O Manuscrito de Zaiden



O fim do ano se aproximava e junto com ele, o inverno mais severo dos últimos anos. Do dia pra noite o castelo de Hogwarts foi envolto por uma espessa camada de neve o vento cortante açoitava as janelas e o sistema de aquecimento do castelo não estava dando conta do frio glacial que fazia; alunos e funcionários circulavam com gorros, cachecóis e luvas. Alvo e Rose haviam prometido que iriam até a cabana de Hagrid naquela manhã de sábado e não fosse pela consideração que tinham pelo gigante, teriam desistido do passeio. Não tendo outra opção, eles se encaminharam até o saguão de entrada depois do café onde Hagrid já os aguardava.


_Olá garotos! Que frio danado! Espero que não piore, já não tenho mais casados no meu guarda roupa! _Hagrid usava o que parecia ser uma raposa como cachecol _Vamos andando então?


Quando saíram pela porta, Alvo sentiu uma rajada de vento tão forte que quase o derrubou, com o esforço de alpinistas escalando o mais alto dos cumes, os três “aventureiros” conseguiram alcançar a cabana que estava praticamente encoberta pela massa branca que dominava a paisagem.


_Querem chocolate quente? _ os garotos aceitaram de bom grado e se sentaram à mesa enquanto Dino choramingava no canto do cômodo dentro de uma cesta envolto de cobertas.


_Ele está deitado ali há vários dias _ disse Hagrid _ não está acostumado com esse frio, sua raça gosta de lugares quentes. Mas então, como vocês tem passado?


_Estamos bem, Hagrid _ disse Alvo.


_Sim. Muitos deveres de casa! _ disse Rose.


_Ah! É bom ver que estão mantendo suas cabeças ocupadas! Assim não sobra tempo para pensar em besteiras. As férias estão chegando, estão animados?


_Oh sim! _ disse Rose _ Estou com muita saudade de casa.


_E vocês poderão descansar um pouco dos deveres _ disse Hagrid.


_Descansar dos deveres?! _ disse Rose horrorizada _ Você está louco Hagrid? Os exames estão chegando!


_Como assim? _ disse Hagrid parecendo confuso _ Eu achei que vocês só teriam exames no final do ano letivo.


_Isso mesmo! Mas falta tão pouco! Tenho que começar a preparar as revisões!


_Você é idêntica a sua mãe! Ela deixava Harry e Rony loucos! Ah! Eu estou com muitas saudades daqueles três, acho que visitarei vocês nas férias. Sua mãe tem escrito para você Alvo?


_Sim _ respondeu o garoto _ umas duas vezes por semana.


_Imaginei! Gina é uma mãe-coruja. Ela... Hum... Tem dado notícias de seu pai? _ perguntou Hagrid um pouco encabulado.


_Ela diz que ele está numa missão e disse que ele vai tentar estar em casa no natal.


_Isso é excelente! Você também deve estar sentindo muita falta dele.


_Sim... Ei Hagrid, o que você achou desse Sr. Barton?


_Sr. Barton? _ Hagrid soltou uma fungada _ Eu não gosto nada dele se você quer saber, sujeito metido, se acha o tal! Não sei onde Shacklebolt estava com a cabeça quando o mandou para cá, como se a Prof. Minerva tivesse culpa do que está acontecendo!


_Mais dizem que o Sr. Barton é um bruxo muito esperto _ disse Rose _ apesar do seu jeito... Um pouco...


_Arrogante? _ disse Hagrid.


_Sim _ disse Rose _ mas ele é um homem de confiança do ministro, certo?


_Sim _ disse Hagrid a contra gosto _ ele tem algum talento, é ótimo para descobrir coisas que ninguém mais sabe, ainda assim acredito que ele não devia estar metido nas coisas de Hogwarts, a Prof. Minerva sabe muito bem se virar.


_O ministro não está confiando mais na Prof. Minerva? _ perguntou Alvo.


_Bem... Ele acha que ela está deixando as coisas acontecerem de baixo de seu nariz, como se ele também não tivesse seus problemas no ministério! Com o Tirante de Gáia roubado e tudo mais...


_O Tirante de Gáia foi roubado?! _ exclamou Alvo tão surpreso que derrubou seu caneco de chocolate.


_O que? _ disse Hagrid _ Quem... Quem disse isso?


_Você!


_Não! Eu... Eu só... Só quis dizer que... Ah! Está bem! Não adianta esconder isso de vocês! Logo o Profeta Diário vai descobrir e aí todos saberão de qualquer jeito.


_Então o Tirante de Gáia foi roubado? _ perguntou Rose também espantada.


_Sim.


_Quando?


_Essa semana, dois dias depois do Barton chegar a Hogwarts.


_E alguém tem alguma pista de quem roubou? _ perguntou Alvo.


_Não. Ainda é um grande mistério, quando eles chegaram ao Departamento de Mistérios naquela manhã, ele simplesmente não estava mais lá.


_O Sr. Barton nos disse que o Tirante de Gáia é o objeto mágico mais poderoso que existe.


_Como disse a Prof. Minerva, o Sr. Barton fala demais! _ disse Hagrid aborrecido _ Vocês não deviam saber de nada disso!


_Ei Hagrid _ disse Alvo _ porque você está usando Extrato de Venvíli para caçar ratos?


_Eu o que?! Como é que vocês sabem do Extrato de Venvíli? Foi o Sr. Barton que contou também?


_Não _ disse Rose _ isso nós descobrimos por conta própria.


_E eu achando que vocês estavam gastando o tempo com estudo! Então vocês continuam bancando os detetives?


_Não _ disse Alvo _ estamos apenas nos mantendo informados; e então, porque você está fazendo isso? Ninguém usa essa técnica há séculos!


_Bem... Foi apenas uma idéia... tentar algo diferente, sabe? _ Alvo e Rose tiveram certeza que Hagrid estava mentindo, ele fazia isso muito mal. _ E o que vocês acham do time de quadribol de Grifinória? Não vejo um tão bom há muito tempo!


Dali pra frente o assunto se pautou em amenidades e os garotos não conseguiram arrancar mais nada do gigante.


_O que você achou da explicação dele? _ perguntou Alvo a Rose quando eles voltaram para o castelo, quase congelados.


_Bem, certamente ele não está usando o Extrato de Venvíli para caçar ratos.


 


A temperatura caiu ainda mais na semana que se seguiu, as aulas continuaram a ser um martírio, principalmente a de poções que era realizada nas masmorras que mais estavam parecendo geladeiras, para surpresa de Alvo o Prof. Goudin havia parado de perseguir Scorpio, o garoto não achava que o professor também estava feliz com o desempenho de Malfoy no quadribol, a mudança de hábito se deu por outro motivo.


_E enton Potter! Parra alguém que estuda como o senhorr, sua porçon está um pouco patética! _ o professor estava pegando no pé de Alvo desde o encontro que tivera com o garoto e sua prima na biblioteca _ eu gostarria muito de saberr o que o senhorr anda estudando tanto!


As aulas de transfiguração também não estavam sendo muito divertidas, a Prof. Minerva estava mais severa do que o habitual e todos acreditavam que isso se devia a presença de Jason Barton no castelo. Alvo percebeu que o Prof. Dumbledore também parecia nervoso, mas ao contrário da diretora, ele tentava camuflar suas preocupações dos alunos, naquela semana eles estavam estudando Gelodins, criaturas malignas que habitavam lugares gelados, o maior problema era identificá-los já que eles camuflavam na neve e atacavam antes mesmo que a pessoa tomasse conhecimento de sua presença.


_Muito bem classe _ disse o professor _ creio que por hoje isso foi o suficiente, gostaria que os senhores me entregassem na próxima aula uma redação explicando as formas mais eficazes de combater os Gelodins, tenham uma boa noite! Eu poderia dar uma palavrinha com você Alvo?


O garoto deixou o resto da turma sair e foi até a mesa do professor onde ele estava escrevendo em alguns pergaminhos roxos.


_Mais uma semana dessa e eu ficarei com todos os ossos do corpo congelados! _ disse Dumbledore sorrindo _ na minha terra não se via temperaturas tão extremas! Sente-se Alvo.


O garoto fez o que foi mandado e continuou observando ansioso o professor.


_Está na hora de nós continuarmos nossa atividade paralela Alvo, se é que você me entende _ disse o professor com uma piscadela de olho _  precisamos encontrar mais um objeto que está aqui em Hogwarts e que será de vital importância para quando formos até Gáia.


_Onde ele está professor?


_Esse é o problema meu jovem, eu não tenho a menor idéia.


_Não?! E então como faremos para encontrá-lo?


_Bem... Eu não sei onde ele está, mas existe uma pessoa que pode nos contar.


_Quem?


_O Prof. Pickwick.


_O Prof. Pickwick! Então o senhor vai perguntar a ele?


_Não Alvo, você vai fazer isso.


_Eu?!


_Isso mesmo.


_Mas professor...


_O Prof. Pickwick tem um grande apreço por você, Alvo. Creio que a figura de seu pai causa grande impacto no meu colega, tenho certeza que você pode conseguir isso dele.


­_Mas se ele não quiser me falar?


_Eu confio na sua capacidade, você mesmo me ensinou isso _ disse Dumbledore com um sorriso.


_O que eu tenho que perguntar a ele, senhor?


_Você deve pedir para olhar o Manuscrito de Zaiden.


_É esse manuscrito que nós estamos procurando?


_Não, mas nele estará dizendo a localização da Pedra das Nove Luas, que é o que nós precisamos encontrar.


_Como o Prof. Pickwick conseguiu esse manuscrito, senhor?


_Ele é um grande historiador, Alvo. Percorreu o mundo em busca de grandes tesouros mágicos e eu sei que ele conseguiu esse em especial, mas como todo colecionador, ele é muito possessivo com suas relíquias, por isso eu acho muito difícil que ele me mostrasse tal coisa.


_Quando eu devo falar com ele, senhor?


_O mais rápido possível, o progresso de nossa empreitada está condicionado ao seu excito nessa missão, até lá, não teremos nada a fazer, estou aguardando você agora.


Alvo não conseguiu dormir bem aquela noite, só teria aula de História da Magia em dois dias e até lá teria que conviver com a ansiedade que o consumia, o vento sacudia a janela do dormitório com muito ímpeto, mas entre uma pancada e outra, Alvo podia ouvir um ronco solto que não vinha de nenhum de seus companheiros de quarto.


 


_E então Oliver, O Bárbaro, apontou a espada para seu inimigo e disse: Você nunca levara minhas varinhas de condão! _ o frio parecia não incomodar o Prof. Pickwick que estava mais uma vez dando sua aula de forma performática; como sempre, a turma estava presa em cada palavra do professor e vibrava a cada passagem mais emocionante _ E então aconteceu... Hum... Que pena, nosso horário acabou!


_Ahhh! _ respondeu em uníssono a turma desapontada.


_Mas não se preocupem! Na próxima aula continuaremos a saga de Oliver, O Bárbaro exatamente nesse ponto! Agora vamos atacar o almoço! _ a turma estava se retirando e Alvo seguiu nervoso até a mesa de Pickwick.


_Hum... Professor?


_Alvo! E então meu garoto! Gostou da aula?


_Muito.


_Excelente! Então siga seus colegas antes que você perca a carona do auror!


_Certo... Eu... Eu só queria lhe pergunta uma coisa...


_O que foi meu rapaz? Seria algo sobre a parte em que Oliver, O Bárbaro atravessa o Deserto da Perdição?


_Não, não é isso professor... É que eu ando estudando um pouco de História fora do horário de aula...


_Sério! Que interessante! Então você está mesmo gostando da matéria?


_Sim, eu acho muito legal, mas eu tenho uma dúvida.


_E qual é meu garoto? Respondo qualquer coisa para um amante da História!


_Bem... O senhor poderia me falar algo a respeito do Manuscrito de Zaiden?


O sorriso do professor se desmanchou imediatamente, ele baixou os olhos e voltou a arrumar seus livros.


_Eu não sei nada sobre esse assunto, lamento.


_Bem... Qualquer coisa professor...


_Quem foi que mandou você vir me perguntar isso?


_Ninguém professor! Eu disse, estou estudando...


_Alvo, escute bem, eu fui condescendente com você naquele assunto da carta, mas isso não significa que sempre será assim! Você está mexendo com coisas perigosas! Quem mandou você me perguntar isso? Como você ficou sabendo desse manuscrito?


_Ninguém professor, eu só...


_Você só está sabendo de coisas demais, Alvo. Tenha um bom dia _ disse o professor deixando a sala.


 


 


 


 


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.