Capitulo Único







Need You Now



















Picture perfect memories,


Scattered all around the floor.


 


 


 Marlene estava sentada no chão recostada na parede de seu quarto. Ela apoiava a cabeça nos joelhos, que estavam encostados ao seu peito, nas mãos, uma foto em que as duas pessoas nela se mexiam.


 Ela olhava fixamente para a foto, pensando em como tinha deixado as coisas chegarem aquele ponto. Sentia um nó se formar em sua garganta e lágrimas marejarem seus olhos, mas ela se recusava a chorar, ela terminantemente se recusava a isso. Não gostava de demonstrar fraqueza, por mais que estivesse sozinha em seu quarto, por mais que estivesse na penumbra, por mais que por dentro ela sentisse seu coração gritar devido à dor que sentia, ela não ia chorar.


- Lene? – ela escutou Lilly chamar.


 Ela levantou os olhos para a amiga com quem dividia o apartamento. Lilly a olhava com um ar preocupado, os olhos verdes angustiados por vê-la daquela forma. A ruiva chegou perto dela e se sentou ao seu lado, olhando para as fotos espalhadas pelo chão.


- O que você vai fazer com essas fotos? – ela perguntou apanhando uma foto do chão. Deu um pequeno sorriso ao vê na imagem Sirius beijando o rosto de Marlene possessivamente, quando eles ainda eram apenas amigos, nos tempos de Hogwarts.


- Queimar. – ela respondeu com a voz dura.


 Ela ouviu Lilly suspirar e começar a juntar as fotos para guardar na caixa de sapatos futilmente decorada com corações vermelhos brilhantes e estrelas douradas. A própria Marlene decorara quando estava em seu segundo ano em Hogwarts.


- James está preocupado com você. – Lilly falou virando o rosto para Lene.


- Diga a ele que eu estou bem. – Marlene falou encostando a cabeça na parede e fechando os olhos.


- Eu estou preocupada com você, Marlene.  – ela confessou.


 Passado alguns instantes, Marlene abriu os olhos e virou o rosto para a amiga. Encarou aqueles olhos muito verdes, que a avaliavam, que quase podiam ler a sua alma se ela não fosse tão boa em esconder sentimentos.


- Não fique. – ela forçou um sorriso – Eu estou bem.


- Não, Lene, você não está bem.


- Estou ótima. – Marlene falou rispidamente.


 Lilly suspirou e baixou novamente os olhos para a foto que segurava.


- Eu e James vamos sair, quer ir com a gente? – ela perguntou mudando de assunto.


- Não. – Marlene disse se levantando. – Na verdade, eu vou dar uma volta.


 Marlene jogou a foto que segurava na caixa que estava ao lado de Lilly, e fez menção de pegá-la, mas a ruiva a impediu.


- Deixa que eu guardo isso, Lene. – falou se levantando com a caixa nos braços, fazendo Marlene franzi o cenho. – Posso pegar uma blusa emprestada? – pediu.


- Claro. – Marlene falou pegando o sobre tudo encima da cama, vestindo-o.  Olhou-se rapidamente no espelho. Arrumou com as mãos os cabelos muito pretos, que contrastavam com sua pela branca e os olhos azuis escuros. Vestia uma calça jeans meio masculina e uma camisa justa de xadrez por baixo do sobre tudo cinza e um all star verde musgo.


- Mesmo com essa expressão triste que eu odeio ver em seu rosto, você continua linda. – Lilly disse sorrindo para ela pelo espelho.


- Não estou triste. – disse pegando o celular e as chaves no criado mudo, saindo e deixando Lilly sozinha em seu quarto.


 Marlene desceu correndo a escada do prédio antigo em que morava. Respirou fundo quando a brisa da noite bateu em seu rosto, bagunçando seus cabelos. Ela caminhou rápido até chegar à rua principal que estava movimentada. Ela via homens com pastas falando rapidamente no celular enquanto iam pra casa depois do trabalho e mulheres fúteis saindo de lojas que vendiam roupas trouxas caras. Ela balançou negativamente a cabeça enquanto entrava num ônibus.


 


Reaching for the phone


'cause I can't fight it anymore


 


 Ela tirou o celular do bolso da calça jeans, olhou para ele e abriu o flip. Uma foto dela e Sirius sorrindo a saudou, ela sentiu um aperto no peito e novamente a vontade de chorar a invadiu. Por que tudo com eles tinha que ser tão absurdamente difícil?


 Ela discou rapidamente o numero dele, mas não teve coragem suficiente para ligar. Rolou os olhos e apagou, recostando a cabeça no encosto do banco. O celular começou a vibrar na sua mão e ela sentiu todo o ar escapar de seus pulmões pensando ser ele, mas tudo que ela viu foi o nome de Dorcas piscando no visor externo.


- Oi, Doc. – ela disse sem muita animação.


- Onde você está? – Dorcas perguntou.


- Dentro do ônibus. – respondeu mecanicamente.


- Hum… onde você vai? Pra eu me encontrar com você. – ela disse.


- Eu quero ficar sozinha hoje, Doc, se você não se importa. – falou fazendo uma careta.


- Aah, tudo bem. – ela disse meio magoada. – Como você está?


- Estou bem. – falou a resposta pronta. – Não está chateada comigo, está?


- Não, não. – Dorcas falou. – Entendo que você queria ficar sozinha.


- Obrigada. – disse em voz baixa.


- Vai ficar tudo bem, Lene, sempre fica.


- Eu sei. – respondeu com a voz embargada. – Preciso desligar.


 Ela fechou o telefone antes que Dorcas falasse qualquer outra coisa. Sentia o nó em sua garganta apertar mais e sabia que não ia conseguir controlar o choro por muito tempo se continuasse falando, e a última coisa que queria era chorar. Ela se levantou e fez sinal para o ônibus parar. Ela desceu no ponto e saiu andando sem direção.


 


And I wonder if I ever cross your mind


For me it happens all the time.


 


Ela colocou as mãos nos cabelos quando viu onde estava. Um ato totalmente involuntário, suas pernas simplesmente a guiaram até o Largo Grimmauld.  Ela sabia que Sirius tinha voltado a morar com a mãe por uns tempos devido à morte do irmão dele. Ele se mudou um pouco antes de terminarem, e Lene ainda lembrava-se das poucas horas que passavam no quarto dele dentro daquela casa.


- Merda. – ela murmurou dando as costas para os números 11 e 13, recusando-se terminantemente em pensar na localização do número 12 entre as duas casas.


 Marlene entrou no velho parque que tinha em frente à casa de Sirius. Ela costumava encontrar com Sirius ali nas férias, em sua época de Hogwarts.  Ela sempre tinha problemas em casa depois com isso, afinal, na época, ela morava do outro lado de Londres.


 Ela caminhou até o lago e sentou-se em um banco que ficava em baixo de um carvalho. Sentiu-se estranhamente acolhida naquele lugar. Fechou os olhos e sentiu quando uma lágrima correu por seu rosto, seguida por outra e outra e outra.


 Marlene se abraçou e deitou a cabeça nos joelhos, chorando que nem uma garotinha estúpida e apaixonada. Pelo menos assim, ninguém a escutaria ou a veria.


 


It's a quarter after one, I'm all alone and I need you now.


Said I wouldn't come but I lost all control and I need you now.


And I don't know how I can do without, I just need you now.


 


 Marlene não sabia quanto tempo havia ficado ali sentada olhando para o lago. Sentia-se tão confortada naquele lugar que não sentiu a hora passar. Pegou o celular no bolso do sobre tudo e viu a hora pelo visor externo. 01h15min da manhã.


 Ela deitou no banco, sentindo-se extremamente sozinha, como nunca se sentira antes na vida. Um vazio habitava seu peito de tal forma, que ela mal conseguia sentir seu coração bombear o sangue, ela se sentia oca.


 Em seu intimo, sabia que não deveria estar naquele lugar, que lhe despertava tantas lembranças. Mas havia perdido todo o controle, não sabia mais o que fazer para se sentir bem, para seguir com sua vida. Tudo parecia preto e branco.


 Marlene sabia que precisava de Sirius tanto quando precisava do ar para respirar. Era como se houvessem destruído a base de concreto que a sustentava. Sentia-se deprimida, sem nada por dentro. Não conseguia mais encontrar um propósito para ser feliz, um motivo para seguir em frente. A única pessoa que poderia fazer com que ela se sentisse bem novamente não podia.


 


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Another shot of whiskey, can't stop looking at the door.


 


 Sirius estava sentado na sala de sua casa, segurando um copo de whisky de fogo. Já perdera a conta de quantas doses tomara. A garrafa de cristal estava sobre a elegante mesinha de canto de madeira escura, assim como todo resto da mobília da sala era.  A poltrona de tecido verde claro e prata que estava sentado lhe parecia um local estranho, pois não conseguia ficar confortável nela, apesar de suas grandes almofadas serem fofas e preenchidas com penas de pavões brancos. Uma das frescuras de sua mãe.


 Ele levou o copo aos lábios, virando de uma vez só o que restava do líquido. Pegou, automaticamente, a garrafa se serviu de outra dose. Olhava para porta com um interesse incomum, como se esperasse que alguma coisa surpreendente acontecesse.


 


Wishing you'd come sweeping in the way you did before.


 


  Sirius sabia que nada aconteceria. Que ela não entraria por aquela porta. Ele desejava tão desesperadamente que Marlene entrasse arrebentando por aquela porta, tropeçando, como sempre, no capacho, fazendo com que sua mãe dissesse alguma coisa inconveniente para deixá-la sem graça, inutilmente. Desejava tanto que chegava a doer, como se fosse uma dor física.


 Ele costumava ser feliz naquela época, apesar dos pesares. Marlene tinha o dom de iluminar seu dia com aquele sorriso de dentes perfeitamente brancos, o seu cheiro o acalmava e a sensação de estar em seus braços fazia com que todos os problemas fossem embora. Era uma sensação que não pertencia mais a ele.


- Bebendo outra vez. – a voz seca de sua mãe o despertou de seus devaneios.


 Ele desviou os olhos da porta escura para a mãe. Ela o olhava daquele jeito arrogante de sempre, com os braços segurando firmemente o xale preto em volta do corpo rijo. Sua mãe seria bonita se não mantesse aquela expressão dura no rosto o tempo todo, e os cabelos negros puxados para traz num coque bem feito a deixava cinco anos mais velha.


 Ele tentou ignorar a presença de sua mãe dando uma golada no whisky, mas ela fazia questão de ser notada. Ele viu quando ela ergueu o queixo arrogantemente.


- Você deveria mostrar mais respeito à morte de seu irmão. – ela disse – Nem parece que sente a falta dele.


 Sirius revirou os olhos e bebeu mais um gole do whisky, decidido a ignorar a presença da mãe, que insistia em perturbá-lo com suas provocações sem sentido.


- Não me diga que está nesse estado deplorável por causa da garota. – ela tocou na ferida.


 Ele levantou os olhos para a mãe, que agora rastejava para perto dele feito uma cobra venenosa.


- Você não pode estar desse jeito por causa daquela qualquer, Sirius! – ele falou.


- Não ouse a falar de Marlene. – ele disse serio, no mesmo tom que ela.


- Você fica se remoendo por causa daquela garota McKinnon, mas pela sua família você nem se interessa! – ela disse alto.


 Sirius se levantou rápido e sentiu a cabeça girar um pouco devido as inúmeras doses de whisky de fogo.


- Família? – ele perguntou incrédulo – A senhora mal sabe o significado dessa palavra, mãe. Ou se sabe, a senhora nunca me incluiu nesse contexto. – ele acusou.


- Não use esse tom de voz comigo, Sirius, eu sou sua mãe! – ele disse rude.


 Sirius meramente olhou para ela, e depois virou o que restava da bebida em seu copo na boca.


- Então aprenda a agir como uma. – ele disse antes de bater o copo na mesa e sair, deixando a mãe sozinha.


 


And I wonder if I ever cross your mind.


For me it happens all the time.


 


Ele xingou alto enquanto batia a porta de casa. Ele olhou para o céu escuro e pouco estrelado. Involuntariamente pensou em Marlene, lembrando-se como os olhos azuis escuros dela ficavam mais claros quando o céu estava estrelado. Aqueles mesmos olhos que costumavam iluminar a sua vida estavam ausentes, assim como as estrelas. Sirius fechou os olhos para a noite suspirando pesadamente.


 Sentia o gosto forte do whisky em sua boca, e sentiu falta do líquido descendo queimando pela sua garganta, arrastando por milésimos de segundos seus problemas para o estômago. A bebida não o fazia esquecer Marlene, mas pelo menos, ele conseguia dormir sem se sonhara com ela.




It's a quarter after one, I'm a little drunk, 


Said I wouldn't call but I lost all control and I need you 


And I need you now.now.


And I don't know how I can do without, I just need you now.


 


 


 Sirius constatou que deveria ser tarde, pois sua rua estava vazia. Ele atravessou o quintal da casa e saiu pelo portão preto de ferro indo para rua. Viu dois adolescentes passar pelo outro lado da calçada, meio bêbados, assim como ele estava agora.


 Ele não queria estar dessa maneira, fazia nove meses que ele conseguira ficar sóbrio, até ele e Marlene terminarem o namoro há uma semana atrás.  Com ela ao seu lado, ele não sentia vontade de beber, não sentia vontade de afogar seus problemas e angustias numa garrafa de whisky de fogo ou bebendo doses e doses de hidromel no Caldeirão Furado.


 Sentia-se completamente perdido, sem saber pra onde ir, sem rumo. Em todo lugar que ia sentia-se um estranho, uma pessoa não pertencente a lugar algum. Passou as mãos nos cabelos pretos que já estavam longos demais para o seu gosto, tirando-os dos olhos. Precisava recuperar o pouco do controle que ainda restava, pelo menos para chegar ao Cadeirão, onde iria passar o resto da noite enchendo a cara e depois dormir. Dormir bem bêbado, para não admitir a ninguém do quanto precisava dela.


 


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  Marlene afastou os cabelos do rosto quando saiu do parque. Ela olhou para os lados distraidamente, sem realmente ver nada, mas quando seus olhos capturaram o vulto parado do outro lado da calçada ela ofegou.


 


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  Era isso. Sirius estava mais bêbado do que ele pensava. Até visões agora ele estava tendo.


  Aquela pessoa do outro lado da rua não podia ser Marlene. Ela não podia estar ali. Aquilo deveria ser só mais uma ilusão pregada por sua mente.


 Se era uma visão, então por que ele conseguia sentir aquele cheiro maravilhosamente familiar que a brisa levava até as suas narinas? Por que ele conseguia ver com tamanha perfeição os cabelos dela esvoaçando, com algumas mechas cobrindo seu rosto?


 Não era uma visão, era Marlene. E ela estava mesmo ali.


 


________________________________x_______________________________


 


Yes, I'd rather hurt than feel nothing at all.


It's a quarter after one, I'm all alone and I need you now.


And I said I wouldn't call but I'm a little drunk and I need you now.


And I don't know how I can do without, I just need you now.


I just need you now.


Oh baby I need you now


 


- Marlene? – Sirius chamou. Ele escutou sua voz meio bêbada, meio enrolada sair de sua boca.


 Ele a viu balançar negativamente e adentrar o parque.


- Droga! – ele exclamou.  – Marlene, espera! – ele pediu correndo aos tropeços atrás dela.


 Ele conseguiu vê-la correndo em direção ao lago.  Os cabelos dela e o casaco esvoaçavam para trás, para ele, era uma visão maravilhosa, mesmo que ela estivesse correndo dele e não para ele.


- Marlene, pára! – ele gritou.


 Por mais surpreendente que fosse, ele a viu para á margem do lago. Ele foi diminuindo o passo e quando já estava perto o suficiente dela, viu que a garota ofegava.


- Marlene? – ele chamou baixo.


 Marlene fechou as mãos, respirou fundo e se virou, encarando Sirius. Não esperava que ele estivesse tão perto. Ela o olhou. Ele vestia uma blusa cinza, um paletó preto e uma calça preta, nos pés, all star preto, quebrando toda seriedade que era para supostamente transmitir. Seus cabelos estavam um pouco grandes demais, chegavam a cobrir-lhe os olhos acinzentados.


 Ela cerrou os punhos, pedindo mentalmente força a Mérlim. Parecia tão mais calma por simplesmente estar na presença de Sirius, mesmo tendo consciência que ao deixá-lo para trás, sofreria o dobro do que estava sofrendo a uma semana.


- O que você quer, Sirius? – ela disse, odiando a maneira que sua voz saiu súplice.


 Ele a olhou e se sentiu a pessoa mais infeliz do mundo. Marlene estivera chorando, ele podia ver seus olhos um pouco inchados e o nariz levemente avermelhado.


 Um vento bateu, fazendo com que o cheiro dela viesse ainda mais forte contra ele. Mérlim, como ele sentira falta desse cheiro que o acalmava profundamente.


- Senti tanta falta do seu cheiro. – ele disse ilogicamente.


 Marlene suspirou olhando para os lados.


- Você está bêbado? – perguntou.


- Devo ter bebido um pouco nos últimos dias. – ele falou baixo.


 Ela suspirou alto, afastando uma mecha de cabelo do rosto. Marlene olhou para Sirius e colocou as mãos nos bolsos da calça. Sentia-se atordoada com a presença dele, embora seu coração parecesse estar sereno diante de Sirius. Era tão estranho se sentir daquela forma, como se estivesse perdida, mas que estava no lugar certo.


- Não gosto quando você bebe. – ela disse.


- Eu sei. – ele respondeu – Desculpe. – falou encolhendo os ombros.


 Marlene pediu a Mérlim por uma tranqüilidade que não conseguia sentir, embora fosse completamente contraditório. Ela estava calma, sentia-se bem.


- Vou levar você pra casa. – ela disse murmurou. – Vamos.


  Sirius a viu passar por ele com a cabeça baixa, mas então segurou seu braço, fazendo com que ela parasse. Eles estavam muito próximos, mais próximos do que tiveram durante o resto da semana toda. Ele respirou fundo, e o cheiro dos cabelos dela invadiu suas narinas, o entorpecendo.


- Eu não quero ir pra casa. – murmurou.


- Então o que você quer? – ela disse num fio de voz.


- O que você estava fazendo aqui? – ele perguntou.


 Marlene estremeceu ao sentir o hálito dele soprar perto de sua orelha. Perdeu completamente a linha de raciocínio. Suas pernas estavam bambas, se Sirius não a tivesse segurando, provavelmente estaria caída no chão.


- Cheguei aqui por acaso. – ela respondeu ilogicamente.


- Por acaso, Lene? – ele falou soltando-a. – Você veio parar no parque em frente a minha casa por acaso? – ele perguntou incrédulo. – Sei que você tem uma capacidade melhor para dar desculpas.


- Não é uma desculpa. – ela disse virando-se para ele – Não vim parar aqui de propósito. – ele suspirou, fechando os olhos. – Eu queria sair de casa, ficar sozinha, tentar me acalmar, quando me vi, já estava aqui.


- Ficar perto de mim te acalma? – ele perguntou baixo.


 Marlene abriu os olhos, impaciente. Tinha uma resposta na ponta da língua, mas ela lhe escapou quando percebeu que Sirius estava próximo de si. Ela não contava que ele estria tão perto, encarando seus olhos do jeito que ele só fazia.


 Ele tinha o semblante anormalmente serio. Seus olhos não estavam no tom acinzentado igual ao fundo do oceano que Marlene gostava, estavam nublados, como que se refletissem uma tempestade que não tardaria a chegar.


- Sirius... – ela começou, mas ele a interrompeu.


- Eu não aguento mais, Lene. – ele falou baixinho.


- Por favor, não recomece. – ela pediu.


- Me perdoa. – ele implorou. – Por tudo, me perdoa por tudo. Eu não...


- Sirius, não...


- Eu não quis te magoar. – ele falou mais alto que ela. – Eu nunca quis te machucar, Lene, essa nunca foi a minha intenção.


 Marlene suspirou e rolou os olhos.


- Nunca foi a sua... – a voz dela falou. Marlene respirou fundo e recomeçou – Nunca foi a sua intenção? – ela olhou para o lado – Por quantas eu te avisei, Sirius? Quantas vezes eu te pedi pra parar? Você mente pra mim, Sirius! – ela disparou. – Eu não sei se posso confiar em você. Como posso acreditar numa pessoa que diz pra mim que está no Três Vassouras, mas que na verdade está em algum outro lugar dando e cima de alguma mulher?


 Eles ficaram em silêncio por uns instantes. Cada um perdido em seus próprios pensamentos. Sirius viu Marlene sacudir negativamente a cabeça e ir embora. Ela se afastava dele, levando junto toda sua esperança, todo seu amor. Via-a escapar por entre seus dedos, ser tirada dele de uma forma brutal, grotesca.


 - Volta pra mim. – ele pediu baixo.


 Ela estacou no lugar. Fechou as mãos em punho, sentindo-se ofegante. Não sabia por que tinha parado, estava decidida a não ceder mais a ele, mas foi inevitável. O tom anormalmente súplice na voz de Sirius a fez parar. Marlene se virou para frente e o encarou novamente.  Agora que reparava nas feições dele, via grandes círculos roxos envolta dos olhos, um sinal de noites mal dormidas, os cabelos negros normalmente elegantemente desajeitados estavam desgrenhados, e ele parecia um pouco mais magro.


 - Eu não sei se consigo passar por tudo isso de novo. – ela murmurou.


- Vamos fazer diferente dessa vez. – ele falou se aproximando – Eu vou fazer diferente, Lene.


 Marlene sentiu os olhos marejarem novamente, mas não ia deixar que as lágrimas caíssem na frente de Sirius. Ela cruzou os braços e olhou para o lado, não conseguia encarar o homem a sua frente. Marlene simplesmente odiava o poder que Sirius exercia sobre ela. Ela estava quase sucumbindo a ele.


 Ela não precisava sucumbir a ele, não havia necessidade disso, até porque ela o amava. Isso não seria ceder a alguma coisa qualquer, isso seria se entregar. Ela queria se entregar, queria se sentir amada novamente, queria se sentir bem e apenas Sirius poderia proporcionar isso tudo.


- Eu preciso de você, Marlene. – ela escutou ele dizer.


 Ela virou o rosto para Sirius. Então tudo o que ela sentira na ultima semana desapareceu, perdeu a importância. Toda dor, toda angustia, todo desespero, toda infelicidade evaporou, era como se nunca tivesse existido.


 Marlene não podia deixa a felicidade escapar por entre seus dedos dessa forma. Precisava agarrá-la com unhas e dentes, precisava tê-la. E ela sabia que só Sirius proporcionaria essa felicidade. Só ele sabia das coisas que ela necessitava, só ele a conhecia.


- Eu preciso de você agora. – ele disse chegando mais perto dela.


 Marlene sentiu o cheiro de bebida do hálito dele, mas mesmo assim se sentiu inebriada. Apesar do odor de álcool, ela ainda conseguia identificar o cheiro másculo de Sirius.


 Sem pensar duas vezes, ela passou os braços pelo pescoço dele e escondeu o rosto na curva de seu pescoço. Sirius retribuiu o abraço, trazendo Marlene pra perto, colando ainda mais seus corpos.


 Ele pegou delicadamente no queixo dela, fazendo com que ele a encarasse. Ele olhou dentro dos olhos azuis de Marlene, e viu todo o resto de sua vida refletido naquela imensidão azul.


- Eu te amo. – ele sussurrou.


 E antes de deixar que ela respondesse, a beijou. Beijou como nunca havia beijado antes. Tentou deixar transparecido naquele beijo todo amor e carinho que sentia por ela, e ao notar que era recíproco, se dedicou mais ainda. Até hoje não entendia o porquê de ser tão estúpido a ponto de quase perder a mulher de sua vida.


- Eu preciso de você. – ele disse quando se separaram.


- Eu também. – ela respondeu.


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 Oii todo mundo. *-*
 Nooossa, que saudade eu estava disso aqui. Muita saudade mesmo. 
 Bom, mas uma short deles. Adooooooro, simplesmente adoooro eles dois. 
 Dessa vez escrevi uma coisa mais dramatica, acho que ficou legal, sei lá. Acho que gostei. 
 Mas bem, a minha opinião não é a que importa, e sim a de vocês. Bom, se vocês gostaram, comentem, e se não gostaram, comentem também dizendo o que não ficou do agrado de vocês para que eu possa melhorar da próxima vez. *-*
 Bom, então é isso gente. Espero que vocês gostem.
 Beeeijos.
Carol Peeters. ;) 

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Comentários (1)

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