Capítulo único





Esse ficlet faz parte do projeto Into the Pensieve.



A Oitava Arte


Severo Snape está estático, em frente a um senhor de longa barba prateada. Ambos mantêm contato visual por alguns minutos. De repente, Severo vira o rosto abruptamente, com uma expressão de dor.


O velho continua analisando o homem amargurado sentando em frente a sua mesa. "Esvazie a sua mente."


Severo retorna o olhar, incerto. "É impossível."


"É necessário." Respondeu o velho homem, intimativo. "Tente outra vez." Severo suspirou e depois voltou a olhar através daqueles oclinhos de meia-lua.


Em menos de um minuto, ele abaixou a cabeça, derrotado e ofegante. "Não consigo."


"Não desista."


"Dumbledore, já chega!" Ele se levanta. Dumbledore continua a observá-lo, pacientemente.


"No momento em que estiver próximo a Voldemort, você será constantemente analisado..."


"Para o inferno Voldemort! Não me importo, não o temo!" Disse Severo andando de um lado para o outro, inquieto.


"Não preciso dizer que Harry Potter está, agora, enfrentando o primeiro aniversário sem os pais, sozinho..."


"Não precisa dizer!" Interrompeu, parando atrás da cadeira.


"Sente-se. Quero que tente novamente, mas peço que dessa vez não resista. Para entender a Oclumência você precisa, primeiramente, compreender a arte da Legilimencia. Não tema, não estou aqui para julgá-lo."


Por alguns segundos, Severo pareceu hesitar, depois se sentou ainda receoso.


Mais uma vez, houve o contato visual entre eles. Desta vez Severo está mais relaxado.


A mente dele está sendo invadida. É como uma brisa leve levantando a cortina, acessando suavemente pensamento por pensamento, como se abrisse portas, ligando cômodos para finalmente visualizar a planta completa.


De repente, tudo veio ao mesmo tempo: duas mãos conectadas, "Você não vai me trocar por aqueles sonserinos, vai?"... "Deixe-a, é só uma sangue ruim", risos... "Ei, cuidado com o nariz, Ranhoso!", uma bomba de bosta vindo em sua direção... Um beijo, a mão dela no cabelo dele, "Não tem jeito mesmo, James"... "Então, o que você tem para o seu mestre?" rosto pálido, olhos inumanos...


E então, acabou.


Snape abriu os olhos, o suor escorria por todo o corpo. Olhava em volta do escritório como se estivesse fora por muito tempo. Olhou para sua frente, Dumbledore sorria.


"Muito bom. Acho que finalmente está compreendendo."


"Estou? Você acabou de encontrar o meu ponto fraco."


"E você me bloqueou."


"Tarde de mais."


"Suficientemente cedo para alguém que mal começou a apreender." Ele disse isso se inclinando sobre a mesa. "Por hoje chega, mas saiba que pode usar minha penseira quando achar necessário. Acho que a melhor maneira de esvaziar a mente é reavaliando nossos pensamentos."


A cena se solidifica e reaparece algumas vezes, sempre no escritório do professor Dumbledore. Em todas às vezes, Severo usa a penseira, depositando um pensamento diferente a cada vez. Analisou seu primeiro dia em Hogwarts, uma briga dos pais, a detenção com o Potter, a marca negra sendo desenhada no seu braço... Pouco a pouco, todos os seus traumas estavam sendo colocados naquela penseira. A mente dele estava sendo esvaziada. Os pensamentos continuavam lá, mas de alguma forma ele, agora, conseguia desconectá-los.


As primaveras que se passaram deixaram o semblante de Snape mais grave, enquanto ele mantinha contato visual com Dumbledore. Depois de lançar um olhar imensamente penetrante, Alvo sorriu. Snape consentiu com um movimento de cabeça e retirou-se sem dizer uma palavra.


. . . . . . . . . . . .


Notas


Uma historinha sobre a evolução do Snape ao lado de Dumbledore. Achei interessante me referir a ele pelo sobrenome apenas no final da fic, quando ele realmente deixa a imagem de aluno para se tornar o professor.



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