Linda Rosa



Sam,


 


Espero que você leia esta carta a tempo.


Quero avisar que Remo vai comprar seus materiais hoje às três horas da tarde. E ele vai sozinho, pois inventei uma dor de cabeça quando ele me chamou pra ir com ele.


Acho que é a oportunidade perfeita pra começarmos.


 


Merlin, não estou acreditando que eu aceitei ser traída por você.


Mas tudo bem, tudo para nos vingarmos...


 


Boa sorte com a vítima,


 


Emile.




- Perfeito! – a garota exclamou com um sorriso radiante ao terminar de ler a carta.


Samantha tinha acabado de acordar com a coruja de sua amiga, e seu dia não poderia ter começado melhor. Espreguiçou-se ainda sonolenta e de repente deu um pulo ao olhar no relógio e ver que faltavam dez minutos para as três horas.


- Merlin, não sabia que tinha dormido tanto – ela se levantou rapidamente e foi até o pequeno banheiro que ficava em seu quarto. Lavou o rosto e saiu jogando as coisas para todo lado, procurando a roupa que iria usar para colocar seu grande plano em prática.


 


Pior que o melhor de dois




Samantha estava muito ansiosa, ela havia passado quase todas suas férias pensando em um bom plano para se vingar dos Marotos. Pois eles acabaram com a reputação dela e de sua amiga em Hogwarts. E a ida de Remo ao Beco Diagonal, sozinho, era a oportunidade perfeita.


Ela vestiu um vestido florido um pouco curto, pois sabia que Remo gostava de garotas meigas, mas sabia também que como todo garoto, ele se atrairia por suas pernas torneadas.  Calçou uma sandália rasteira cinza. Ela se olhou no espelho não gostando muito da roupa, não era o tipo que gostava de vestir. Mas aquele vestido era essencial, pois fora o vestido que sua amiga Emile usara no dia em que ela e Remo começaram a namorar. E isso com certeza faria com que ele reparasse facilmente nela.


Mas mesmo com as roupas diferentes, ele provavelmente se lembraria dela, por mais que fizesse quase um ano que eles não se viam. Samantha foi até o pequeno guarda-roupa de seu quarto e pegou em um pote uma poção que havia comprado, a qual pintava os capelos por um tempo limitado. Ela passou a poção em seus cabelos e em sua sobrancelha. Enquanto esperava fazer efeito, ela escreveu para suas amigas.




Lily,


 


Espero que você não tenha esquecido que, como hoje é o último dia se férias, Sirius e James vão fazer a despedida naquele bar de sempre e você tem que estar lá para garantir que James não te esqueceu.


Por favor, lembre-se de que o que faz ele te querer mais é que você é uma das únicas que disse não a ele, então trate de deixar muito claro que você realmente não quer nada com ele.


Ainda não é hora de beijá-lo.


 


Boa sorte e arrasa hoje à noite.


 


Sam.


 


Depois de escrever a carta para Lily, ela respondeu a carta de Emile e guardou as duas em sua bolsa, pois mandaria depois no correio do Beco Diagonal.


Lavou os cabelos e o rosto para tirar o excesso da poção. Agora seus cabelos estavam bem mais claros, quase loiros, ela fez alguns cachos e uma maquiagem delicada. Agora, nem ela se reconhecia quando se olhava no espelho.


Garantindo que não estava esquecendo nada e repassando o plano várias vezes em sua cabeça, ela saiu de seu quarto e andou pelos corredores cheios de portas, até chegar nas escadas, mas antes que pudesse descer, ela deu uma olhada para as pessoas que estavam lá em baixo no bar do Caldeirão Furado e ficou paralisada ao ver quem estava ali.


E por algum motivo ele olhou para cima exatamente quando ela chegou, e apesar de todo seu disfarce o garoto a reconheceu.


- Samantha? – disse o garoto franzino a testa com um pequeno sorriso – Por que você está vestida assim? – ele se levantou da cadeira em que estava sentado.


Ela deu um passo para trás.


Samantha não conseguia entender. O que ele estava fazendo ali? Ele era a ultima pessoa que ela esperava encontrar em Londres e principalmente no Caldeirão Furado.


 


Melhor do que sofrer depois




- Que bom que te encontrei – ele falou indo em direção à escada.


A respiração de Samantha começou a ficar meio descontrolada, e ela sentiu medo. Quando ele começou a se aproximar, ela recuperou os sentidos e disse de modo desesperado:


- Eu não sei do que você está falando – então passou direto por ele e saiu correndo em direção ao Beco Diagonal.


Ela teve de correr por vários lugares diferentes para despistá-lo, mas enfim conseguiu. Ela entrou no correio, ofegante. Samantha sentia um nó se formar em sua garganta, mas ela não podia se deixar afetar. Ainda mais no dia em que precisaria estar serena para que Remo acreditasse nela. Ela respirou fundo repetindo em sua mente seu plano, para tentar afastar as tristes lembranças que aquele garoto lhe trazia. Funcionou, mas ela sabia que não duraria por muito tempo.


Olhou no relógio, já eram quatro e meia. Samantha, depois de enviar as cartas, andou pelo Beco Diagonal à procura de seu alvo, torcendo para que Remo ainda não tivesse ido embora.


Não demorou muito para ela encontrá-lo, ele estava em uma das melhores lanchonetes, sentado sozinho em uma mesa, com algumas sacolas do lado, sua expressão estava de mais cansado do que nunca. Ela respirou fundo, se concentrando em tudo que ele e seus amigos fizeram para ela, e entrou no lugar, fazendo a melhor cara de meiga que conseguia.


 


Se é isso que me tem ao certo, a moça de sorriso aberto.




Quando passou pela porta ela tropeçou “sem querer” e olhou para baixo, envergonhada por todos olharem para ela. Remo passou o olho por ela de modo distraído, mas logo voltou a olhá-la com mais interesse, provavelmente por causa do vestido. Samantha, ao perceber que ele a olhava deu um pequeno sorriso sem graça, abaixando o olhar.


Havia um garoto sentado na mesa ao lado de Remo que ria do tropeção de Samantha. Ela, ainda se fingindo de tímida, passou por eles de cabeça baixa e foi em direção ao balcão.


- Eu vou querer um milk-shake de morango, por favor – ela pediu para a balconista.


Por mais que estivesse de costas para Remo, ela podia sentir os olhos dele pousados nela. Ela se sentou em uma cadeira alta que ficava no balcão, cruzando as pernas, fingindo muito bem que as estava mostrando exageradamente sem querer.


Quando a balconista entregou para ela o milk-shake, Samantha, “acidentalmente” derramou-o em seu colo, ela soltou um gritinho de susto.


- Ai, droga – ela disse se levantando da cadeira e quase caindo.


Todos em volta riam discretamente dela, apenas o garoto ao lado de Remo que gargalhava sem sequer disfarçar.


Lágrimas surgiram no rosto dela e ela saiu tropeçando para fora da lanchonete. Como Samantha planejara, Remo veio atrás dela.




Ingênua, de vestido assusta




- Você está bem? – ele perguntou e se virou pra ele com lágrimas escorrendo por sua face.


- Eu sempre tenho que fazer algo assim – ela reclamou, o olhando triste – Sou mesmo uma tapada.


- Não diga isso – Remo falou com um sorriso reconfortante, por mais que seus olhos demonstrassem cansaço – Você tem que se limpar, se você quiser, posso te acompanhar até a porta do banheiro e depois lancharemos juntos.


Samantha teve que se segurar para não dar o seu sorriso de vitória que sempre dava quando algo que ela planejava dava certo. Mas ela conseguiu dar apenas um sorriso tímido.


- Enquanto eu vou ao banheiro você pode ir pegar as suas coisas que você deixou na lanchonete – Samantha disse – Então você me espera e a gente pode ir para outro lugar.


- Perfeito – Remo falou dando um sorriso, que Samantha sabia que ele jamais daria para ela se soubesse que quem estava ali era ela – Então até agorinha.


Ela sorriu e foi em direção ao banheiro. Nada poderia estar ocorrendo melhor.


Quando entrou no banheiro, havia uma mulher se maquiando no espelho. Samantha pegou sua varinha e com um simples feitiço, todo o milk-shake havia desaparecido e seu vestido estava impecável novamente. Ela voltou a se olhar no espelho, estava realmente muito diferente.


Como ele a havia reconhecido? Samantha voltou a se perguntar, mas logo se lembrou de que tinha um grande plano para concluir e tratou de esquecê-lo por mais algum tempo.


Quando saiu do banheiro, Remo ainda não havia chegado, ela foi até uma barraca onde vendiam bebidas, comprou duas rapidamente. Tirou sua varinha da bolsa, apontou para uma delas e pronunciou algumas palavras em voz baixa, quando voltou a guardá-la na bolsa, viu Remo se aproximar, com algumas sacolas.


- Então, pra onde vamos? – ele perguntou quando se aproximou.


- Eu estava pensando em ir para uma loja de doces – ela respondeu – Ah, eu comprei para você – ela estendeu uma pequena garrafa de cerveja amanteigada para ele.


- Obrigado – ele disse pegando a bebida – Então vamos até a loja de doces.


Samantha o fitou com um sorriso discreto e os olhos brilhando, enquanto ele dava um bom gole na garrafa.


 


Afasta-me do ego imposto


 


 Emile estava terminando de arrumar suas coisas que levaria para a escola no dia seguinte, quando viu uma coruja entrar pela janela de seu quarto. Tirou a carta da perna da coruja e viu que era Samantha quem lhe escrevera.


Na carta Samantha estava relembrando o plano e pediu para que ela chamasse Lily para se arrumar na casa dela, para que Emile e Lily pudessem ensaiar e planejar tudo com detalhes, pois Samantha dava muito valor a isso. A carta também lembrava que Emile tinha de escrever para Remo, um pouco antes de sair, o chamando para ir com ela.


Emile deixou a carta em cima de sua cama e se sentou de frente para sua penteadeira, onde havia um grane espelho. Ela fitou seus próprios olhos verdes, se sentindo aborrecida com aquilo tudo. Emile sabia que podia simplesmente deixar aquilo passar, esquecer de tudo, ela e os marotos até que estavam se dando bem, e não era tão ruim assim não ser mais a popular da escola. Mas quando ela se lembrava da humilhação que os marotos a fizera passar, quando seus olhos voltavam a se encher de lágrimas com a lembrança, algo subia pelo corpo de Emile, uma sentimento inexplicável, que ela sabia que não passaria enquanto ela não se vingasse.


Não faltava muito tempo para que ela tivesse de ir ao bar, assim tratou de escrever para Lily e voltou a arrumar suas coisas, enquanto esperava pela resposta.




Ouvinte claro, brilho no rosto




Remo estava cada vez mais solto enquanto conversava com Samantha. Os dois estavam sentados em uma mesa dentro da loja de doces. Ela fingia não perceber e agia naturalmente com ele, ainda se fingindo de tímida e meiga. Mas ele falava cada vez mais alto e começava a se aproximar exageradamente da garota. Era exatamente isso que Samantha queria.


Ela aproveitava que o feitiço que havia colocado na cerveja amanteigada que Remo bebera estava fazendo efeito, e perguntava muitas coisas sobre ele. Já que agora o plano de destruição dos marotos estava iniciado, ela deveria saber o máximo de coisas sobre o inimigo.


- Engraçado, você me contou sobre toda sua vida quase, e hora nenhuma você falou de alguma garota – ela comentou, ainda com a voz meiga, fingindo que aquilo era algo muito normal para se comentar.


Remo a encarou, um pouco sério, Samantha percebeu que ainda restava algo do Remo sensato ali, mas como ele não disse nada, ela continuou.


- Você já se apaixonou? – ela perguntou.


Remo continuou a fitá-la nos olhos, de um jeito sério, mas estranho. Ela por um tempo teve receio de que ele a reconhecesse.


- Tudo bem se você não quiser dizer – ela falou aproveitando para abaixar o olhar e fazer com que ele parasse de encará-la, pois ela não havia mudado nada em seus olhos.


- Não – ele disse – É só que agora eu percebi que você se parece muito com uma garota pela qual eu me apaixonei.


Samantha deu um pequeno sorriso, Emile estava fazendo um bom trabalho, pensou. Mas para parecer mai inocente ainda, ela perguntou:


- Qual é o nome dela? – Remo pareceu receoso por um segundo.




Abandonada por falta de gosto


 


- Bom, eu não gosto dela mais, sabe – ele parecia querer se justificar, mais para si mesmo do que para ela. Samantha começou a desconfiar que havia outra garota que poderia atrapalhar – Eu me apaixonei por ela quando eu tinha uns doze anos. Ela era uma grande amiga minha, mas de repente ela mudou, virou uma pessoa má – Remo ficou com o olhar perdido enquanto falava – Ela passou dos limites... Até que a pessoa que eu gostava deixou de existir. E eu tinha que fazer algo com a parte que a substituíra...


Samantha serrou os olhos, se esquecendo do disfarce, ela nunca havia chegado a saber disso. Será que essa garota seria capaz de atrapalhar seus planos?


- Você ainda não me disse o nome dela – Samantha falou, se esquecendo de ser tão meiga.


Remo ficou em silencio por um tempo, talvez com medo de dizer o nome, que o faria lembrar de uma pessoa que não existia mais.


- Samantha – ele disse por fim.




- Você tem certeza de que se lembra de tudo? – Emile perguntou pela milésima vez,  enquanto saia do banheiro com a toalha enrolada em seu corpo.


- Quantas vezes vou ter que responder que sim? – Lily perguntou aborrecida, pegando sua toalha e indo até o banheiro – Eu só tenho que fazer o que eu sempre faço na escola: deixar bem claro que eu não quero nada com o Potter.


- Acredite, agora não vai ser tão simples – Emile disse se sentando na cama – Provavelmente James vai estar bem mais atraente do que ele já é, porque ele não vai estar com aquele uniforme ridículo da escola. E você não vai ter que simplesmente dar o fora nele. Você tem que garantir de que ele vai querer ficar com você. Você tem que provocá-lo, fingindo que não tem a intenção de provocar, deixar bem claro que você não quer que ele se aproxime, mas fazer com que ele fique o mais perto possível todo o tempo e ainda tem que conseguir resistir ao charme dele – Emile respirou fundo depois de dizer tudo muito rápido.


Lily riu da amiga e revirou os olhos.


- Fique tranqüila, a convivência com Samantha nessas férias me fez aprender muitas coisas – ela disse confiante e depois fechou a porta do banheiro.


- Espero que você esteja certa – Emile falou indo se vestir.




Agora sei, não mais reclama, pois dores são incapazes




Lily entrou na banheira, prendendo seu cabelo em coque alto com uma piranha. As palavras de Emile ecoando em sua cabeça. Ela sabia que seria capaz de fazer aquilo tudo, o que ela não sabia era se ela realmente queria fazer. Ela não tinha nada haver com a humilhação que os marotos causaram para Emile e Samantha, afinal, na época elas nem eram amigas, mas Potter sempre fazia isso com as pessoas, ele e seus amiguinhos adoravam humilhar as pessoas.


Lily respirou fundo, controlando as lágrimas que teimavam em invadir seus olhos, por mais que não conversasse mais com Snape, ela ainda sentia um aperto no coração quando se lembrava de todas as vezes que Potter o humilhara. Por mais que ele não fosse cruel o bastante para se juntar aos Comensais da morte, ele era muito capaz de magoar pessoas cruelmente.


Ela se perguntava se não estava sendo errada de chegar àquele nível, mas uma voz em sua mente lhe dizia que Potter só aprenderia a lição se alguém fizesse o mesmo com ele.


A ruiva, enquanto passava uma bucha por seu corpo distraidamente se lembrava que, antes de se juntar a Emile, era bem mais fácil ver as pessoas a fazendo chorar, inclusive Potter. Talvez porque na época em que se juntou a ela, as atenções estavam voltadas a Emile, por causa do que descobriram sobre ela, e todos se esqueceram de Lily, mas por algum motivo, foi nesta época, a época em que todos esqueceram de olhar pra ela, que Potter voltou a notá-la. E ela sabia que ficava mais forte cada vez que conseguia se afastar dele.


- Você tem que fazer isso – ela disse para si mesma – Ele merece.




- Eu não estou acreditando – Samantha repetia sem parar enquanto andava de um lado paro outro no banheiro.


Ela havia levado um choque tão grande ao escutar seu próprio nome sair da boca de Remo, que toda sua encenação foi impedida, ela simplesmente não conseguia mais fingir. Por sorte Remo estava meio louco por causa do feitiço e não percebeu. Samantha disse a ele que precisava ir ao banheiro, teve que insistir muito para que ele não fosse embora, pois já estava escurecendo, mas ela conseguiu convencê-lo.


Ninguém nunca havia a pegado tão de surpresa assim. Afinal, ela sequer se lembrava que havia sido amiga de Remo algum dia.


Não era culpa dela se ele entendera as coisas errado. Ela desde o primeiro dia que entrou em Hogwarts tinha o objetivo de ser dona da escola e conseguiu. Só isso. Samantha não foi para lá com o intuito de ser melhor amiga de um garoto esquisito como ele.


Se bem que agora ele não estava tão esquisito assim, tirando o fato de que ainda parece um pouco doente e com cara de cansado. Mas isso não importa, nem a suposta amizade que ela tivera com ele a impediria de continuar.


- Tenha foco, Samantha – ela disse se encarando no espelho – Foco.


- Falando sozinha? – Samantha se virou assustada ao escutar a voz de um homem ali.


- Remo? – ela falou assustada – O que você está fazendo aqui? Aqui é o banheiro feminino.


- Você estava demorando muito – ele falou meio enrolado, Samantha percebeu que o feitiço estava fazendo cada vez mais efeito.


A morena respirou fundo, se lembrando apenas do que ele fizera para ela, e se concentrou em seu plano novamente. Tudo valeria à pena.


- Você sentiu minha falta? – ela perguntou voltando a usar sua voz meiga, se aproximando dele de vagar.




E pobres desses rapazes que tentam lhe fazer feliz




- Senti – ele disse com um sorriso bobo, também se aproximando.


Samantha colocou uma de suas mãos no peito dele, passou sua mão de leve até seu ombro, aproximando seu rosto do de Remo. Ela não precisou esperar muito, no mesmo segundo o garoto acabou com o espaço que separavam os lábios um do outro. Com um beijo leve ele colocou as mãos na cintura dela. Samantha colocou os dedos entre os cabelos dele, o forçando a se aproximar, ele apertou mais a cintura dela, agora seus corpos estavam totalmente colados, enquanto se beijavam de um modo cada vez mais caloroso.


Viraram-se assustados quando uma idosa entrou no banheiro e soltou um grito esganiçado ao ver os dois. Ela saiu resmungando algo como que a juventude não é mais como antigamente.


Mas a separação dos dois não durou muito tempo, estava bem claro que ele queria continuar o beijo, sem se importar se mais alguém entraria ali.


- Não acha que devemos ir para um lugar mais confortável? – Remo perguntou entre beijos.


- Acho uma ótima idéia – Samantha respondeu com um sorriso vitorioso.


Estava tudo ocorrendo bem na parte dela, enquanto eles se beijavam ela desejava que suas amigas tivessem fazendo tudo certo também.




Emile e Lily entraram no bar já a procura de seus alvos. As duas jamais estiveram tão bonitas. Por onde passavam, homens e garotos as olhavam e tinham que comentar alguma coisa. Emile, com seu rosto de santinha de sempre, sorria por dentro, pois adorava toda aquela atenção. Já Lily não estava acostumada com aquilo e se sentia constrangida, mas com o tempo, depois de fazerem seus pedidos e ela ser cantada pelo garçom que era muito bonito, ela começou a achar que aquilo não era tão ruim.


- Não estou acreditando – as garotas escutaram uma voz conhecida atrás delas e se viraram.


- James! – Emile falou empolgada.


- O que você está fazendo aqui? – James perguntou sem tirar os olhos de Lily.


- Ah, eu percebi que sentiria falta das minhas férias e decidir fazer como vocês: Vir aqui para esse bar. Quero ver o que ele tem de tão especial – Emile falou. Lily a olhava sem acreditar em quão meiga sua amiga era com eles.


- O que há de especial aqui você não pode conhecer, mocinha – foi a vez de Sirius Black falar, ele tinha todo um ar desleixado e charmoso – Falando nisso, onde está Remo?


- Eu não sei. Escrevi uma carta pra ele o chamando para vir e ele não respondeu. Então mandei outra avisando que iria sem ele e que se ele quisesse poderíamos nos encontrar aqui – a garota respondeu – Ah, e eu falei pra ele ficar tranqüilo, porque provavelmente vocês estariam aqui para me vigiar.


Sirius e James riram.


- Não seja boba, Remo sabe que você não precisa ser vigiada – Sirius a encarou de um modo carinhoso demais para apenas um amigo.


James estava ocupado admirando Lily para perceber, Emile fingiu também não notar, mas deu um grande sorriso, não para Sirius, e sim para si mesma, pensando em como o plano estava dando certo.


 


Escolha feita, inconsciente, de coração não mais roubado




Os garotos sentaram com elas. James ao lado de Lily e Sirius ao lado de Emile.


- Você não me avisou que o Potter estaria aqui – a ruiva cochichou no ouvido da amiga, mas alto o bastante para que James ouvisse.


- É porque se eu dissesse, você não viria – Emile cochichou de volta.


James se sentiu meio desconcertado.


- Mas então, não sabia que vocês eram amigas. – Sirius tratou de falar alguma coisa, ao ver que o amigo estava sem graça – Não me lembro de vocês duas conversando na escola.


- Ah, é.  Nós nos conhecemos nas férias, nos encontramos em um parque de diversões trouxa –Emile respondeu – Incrível como o mundo é pequeno, não é?


Emile, James e Sirius conversaram por um tempo, enquanto Lily ficava calada, se fingindo de deslocada. Depois de um tempo Sirius foi dançar com Emile, deixando os dois a sós.




No bar havia um pequeno espaço para os casais dançarem. Passava uma musica lenta e romântica. Sirius e Emile caminharam de mãos dadas até lá.


- Eu não sabia que você dançava – a garota comentou, colocando as duas mãos sobre o ombro de Sirius, enquanto ele colocava as dele em sua cintura.


- Você nunca mais vai dançar com alguém tão bom – Sirius falou com seu sorriso convencido.


Emile riu com a brincadeira. E fingiu mais uma vez não perceber o quanto Sirius a olhava de modo carinhoso, principalmente quando ela sorria. 


Ela ficava alguns centímetros afastada dele, diferente dos outros casais ali que dançavam totalmente abraçados. E Sirius, é claro, notou. Era por isso que ele gostava tanto dela, porque ela não era como as outras que ficavam sempre se agarrando a ele, se atirando. Ela era especial. Sirius não conseguia parar de pensar em como Remo tinha sorte e em como ele era bobo de deixá-la sozinha, ela era especial demais, qualquer um podia notar isto e a qualquer momento Remo poderia perdê-la.


Os dois ficaram em silêncio, o que não era normal, pois geralmente conversavam muito. Mas só foi começarem a dançar que o assunto se esvaiu de suas cabeças e eles não sabiam mais o que dizer.




Homem feliz...




O tempo passou, eles não sabiam quantas musicas haviam passado, mas os dois continuavam ali. De vez em quando, Emile percebia que os dois estavam muito próximos e se afastava, e Sirius não conseguia esconder que ficava sem graça.


Uma voz na cabeça dele dizia para que ele parasse de dançar o mais rápido possível, que aquilo não teria um bom fim. Era natural de Sirius, ele sempre se esforçava pra fazer as garotas gostarem dele, o garoto se sentia bem com toda a atenção. Mas aquela era Emile, a garota especial, a namorada de um de seus melhores amigos. Ele não podia fazer aquilo com ela, não podia tentar conquistá-la como fazia com todas. Emile já tinha alguém. Ele não podia estragar tudo.


- Realmente, você dança muito bem – Emile decidiu falar, os dois novamente estavam próximos, mas Sirius estava distraído demais para perceber e a garota fingiu não notar também.


- Que?... Ah, é. Obrigado – aquela garota realmente mexia com ele e isso não era nada bom.


- Você está bem? – Emile perguntou o encarando desconfiada.


- Estou – Sirius respondeu, tentando se recompor e tentando não reparar em como ela estava cheirando bem – É só que eu cansei, acho melhor nos sentarmos.


Mas ele a segurava firme demais para quem queria soltá-la.


- Ok – Emile teve de tirar as mãos dele de sua cintura por si mesma, porque ele não havia soltado.


- Desculpe... – ele murmurou ao se tocar.




Lily e James fizeram seus pedidos assim que Emile e Sirius saíram, enquanto esperavam o garoto começou a puxar assunto. Era a primeira vez que a ruiva entrava em ação como uma sínica. Em sua mente parecia ser bem mais fácil. Ela tinha que fazer com que James perdesse a noite apenas perto dela, mas ela tinha que resistir a tudo que sentia por ele e que negava sentir, e ela tinha que fingir que não sentia nada. A última coisa não era tão difícil, pois ela já mentia para si mesma sobre isso há muito tempo.


Lily conversou pacificamente com ele, respondendo tudo que James perguntava sobre ela e até perguntava algumas coisas sobre a vida dele também. E infelizmente, acabou percebendo que ele era bem mais legal do que ela podia imaginar.


Ela teve que se segurar para não dar gargalhadas altas, por causa de coisas que ele dizia. Teve que resistir quando o garoto foi pegar sua carteira que caiu no chão e ele se aproximou tanto que Lily pode sentir seu perfume que era muito, muito, muito bom. E também teve que se esforçar para desviar a mão quando ele tentou segurá-la.


Aquela noite, definitivamente estava sendo uma tortura pala Lilian. Ela não entendia como Samantha e Emile conseguiam agir daquele jeito, planejando cada gesto que faziam.


James estava tão feliz por tê-la ali, que sentia que ia explodir a qualquer momento. O garoto havia se esquecido de como gostava dela. Jamais havia conversado por tanto tempo com Lily e com tanta calma. A cada segundo que passava ele a achava mais incrível.


 


Mulher carente...




Sirius estava tão perdido, com o cheiro do perfume dela na memória e com a imagem de Remo e Emile juntos em sua mente, que levou a garota para se sentar em outro lugar. Ele pediu uma cerveja para o garçom.


- Tem certeza de que você está bem? – Emile perguntou preocupada. Por dentro ela se segurava para não rir do desespero do garoto.


Sirius apenas balançou a cabeça dizendo que sim.


O tempo passou e Sirius ou Emile não disseram uma palavra. A cerveja chegou e Sirius a bebeu quase toda em um só gole.


- Sirius! – Emile falou preocupada – O que é isso? O que você tem?


Ela abriu a boca para lhe dar um sermão, mas antes que pudesse falar o garoto lhe deu um beijo. Emile primeiro arregalou os olhos, realmente assustada, mas depois se recuperou. Esperou um momento para se recompor enquanto se beijavam, pois quando Sirius a encarasse assustado, ela não podia mostrar em como estava feliz, ela controlou sua expressão para de susto e então se afastou de uma vez.


Exatamente como Emile havia imaginado, o garoto a encarou de olhos arregalados. E ela fez o mesmo, colocando a mão na boca.


- Me desculpe – ela falou, seus olhos se enchendo de lágrimas.


Sirius se levantou e saiu praticamente correndo em direção ao banheiro, ele esbarrou em algumas pessoas que brigaram com ele, mas ele ignorou.


Emile deu um grande sorriso, limpando as lágrimas falsas que haviam escorrido de seus olhos. Já imaginando como escreveria para Samantha, dizendo que ocorrera tudo bem.




Com o tempo Lily foi se soltando mais, James era muito divertido, aos poucos ela foi se esquecendo do plano, foi se esquecendo da raiva que sentia por ele, ela se esqueceu da vingança, esqueceu até mesmo que Emile estava ali no bar em algum lugar. James foi capaz de fazê-la se esquecer de Samantha que havia treinado com ela todas as férias para que ela fosse uma sínica.


- Eu já falei que hoje você está mais linda do que nunca? – James comentou. A cada minuto os dois ficavam mais próximos.


Lily tentou conter o sorriso, mas foi em vão.


- Já disse sim , James – ela falou, sentindo seu rosto corar – Obrigada.


E o maior erro de todos, depois de todo o esquecimento: Lily decidiu olhar dentro dos olhos do garoto. No instante em que o fez, ela se arrependeu, mas era tarde demais.


James percebeu o que havia acontecido. Ela não desviava seus olhos do dele. Ninguém jamais o olhara daquele jeito. Era como se ela pudesse enxergar além de seus olhos, como se ela pudesse ver dentro dele. Por um momento ele teve vontade de se esconder, mas então ele se lembrou de como havia sonhado com aquele momento e por mais que não se achasse digno de alguém tão especial, ele não podia deixar passar aquela chance.




A linda rosa perdeu para o cravo.




Lentamente James aproximou seu rosto do dela, seu olhar pousado nos lábios da garota. Ela ainda não conseguia parar de encará-lo, percebeu quais eram suas intenções e não conseguiu se mover. Lembrou-se de uma tal carta que lhe dizia que ela não podia fazer aquilo, mas aquela carta não foi forte o bastante, parecia uma lembrança distante, que talvez sequer fosse real.


Os lábios de ambos se encostaram e seus olhos se fecharam automaticamente.




Samantha se levantou da cama de repente. Estava irritada consigo mesma por não estar conseguindo se controlar. Seus olhos estavam marejados. Ela olhou no relógio pela milésima vez. Ainda eram duas horas da manhã. Depois pousou novamente seus olhos no garoto que dormia ali, a sono solto.


Seu plano era que ele acordasse e a visse dormindo para que se lembrasse de tudo que acontecera e ficasse com peso na consciência por  ter traído Emile, pois o feitiço que usara poderia afetar na memória e Remo talvez não se lembrasse. Mas ela não agüentava ficar mais nenhum segundo ali. [i]Porque ele teve que aparecer logo hoje?[/i], ela se perguntava enquanto as lágrimas escorriam silenciosamente pelo seu rosto.


Samantha odiava se sentir daquele jeito e sabia que só havia uma coisa que poderia lhe fazer melhorar, lhe fazer se sentir forte novamente, pois era só isso que a ajudava quando se sentia uma criancinha frágil e desprotegida.


Ela deixou uma carta para que Remo não se esquecesse dela, colocou um relógio para despertar para que ele acordasse a tempo de ir para Hogwarts e foi embora do hotel trouxa, que era onde eles se encontravam.


A garota caminhou lentamente pelas ruas, tentando pensar em outras coisas que não fossem  sobre ele e quando chegou no lugar que pretendia, bateu à porta do trailer, onde havia escrito bem grande com letras coloridas: [i]Sorvete de todos os sabores[/i]. Ela teve que bater mais algumas vezes para que a pessoa acordasse e viesse atender. Alguns minutos depois um senhora abriu a porta.


- Samantha? – ela perguntou com a voz sonolenta, a olhando desconfiada.


- Você ainda tem sorvete de morango? – a garota perguntou e um segundo depois caiu aos prantos, colocando a mão no rosto.


- Ai, minha querida, o que aconteceu desta vez? – a senhora perguntou a colocando para dentro do local e fechando a porta.


- Eu preciso urgente de um sorvete – ela falou entre soluços.




fim do capitulo um


Música: Linda Rosa – Maria Gadu




 

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