A Surpresa de Natal



 


_É com você mesmo que eu estou falando _ disse Patrick olhando diretamente nos olhos de Alvo _ você quer isso? Pois então você precisará vir buscar.


O garoto ficou paralisado de medo, como aquilo poderia estar acontecendo? Ele estava dentro de uma lembrança, Patrick falando com ele contrariava toda a lógica de funcionamento de uma penseira. De repente o garoto sentiu alguém segurando seu braço, num movimento reflexo ele deu uma cotovelada em quem estava ao seu lado.


_Ei! Isso doeu! _ Alvo olhou para o lado e viu que era Doni quem estava ali _É assim que você me agradece por salvar a sua pele?


_Me desculpe, eu não vi que era você.


_Sei, sei... Muito bem, chega de conversa, está na hora de você voltar _ Doni começou a puxar Alvo e eles foram lentamente deixando a penseira.


_Estou aguardando você _ disse Patrick um segundo antes de Alvo voltar para o quarto.


_Porque você demorou tanto? _ perguntou Doni.


_Aconteceu muitas coisas...


_Aqui também. A cabeça de fogo já está quase derrubando a porta.


_ALVO SEVERO POTTER! ABRA ESSA PORTA AGORA!


_Eu já estou indo! _ disse Alvo às presas.


_PORQUE VOCÊ DEMOROU TANTO? _ perguntou Gina que parecia a beira de um ataque de nervos.


_Eu... Eu estava no banheiro.


_POR MEIA HORA?!


_Bom... Viagem longa... Dor de barriga...


_POIS DA PRÓXIMA VEZ QUE VOCÊ FIZER ISSO, VOCÊ VAI SENTIR DOR DE VERDADE, ALVO SEVERO! AGORA VENHA COMIGO!


Alvo acompanhou sua mãe pelo corredor, ela continuava bufando feito um touro e murmurando coisas como: “absurdo!”. “Não tem a menor consideração!”. Eles desceram aquela escadaria que deu arrepios no garoto, ele se lembrou das cenas aterrorizantes que aconteceram naquele mesmo lugar em que estavam passando agora.


_Alvo! Onde você estava? _ disse Rose que veio correndo e abraçou o primo.


_Hum... Banheiro.


_Por todo esse tempo? _ também perguntou Hermione que olhava o garoto, desconfiada.


_Foi o que ele disse _ disse Gina que ainda olhava zangada para o filho.


_Nós também costumávamos dar essas escapados para o banheiro _ disse Rony _ a Murta-Que-Geme que o diga.


_Você não está fazendo nada “secreto”, não é mesmo Alvo? _ perguntou Hermione.


_Não _ respondeu o garoto.


_Acho bom! _ disse Gina _ Você se lembra das cartas que eu lhe escrevi! Se eu descobrir que você está me desobedecendo...


 


Depois do jantar improvisado preparado por Gina e Hermione, os viajantes se sentaram na sala de estar onde o clima entre eles se desanuviou um pouco, Hermione e Gina conversavam num sofá enquanto Tiago, Lílian e Hugo se divertiam com as piadas contadas por Rony; Rose e Alvo _ com Doni os seguindo _, sentaram-se num canto afastado para poderem conversar à vontade.


_E então Alvo, o que você estava fazendo? _ perguntou a garota.


_Eu já disse que estava no...


_Eu quero saber o que você estava fazendo de verdade.


Alvo olhou discretamente para o lado, sua mãe e Hermione pareciam muito absortas em sua conversa e os garotos prestavam total atenção em seu tio Rony; ele então contou para a prima tudo que havia visto na penseira.


_Por Merlin! _ exclamou a garota com a mão sobre a boca _ Você disse que a família que morava aqui tinha o sobrenome Goudin?


_Sim. Eu tenho certeza que já ouvi esse nome em algum lugar mais não me lembro...


_Alvo, como você é tapado! _ disse a garota acompanhada de um longo assovio de Doni _ Você não se lembra de Geneon Goudin?


_É claro! _ disse o garoto espantado _ O professor de poções!


_Pensei que você não ia descobrir nunca.


_Então ele é descendente de Gottard e Patrick! _ disse Alvo com uma nota de surpresa.


_É o que parece.


_Rose, será que é ele que está por trás de tudo que está acontecendo?


_Eu não sei... Mas a reação dele aquela noite na biblioteca foi muito estranha, não é mesmo?


_Sim. Quando estávamos com aquele livro do Lord Montwey que não era da biblioteca... Você já tem alguma idéia de como ele foi parar na nossa mesa?


_Fui eu que o coloquei lá _ disse Doni baixinho para a perplexidade dos garotos que olharam para o ponto onde eles imaginavam que Doni estava.


_Você?! _ exclamou Alvo.


_Sim. Eu já estava seguindo você, não é mesmo? E ouvi que você e a sabe-tudo queriam saber algo sobre o Tirante de Gáia.


_Mas onde você arrumou esse livro? _ perguntou Rose.


_Eu sempre andei com ele. Mamãe me deu há muito tempo e eu acho as piadas muito boas... Bem, eu sabia que ele falava desse tal Tirante de Gáia.


_Você sabe mais alguma coisa sobre isso, Doni? _ perguntou Alvo.


_Apenas o que todo mundo na nossa cidade sabe: que um dia um homem apareceu com esse Tirante de Gáia e então criou tudo que existe lá.


_Doni... _ disse Rose que parecia estar medindo as palavras _ Você... Você por acaso tem algo haver com aquele outro livro?


_O que apareceu no malão do mudinho? Não! Nunca tinha visto ele!


Eles ficaram em silêncio por algum tempo até que Alvo voltou ao assunto anterior:


_Será mesmo que é o Prof. Goudin que está fazendo isso tudo?


_Pode ser _ disse Rose _ mas eu continuo não gostando do Prof. Pickwick.


Alvo concordou com a prima, aquela pedra na sala do professor era realmente muito suspeita...


_Mas então o tal Patrick falou com você dentro da penseira? _ disse Rose.


_Sim. Foi bem no final, ele estava naquela casa que nós cruzamos na estrada.


_Mas isso parece impossível! A não ser que...


_O quê?


_Bem... E se ele não fosse parte da lembrança? E se ele realmente estivesse lá, na penseira com você?


_Mas como? Aquilo tudo deve ter acontecido há quatrocentos anos atrás! Como ele poderia estar aqui?


_Eu não sei... O que você está pensando em fazer agora?


_Eu vou até aquela casa pegar o que ele escondeu lá.


_Você o quê?!


_Eu preciso fazer isso... O Prof. Dumbledore mandou.


_Que história é essa?


_Ele me disse pouco antes das férias, que eu iria encontrar um lugar que eu já tinha visto, com uma coisa que eu já tinha visto... Algo assim. E então eu teria que ir lá e pegar.


_ Mas isso é um absurdo, Alvo! Esse Patrick é perigoso! Você disse que ele usou uma maldição imperdoável no próprio pai!


_O pai dele não lá uma flor de pessoa! Ele matou a própria mulher. E além do mais, o Patrick não pode estar vivo, você esqueceu?


Rose estava com uma resposta na ponta da língua, mas se calou ao perceber que sua mãe e sua tia pareciam estar prestando atenção no que eles diziam.


Depois de meia hora os adultos decidiram que era de dormir, assim Alvo e Rose não puderam debater mais o assunto naquela noite. O garoto entrou em “seu quarto” e ficou algum tempo observando a cama, num passado distante e sombrio Patrick havia estado deitado ali praticamente morto, será que Rose tinha razão? Ele poderia estar vivo?


 


O dia seguinte era véspera de natal, apesar de ninguém estar com muito clima para festas, Rony se esforçou ao máximo para deixar a casa com espírito natalino. Ele conseguiu arranjar alguns arbustos que corajosamente resistiam ao frio severo e os enfeitou fazendo uma grotesca imitação de um pinheiro de natal; também espalhou faixas coloridas pela casa e entregou para cada membro do grupo um chapéu das Gemialidades Weasley que cantava uma canção de natal sempre que cruzava com alguém, Hermione olhou para o marido com uma expressão de quem seria capaz amaldiçoar o chapéu até que não restasse nem as migalhas dele, mas assim mesmo colocou o seu na cabeça.


Durante o dia foram chegando as pessoas que passariam o natal com eles: Gui e Fleur vieram com os filhos Victoire, Dominique e Louis; Carlinhos também apareceu acompanhado de sua esposa mais recente; Percy e Audrey trouxeram os filhos Molly e Lucy; Ted Lupin chegou e rapidamente se agarrou em Victoire; os avôs de Alvo, Arthur e Molly chegaram no final da tarde seguidos de Hagrid; depois veio Luna com seu marido Rolf e os filhos gêmeos Lorcan e Lisandro; algum tempo depois aconteceu a chegada mais apoteótica de todas: Jorge apareceu com sua mulher Angelina e os filhos Fred e Roxanne, como “cartão de visita”, ele explodiu centenas de fogos de artifícios na entrada da casa o que fez sua mãe quase cair de susto.


_JORGE WEASLEY! VOCÊ ESTÁ QUERENDO MATAR A SUA MÃE ANTES DA HORA!_ berrou a Sra. Weasley.


_Hehe. Como vai mamãe? _ disse ele com um sorriso zombeteiro.


Apesar de todos os problemas, Alvo se sentia feliz naquela noite, estava com sua família e amigos, as pessoas mais importantes de sua vida estavam ali presentes... Quase todas...


_UM BRINDE A HARRY POTTER! _ gritou Hagrid que após duas ou três doses de Whisky de Fogo estava começando a ficar um pouco alto _ COMO EU GOSTO DAQUELE GAROTO! ESPERO QUE ELE ESTEJA BEM! _ completou ele caindo no choro em cima do ombro de Jorge.


_Ei Hagrid! Você é pesado, sabia? Se segura aí! O Harry está bem, nunca conheci alguém tão bom para escapar de problemas, nem mesmo eu!


_Ele realmente não vai poder vir? _ perguntou Carlinhos.


_Ele disse que varia o possível _ disse Gina.


_Harry é um profissional meticuloso e dedicado _ disse Percy _ se ele não vier é porque está fazendo algo de grande importância para o ministério.


_E o que pode ser mais importante do que passar o natal com a família? _ disse a matriarca da família Weasley.


_Ele vai vir _ disse Luna para o espanto de todos.


_E como você sabe disso? _ perguntou Rony.


_Eu estou sentindo isso.


_Isso está me parecendo mais adivinhação _ disse Hermione entre os dentes, aparentemente ela ainda guardava ressentimentos das aulas da Prof. Sibila.


_Além de Harry, ainda falta alguém? _ perguntou Gui.


_Falta o Neville _ disse Gina após passar os olhos pelos presentes.


_Você também está sentindo que ele vem Luna, o que aí na sua bola de cristal? _ perguntou Jorge para a gargalhada de todos.


Alvo começou a viajar em seus pensamentos, ele desejava muito que Luna estivesse certa, quem sabe seu pai não apareceria naquela noite? Essa esperança pareceu esquentar o seu corpo com Whisky de Fogo, afinal era natal, seu pai daria um jeito... Ele sempre dava.


Quando a meia-noite foi se aproximando eles se sentaram na grande mesa montada por Rony, Jorge, Gui e Carlinhos na sala de estar, o plano inicial era fazer isso na área externa da casa, mas a chuva que caía insistentemente inviabilizou essa alternativa, assim sendo, eles se espremeram na sala para saborear a deliciosa ceia preparada pela Sra. Weasley.


Houve muita conversa e riso, o espírito de natalino que Rony tanto queria durante o dia, parecia finalmente estar presente, Alvo já tinha mesmo se conformado com o fato de que seu pai não poderia comparecer... Isso até o momento em que a porta da frente se abriu com um baque e todos os presentes olharam espantados para o homem que entrou no lugar...


_Neville?! _ exclamou Hermione _ O que foi... O que foi que aconteceu?


O professor estava em frangalhos, vários ferimentos se espalhavam pelo seu corpo e suas roupas estavam rasgadas.


_Eu fui atacado! _ respondeu ele com dificuldades.


_Por quem? _ perguntou Rony.


_Havia um grupo na estrada, eles estavam usando máscaras... Mas eu consegui ver o rosto de um deles.


_E quem ele era? _ perguntou Hermione.


_Draco Malfoy...


 


 


 


 


 

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