para si mesmo, logo depois desaparatando na frente da casa de Dorcas.


            Tocou a campainha e nada. Bateu palmas e nada. Tocou a campainha dez vezes, mas ninguém aparecia. Quando já estava prestes a jogar algum feitiço na porta e invadir a casa da menina, uma voz feminina foi ouvida atrás dele.


            - Calma, senhor delinquente Potter. A dona da casa chegou, então acho melhor não arrombar nada.


            Se virou e encontrou uma menina baixinha de cabelos e olhos castanhos, usando uma blusa branca escrito: “Eu amo meu jeans surrado” e para confirmar a frase usava um jeans surrado. James sorriu de leve para ela e disse:


            - Oi Dorcas. Eu gostaria de te pedir um favor.


            - Não faço favores –  disse ela num tom quase rude. “Caramba! A garota anjinho mudou mesmo!” pensou James. – Digamos que eu tenho um preço para cada tipo de favor que faço. O que quer exatamente?


            - Porque não entramos para falarmos disso? – disse o garoto, olhando para os lados como se estivesse sendo observado.


            - Tudo bem. – a garota respondeu enquanto abria o portão com a varinha por baixo da manga para ninguém notar.


            Dentro da casa, era tudo em cores amarelo e rosa pastel, com brilhos de leve aqui e ali. Enjoativo, na opinião de James. Odiava cores pasteis, mas isso não importava naquele momento. Tinha “negócios a tratar”.


            Sentou-se em um sofá de três lugares, e Dorcas se sentou logo a frente em uma poltrona.


            - Bem, o que quer? – disse a menina com curiosidade.


            - Eu preciso que me ajude – disse ele pausadamente em quanto pensava se poderia confiar em Dorcas para a “missão”. E se ela não aceitasse? Iria contar para os outros. – Provavelmente você foi convidada para o reencontro que Sirius inventou de fazer.


            - Sim, eu recebi a carta dele – ela o interrompeu – Aquele louco não tem mais nada para inventar. Está mais idiota que você, quase.


            - Bom, então – James continuou ignorando o comentário amigável – Lily obviamente também irá e...


            - Você ainda gosta dela – Dorcas falou em tom firme.


            - Sim, eu ainda gosto dela – ele admitiu, se sentindo meio idiota.


            - Na verdade eu não havia perguntado, e sim afirmado. – ela sorriu de divertimento, para logo depois voltar a ficar séria. – Então, o que tem a Lily que você precisou vir me procurar?


            - Olha, eu tenho um plano – ele se curvou, apoiando os cotovelos nos joelhos – Não quero ficar babando em cima da ruiva mais uma vez. Preciso que ela ache que não quero mais nada com ela. E então eu estava pensando...que você poderia fingir que era minha namorada... o que acha?


            Alguns segundos se passaram e James ficou esperando uma resposta. Mas o que veio foi um ataque de risos da menina a sua frente.


            - James...você...é...louco! – disse Dorcas já ofegante de tanto rir. Quando estava totalmente recuperada, continuou – Eu aceito, mas eu tenho uma condição. Quero que me consiga o Remus.


            A cara de James não poderia estar mais estupefata.


            - C-como assim te conseguir o Remus? – ele perguntou – Você quer dizer... um encontro com ele?


            - Não, encontros não funcionariam já que ele não parece gosta de mim – a menina falou meio desanimada, meio com raiva – Eu quero que você dê um jeito de ele gostar de mim.


            - Mas como eu vou fazer isso Dorcas? – James estava em uma conflito mental para escolher se aceitava ou não a troca de favores.


            - Isso é problema seu, eu vou cumprir a minha parte fingindo ser sua namorada, você só tem que fazer Remus sentir o que você sente pela Lily. – ela sorriu desdenhosa com a careta dele.


            - Tudo bem... eu aceito. – James falou meio relutante.


            A menina estendeu a mão.


            - Fechado?


            Ele segurou a mão dela, fechando-a em um aperto forte.


            - Fechado.

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