Soro da Verdade
" O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel." - Platão
Olhei em volta, Eileen e Jéssica observavam de longe nós dois.
Riddle abafou uma de suas risadas debochadas.
- Vamos ? - ele estendeu o braço.
Não segurei, apenas sai andando.
Ele foi atrás de mim.
Subimos até os terrenos de Hogwarts, onde o zelador estava com uma lista de quem tinha autorização.
Acenei para Charlus que estava com Dorea á poucos metros de nós.
Eu não tinha lá uma coordenação motora muito boa, gelo pra mim é a morte. Segurei no braço de Tom.
- Eu sei que você não consegue ficar longe de mim, Amélia - ele debochou.
- Acredite, Riddle, o que eu mais quero é ficar longe de você.
- Sério ? Então por que aceitou vir comigo ?
Dessa vez ele me pegou, corei.
- Você é que não aguenta ficar longe de mim, Tom - falei, mas não fui muito convincente.
O zelador fez sinal para passarmos, e então saimos de Hogwarts.
- Me chamou de Tom ? Que milagre, você realmente me ama, Miller.
Fiquei em silêncio, apenas acompanhando ele, não demorou muito para chegarmos á Hogsmeade.
Andei até o Três Vassouras, mas ele segurou meu braço.
- O que foi agora , Riddle ?!
- Vamos à um lugar mais reservado - ele disse friamente.
- Não quero. Quero ir ao Três Vassouras... quer dizer, Uma Vassoura. - falei com raiva
- Eu não perguntei se você quer - ele falou no mesmo tom - eu disse que vamos ao um lugar mais reservado, não pedi sua opnião.
Bufei, ele me arrastou até o Cabeça de Javali. Deserto.
Sentamos em uma mesa empoeirada, Tom chamou o barmen e pediu duas cervejas amanteigadas. Simplesmente pediu, sem nem perguntar pra mim.
O barmen se retirou e logo voltou com as bebidas. Agradeci e dei dois nuques á ele.
Eu e Tom bebemos em silêncio
- Qual é seu segundo nome ? - ele perguntou do nada.
- Elizabeth - respondi, sem pensar, só depois pensei em ser mal educada, mas isso não nos levaria á lugar nenhum. Mas é difícil me controlar... ora, ele era o homem que matou meus pais.
Mas uma voz disse em minha cabeça : não, ele ainda é um adolescente, não um genocida.
- Amélia Elizabeth Miller - ele falou meu nome cuidadosamente - posso te chamar de Elizabeth ?
Corei, meu pai me chamava de Elizabeth.
- Po-pode.
- Então, Elizabeth - ele disse calmamente, mas podia sentir alguma coisa por trás disso - você não é daqui, não é ?
- Sou daqui sim - por que eu estava contando a verdade ?!
Ele tomou um gole da cerveja e me fuzilou com os olhos.
- Elizabeth... eu andei pensando...
Me ocorreu agora que eu tenho mais de um nome... credo, sou uma traficante. Rachel, Amélia e agora Elizabeth.
- Eu formulei uma teoria. - ele continuou.
- E qual é ? - perguntei curisosa
- Você provavelmente é de uma época diferente, isso fica visível nas suas palavras, ações e manias. Moças daqui cruzam as pernas ao sentar, são sempre amavéis com qualquer garoto, principalmente comigo e é claro, se produzem sempre.
Ele me fitou.
- Continue - falei.
- Você é displiscente, não liga em se produzir, não liga em gritar em público, sente repulsa pelas roupas que usam. De que época você é ?
- Eu sou de 98. - AAH, P****.
- Elizabeth... - ele disse ameaçador.
Me encolhi, minha coragem se esvaíra.
- Vira-tempo ? - ele perguntou.
Então me olhou, era como Dumbledore, parecia que ele podia ver minha alma.
- Sim - eu disse com a voz fraca.
Por que eu estava falando tudo aquilo ? As palavras simplesmente escapavam da minha boca antes que eu pudesse segura-lás.
- Veritasserum - eu sussurrei horrorizada - você colocou Veritasserum na minha bebida.
Veritasserum, o soro da verdade mais poderoso do mundo.
Me levantei, eu precisava sair dali. Mas ele segurou meu braço com força, muita força pra falar a verdade.
-Como me conhece ?
- Seu nome é muito conehcido na nossa época.
Os olhos dele brilharam, mas ele não perguntou o motivo, acho que ele não queria alterar o futuro.
- Por que você não volta para a sua época ?
- Quebrei o vira-tempo.
Caí de joelhos no chão empoeirado do bar. Lágrimas desceram pelo meu rosto antes que eu pudesse me controlar.
- Você é diferente, Elizabeth - ele falou friamente - você é especial, é a frente de sua época.
Mas naquele momento eu não quis dar ouvidos à ele. Eu tinha estragado tudo, Dumbledore ia ficar descepcionado. Eu estava descepcionada comigo mesma... sentia nojo de mim.
O cara quem matou meus pais, como eu pude aceitar sair com ele ?
Chorei.
- Chorar é para os fracos, levante-se. - ele disse no tom frio de sempre.
Levantei minha cabeça.
- EU ODEIO VOCÊ, EU ODEIO VOCÊ !
Ele se ajoelhou ao meu lado e passou o braço em volta do meu ombro. Deitei a cabeça no ombro dele.
Não me julgue, apenas se ponha na minha situação. Não chorava por ter caído na armadilha de Tom, chorava por não ter pais, por estar longe da minha época e por ter desobedecido Dumbledore.
Será que ele ia me expulsar de Hogwats ? Quero dizzer, pedir para Dippet me expulsar ?
Onde eu ia ficar ?
Naquele momento, não quis mais saber de nada, só chorar todas as minhas mágoas... no ombro do causador delas.
Fiquei ali pelo que me pareceu ser uma meia hora. Até conseguir me recompor.
Me levantei, ele fez o mesmo. Evitei de olhar para ele, só olhava para o chão.
O barmen passava um pano no balcão. Será que ele tinha visto ? Bem, não importa.
- Você pode me odiar agora, mas Amélia Elizabeth, isso foi necessário. Esse vai ser nosso segredo.
Assenti. Não importava mesmo...
- Quer ir á algum lugar ? - ele me perguntou.
- Que-quero voltar para Hogwarts. - falei com a voz embargada.
Ele não disse nada. Apenas segurou minha mão e me conduziu até o castelo.
Não me lembro de quase nada, só de ter chorado o caminho inteiro, tropeçado umas três vezes e sendo amparada por Tom.
Entramos no castelo, fomos pras masmorras. Entrei no Salão Comunal e me joguei em um sofá.
Tom sentou e colocou gentilmente minha cabeça em seu colo. Não liguei, apenas fechei os olhos e dormi.
" Eu sabia que estava sonhando. Eu estava em um jardim com Tom.
Ele estava ao meu lado. Na minha frente estavam Dumbledore e meus pais.
- Você é uma vergonha ! - papai gritou.
- Não - senti lágrimas em meus olhos.
- Como você pode revelar o segredo para ele, Amélia ? Você me traiu, traiu a todos nós.
- Não... por favor, não foi minha culpa - sussurrei pateticamente com a voz embargada pelo choro.
- Você é uma fraca - mamãe disse com frieza - perdeu para um simples soro da verdade. Tenho vergonha de ter você como filha
- NÃO, NÃO, POR FAVOR - eu disse antes de ser engolida pela escuridão "
Acordei assustada. Tom ainda estava lá, eu ainda estava deitada no colo dele.
- Pesadelo ? - ele perguntou parecendo desinteressado.
- Não - menti, senti um nó na garganta.
Ele me olhou sem emoção como sempre.
- Quanto tempo eu dormi ?
- Não foi nem meia hora - ele respondeu.
- Ninguem ainda voltou ? - falei, queria correr pra longe dele. Mas por que eu não fiz isso ? Estou pirando, definitivamente.
- Não - falou.
Encarei o fogo na lareira. Naquele momento, tudo que eu queria era morrer.
Eu queria morrer... é, é isso !
Me levantei, senti a varinha no meu bolso. Então sai do Salão Comunal sem olhar para Riddle.
Sabe... eu sempre tive medo de morrer, mas agora, seria o melhor a fazer.
Corri para o banheiro do segundo andar e entrei.
Ignorei os gritos e gemidos de Murta.
Suspirei e me larguei no chão, onde deitei e começei a chorar, joguei minha varinha ao meu lado.
Fiquei ali pelo que me pareceu muito tempo.
Meus pensamentos começaram a vagar, até parar em Tom...
Tom e seu sorriso debochado, Tom e seu sarcasmo, Tom e sua frieza, Tom e sua mania de quer ser mandão e melhor que tudo, Tom e seus " subordinados ", Tom e aquele cabelo milimetricamente alinhado...
AH, FALA SÉRIO, POR QUE EU ESTAVA PENSANDO EM TOM RIDDLE ?
Sussurrei um palavrão pra mim mesma, duro, alemão, feio e vulgar.
Então finalmente me decidi, era a hora.
Estendi a mão para pegar a varinha que devia estar largada ao meu lado. Devia, mas não estava.
Isso mesmo, minha varinha desaparecera.
Levantei e olhei ao redor, não tinha ninguem.
Que ótimo !
- Accio varinha - falei com um fio de voz.
Nada. Droga, droga, droga, droga. Minha varinha foi sequestrada.
Fiquei totalmente desnorteada, sem saber aonde ir, ou o que fazer.
Me deitei no chão frio novamente. Sentindo minha própria dor.
A dor é como um mar gelado, você é arrastado pelas correntezas, seu corpo dormente pelo frio, você não tem forças pra lutar, só pra afundar cada vez mais.
A escuridão do mar me engoliu, não vi mais o Sol, não voltei a superfície...
*
- Rachel ?
Abri meus olhos, Minerva me fitava preucupada.
Me levantei, surpresa, notei que estava ainda no banheiro, sem varinha.
- Hã ? - perguntei realmente confusa.
- Você desmaiou ? Murta contou que te viu aqui e que você parecia muito mal, então resolvi vim ver o que tinha acontecido !
- Sim eu desmaiei. - menti, que ótimo, o efeito da Veritasserum já tinha passado.
- Ah, já é hora do jantar, você está disposta ?
Ri, mas foi uma risada apavorante de tão seca.
- Você está bem ? - ela perguntou, se tinha uma coisa que Minerva McGonagall é, é perceptiva.
- Sim - menti novamente.
Ela contraiu os lábios, mas deu os ombros.
- Vá na Ala Hospitalar.
- Não precisa, obrigada. - falei - Tchau.
Sai do banheiro sem olhar pra trás.Desci as escadarias pisando firme.
Então notei uma ausência, uma ausência que já deveria ter sido notada, ou melhor, já fora mas eu não pensei muito nisso, minha varinha.
ONDE ESTÁ MINHA VARINHA ? Eu estava quase aos prantos, não quis aparecer pro jantar, fui direto pro dormitório vazio.
Me taquei na cama e senti uma coisa dura em minhas costas.
Sim, minha varinha. COMO ELA FOI APARECER ALI ?
Emiti um gritinho histérico.
Um pedaço de pergaminho estava em baixo da minha amada varinha.
Peguei e li :
Não faça nenhuma besteira, Elizabeth
Suspirei. Não estava assinado, mas eu sabia exatamente quem mandara.
Como ele havia entrado no banheiro ? Oh, Mérlin.
Rasquei um pedaço de pergaminho que tinha em baixo da minha cama e rabisquei uma resposta com o garrancho que eu chamo de letra.
Me deixe em paz
Fui até o dormitório masculino. Eu realmente não sabia qual era a cama de Tom, mas devia ser a que tinha um malão na frente com as iniciais : TSR
Então sentei na cama e coloquei o pedaço de pergaminho em cima do travesseiro dele.
Mérlin, como eu estava cansada. Sabe, dormir no chão não é a melhor experiência do mundo.
A cama dele parecia tão macia... deitei , não sei porque fiz isso, a cama tinha um cheiro bom, era o cheiro dele.
Me perdi cheirando seu travesseiro, seu edredom e quando notei... já estava dormindo na cama de Tom Riddle.
N/A: Parte 2 do capitulo anterior, resolvi dar outro título, porque "Murta" não tinha nada haver com esse :S Brigada pra quem tá lendo, vou postar mais amanhã.
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