Palavras



Cold.
Cold water surrounds me now...




Água.
A sensação era a de que estava imersa numa água fria, gelada, cortante. Não conseguia respirar, não conseguia sequer se mexer... E o cansaço. Abandono. E a terrível intensidade daquele olhar que agora evitava seu. Por mais que tentasse não conseguia conter as lágrimas que desciam silenciosamente por seu rosto, afogando-a, e ele ali, sem sequer estender a mão, assistindo ao seu sofrimento, causando-a. Se ao menos ele pudesse ouvi-la, se ao menos ele pudesse esfriar um pouco a cabeça... estava tudo tão recente, tão repentino. E o pior era aquela culpa, que ela sequer sabia se era realmente sua ou não.




Um soluço trêmulo escapou de sua garganta atraindo a atenção do Sr. Weasley, sentado ao seu lado, entretido numa conversa com alguns membros da ordem que ainda estavam no hospital, entre eles seus filhos mais velhos Gui e Carlinhos. Recebera um olha que perguntava com todas as letras se ela estava bem, mesmo com a ausência das palavras. Ela limitou-se a acenar positivamente voltando seu olhar para um ponto qualquer enquanto tentava inutilmente secar as lágrimas que continuavam a rolar por sua face.




Sentiu uma mão quente e acolhedora em seu ombro enquanto o coração falhava um batimento agarrado a um fio de esperança. Mas não era ele, era Gui que tentava lhe passar algum conforto, dizendo que tudo ficaria bem, que estavam todos fora de perigo agora. Ela mais uma vez concordou tentando esboçar um pequeno sorriso que só fez aumentar o dilúvio em seus olhos. Precisava sair dali.




__ Eu... vou...- começou ela numa voz que sequer reconheceu como sua.
__ Tudo bem.- disse Gui num olhar carinhoso.- Vá.
__ Certo.- murmurou ela, seu olhar mais uma vez encontrando com os tempestuosos olhos castanhos que mais uma vez a evitava.




Levantou-se rapidamente, suas pernas guiando-a sem a menor noção de para onde estava indo, alheia aos transeuntes que lhe lançavam olhares curiosos, alheia aos diversos sons de conversas, gritos, choros... Em seus ouvidos, em sua mente havia apenas a água, consumindo-a, sufocando-a impiedosamente. Entrou numa porta a esquerda, fechando-a atrás de si prontamente, ofegante, como se tivesse corrido milhas e milhas para chegar até ali, na esperança de que a água ficasse para trás.
Viu-se sendo encarada por um par de olhos cinzentos em condições muito parecidas aos dela, vermelhos e inchados.




__ Granger.- disse ele só por dizer.
__ Oi...- disse ela, a voz trêmula e embargada.




Ficaram algum tempo apenas se encarando. Draco sequer se deu ao trabalho de ler a mente da morena. Estava tudo tão óbvio em seus olhos e expressão que qualquer otário perceberia a tristeza e angústia que lhe assaltavam. Sentimentos que travavam um imenso conflito em si mesmo. Na certa, assim como ele, ela deveria estar apenas querendo se isolar, fugir do mundo, de tudo e de todos... Mas, por quê? Afinal, pelo menos para ela as coisas tinham terminado bem, sem danos visíveis pelo menos, ou havia acontecido alguma coisa que ele não estava sabendo? Não fazia idéia de quanto tempo havia se passado desde a hora em que deixara o quarto de...




__ A Gina esteve perguntando por você.- disse ela, o tom de voz quase inaudível.
__ Hm...- fez ele. Pelo menos não havia acontecido nada com ela.
__ Chegou até a me perguntar se nós não estávamos tentando afastar você dela...- continuou a morena mirando-o curiosamente, as lágrimas enfim começando a cessar.- eu disse que tínhamos procurado você mas... a gente não te encontrava.
__ Hm...- fez ele mais uma vez, tentando se fingir desinteressado.
__ E você só diz “hm”?- perguntou ela o rosto mostrando uma certa incredulidade.
__ O que você quer que eu diga Granger?- perguntou ele, a voz arrastada e entediada.
__ Do que você está fugindo Draco?- perguntou ela após alguns minutos em silêncio, nos quais apenas observara o loiro que mantinha o olhar distante.- E Por quê?
__ Não estou fugindo.- retrucou ele visivelmente incomodado.
__ Então porque ainda não foi falar com ela?!- insistiu a morena recebendo um olhar cansado e abatido do sonserino, olhar que dizia claramente que ele não estava disposto a responder. Irritou-se- Vocês não fazem idéia do quão parecidos são...
__ Vocês...?- indagou ele revirando os olhos impacientemente.
__ Dois cabeça duras! Sempre tirando conclusões precipitadas, sempre se julgando os donos da verdade... E nunca estão dispostos a ouvir o que a gente tem a dizer! Tão.... – a garota fez um som incompreensível e desatou a chorar, voltando a sua narração descoordenada.- Se ao menos ele pensasse no quanto ele está me magoando... eu sei que eu errei...
__ Granger...- chamou Draco começando a entender o desespero da garota.
__ Aliás... eu nem sei se eu errei!- disse ela num riso histérico- eu só estava tentando ajudar, fazer o que me pareceu certo naquela situação. Não ia adiantar falar para ele, não ele sendo impulsivo do jeito que é... e agora...
__ Granger...- insistiu ele aproximando-se dela.
__ E agora ele diz que não vai me perdoar e eu realmente não consigo... - não conseguia mais falar, as lágrimas voltavam a lhe sufocar como há minutos atrás.-
__ Hermione.- chamou Draco. Dessa vez conseguira atrair a atenção da jovem que o olhava numa expressão de choque que logo foi substituída pela dor.
__ Eu só queria que ele estivesse....- começou ela.
__ Eu sei.- assentiu ele sentindo os olhos arderem.




Vira refletido nos olhos da morena parte dos sentimentos que o assaltaram desde o momento em que deixara o quarto onde estava Gina. Sabia o que era aquela angústia, aquela incerteza... E naquele momento viu que ali estava uma pessoa comum, nem melhor nem pior que ele, apenas uma pessoa que assim como ele, tinha sentimentos, um ser humano.
As lágrimas rolaram por seu rosto pálido enquanto assistiu a morena, num claro gesto passional, se jogar em seus braços, extravasando o turbilhão confuso que se instalara em seu peito, tentando se livrar de todo aquele frio.




__ Por favor, fale com ela.- pediu ela num murmúrio.
__ Eu não posso...- sussurrou Draco entre as lágrimas silenciosas.
__ Não! Não faça o que ele está fazendo... é... injusto!
__ Talvez ele só esteja confuso...- ponderou ele, acabando por revelar como se sentia no momento. Confuso.- você mesma disse... “ele é impuls...”
__ “Impulsivo”-completou ela voltando-se para encara-lo.
__ Tenha calma.- pediu ele estendendo uma mão trêmula para tentar conter as várias lágrimas que rolavam pela, agora pálida, face dela.
__ Você...- começou ela notando enfim as lágrimas no rosto do loiro.
__ Tudo bem...- apressou-se ele virando o rosto, desvencilhando-se do abraço.
__ Draco.- disse ela, repetindo exatamente o gesto que a pouco ele fizera, secando uma lágrima solitária que escapara de seus olhos.




Definitivamente, aquele era um Malfoy que não conhecia. Ou talvez, aquele fosse somente Draco, alguém que acabava de renascer, disposto a recomeçar assim como muitos provavelmente fariam com o final da guerra. Deparou-se com o azul elétrico dos olhos dele, havia uma sombra neles, uma certa melancolia... nada incompreensível se tratando do rapaz que acabara de viver tudo o que ele vivera poucas horas atrás, concluiu. E ela ali fazendo aquela cena por causa do estúpido Ronald Weasley... que ela tanto amava.




__ Vamos dar tempo ao tempo...- sussurrou ela num sorriso triste que foi igualmente correspondido por ele.
__ Pra quê esperar?! Vocês podem assumir o romance hoje mesmo!




Draco de um suspiro cansado enquanto via a expressão do rosto de Hermione ser tomada pela surpresa ao divisar o rosto visivelmente transtornado do ruivo à porta. Não havia sinais de que havia chorado mas a raiva era praticamente palpável, mesmo naquela distância. “Idiota.”, pensou Draco, a irritação crescendo como um balão de gás dentro dele. Aquele Weasley era mesmo um... Idiota!”.
“ Assim como você...” Respondeu uma voz a muito conhecida, em sua mente. Bufou impaciente e dirigiu-se ao ruivo, os olhos pregados nos dele.




__ Weasley, se você quiser bancar o idiota o problema é todo seu- sentenciou ele.- Mas, agir como um idiota... faça-o mas, não com ela. Não na minha presença.
__Oh! Só o poderoso Malfoy pode agir como um idiota na presença de uma sangue ruim?!- rosnou Rony sarcasticamente.





A sensação era a de que uma pedra de gelo acabava de sentar em seu estômago, queimando-o por dentro, machucando-o. Jamais aquelas palavras soaram tão perversas e dolorosas. Conhecia bem o efeito delas nas pessoas quando ditas por si, mas sequer ousava imaginar o efeito delas quando ditas pela pessoa amada... muito menos o arrependimento e a dor sentida, que com certeza os assombrariam.




__ Eu não sou obrigada a ouvir isso.- disse Hermione. O tom era seco e frio, diferente dos olhos que estavam marejados mas ainda seguravam as lágrimas prestes a correr.- Você...
__ Granger...- chamou Draco no momento em que seus olhos se encontraram quando a morena começava a se dirigir para a porta.
__ Esquece.- cortou ela passando diretamente por ele. E emendou.- Só não seja tão perverso com ela, e principalmente, não seja igual a ele.
__ Hermione...- começou Rony, a voz embargada e o peso de suas palavras latejando em seu peito.
__ Com licença- pediu ela formalmente, empurrando-o para o lado para enfim sair do aposento em que estavam.




Draco suspirou cansado vendo a morena sair rapidamente pela porta, como areia escapando das mãos. E aquele ruivo idiota ali: Pasmo, os olhos divididos entre a raiva, o medo e o arrependimento. Sequer tentaria entender o que o levara a cometer tamanha insensatez, pois não havia outra palavra para classificar o que ele fizera há pouco. Fora insano, algo que ele jamais esperaria vinda dele. E justamente quando tudo o que ela precisava era de seu apoio, sua compreensão, da certeza de que estaria ali, ao lado dela...
A probabilidade dele a perde-la para sempre era praticamente irrevogável mas, tantas pessoas haviam perdido naquela guerra, tantas separações, tanto sofrimento... não era justo que justo no fim de tudo mais pessoas viessem a sofrer.




__ O que está esperando?!- Explodiu Draco tirando Rony de seu semi-estado de choque. Não precisou nem se esforçar para ler o desespero expresso nos olhos do ruivo que mostravam claramente que ele não tinha noção do que fazer.- Vai atrás dela! Não a deixe escapar.
__ Mas...
__ Apenas diga o que estas sentindo, como se sentiu... Se ela te ama ela vai procurar te entender.- continuou Draco empurrando-o ruivo porta a fora.- Não faz isso com ela... ela te ama.




As palavras de Draco só fizeram piorar a dor em seu peito. Onde estava com a cabeça?! Não fora sua intenção chamá-la de sangue ruim, o ódio ao vê-la tão próxima de Draco, sendo aparentemente consolada por ele... Quando dera conta as palavras já tinha pulado de sua boca, espalhando o gosto amargo do rancor em seus lábios, sufocando-lhe, congelando seu coração. E os olhos dela... jamais esqueceria toda a mágoa e tristeza cujo o causador era ele mesmo.
Aumentou o passo ao ver a cabeleira castanha da morena um pouco mais adiante, cercada pelas cabeças ruivas de sua família que estava reunida no corredor do quarto onde estava Gina.




__ Tudo bem querida- disse a sra Weasley num tom visivelmente preocupado.- O Gui pode te acompanhar até a ordem, de lá você pode ir para casa.
__ Muito obrigada Sra Weasley- agradeceu a bruxa, a voz um tanto rouca e sem emoção.- Podemos ir então?
__ Você consegue aparatar sozinha ou...?- perguntou Gui vendo o rosto pálido da jovem a sua frente.
__ Tudo bem- suspirou ela- encontro você lá na sala de reuniões.
__ Certo- assentiu ele vendo-a prontamente aparatar sem mais nenhuma palavra, intensificando a preocupação da sra Weasley.
__ Tudo bem mãe, eu vou ficar de olho. Qualquer coisa...
__ Eu vou.- interrompeu Rony.- Eu... apenas me deixe ir sim?




E sem mais aparatou na sala de reuniões em tempo de ver a morena encolhida ao chão, soluçando, os braços envolvendo os joelhos, a cabeça no espaço feito entre eles. Sentiu os olhos arderem e a voz sumir à medida em que se dirigia ao canto da sala onde ela estava. Sentiu-se sujo, indigno... mas a confusão ainda estava presente em sua mente, ainda não conseguia assimilar tudo o que estava acontecendo desde o momento em que o céu começara a desabar naquele maldito dia de chuva em que as irmã fora raptada. Queria com todas as forças eliminar aquela sombra que se somava ao seu desespero mas... nau conseguia.



__ Hermione.- chamou ele, a voz fraca e rouca.
__ Saia daqui- pediu ela num fio de voz, sequer voltando-se para fita-lo.
__ Eu preciso...
__ Você já disse tudo o que tinha a dizer.- cortou ela,- já tirou suas próprias conclusões... agora apenas me deixe em paz.
__ Você tem que me ouvir!- descontrolou-se, vendo-a finalmente erguer a cabeça para olhá-lo. Não havia raiva em seu olhar, apenas o cansaço e a decepção.
__ Ouvir mais o quê? Já não foi o suficiente? Você quer o quê agora, me crucificar?- começou ela, a voz aumentando a media em que se levantava apoiando-se nas paredes.- Porque por mais que você me culpe por tudo o que aconteceu eu não vou assumir essa culpa que eu ainda nem sei se realmente é minha. Pra falar a verdade eu nem consigo entender pelo quê você está me culpand...
__ Você acobertou aquele canalha!- bradou ele serrando os punhos.- Enquanto ele se divertia com a minha irmã!
__ Você já parou pra pensar que a sua irmã tinha total noção do que estava fazendo?- perguntou ela calmamente.
__ A Gina é uma criança!- irritou-se.
__ Não Ronald.- disse ela firmemente, sem esconder o cansaço em sua voz.- A Gina não é mais aquela criança de onze anos que precisava do irmão para protege-la, coisa que eu não me lembro de você ter feito...
__ Eu não protegi a minha irmã?!- indignou-se, a raiva voltara a ferver em seu estômago.
__ Onde você estava quando Tom Riddle...
__ Eu me arrisquei entrando na câmara secreta! Sem me importar com o que iria me acontecer ou não! Tudo o que eu fiz foi...
__ E ONDE VOCÊ ESTAVA QUANDO ELA PRECISOU DE UM AMIGO?! QUANDO ELA TEVE QUE RECORRER A UM DIÁRIO PARA DRIBLAR A SOLIDÃO?!- gritou Hermione, as lágrimas voltando a rolar por sua face.- Pare de ser hipócrita Ron! Você só começou a zelar por ela com devia quando se deu conta de que ela já não era a tão indefesa Gininha...
__ Eu sempre cuidei de minha irmã. Sempre fui responsável por ela...- insistiu ele, as orelhas queimando.- Você não tinha o direito de me esconder, todo esse tempo... E com o Malfoy!
__ Eu não escondi nada.- negou a morena.- Eu apenas fiz o que eu achei o certo naquele momento.
__ O certo?- ironizou o ruivo.
__ O quê você queria que eu fizesse?!- indagou Hermione, a voz embargada pelas lágrimas que trilhavam caminhos de mágoa por seu rosto cada vez mais pálido.- Que eu corresse para o irmão esquentadinho e impulsivo dela para contar que ela possivelmente estaria se envolvendo com o maior inimigo dele e de seu melhor amigo?! Pra no dia seguinte te ver atracado com o Draco nos corredores da escola?!
__ Draco... e além de encobertá-lo agora estão íntimos.- resmungou encolerizado, a voz soando perigosa.- Até chorar nos braços dele você chorou não é?
__ Pelo menos ele estava lá.- respondeu sentindo a dor carregada em cada sílaba daquelas palavras e o efeito delas em si mesma e nele.- Pelo menos ele se mostrou disposto a ao menos se sensibilizar com o meu sofrimento, disposto a não me julgar, a me fazer acreditar que tudo estaria bem... a estar ao meu lado.
__ E você em algum momento esteve ao meu lado? E você em algum momento parou pra pensar que eu poderia reagir de uma outra maneira em relação ao que estava acontecendo entre eles?
__ Poupe-me Ronald. O máximo que você faria seria dizer que Gina estava apenas querendo chamar atenção ou alguma coisa idiota do gênero.
__ O que e não duvido que seja verdade.- completou ele veementemente.
__ Isso só mostra o quanto você confia em sua irmã...- disse ela, a voz triste e conformada.
__ Você não tem noção de como é... – disse, as mãos correndo pelos próprios cabelos num gesto de frustração.- Eu não tinha idéia do que estava acontecendo, minha irmã nas mãos daquele maníaco, meu irmão naquele estado, você...- as palavras sumiram de sua boca enquanto lutava para segurar as lágrimas em seus olhos.- Foi como se de repente eu tivesse perdido você. Como se do nada tirassem você de mim, como se me atassem os pés e as mãos... e eu não...
__ Não percebe que o que eu sinto por você é muito maior que tudo isso.- completou ela, o olhar ferido encontrando os olhos marejados dele.- Por que mesmo que você não perdoasse, mesmo que eu fosse a verdadeira culpada por tudo e que até mesmo a sua família e você nunca mais quisessem falar comigo, mesmo que você se negasse a viver, estar com uma sangue ruim...
__ Hermione...- o nome dela saiu num lamento enquanto as lágrimas desciam por seu rosto cansado.
__ Eu jamais desistiria de você Ronald Weasley, você nunca me perderia...- soluçou.- Nem mesmo a morte seria capaz.




As palavras dela foram o golpe mais forte que recebera desde o momento em que entrara naquele aposento, mas fortes até mesmo que as malditas palavras que dissera minutos atrás. Mas a maior certeza naquele momento era a de que jamais teria a oportunidade de concertar os estragos que fizer, para sarar aquelas feridas que abrira... Mas, tudo acontecera tão rápido, fora tudo tão confuso, tão injusto que por mais que não houvesse justificativa para seus atos...



__ Eu não mereço o seu perdão...- Murmurou ele baixando o olhar.
__ Com certeza não- disse ela, o tom amargo e ferido.- Por que essa não é a primeira vez que você me machuca e com certeza não será a última...
__ Vai sim- cortou ele levantando-se.- Sou eu que não mereço sequer fazer parte da sua vida e...
__ Porque você tem que ser assim tão idiota?!- exasperou-se.- eu estou aqui dizendo que eu não vou desistir de você jamais e você me diz q vai abrir mão de mim? Assim?!
__ É... difícil! Insuportável! Te olhar, te ver assim, ver toda essa dor, e saber que eu sou o causador disso tudo, que…- Sua voz saiu falhada e trêmula mas ainda assim cada vez mais aumentava, chegando próxima a um grito de dor que se libertava dele- droga... EU TE AMO!
__ Então não me deixe.- soluçou ela após um longo momento em silêncio, momento em que deixou aquelas palavras tomarem conta de sua mente, gravando exatamente o som delas sendo ditas pela primeira vez por ele.
__ Eu...
__ Não desista de mim...- insistiu ela voltando a chorar, esticando uma mão em direção a ele, chamando-o.- Por que eu também te amo.




Rony pôde ouvir um som furiosamente bruto de pura dor e se deu conta de que esse som havia saído de sua própria garganta enquanto ele envolvia Hermione em seus braços, possessivamente, sentindo-a tremer. Seu corpo delicado parecia que poderia se quebrar a qualquer momento. Ela estava gelada, seus braços enlaçaram-se no pescoço dele enquanto seu corpo desfalecia.
Pego de surpresa, com alguma dificuldade, Rony inclinou-se para toma-la nos braços, um embaixo dos joelhos dela e o outro em suas costas.




__ Eu sinto muito.- ele murmurou.- Muito.




E ele sentia. Muito mais do que seu peito podia suportar. Sentia por Gina, por sua família, pelo que tinham passado, pelo modo que agira com ela, por n]ao ter confiado nela, por não ter estado ao lado dela assim como desejara tê-la ao seu lado naquele momento. Beijou-lhe a testa enquanto seguia para a porta que dava acesso a cozinha dos Black para assim poder chegar as escadas que os levariam para os andares dos quartos da mansão.




Mal percebeu os olhares assustados e indagadores que voltaram-se para si no momento em que entrou na cozinha carregando uma Hermione que ainda chorava silenciosamente em seus braços. As poucas pessoas da ordem que ali estavam passaram despercebidas aos seus olhos. Tanto que sequer percebera que Carlinhos, que já voltara do hospital, abrira a porta do quarto que dividia com Harry para poupa-lo do “trabalho”. Apenas Hermione importava.



Com as próprias lágrimas se misturando às dela, entrou finalmente no quarto, iluminado por um toquinho de vela em seu criado mudo. Deitou-a na cama, deitando-se ao seu lado quando ela agarrou-o firmemente, não permitindo que ele saísse de perto dela.
Não era possível deitarem-se lado a lado na pequena cama, mas aquilo já era sabido por ambos. Rony rolou para suas costas, trazendo-a consigo, em seu peito, sentindo-a se acomodar, meio em cima de si, o rosto enterrado próximo a curva de seu pescoço, abafando soluços.




__ Eu estou aqui.- ele murmurou, tentando afastar toda a aflição que os envolvia, acariciando as costas dela numa tentativa de transmitir-lhe algum conforto. Coisa que deveria ter feito dias atrás, pensou amargurado.- Eu estou aqui Mione.
__ Eu preciso de você.- desabafou.- Tanto...
__ Eu também. Mais que o ar que eu respiro…- disse, a voz rouca, sentindo-a acomodar-se mais e mais sobre seu peito. Os soluços cessando.




Mais uma vez beijou-lhe a testa, afetuosamente, para alcançar um velho lenço numa das gavetas do criado mudo ao lado de sua cama. Com delicadeza, retirou os grande cachos que lhe ocultavam a face e o pescoço, seus dedos acariciando levemente a pele recém exposta, enquanto a respiração de ambos voltava ao normal. Apenas as lágrimas fizeram questão de continuar a rolar, por ambas as faces. Lágrimas de cansaço, lágrimas de tristeza, lágrimas que também eram lágrimas de alívio... Mesmo que esse viesse acompanhado pela dor e pelas marcas profundas que foram feitas durante todo aquele tempo, relativamente breve e infinitamente longo.





__ Ron- chamou Hermione, a voz mais baixa que um sussurro.- Me faz esquecer?
__ Eu… queria poder.- respondeu, sentindo-se sufocar tamanha a dor em seu peito.- Eu não posso.
__ Mas... eu não te fiz esquecer uma vez?- perguntou ela voltando-se para fita-lo, os olhos em súplica.
__ Não.- respondeu ele, a voz embargada.- Você fez com que eu não precisasse... você fez as coisas ficarem bem.
__ Por favor...- pediu ela voltando a deitar sobre o peito dele- Eu preciso.
__ Mas...
__ Me faz esquecer- sussurrou ela em seu ouvido.




Aquele gesto o fez ficar consciente do quão próximas suas bocas estavam, embora o corpo dela ainda estivesse gelado podia sentir claramente o hálito quente e febril dela chocando-se com o seu próprio. Viu como em câmera lenta as retinas castanhas dela voltando a fita-lo mais uma vez, num pedido mudo, pedido que ele não poderia negar, mesmo sem saber exatamente como atende-lo. Uma de suas mãos estavam agora entre as dela, para no momento seguinte sentir o doce toque dos lábios dela em sua palma. Com a mão livre Ron segurou seu rosto, sentindo sua pele fria e úmida, o vermelho dos olhos dela atormentando-o.




No momento seguinte pôde sentir seus lábios colados aos dela, no toque suave e gentil. A textura de seus lábios, a primeiro e vagaroso movimento em resposta, o som de sua respiração falha... Havia algo tão sagrado, tão novo e ainda assim conhecido naquele beijo, como se ela fosse um anjo, algo que ele mal poderia segurar, algo tão frágil que poderia evaporar-se ou dissolver-se com o peso de sua respiração.




Hermione sussurrou seu nome em seus lábios, deixando-o aprofundar o beijo, sentindo-o entrelaçar seus dedos longos e gelados em seus cabelos. E a água fria se foi.
Não estava mais perdida. Ele estava ali, com ela, ao seu lado. Fazendo-a esquecer, fazendo-a sentir-se amada, dando-lhe a certeza que o que quer que estivesse por vir nos dias a seguir, com certeza, seriam coisas boas, coisas melhores...
Dias ensolarados em seus corações...
Não mais a água.
Não mais o frio...
Nunca mais...








CONTINUA.





N/A: nhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Nau me matem por ter parado aí!
E nem por ainda nau fazer o Draco reencontrar a Gina ^^`
Isso soh vai depender d v6... Eu explico. Essa cena originalmente termina aí mas... rola aquela vontade de escrever uma NC pra esses dois fofos q eu amo tanto *ron e Mione*
Entaum? Vcs querem?
Coisa rápida, no comecinhu do próximo capt q tah quase prontu^^
Hein hein?



Tah tah... taum liberados pra me xingar jah, soh naum peguem mtu pesado blz?


Bjus pra todos
E lembrancinhas da bahia pra quem dxar um comentzinhu XD

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Comentários (1)

  • Najara Cristina

    Como assim parou aai ? :O to a decadas esperando quando vai ter novos posts ?amooo sua fic beijoos

    2011-03-10
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