Capítulo único

Capítulo único



Era meia noite quando Draco Malfoy levantou-se e foi até a Sala Precisa. Ele não foi com o objetivo de concertar aquele armário velho, ele foi até lá para se distrair, ou simplesmente porque ele sentia que deveria estar lá.
Ainda de pijama, entrou na sala e sentou-se em uma cadeira velha, depois de virá-la de cabeça para cima.
Pela primeira vez, Draco se sentiu bem naquela sala. Pela primeira vez desde que se tornou um Comensal, sentiu o ar entrando e saindo nos seus pulmões com delicadeza e naturalidade. E ele não sabia por quê.
Ele andou pela sala, analisando cada objeto com cuidado. Deveriam ter se passado alguns segundos, ou minutos, ou até mesmo horas quando ele ouviu um ruído do outro lado da porta.
Com cuidado para não ser visto por quem não deveria vê-lo, abriu a porta e espiou.
Draco suspirou ao ver a insignificância da criatura que teria feito o barulho. Era a garota Lovegood, a doida com cabelos compridos e grandes olhos azuis.
Luna Lovegood deixara cair seu exemplar de O Pasquim e o recolhia com dificuldade, pois tinha muitas coisas no colo. Draco sentiu uma vontade irracional de ajudá-la, e quando percebeu, já tinha o feito.
- O que é que está fazendo aqui, Lovegood? – ele perguntou enquanto pegava a revista do chão. Como o som da voz dele era algo totalmente inesperado, a garota sobressaltou-se, deixando outras coisas caírem no chão.
Draco suspirou impaciente e recolheu os objetos.
- Não consegui dormir. – ela respondeu enquanto retirava as coisas que restavam em seu colo e as colocavam de lado para ajudar o garoto. – E você, Malfoy, o que está fazendo aqui? Foi até aquela sala novamente?
Ele tirou seus olhos do que segurava – um colar um tanto diferente – e a encarou, surpreso.
- Eu também não consegui dormir. – ele respondeu, apenas.
Ela sorriu para ele, que estranhamente não resistiu em retribuí-lo. Inconscientemente, Draco se sentou ao lado dela.
Luna o observou enquanto ele olhava para baixo e estalava os dedos. Então ele virou-se para a garota, e ela voltou a sorrir. O sorriso de Luna o fez dar algumas risadinhas baixas.
- Que foi? – ela perguntou, franzindo as sobrancelhas. Draco não soube exatamente o que dizer, mas tinha achado o sorriso dela estranhamente fascinante e gracioso.
- Não foi nada. – ele sorriu, e ela analisou a sua expressão. Ele parecia feliz, então ela também ficou.
- Você não respondeu a minha pergunta, Draco. – ela disse, um pouco mais séria. – Você estava naquela sala de novo?
O sorriso de Draco desapareceu.
- Como você sabe?
- Na verdade, eu não sei. Eu só reparei que desde quando você passou a freqüentá-la, parece um pouco chateado. Isso está fazendo muito mal pelo que parece.
Draco a encarou irritado e um pouco assustado. Desde quando Luna Lovegood o observava? E desde quando tinha o direito de fazer isso?
- Me desculpe. – ela disse, deduzindo os pensamentos dele. – Eu apenas notei algo diferente em seus olhos. Eles costumavam ser mais alegres, se me permite dizer.
Ele a olhou nos olhos. A luz da Lua refletia nos cabelos que cobriam as costas de Luna, deixando um brilho incrivelmente lindo. E os olhos dela pareciam tristes, como se ela pensasse no que tinha acabado de dizer e se arrependesse. Ela mordia o lábio inferior com força.
Draco não gostou de vê-la assim. Ele percebeu que ela também não gostava de vê-lo triste, e se sentiu um idiota. Por que ele deixava triste quem queria vê-lo feliz?
Sem pensar, ele pressionou seus lábios nos dela, fechando os olhos com força. Os olhos de Luna se fecharam também após o choque. Ela sentiu algo diferente, algo que não estava acostumada a sentir. Ela estava amando. E ele também. 

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