Amo somente a você (Hoje e sem



<i><center>Oneshot – James/Lílian


Amo somente a você (Hoje e sempre)</center></i>


 


<i>“If I could to reach up and hold a star for every time you make me smile, I would have the whole night sky in the palm of my hand.”


 


 


            Ofegante após uma corrida até a torre de astronomia, desabei de joelhos no chão e chorei. Ah, como eu gosto das estrelas que posso contemplar de uma forma única aqui. Agora, mais do que um sonho ao qual queria alcançar, elas passaram a ser minhas únicas testemunhas. Testemunhas do meu sofrimento. As únicas que sabiam do quanto eu me arrependia por ter sido tão idiota, ter deixado com que minha felicidade fosse embora com apenas algumas poucas palavras. Realmente, eu não merecia aquele maroto.


 


            Há tanto tempo que ele falava que me amava e eu não acreditava. Por que? Por achar que ele não tinha maturidade o suficiente pra gostar realmente de alguém, enquanto a única imatura aqui era eu. Por medo de me machucar, achando que ele era bom demais pra mim, por estar apenas querendo brincar com meus sentimentos. Ah, eram tantos medos. Tantas dúvidas. No final das contas tudo o que eu aprendi a ser me tirou o que era mais precioso e eu descobri isso há pouco tempo, tarde demais.


 


             Não o culpo por ter desistido de mim. Ele tentou e insistiu mais do que um garoto normal faria. Eu é que fui mais teimosa e cega do que uma garota normal seria. Por isso eu tento agir da melhor forma possível após aquele dia, o pior da minha vida. Faço todos os meus deveres, cumpro minhas obrigações de monitora, participo das conversar de minhas amigas apenas de corpo, porque de mente eu sempre estou longe, e faço tudo o que costumava fazer antes. A única diferença é que não tenho mais a companhia de James ao meu lado, o que procuro, da melhor forma possível, ficar indiferente. Afinal, tive a minha chance.


 


            Você deve estar se perguntando o porquê dessa confissão boba de garota rejeitada, não é? Pois bem, eu explico. Semana passada, quando eu, Lílian Evans, andava pelos corredores de Hogwats distraidamente em mais uma de minhas rondas, fui surpreendida por alguém que me abraçou por trás. Só pelo perfume, que eu tanto conhecia e amava, não precisei olhar pra constatar quem era. Sim, era o James em mais um de seus atos de demonstração de amor que não apareciam nem em filme de romance trouxa. E tudo para mim.


 


            _Pára, Potter. – Pedi.


 


            _Por que está me chamando de Potter, Lily? – Perguntou ele surpreso, afastando-se.


 


            _Porque não gosto quando você faz isso. – Mentira, eu amava. Como amo o maroto que fazia isso comigo. Mas por saber que amava tanto aquele garoto que agia assim. Defesa. Consegue me entender? Nem eu. Só sabia que não queria ficar com ele pra depois ser rejeitada. Isso doeria. Doeria porque sinto que, depois dele, não iria conseguir amar outro garoto da mesma forma, que ele seria único. Então prefiro ficar com as lembranças boas, lembranças dele sendo gentil e fofo comigo, do que lembrar de uma lembrança futura dele me rejeitando. Eu sei, eu sou completamente estranha e, se você preferir, energúmena.


 


            Escutei um suspiro pesado atrás de mim e me virei. Dei de cara com ele de olhos fechados, com os dedos pressionando as pálpebras e o que parecia ser uma cara de sofrimento.


 


            _Lílian, por mais que me doa, essa é sua última chance. Acredita que eu te amo ou não? – Perguntou James, finalmente me encarando. Pude ver seus olhos castanhos sobrecarregados.


 


            _Não sei. – Respondi finalmente após alguns segundos, sem encará-lo.


 


            _Então desculpe ruivinha, mas eu desisto. – Anunciou ele em um tom pouco mais alto que um sussurro, virando-se e sumindo pelo corredor de onde veio com as mãos enterradas nos bolsos da calça.


 


            Entendeu agora quando eu digo que, com poucas palavras, deixei que minha felicidade fugisse de minhas mãos como se fossem grãos de areia? Não tenho o direito simplesmente voltar para ele e dizer agora que o amo, que eu fui uma retardada. Ele também tem o direito de seguir com a vida dele, com ou sem mim. De fazer uma escolha, assim como eu a fiz.


 


            Em uma das minhas noites de insônia, agora tão freqüentes, tentei inutilmente me livrar da dor que sentia de uma forma quase inconsciente. Escrevi em um pedaço de pergaminho tudo o que se passava em minha cabeça e agora, como todo o dia, leio-o tentando me conformar com a minha burrada.


 


 


 


<center><i>“ Quando me olho no espelho não me vejo.


Só vejo o seu rosto nele como um quadro.


O que sinto no meu peito, o meu desejo.


Meu coração está todo quebrado.


E em cada pedaço, em cada estilhaço


Vejo o seu rosto, lindo nele exposto.


E cada pedacinho, em cada fragmento


Exibe o meu pensamento, todo o tempo.


Ah, eu queria te encontrar pra ver no seu olhar


Se tem algum lugar pra poder me refletir


Ah, eu queria colocar as peças no lugar.”</i></center>


 


 


 


Levei uma mão à boca tentando abafar mais um de meus soluços. Com a outra, segurei na mureta transparente que havia na torre para que ninguém caísse. Sinto então braços me envolverem e só agora notei o perfume que pairava no ar, anunciando já há algum tempo a sua presença ali. Sim, era o perfume de James. Arregalei os olhos ainda sem me virar.


 


_Então é isso que está escrito nesse pergaminho que você carrega pra cima e pra baixo, ruivinha? – Perguntou ele baixo, encostando o queixo no topo de minha cabeça.


 


_Ja... mes?


 


_Sinceramente, Lily. Ou você se tem uma auto-estima muito baixa ou eu não consegui me expressar direito. Você realmente acreditou que eu tivesse desistido de você?


 


_Como assim? – Perguntei, sem entender nada. Virei-me para encará-lo ainda em seus braços e notei que ele sorria carinhosamente para mim. Enxugou algumas lágrimas que banhavam meu rosto confuso e voltou a me envolver. Após algum tempo que eu não soube determinar por estar perdida naqueles olhos castanhos, James se levantou e estendeu uma mão para que eu fizesse o mesmo com a sua ajuda.


 


            _Sabe. – Começou, de frente para mim, apoiando os cotovelos em meus ombros e enlaçando as mãos a alguns centímetros a frente de minha nuca. – Eu realmente não tenho vocação pra ser padre. – O que? Alguém aí entendeu alguma coisa ou eu sou lerda? Lancei um olhar confuso pra ele. – Eu teria que ser um santo, levar uma vida tranqüila e eu não consigo ver uma que valha a pena sem algumas marotices. Teria que amar a todos e ajudá-los quando fossem se confessar pra mim. Já pensou se o Ranhoso aparece na minha igreja?! – Perguntou, com uma cara de nojo divertida. Ri entre soluços mesmo sem entender o que ele queria dizer com aquilo e senti uma das mãos de James afundando em meus cabelos e afagando a minha nuca, enquanto ele retomava o olhar carinhoso de anteriormente. – Lily, essa seria a única opção cabível pra mim se eu resolvesse te esquecer.


 


            _Por que? – Perguntei.


 


            _Porque eu não conseguiria olhar para outra garota sem pensar em você, não conseguiria tocar outra garota sem desejar que fosse você, beijar outra garota sem imaginar seu rosto. – Sem reação, baixei o rosto totalmente corado. James puxou delicadamente meu queixo para cima de modo a voltar a encará-lo.


 


            _Me desculpe por tê-la feito sofrer, ruivinha. Mas eu precisava fazer isso. Estava insuportável aproximar-me de você e ser repelido. Por mais que me dissessem que você gostava de mim, alguma coisa em mim não tinha tanta certeza assim.


 


            _Como você sabia? Eu não mudei meu modo de agir... – Perguntei realmente confusa. Disfarcei tão bem.


 


            _Você realmente achou que enganaria as pessoas que realmente gostam de você agindo daquela forma fria e sem emoção em tudo o que fazia? Mesmo te observando de longe eu senti que você estava diferente e suas amigas e amigos também notaram.


 


            Senti então uma enxurrada de lágrimas loucas para sair. Com outro soluço, abracei-o murmurando um “desculpa” e fui calorosamente retribuída.


 


            _Vamos voltar para o Salão Comunal? Está frio e você está só de camiseta. – Propôs ele de modo repreensivo por eu não estar com meu sobretudo. Assenti com a cabeça e, ainda abraçada em James e ele segurando a minha cintura por trás, começamos a andar.


 


            Percorremos metade do caminho em silêncio, com apenas o som de meus baixos soluços que se acalmavam enquanto as lágrimas começavam a cessar, mas que eu não percebia. Estava absorta demais pensando em minha sorte de poder ter uma segunda chance.


 


            _Vejo que seus soluços pararam. – Observou ele, parando de andar no meio do corredor e, conseqüentemente, fazendo-me parar também. Olhei para cima de modo a encontrar seus olhos faiscando estranhamente.


 


            _É mesmo. Nem tinha percebido. – Falei, dando uma profunda inspirada de olhos fechados. Senti ele largar minha cintura e abri os olhos. Dei de cara com rosto dele a alguns centímetros do meu. Soltei o abraço pelo susto. O que ele estava fazendo?


 


            _Ainda bem. Já não agüentava mais esperar. – Disse ele, dando um perigoso passo a frente enquanto eu recuava um.


 


            _Esperar?... Esperar o que? – Perguntei séria.


 


            _Você não acha que conseguiria me dar um beijo soluçando, acha? – Falou ele com um pequeno sorriso brincando em seus lábios. Avançando mais um passo enquanto eu recuava outro, ele desviou o olhar para minha boca.


 


            Quando recuei mais um passo para trás e senti que tinha encostado em algo duro e gelado, ele voltou a encarar meus olhos com um lindo sorriso.


 


            _Fim da linha, ruivinha. – E, apoiando uma mão ao lado de minha cabeça e acariciando meu rosto com as costas da outra, ele se aproximou lentamente, fechando os olhos. Meu peito subia e descia com a minha respiração acelerada. Fechei os meus assim que senti os lábios de James encostarem nos meus. Agora sinto que podia voltar a viver, de um modo melhor do que antes. 

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