Único.



If I should stay, I would only be in your way...


 


Não era fácil. Aliás, era provavelmente a coisa mais difícil que ela já havia feito em toda sua vida. Nenhum tipo de arrependimento ou qualquer sinal de raiva; era uma tristeza genuína, uma depressão pelo que ela sabia ser o sentimento mais lindo do mundo. Mas também não era sua culpa, culpa dele, e muito menos da outra mulher; era algo que eles não podiam fugir, algo que havia sido imposto por alguém que tinha realmente culpa: a Sra. Black.


Ela sempre soube como seus discursos eram persuasivos e como tinham um efeito ainda melhor em seu neto Sirius. Mas Marlene também não a culpava por isso, mesmo sabendo que a culpa era de fato dela, pois sabia que estava em seu sangue lutar pelo melhor da família. E fazer o quê se Marlene não era o melhor pra sua família?


A morena olhou mais uma vez no quarto, tendo certeza de que não deixaria nada para trás: só iria dificultar a vida de Sirius. Ela precisava ir, e precisava ir rápido, ou ele jamais cumpriria o que precisava cumprir. Olhou para o canto e viu uma foto deles juntos; sentou-se na cama e olhou para a foto enquanto lágrimas lhe surgiam aos olhos. Estava, mais uma vez, perdendo alguém importante.



So I’ll go, but I know I’ll think of you every step of the way
.


 


- Eu sei muito bem o que você quis dizer com isso, James – ela falou entrando na casa sem cerimônia alguma. Levou um susto ao constatar que havia alguém lá: um moreno jogado no sofá, usando apenas uma cueca samba canção do Bob Esponja – MEU DEUS!


James riu até chorar do susto que a amiga e o amigo deitado no sofá levaram um com o outro. Assim que conseguiu respirar de novo, os apresentou.


- Obrigado por avisar que ia trazer mulher gostosa pra casa, James. Adoro quando elas me conhecem no momento em que estou usando minha cueca da sorte – o amigo falou irônico quando estavam os dois na cozinha, pegando alguma coisa pra beber.


James apenas sorriu mais um pouco.


- Relaxa. É a Marlene, cara. Ela com certeza achou sua cueca sexy, ela tem um gosto péssimo. Se bobear, ela até te achou sexy – piscou para Sirius – o amigo – e saiu da cozinha, deixando o copo vazio na pia.


Sirius ficou parado um pouco até que um sorriso brotou em seus lábios: então, não estava tudo perdido? Ótimo! Foi até o sofá, onde o amigo e a morena estavam sentados, já vendo alguma coisa mais interessante do que o programa que Sirius assistia; sentou-se do outro lado dela e esperou que ela olhasse, como ela não o fez, decidiu começar algum assunto por conta própria.


Nem notou que James ainda sorria.


- Então... Que momento inoportuno pra nós nos conhecermos, não é?


- Oi? – ela perguntou meio assustada. Logo depois olhou para James que não conseguiu segurar a risada escandalosa. – Acho que ele tá ficando louco – apontou pro amigo.


- Ele sempre foi – Sirius deu de ombros – Mas então, Marlene... Gosta do Bob?


- Quem é Bob? – assustada outra vez. “Que cara mais esquisito que fala coisas esquisitas”, pensou.


- Bob Esponja, sabe, o cara da cueca – apontou para a própria roupa íntima. – Eu o acho super sexy.


Ela riu: - Que bom... Sirius? – ele balançou a cabeça afirmativamente – Então... Que bom que você acha. Fico feliz por você, tá? – voltou sua atenção para a televisão.


“Qual é a dessa mulher? Nada funciona com ela?”


- Você não gosta de conversas ou só se faz de difícil mesmo?


- Perdão? – dessa vez ela não estava assustada; tinha um olhar brincalhão.


- Ou você tá tirando uma com a minha cara. Eu não sei por que não pensei nisso antes.


Ela riu mais uma vez: - Tudo bem, Sirius. Vamos conversar, então... Sobre a sua cueca? Eu acho que ela é muito divertida mesmo. Se você pudesse me falar onde você comprou, eu agradeceria. Sempre quis uma samba canção pra usar como short, mas nunca achei uma legal, sabe? É tão complicado. Só acho com aqueles desenhos de velho, mas aqueles são tããão sem graça... Você não concorda?


Marlene continuou falando, mas Sirius a esse ponto já não lhe escutava mais. Apenas desejava que pudesse voltar no tempo e ficar calado. Aparentemente, ela tinha a capacidade de falar mais rápido e mais coisas inúteis que Lily, a namorada do seu amigo.


E isso era sim um triunfo!


- Tá legal. Entendi seu ponto de vista – ele falou lhe interrompendo, e fazendo com que ela risse pela terceira vez – Você fica linda quando ri – comentou galanteador.


“Qual é? Só consegui pensar nisso? Que fail.”


- Você fica lindo quando usa sua sedução barata pra cima de mim. Mas acho que isso é injusto, porque você parece ter a capacidade de ser lindo de qualquer jeito – falou de maneira tão indiferente, que Sirius se perguntou umas três vezes se ela estava falando sobre ele ser lindo de qualquer jeito ou sobre o tempo nublado que fazia do lado de fora.


Aparentemente, ela tinha também a capacidade de intrigar nosso querido Black. Oh, que divertido! Ele nunca havia encontrado uma mulher assim. Isso era no mínimo interessante... Não é?



And I will always love you.


 


O clima era o de sempre: os dois se provocavam sem cessar. James e Lily já haviam se acostumado àquilo, mas de vez em quando um ou outro ainda revirava os olhos perante as brincadeiras dos amigos.


- Tudo bem, Lene, vou ignorar que você me come com os olhos. Mas estou falando sério, isso me deixa desconfortável às vezes... – sorriu debochadamente.


- Resolva isso de uma vez por todas, então, Black – falou enquanto passava perto dele, um sorriso de deboche maior que o do próprio.


- O dia que eu decidir fazer o que você me manda fazer, você não vai poder reclamar.


- O dia que você decidir se mover, você vai parecer tão homem pra mim, que eu com certeza não vou conseguir nem me importar.


- É, Black, tá esperando o quê? – Lily brincou rindo – Oh, nós estamos de saída. Vocês vão ficar por aqui mesmo?


Marlene hesitou: na mesma casa que Sirius, sozinha com ele, por provavelmente mais de três horas? Talvez aquilo fosse pedir um pouco demais, pelo menos hoje. E entenda isso por período fértil.


- Não sei... Acho que vou pra casa – falou vagarosamente, arrancando uma risada gostosa de Sirius.


- Tá com medo de mim, Lenezinha? Não é você que vive me implorando pra virar homem de verdade?


- E como eu sei que você não vai, porque é um cagão, vai ser só desperdício de tempo ficar aqui com você, não concorda?


- Nós vamos ficar – ele falou pra Lily sorrindo, e então se virou para Marlene, sussurrando em seu ouvido de maneira lenta: - Temos uns assuntos pendentes.


Marlene se arrepiou, mas tentou ignorar. Precisava ser forte, por Deus dos céus, precisava ser mais forte do que nunca! Hoje ela estava atacada. Aliás, se Lily Evans soubesse do estado de Marlene, jamais a deixaria sozinha com o amigo, com medo de que o mesmo não saísse vivo.


- Tudo bem então – a ruiva fez como quem não se responsabiliza por nada – Só não façam besteirinhas no sofá do meu namorado, pois eu uso aquele sofá, ok? – piscou e fechou a porta, indo até o carro onde seu namorado lhe esperava.


Sirius olhou para Marlene e riu da cara que a mesma fazia: parecia assustada.


- Sério, Lene, não vou abusar de você nem nada, pode relaxar – falou se jogando no sofá e ligando a TV.


- Ah, é claro que não vai – ela se sentou delicadamente do lado dele, uma proximidade perigosa – Você nunca faz o que eu quero – fingiu estar triste e forjou um beiço de infelicidade para Sirius.


- Vai brincando. Hoje eu não tô bom pra isso – falou sério.


Ela riu: - Sirius Black fugindo? Quem diria, não é? Parece que eu mexo mesmo com você – passou os dedos sobre os lábios dele enquanto falava isso; seu tom era de puro deboche.


Levantou-se e foi até a cozinha para fazer qualquer coisa pra comer, pois estava com um pouco de fome. Percebeu que Sirius mordia o lábio inferior quando ela se levantou; ignorou.


Alguns minutos quando estava na cozinha e foi pega de surpresa; ninguém mais, ninguém menos do que ele estava atrás dela, beijando-lhe o pescoço de maneira até desesperada. Ela não conseguiu reagir; só voltou à realidade quando ele lhe virou de frente.


- Decidiu tomar uma atitude, lerdinho? – brincou. Sabia que não era um bom momento pra provocar, pois ela mesma não estava a ponto de resistir.


- Se você se arrepender disso depois, lembre-se que a culpa é inteiramente sua. Você que tornou esse negócio insuportável de agüentar – falou e a beijou em seguida.


Não era nada romântico (mesmo que eles conseguissem achar pontos românticos no negócio após o acontecimento); era algo que mostrava o resultado da provocação a qual os dois se submeteram por meses: eles pareciam estar prestes a arrancar pedaços um do outro, fosse com a mão, com a boca, ou qualquer outra coisa possível. Era uma típica cena de filme, daquelas em que o casal praticamente se come na cozinha, só que com certeza não seria uma cena boa pra um filme de comédia romântica classificação catorze anos – era impróprio demais o que os dois já faziam.



Bittersweet memories that is all I’m taking with me.


 


- Aqui está – ela falou entregando o copo de suco pra Sirius, que estava deitado na espreguiçadeira estofada da casa, bem na varanda, vista para o mar.


Ele aceitou o suco, bebeu em praticamente um gole e agradeceu, a chamando para se deitar ali com ele.


- Sabe o que eu tava pensando? – esperou que ela se acomodasse pra falar – Imagina quando a gente tiver nossos vinte e dois filhos; eles correndo pela praia... Cara, vai ser o máximo!


Marlene riu: - Você pretende ter vinte e dois filhos?


- Por quê? – pareceu não entender.


- Você espera que eu expila (n/a: expelir conjugado assim fica muito esquisito /uhm/) vinte e dois sacos de arroz de 2,5 kg da minha xota? – riu ironicamente, fazendo com que ele fizesse uma cara de indignado.


- É pelo bem da nossa família, Marlene! Precisamos de um time de futebol, ora essa.


- Você que não expeli seu time de futebol pelo cu não, pra você ver – apontou pra ele brincando.


Ele pareceu estar emburrado por um tempo, mas logo ela lhe arrancou um sorriso com cócegas.


- Podemos ter só dois, por favor? – pediu, dando beijinhos leves no moreno enquanto ele parecia considerar a idéia – Por favor? – implorou.


- Tá, acho que eu me contento com dois.


- Caramba, eu devo ser realmente convincente, porque de vinte e dois pra dois...


- Fala mais alguma coisa que eu volto atrás – ameaçou.


Ela esticou os braços pro alto: - Você é lindo! Te amo, vamos falar sobre nossos dois filhos lindos – sorriu.


Sirius riu um pouco do jeito como Marlene falou aquilo, mas logo voltou ao assunto.


- Uma menina e um menino?


- Eu gostaria. Que nome você pensa em dar pra eles? – ela perguntou.


- Sempre gostei de Luiz, me lembra o rei e...


- Ah não! Pelo amor, Sirius! Não vou ter um filho e colocar nele o nome de Luiz só por causa de um rei inútil. Tem que ser um nome lindo! Eu sou neurótica com nomes, você sabe. (n/a: nada contra Luizes da vida, ok)


- Tá, o que você sugere então?


- Pra ele? Gabriel, que é nome de um anjo, além de ser um nome lindo, ou Jude ou Paul. Ou até Johnnie, ou Johnny com “y”, não importa muito o jeito como for escrito.


- Não, po, que nomes esquisitos e comuns. Eu prefiro Luiz, ou um nome bem incomum... Daquele tipo que você não encontra em lugar nenhum, como Alfredo ou Antônio.


- Esses nomes nem são ingleses, Sirius! Não, faça-me o favor. Nosso filho não vai ter um nome ridículo só porque você quer. Vai ser Jude e ponto!


- Eu não posso nem escolher entre os nomes que você sugeriu mais? – fez um cara de indignação.


- Não, perdeu sua chance. Vamos decidir o nome dela agora. Eu acho que devia ser Lily.


- Nem fodendo, já basta uma Lily na minha vida. Depois vai que o nome faz com que ela fique parecida com a Foguinho... Não, sem chance. Minha filha vai ser decente e nada atacada (n/a: ISSAE SIRIUS, nada de puxar a Evans que é indecente e sem escrúpulos!).


Marlene riu: - Que pecado! Mas tá... Alice, então?


- Alice? – ele fez uma caretinha – Eu prefiro Mary, ou até Anna.


- Que nomes comuns e feios, sem chance! Vai ser Alice. Alice é lindo, me lembra Alice no país das maravilhas, e você sabe como eu amo esse livro.


- Então nada de filho também – cruzou os braços na cintura.


A essa altura Marlene já estava sentada de frente pra ele, discutindo arduamente sobre o assunto em questão.


- Ah é? Tudo bem, então. Morra sem ser pai! – cruzou os braços, igual ele fazia.


- Vamos mudar de assunto? Quando você pretende casar comigo?


- Que assunto legal, Sirius. Eu não sei, eu não gosto muito de casamentos, você sabe.


- Não é só porque o dos seus pais não deu certo que o nosso não daria, Lene. A gente se ama mais do que tudo, não ama?


- Ama, mas é que...


- É que?


- Não foi só o dos meus pais que não deu certo: todos a nossa volta não deram certo.


- Os da minha família deram.


- Claro, eles são todos arranjados! Aliás, não sei como sua avó ainda não arrumou uma pra você. Surpreende-me muito que ela me aceite como sua mulher.


- Ela sabe que eu amo você – beijou os lábios de Marlene – E tudo bem, pode ser Alice. Mas a gente casa.


Alguns segundos pensando...


- Tá, pode ser – suspirou – Não pode ser tão ruim assim ser casada com você, afinal – brincou.


Claro que não era ruim; estar com ele, de qualquer forma, era ótimo.



So goodbye, please, don’t cry. We both know I’m not what you need
.


 


- Sirius! – ela gritou por ele nervosa; já estava aflita sobre como daria a notícia.


- Meu amor – beijou-lhe os lábios – Como você tá?


- Então, tô bem. E você?


- Também. Tem certeza que não aconteceu nada? Você parece esquisita – falou enquanto se dirigia à cama, para que pudesse tirar a roupa e ir para um banho.


- Ah, bom... Aconteceram umas coisinhas aí, sabe.


- Que coisinhas? – ele perguntou do banheiro: estava checando se sua toalha estava ali.


Era um ritual.


- Ah... Umas coisinhas.


Ele olhou pra ela estranhando o jeito como ela agia. Não parecia ser nada que ela tivesse feito de errado, ou ela já estaria chorando quando ele chegasse. Parecia uma surpresa, alguma coisa esquisita.


- Quer me contar?


- Quero... Mas tô com medo do que você vai dizer – admitiu, sentando na cama.


- Você não aprontou nada, aprontou?


- Não. Quer dizer, não sozinha, pelo menos.


- Marlene, quer fazer o enorme favor de me contar de uma vez? – pediu calmamente, sem tirar os olhos dos dela.


- Tudo bem... Eu tô grávida – soltou de uma vez e ficou olhando pra ele.


Mais uma vez ele teve aquela sensação de não saber se ela falava sobre o tempo que fazia lá fora ou sobre estar grávida mesmo, de verdade.


- Sério? – perguntou após alguns minutos em que tentou entender o que ela havia dito – e falhou.


- Sim – ela sorriu.


E enfim um sorriso também surgiu em seu rosto. Pegou a mulher no colo e saiu rodando e gritando de felicidade.


- Isso é ótimo, meu amor! – parecia uma criança no natal; Marlene nunca o havia visto daquele jeito.


Toda a preocupação de que ele não gostasse da notícia agora lhe parecia inútil. Tão inútil quanto qualquer outra coisa no mundo que não o antigo amor de sua vida e o mais novo amor de sua vida. Que lindo, não?


 
And I will always love you.


 


Marlene arrumava as coisas no escritório; havia bastante confusão por ali, pois Sirius era capaz de misturar papéis e objetos de maneira insana. Ela precisava dar um jeito, ou aquele lugar logo estaria inabitável. E enquanto catava os papéis que haviam sido jogados no canto esquerdo do lado da mesa, ouviu o telefone tocar. Atendeu rapidamente, segurando o mesmo com o ombro, pois tinha vários papéis nas mãos.


- Boa tarde – disse rapidamente, fazendo um malabarismo para pegar uma folha que quase lhe escapuliu.


- Boa tarde, gostaria de falar com Marlene McKinnon ou Sirius Black. Algum deles está? – era uma mulher, mas uma voz que Marlene nunca havia escutado na vida.

- É com ela que você fala.


- Senhorita Marlene, tenho infelizmente, algumas notícias não muito boas pra te dar.


Ao escutar isso, Marlene decidiu se sentar, ainda segurando os papéis nas mãos. Imaginou um milhão de coisas como um acidente com sua filha, um erro na casa, ou até mesmo um processo.


- Certo. Se for sobre a casa, eu e Sirius já conversamos com o chefe do banco e...


- Não, querida, não é sobre o banco. Na verdade, é sobre seus amigos, os Potter.


“O que será que aconteceu com Lily e James?” ela pensou, mas não precisou nem perguntar. Logo a mulher estranha já estava lhe contando.


- Houve um pequeno acidente na casa deles hoje, e bom, acontece que houve um incêndio. O casal estava na casa e aparentemente não conseguiu sair. Perdoe-me a notícia, senhorita, mas seus amigos faleceram no incêndio.


Silêncio. Os papéis já não estavam mais nas mãos de Marlene: haviam caído no chão. Lágrimas já ocupavam a visão dela, e dor ocupava o lugar de qualquer outra coisa em qualquer outro lugar. Aquilo simplesmente não poderia ser verdade.


- O que aconteceu com Harry? – ela se lembrou de repente.


- Ao que parece o menino estava com os avós, então não sofreu nada.


- Obrigada por ter ligado, quem quer que seja você. – disse desligando o telefone rapidamente e ligando pra Sirius, já procurando as chaves do carro pra sair correndo dali. – Alô? Sirius?


- Diga, meu amor. Eu tô indo pra uma reunião agora e...


- James e Lily morreram – ela falou desesperada; já chorava de maneira louca e estava indo até a casa dos avós de Harry saber sobre tudo.


- Como?!


- Parece inacreditável, não parece? Eu ainda acho e espero que seja alguma brincadeirinha de mal gosto. Você pode pegar a Alice no colégio e deixar ela na casa dos meus pais, por favor? Depois me encontra na casa da mãe do James, porque eu acho que o Harry tá lá, e é pra lá que eu tô indo.


- Tudo bem. Fica calma, meu amor – ele pediu, mesmo que não estivesse nada calmo também. Mas que Marlene era capaz de até sofrer um acidente quando seu estado emocional estava deplorável, ah, era verdade.


E enquanto Sirius se explicava aos funcionários, dizendo que não poderia estar na reunião devido ao que aconteceu, Marlene chegava à casa da mãe de James. Enquanto ele buscava Alice no colégio, ela soluçava insanamente pela notícia confirmada e por saber o jeito com as coisas aconteceram.  E enquanto ele deixava Alice nos avós maternos, ela estava sendo abraçada e consolada pela também desesperada mãe de James.


Encontraram-se pouco menos de uma hora depois que ela ligou pra ele; ela já tinha os olhos vermelhos e inchados, o que fez com que Sirius tivesse certeza: não era brincadeira, era uma notícia séria. Seus melhores amigos estavam... mortos.


Ele só tinha Marlene, Marlene só tinha ele. Não existia mais James ou Lily, quarteto, saídas sexta-feira à noite pra lembrar dos velhos tempos, piqueniques no domingo pra lembrar sobre como eram famílias e pessoas responsáveis agora. E felizes. Não havia mais nada. Só Harry poderia ser a lembrança dos amigos.



I hope life treats you kind. And I hope you’ll have you dreamed off.


 


- Mas senhor, isso é injusto! – Marlene disse se levantando, protestando contra a decisão do juiz.


- Silêncio! Sente-se, McKinnon – ele ordenou.


Ela tentou rebater, mas o advogado a puxou para que se sentasse.


- Você sabe que pode ser presa contestando a decisão dele, então não faça – pediu.


- Isso é um absurdo, Remus! Ele não pode deixar o Harry com... com... ela – apontou pra Petúnia – Você sabe que ela é capaz de matar o menino se quiser!


- Eu sei. Todos nós sabemos. Mas não cabe a nós, Marlene, é uma decisão do juiz, e ele aparentemente confia na irmã da Lily pra cuidar do sobrinho.


- Ele é insano! Precisamos o fazer enxergar isso!


Remus deu os ombros como que diz que infelizmente não há nada a ser feito momentaneamente. Marlene procurou o olhar de Sirius; ele estava com o rosto apoiado em uma das mãos, daquele jeito que ficava quando algo o deixava nervoso.


- Meu amor... – ela tentou o chamar e logo percebeu que seus olhos apresentavam uma tristeza inimaginável.


- Eu não vou deixar a Petúnia ficar com o meu afilhado. Eu não vou deixar por nada nesse mundo. Sei bem que James e Lily jamais apoiariam isso, e eu vou lutar até o fim pra honrar a vontade deles – olhou pra Marlene – Nós vamos nos casar.


- O quê?


- Isso mesmo. E quanto antes melhor. Vou dar um jeito de olhar tudo pro próximo mês. Pode me dizer como você quer tudo, eu não me importo em deixar você cuidar disso; vai ser do jeito que você quiser.


- Sirius, a gente não...


- Pode se casar? Não é só pelo Harry, eu sei e você sabe. Nós dois temos a certeza de que é válido, Lene.


- Mas... – suspirou – Tá. Não podemos mesmo deixá-lo nas mãos dela, de qualquer forma. E se esse é o único jeito, que seja feito. Vamos rotular nosso relacionamento perfeito então – suspirou mais uma vez.


Sirius tentou sorrir, pois estava feliz com a notícia, mas o nervosismo de ver Petúnia passando por eles com um ar de quem venceu a guerra, lhe matou de ódio. Era extremamente injusto que tivessem perdido a guarda de Harry pra ela; qualquer um podia ver que aquela mulher não amava o sobrinho. Tudo isso porque ele e Marlene não eram casados! Maldito casamento!


Mas logo isso estaria resolvido e logo eles teriam Harry com eles, de maneira que estivesse segura a felicidade do menino.



And I wish you joy and happiness. But above all this, I wish you love.


 

- Eu não sei se meu querido netinho te contou, mas esse romance de vocês está prestes a acabar, McKinnon – a senhora olhou para a morena com desdém.


- Como é? Nosso amor nunca vai acabar, e se eu fosse a senhora, já teria procurado outro casal pra atormentar. Você sabe que Sirius me ama e nunca vai me deixar.


- Não estaria tão certa disso se fosse você, queridinha.


- Quer fazer o favor de me dizer do que tá falando? – pediu nervosa.


- Pra quê? Deixo pra que seu próprio noivo te explique – apontou para Sirius, que acabava de chegar.


- Vovó? Marlene? O que... – ia perguntar, mas logo entendeu: sua avó já havia lhe dito tudo.


Merlin, estava perdido. O que diria pra Marlene agora?


- Conte pra ela, Sirius, por que você e ela não vão ser felizes para sempre – a avó soltou um risinho que mostrava o quanto aquilo tudo lhe deixava feliz.


“Ótimo, pelo menos ela não contou ainda”.


- Vovó, posso pedir pra falar com a Marlene a sós por um momento?


- Claro, meu querido – a senhora se retirou do ambiente, não sem antes pedir “licença” de maneira debochada à Marlene.


- O que tá acontecendo, Sirius? – ela perguntou, já com lágrimas nos olhos, pressentindo que algo muito ruim viria.


Mas é óbvio que viria. Sirius fez com que ela se sentasse no sofá e logo se sentou a seu lado, pegando em suas mãos e pensando num jeito de dizer aquilo. Havia tentado por toda a semana e não havia chegado a conclusão alguma. Era algo impossível de se contar.


- Resumidamente, minha avó arrumou um casamento pra mim, com uma prima que veio da França pra cá, justamente pra se casar comigo.


- Como é?


- Exato. E bom, pelo que parece, esse casamento já estava arranjado mesmo antes do meu nascimento, sendo que só estavam esperando a menina fazer dezoito anos.


- E ela só te contou agora, ou você só resolveu me avisar agora?


- Ela me contou tem uma semana. Foi uma surpresa e tanto pra mim também, eu juro. Nunca fiz idéia, apesar de que eu deveria ter desconfiado... Vovó havia aceitado você rápido demais, e fora que todo o resto da família estava casado com os pretendentes que ela escolheu... Eu fui bobo.


Marlene só soluçou e deixou o desespero tomar conta de si. Não conseguia dizer mais nada, pois não pensava em nada pra dizer. Sinto muito? Eu te amo? Não casa, por favor, fica comigo? Nada disso era bom o suficiente, nada disso fazia sentido. Ela precisava agir de maneira adulta. Fazer um drama só iria atrapalhar mais a vida de Sirius e ela não queria isso; sabia que não era sua culpa, pois ele jamais seria capaz de planejar algo assim. Sabia que ele a amava e que aquilo deveria estar sendo difícil de maneira inacreditável pra ele.


- Tudo bem – falou por fim, limpando um pouco os olhos – Eu acho que sou capaz de te ajudar com isso.


- Como? – ele perguntou, pois não havia mesmo entendido o que ela queria dizer com aquilo.


- Não posso ficar com você, não posso ficar por aqui, não posso fazer nada, a não ser ir embora e deixar que você cumpra a vontade de sua avó. Não quero arrumar problemas pra você, e nós dois sabemos muito bem que sua avó pode ser um problema. Ela pode até roubar a Alice de nós, se quiser. Eu não quero. Eu não suportaria perder minha filha. E mesmo que doa te deixar, é o melhor que eu posso fazer por você. Mas eu te imploro: deixe-me levar ela comigo. Eu não só não sobreviveria sem ela, como não conseguiria imaginar ela sendo criada por outra mulher.


- Eu... É claro, meu amor, é claro – abraçou a mulher, deixando que ela chorasse o resto que tinha pra chorar.


E não houve outro momento em que pudessem sentir mais a tristeza um do outro; não houve outro momento em que estivessem mais tristes, inclusive. Era, mesmo que clichê, de partir o coração.


 


And I will always love you.


I’ll always love you.


 


 


- Tudo aconteceu tão de repente – ela falou pra si mesma, lágrimas caindo do rosto descontroladamente.


Passou o dedo mais uma vez pela porta-retrato no qual havia uma foto deles juntos; eram uma família linda, aliás, perfeita. Tinham de tudo pra dar certo, mas o destino não parece ser mesmo fã de casamentos e vidas felizes. Algo tinha de dar errado. Ah, disso Marlene sempre soube, mas nunca esperou que o que desse errado fosse algo tão... ruim. Era terrível deixar seu quase-marido pra que ele se casasse com outra mulher, mas era necessário.


Tentou se lembrar disso ao sair do quarto. Passou o dedo delicadamente sobre todos os móveis, todos os cantos, deixando claro como sentiria falta de cada pedacinho daquela casa. O carro lhe esperava lá fora, Sirius estava trabalhando e havia pedido a ela que não fosse enquanto ele não voltasse, mas o que ela poderia fazer? Seria infinitamente pior ir se ele estivesse ali. Alice estava na casa de sua mãe, onde ela buscaria a menina para que pudessem viajar até onde morariam agora: uma cidadezinha do interior dos Estados Unidos, onde seus avós moravam.


Era hora de ir, ela soube ao ouvir o relógio batendo. Foi até a mesa da sala, onde havia um porta-retrato com uma foto dos dois juntos apenas; deixou o anel de noivado em cima da mesa e beijou a foto, fungando mais uma vez.


- Eu sempre vou amar você, não esquece – falou pro Sirius sorridente da imagem congelada e então saiu, tentando não olhar nem por uma última vez ao lugar que lhe fez feliz por anos. 

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Eu sei. Tá tosco. Perdão, perdão e perdão. Um dia eu reescrevo essa fanfic! Por enquanto, enjoy it. Ou não. He. Sintam-se à vontade, tá bem? (: 

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