Reencontro com o passado





Title: Ódio ou Amor?


Author name: Ana Jully Potter


Category: Romance


Shippers: Harry e Hermione


Disclaimer: Harry Potter infelizmente não é meu sou uma pobre escritora sem um centavo furado então por favor não me processem. Todos os personagens pertencem a Jk e a Dafne Claire que a autora do livro em que me inspirei.


Sinopse do capitulo:
Sexy, de boa aparência e com um charme perigosíssimo, especialmente para Hermione, que há dez anos vinha fugindo de tudo isso. Ele realmente levava vantagem sob todos os outros homens, entretanto isso nada a ela significava. Mas o destino teimava em reuni-los. Agora Harry tornara-se um homem diferente, disposto a fazer qualquer coisa para não voltar a sofrer depois de ser.... Nem que para isso fosse preciso chantagear, blefar, brigar.... e se apaixonar.




Capitulo
I
Reencontro com o passado.


"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía."
Camoes






Hermione Jane Granger ajeitou seus enormes brincos de prata e arrumou mecha de cabelo que caiu em seu rosto. Aquele estilo enganoso combinava com ela, afinal há muitos anos vivia nessa espécie de farsa, pelo menos desde que abandonara uma das partes mais importante de si: a magia.


Hoje com vinte e sete anos ainda recordava com melancolia que há dez anos deixara parte de sua felicidade. Para alguns um ato de covardia , para ela a única escolha.


No inicio fora realmente difícil deixar de lado as velhas manias (como fazer feitiços ou usar a varinha), mesmo assim nada como o tempo para ocultar certas lembranças, principalmente quando queremos tão avidamente esquecê-las.


Desistira de tudo que prezava graças aquela maldita guerra que marcara uma era na historia da magia com o sangue das vitimas inocentes que fora derramado.


Mas não haviam sido o caos ou o sofrimento que a haviam levado a desistir de tudo e sim a indiferença e a solidão. Engraçado pensar em solidão quando se tem amigos, porém aos poucos um abismo parecia começar a separá-los e a cada dia ia tornando-se mais palpável e era daí que começava a nascer o sentimento de abandono, alguns dizem que a solidão é não ter ninguém por perto, na verdade para ela solidão era estar rodeada de pessoas, mas distante de seus corações.


A guerra mudara a tudo e a todos. O medo e o desespero viviam estampados nos rostos dos homens, mulheres e ate mesmo das crianças que antes inocentes agora viviam cientes da realidade do mundo afinal de contas para a guerra não há distinções. Mas o mais assustador de tudo isso, era que todos começavam a se acostumar com essa perspectiva. Já não era incomum ver no noticiário casos de ataques a bruxos ou trouxas, assassinatos e torturas tornavam-se simplesmente rotina e assim continuaria até que alguém pusesse fim ao terror.


Ela também havia mudado, isso era inegável, mas o que mais doeu foi ver o que seus dois melhores amigos haviam se tornado.


Harry transformara-se completamente, quem não o conhecesse diria que ele não passava de um garoto serio, distante, calculista, mas um exímio guerreiro na frente de batalha, um caçador que depois de selecionada a presa não descansava ate tê-la capturado sem misericórdia. Tão diferente do Harry de antes. Construirá um muro intransponível ao redor de si que excluía o contato com tudo e a todos do mundo exterior.


Mas naquela época ninguém ousava discutir seus métodos. Este era o Harry que todos precisavam, alguém que não titubearia em matar se preciso.


Rony por sua vez afastara-se depois que tinha se tornado o melhor goleiro de Quadribol de três temporadas seguidas do Chudley Cannons sendo que em setenta jogos tomou apenas três gol e foi considerado fenomenal por todas as revistas bruxas por um bom tempo. Talvez ele não houvesse se afastado de propósito, pelo menos era isso que ela acreditava. Mas o sofrimento muda as pessoas e ter os pais torturados e assassinados em uma emboscada armada por Comensiais da Morte devia ter sido um golpe duríssimo.


Harry passara a se culpar por esse terrível incidente também, como se já não fosse o suficiente ter que carregar as esperanças e o desejo de paz de todo um povo, insistia em querer carregar mais um fardo. Era demais ate mesmo pra ele que já estava acostumado com o sofrimento, na verdade ninguém realmente consegue se acostumar a sofrer as pessoas apenas passam a aceitar os fatos calados. E foi isso que ele fez. Talvez por isso tivesse se afastado. Estava cansado de sofrer. Estava cansado de ter que agüentar calado.


Rony apesar de não considerá-lo culpado decidiu que era melhor se manter afastado tanto dele quanto de mim. Harry por sua vez não fez questão alguma de lutar para nos manter unidos. O famoso trio inseparável de Horgwats se desfazia aos poucos. No começo lutei desesperadamente para salvar nossa amizade, mas tudo parecia conspirar contra nós e admito que acabei desistindo. Era inútil lutar por algo que estava fadado a deixar de existir. Hoje acho esse foi o meu maior erro.


A guerra teve seu desfecho no final do sétimo ano e nessa época já eram poucas às vezes em que nos falávamos. Harry felizmente conseguira vencer Voldemort e decidiu que não mais queria viver no mundo bruxo. Acho que estava cansado de ser aclamado herói por algo que ele não possuía o menor orgulho de ter realizado. Deve ser uma perspectiva muito perturbadora ser um salvador e ao mesmo tempo um assassino.


Talvez quisesse curar seu coração longe de tudo aquilo. Partiria para bem longe, tentaria esquecer e recomeçar, infelizmente isso implicava em tentar me esquecer também. Assim antes de partir ele me pediu que não tentasse localizá-lo ou algo do gênero.


Rony seguiu seu caminho e como vivia viajando em temporadas e campeonatos, passei a não vê-lo mais também.


Nada mais naquele mundo fazia sentido para mim, então me refugiei de uma vez por todas no meu antigo mundo: o trouxa.


Aqui pelo menos podia fingir que era feliz e que de minha vida não havia sido arrancado um pedaço. Agora eu sorriria para acalmar os corações daqueles que me amavam.


Fiquei muito feliz quando há dois anos atrás voltei a encontrar Rony, agora casado com Luna Lovegood (quem diria!) há pouco mais de três anos e eles já tinham ate um filho de dois aninhos. Acabamos conversando por horas, e ele acabou me pedindo desculpas por como ele mesmo disse: - ter me abandonado.


Também fiquei sabendo que Gina casara-se com Draco Malfoy e claro não pude conter o riso com a careta que Rony fez ao lembrar-se desse “detalhe”: Uma Weasley e um Malfoy casados? O inferno deve ter congelado com certeza.


Era interessante como a vida de meus amigos tinha dado certo mesmo depois de tanto sofrimento e confesso que não consegui evitar as lagrimas que teimaram em cair enquanto de súbito abracei Rony dizendo o quão feliz estava por eles.


Os anos haviam passado e agora eles eram felizes, isso fazia com que todos os sacrifícios tivessem valido a pena.


Reatamos nossa amizade, mas infelizmente nada voltaria a ser como antes, faltava ainda um pedaço de nossas historias, Harry não estava ao nosso lado ou melhor ao meu lado.


Bem quanto a ele nunca mais tive noticia ou o reencontrei. Soube apenas que ele tornara-se muito rico e importante em ambos os mundos, porem nunca tentei me aprofundar no assunto, pois como ele havia me pedido tentei deixá-lo em paz.
Rony me disse certa vez que o havia reencontrado em um de seus jogos de Quadribol acompanhado de duas loiras magníficas. Ele e Rony ao que parece voltaram a se falar e manter contato, no entanto eu nada mais quis saber, doía muito o fato de apenas eu agora estar excluída de sua vida. Decidi então parar de pensar nisso. Para ser sincera já fazia algum tempo que essas recordações não voltavam a me atormentar, mas hoje parecia que ia ser um dia especialmente conturbado.


Hermione foi trazida de seus devaneios ao ouvir a voz de seu pai, amigável e calorosa, saudando os convidados que chegavam. A campainha da porta já devia ter sido acionada uma três ou quatro vezes. Laura, sua madrasta (sua mãe morrera no começo do sexto ano de Horgwats em um terrível acidente de carro) devia estar agitada como de costume, checando os lugares dos talheres, arrumando as almofadas, entrando e saindo da cozinha para ter certeza de que os garçons estavam servindo adequadamente, apesar de eles pertencerem a um dos melhores bufes da cidade.


Hermione deu um último retoque na maquiagem e no tubinho tomara que caia preto que vestia. A sombra que usava fazia com que seus olhos parecessem maiores, mais escuros e, de alguma forma, misteriosos.


- Humf! Suspirou desanimada.


Era melhor descer logo antes que seu pai a chamasse para receber o convidado importante que ele há dois dias mencionava:


- E dê uma atenção especial a nosso convidado de honra. O pai instruiu-a na noite anterior. Faça-o se divertir.


Com certeza ele devia ser apenas mais um bem sucedido homem de negócios, muito prepotente e orgulhoso de si que não estaria nem um pouco interessado em conversar com ela, já que o único objetivo desses homens era falar de si próprio e de suas grandes conquistas.


Hermione sabia muito bem que seu pai Jonah estava pedindo para que ela agisse com muita serenidade e graça. Uma perfeita dama da alta sociedade.


Saiu do quarto e caminhou lentamente pelo corredor parando apenas quando já havia chegado ao topo da escada. A velha e preservada mansão ficava no subúrbio e Gull Lake e era o sonho de qualquer um. O tapete persa cobria o caminho da escada ate a enorme sala de jantar, onde seu pai estava reunindo os convidados.


A campainha tocou mais uma vez e Jonah inclinou a cabeça e disse a todos:


- Volto daqui a um minuto. Ai esta Laura. Ela servira os drinques.


E foi abrir a porta. Hermione estava descendo as escadas na mesma hora em que o recém-chegado apertava a mão de seu pai, trocando algumas palavras sobre o iminente verão. O novo convidado tinha a voz grossa e um tanto incisiva, mas estranhamente familiar a Hermione o que acabou fazendo com que ela concentrasse sua atenção nele.


Nesse mesmo instante, ele deve ter percebido os movimentos dela e ergueu a cabeça olhando em direção a escada por cima do ombro do Jonah.


E foi então que tudo pareceu parar e por alguns instantes ela ficou sem reação alguma, surpresa e magnetizada por aquele olhar verde. Há dez anos... Há dez longos anos não via esses olhos...


- Meu Deus!!! Sussurrou segurando firmemente o corrimão da escada como se disso dependesse sua própria vida.


Ele estava forte, os cabelos escuros ainda um pouco rebeldes mas agora naquele olhar, havia uma vasta experiência do mundo.


Tinha um porte mais para atleta do que para homem de negócios. Talvez pelos vários anos que jogara Quadribol ou talvez fosse apenas o tipo de calça que usava que evidenciava as pernas fortes e longas.


Era mais alto que o seu pai. O terno do convidado era impecável e mostrava os ombros largos e a bela musculatura.
Assim que ela desceu o resto das escadas, ele a fitou com interesse e um sorriso encantador tomou conta de seu rosto.


Hermione não pode evitar que um arrepio percorresse o seu corpo. Ele com certeza havia se tornado um homem seguro de si e que sabia exatamente o efeito que tinha sobre as mulheres.


- Ai esta você . Jonah falou com um enorme sorriso nos lábios. - Harry deixe-me apresentar minha filha. Hermione, este é Harry Potter. Já te falei sobre ele.


Jonah fitou-a com um olhar sugestivo e Hermione notou que Harry deu uma olhada rápida para ele, antes de apertar a mão dela com firmeza.


- É um prazer conhecê-la senhorita Granger. Indagou depois de algum tempo.


“Como?” quer dizer que ele vai fingir que não me conhece? Muito bem se ele quer assim, eu também posso jogar.


- O prazer é todo meu senhor Potter. Respondeu polidamente.


- Oh!O que é isso, assim você me faz sentir como um velho. Chame-me apenas de Harry, por favor.


- Como queira Harry, mas me chame também apenas de Hermione.


Eles se encararam por algum tempo enquanto Harry a analisava sugestivamente da cabeça aos pés.


- Desculpe! Mas será que já nos conhecemos de algum lugar? Seu rosto me parece tão familiar. Perguntou fingindo forçar a memória.- Quem sabe já não estudamos juntos? Disse começando a sorrir.


“Cínico” pensou Hermione.


Jonah congelou perante aquela pergunta, Hermione por sua vez continuou compassiva e apenas respondeu:


- Creio que não Harry. Não costumo me esquecer de rostos facilmente. Além do mais estudei em colégio de freiras desde pequena e não havia meninos em minha escola. Falou calmamente.


Harry apenas sorriu mais amplamente, aquela situação parecia o estar divertindo muito.


- Oh! É mesmo. Você tem razão. Alem de tudo um rosto como o seu é difícil de ser esquecido. Disse se aproximando e fazendo uma pequena reverencia para depois tomar-lhe uma das mãos da morena e dar um pequeno beijo, encarando-a nos olhos.


- Venha Harry. Jonah disse, colocando a mão no ombro do convidando e cortando o clima. – Há outros convidados nos esperando.


- Ah! Sim claro. Vamos. Falou soltando a mão de Hermione e seguindo Jonah ate a sala onde estavam os outros convidados.


Quando começavam a se afastar um pouco mais da escada Harry olhou para trás, como se permitisse que Hermione os seguisse ate o outro aposento. Este era grande, decorado com confortáveis cadeiras e sofás de couro, mesas de mármore e algumas antiguidades. Um pequeno bar ficava num canto e parecia ter sido especialmente construído para complementar a decoração.


- Vou deixar Mione tomando conta de você. Jonah declarou dando um tapinha nas costas de Harry assim que chegaram a sala. - Não se incomoda não é? Falo com você mais tarde.


- Ficarei encantado com tão agradável companhia não se preocupe. Harry murmurou com um brilho no olhar assim que Jonah se afastou. Logo em seguida virou-se para Hermione com um sorriso galanteador.


- Os anos lhe deixaram lindíssima Hermione.


“Ele não parece encantado”, Hermione pensou. “Parece um predador rondando a presa”.


- Então quer dizer que agora você se lembra de mim. Perguntou um pouco dissimulada.


- Oh! Quer dizer que você ligou para aquela pequena atuação? Me desculpe. Simplesmente não queria que fossemos submetidos a um interrogatório. Além do mais acho que seria um pouco embaraçoso para seu pai sabermos que estudamos juntos, não acha?


- Sei. Indagou como se não se importasse.


- Os anos passaram rápido demais não é mesmo?


- Provavelmente sim. Mas talvez não rápido o suficiente.


- Por quê? Perguntou com um tom visivelmente interessado.


- Oh! nada. Respondeu com um tom irônico.Talvez simplesmente porque você sumiu por longos dez anos e depois do nada quer voltar para a minha vida. Não acha um pouco presunçoso da sua parte.


- Acredite em mim. Não era de minha total intenção retornar a sua vida. Apenas fui cordialmente convidado a esse jantar e resolvi aceitar.


- Não estou entendendo.


- Mas vai. No momento certo é claro.


- Se você esta dizendo. O que quer beber? Perguntou.


- O que você vai tomar?


- Vinho.


Geralmente, ela não bebia nas festas de seu pai, mas algo em Harry a deixava tensa, talvez pelos anos em que haviam ficado afastados e definitivamente um copo de vinho a ajudaria a relaxar.


- Quero o mesmo. Harry declarou sorrindo simpaticamente.


Ela hesitou. Ele parecia querer brincar com a sua mente deixando-a irritada e estava de certa forma conseguindo.


“Você não vai conseguir me abalar Potter. Eu não sou mais aquela garotinha de dez anos atrás que queria desesperadamente agradar o melhor amigo”. Pensou Mione.


Ele ergueu as sobrancvelhas, intrigado.


- Algo errado Mione?


“Mione” como soava estranho esse apelido saindo da boca dele ou talvez apenas tivesse esquecido como ele o pronunciava.


Mais uma vez Hermione se via presa em seus pensamentos. Então apenas abanou a cabeça e sorriu mais de seus pensamentos do que para ele. “Era realmente estranho como ele a irritava tão facilmente”.


Hermione! – a madrasta a chamou. – Ah, ai esta você!


Hermione viu Harry sorrir ligeiramente, com certeza lembrando-se que o pai a cumprimentara do mesmo modo. E ele a olhava com curiosidade agora.


Assim que Laura se aproximou o suficiente de ambos Hermione tratou de apresentar o convidado que estava entretido com toda aquela situação.


- Laura, este é Harry Potter. Apresentou. - Harry, esta é Laura minha madrasta.


- Como vai senhor... Hesitou esquecida. – Oh! Sr. Potter! Não é mesmo? Desculpe, minha memória péssima para nomes, mas estou um pouco nervosa também. Prazer em conhecê-lo. Esticou o braço, olhando-o fascinada. Sem duvida era um homem muito bonito. – Meu marido... Ele esta lhe esperando.


- Ele me deixou na companhia de sua bela filha. Harry respondeu soltando-lhe a mão.


- Oh! Que bom! A madrasta ainda o fitava.- Você não era como eu esperava.


- É mesmo? Perguntou com interesse.


Ele não sorriu apesar de Hermione ter percebido o interesse que surgia em sua voz.


- Diga-me o que você espertava.


Laura ficou corada. Olhou para Hermione sem saber o que fazer. Ela por sua vez continuou calma e apenas colocou a mão sob a sua.


- Acho que o senhor Potter não quer que você responda. Comentou com um sorriso acalmando a madrasta.


- Na verdade eu gostaria muito de saber. Contrapôs Harry.


Hermione, no entanto não deu chance de argumentação e encerrou a conversa.


- Talvez ele escute o que não quer. Eu estava lhe servindo um drinque não é mesmo? Disse mudando de assunto. O bar é por ali.


Se ele estava acostumado a lançar suas armadilhas sob os outros ela pelo menos sabia como se defender.


Quando eles pegaram o vinho Harry virou-se para ela e ergueu o copo.


- A um prazeroso reencontro com o passado. Brindou Harry.


“Mentiroso” se fosse tão bom assim você teria voltado antes. Mas não, é melhor você se acalmar Hermione. Jonah pediu para você tratá-lo bem. Pensava ela enquanto tentava controlar as emoções que percorriam seu corpo.


Ela apertou os lábios e levantou o copo. Os olhos deles de encontraram antes que ela tomasse um gole de vinho e desviasse o olhar. Havia um magnetismo nele que a deixava preocupada.


Hermione observou os outros convidados ao tentar desviar sua atenção daqueles intensos olhos verdes que a fitavam com um interesse perigosíssimo. Todos os que estavam ali eram representantes de firmas ou jovens empresários que hoje eram conhecidos como os “novos ricos”, pois suas fortunas eram providas de recentes investimentos, mesmo assim representavam à riqueza maciça da cidade.


- Há alguém aqui que eu preciso te apresentar? Ela perguntou a ele um pouco mais seca do que gostaria.


- Conheço a maioria dos homens. Harry respondeu com sarcasmo.


Hermione sabia que ele estava se referindo as mulheres que estavam ali e que ele provavelmente gostaria de ser apresentado. Uma delas era uma famosa advogada e a outra uma conhecida artista quanto ao resto eram apenas as esposas que tinham que acompanhar seus maridos nesse tipo de reuniões.


- Quer conhecer as outras mulheres?


- Você se incomoda? Ele perguntou com i, tom especulativo e brincalhão.


- De te apresentar? Claro que não. Respondeu com indiferença ao comentário.


Eles se afastaram do bar enquanto Hermione tentava encontrar o que estava escondido atrás daquela “inofensiva” pergunta. E encontrou. Harry provavelmente achara que ela estava querendo afastá-lo das outras mulheres. E não conseguiu conter o sorriso com esse pensamento.


- Do que esta rindo? Ele perguntou.


- Nada. “Só de você” completou em pensamento.


Ela maneou a cabeça. Queria dar uma lição nele, entretanto a festa de seu pai não era a ocasião apropriada para isso. Deu um brilhante sorriso para esconder seus pensamentos e caminharam até uma das mulheres que estava sentada num dos sofás de couro.


Hermione gentilmente o apresentou e quando Harry sentou ao lado da mulher ela aparentemente ficou encantada com a sua presença. Aproveitando-se da situação escapou para dar uma olhada em Laura e descobrir se estava tudo certo.


Aparentemente a crise do reencontro já havia passado e ela já estava mais calma.


Assim que chegou a cozinha encontrou seu pai e sua madrasta conversando.


- Tem algo que eu possa fazer por você Laura? Perguntou ao entrar na cozinha.


- Esta tudo bem, eu acho. Os garçons disseram que estava tudo sob controle.


- Garanto que sim. Ela murmurou e sorriu para o casal.


- Mione você esta tomando conta de Harry? Perguntou Jonah.


- Ele não precisa que eu cuide dele, parece que ele esta muito entretido conversando com a Kate Bailey. Eu já lhe servi um drinque e fui educada como o senhor pediu. Acho que ele já é grandinho demais para precisar de babá e eu sou velha demais para aceitar esse trabalho. Respondeu seca.


Jonah franziu a testa.


- Deveria ter ficado com ele. Em seguida deixou a cozinha e voltou à sala onde os convidados estavam reunidos.


Seguindo o pai com os olhos Hermione encontrou Kate conversando animadamente com Harry que escutava tudo com atenção animadamente. Hermione, no entanto achava que eles não podiam ter nada em comum, mas com certeza ela iria passar a maior parte do tempo agradando-o.


- Ele parece feliz... comentou em voz alta.


- Como querida? Perguntou Laura.


- Ahm?


- Quem parece feliz. Insistiu Laura.


- Papai parece feliz. Mentiu Hermione, olhando o pai que agora se juntava a outro grupo para conversar.


- É verdade, ele parece bem animado. Concluiu Laura com inocência. - Hermione será que você podia...?


- Não se preocupe vou avisar que o jantar será servido.


- Muito obrigado. Agradeceu Laura aliviada.





* * * * * * * * * * * *





Hermione não abriu a boca durante o jantar, embora Harry estivesse ao seu lado. A conversa ficou baseada nas noticias do dia, política, best-sellers, últimos filmes e algumas fofocas de negócios.


Jonah concordava com todos os pontos de vista de Harry, não que ele fosse muito falante já que só respondia quando lhe perguntavam.


Ele parecia ter obtido muita experiência sobre a vida, tinha uma boa cabeça e Hermione respeitava isso. Não se achava o rei da razão, pelo contrario considerava a opinião dos outros. Nisso ele não havia mudado em nada. Continuava a ser o Harry que Hermione tanto admirava (apesar de conseguir me irritar muito facilmente. Por que será? Pensou a morena), pelo menos era o que ela acreditava.


Certo momento enquanto os outros debatiam, Harry virou-se para Hermione e perguntou:


- Você é sempre tão calada assim?


Hermione pousou seu garfo em meio à salada e tomou um gole de vinho.


- Simplesmente não tenho nada a dizer. Indagou.


- Pelo que eu me lembre você adorava falar. Contrapôs Harry. Ate mesmo quando parecia não haver nada a ser dito.


- Muitas coisas mudaram nesses anos Harry. E eu não sou exceção. Alem do mais a Kate esta ai do seu lado, então por que você não vai conversar com ela. Disse cansada.


- Ciúmes? Perguntou com um sorriso divertido.


- Não seja convencido Potter. Estou apenas esclarecendo a situação.


- Entendo. Então me diga o que você acha das taxas do governo?


- O que? Perguntou surpresa com a mudança de assunto. Você esta ficando louco ou esta apenas querendo me confundir. Encarou-o tentando descobrir o que ele queria.


- Acredito que nem uma das duas coisas. Quero apenas puxar assunto.


- Humf! Acredito que elas estejam bem. Disse com desinteresse.


- Você não esta colaborando Hermione. Sussurrou perto de seu ouvido. Seu hálito acariciando sua nuca.


Afastou-se no entanto para sorver um gole de vinho a observando por cima do copo, parecendo intrigado com algo antes de se aproximar novamente e sussurrar em seu ouvido.


- Então me diga como você consegue controlar toda essa magia que esta presa em você? Acredito que faça alguns anos que você não há usa não é mesmo? Pelo que eu vejo a energia que flui do seu corpo esta quase fora de controle.


Hermione não conseguiu deixar de se engasgar com o comentário. Harry apenas riu do efeito que provocou.


- Não se preocupe comigo. Respondeu exasperada. Eu tenho tudo sob controle. Falou começando a se irritar. Não preciso de sua ajuda e...


Porem nesse exato momento a taça que estava a sua frente se quebrou espalhando vidro por toda a sala. Por sorte ninguém foi atingido.


- Tudo sobre controle não é? Comentou com sarcasmo. Estou vendo o seu controle.


- Isso... Isso... Isso foi um acidente, garanto que não acontece a anos, mas parece que você tem o poder de me deixar irritada. Humf! Suspirou mais uma vez tentando se acalmar, afinal de contas não era literalmente culpa dele, ela realmente estava tendo problemas com sua magia ultimamente. - Me desculpe. Declarou por fim. Não queria ser grossa com você. Mas estou dando um jeito nisso, só que às vezes é um pouquinho mais complicado do que deveria, principalmente quando eu fico irritada.


- Jeito?


- Sim. Respondeu baixo. Só preciso extravasar um pouco dessa energia e depois tudo volta ao normal.


- Já faz isso há muito tempo.


- O que? Descontar a minha raiva no primeiro que eu vejo? Perguntou sarcástica. –Desculpe, não era minha intenção. Mas sim, quando a minha magia sai um pouco do controle eu vou para a casa de campo e descarrego um pouco nas arvores. Ajudou bastante nesses últimos anos. Concluiu por fim.


- Compreendo.


Os olhos dele não deram nenhuma pista de sobre o que ele estava pensando, apenas a observava com curiosidade. E se Harry ficara surpreso perante a sua resposta ele não demonstrava.


Após o incidente a sobremesa acabou tendo que ser servida na sala ao lado. Quando todos passaram para o outro aposento, Jonah passou a conversar com Harry que escutava atenciosamente. Porem quando todos iam sentar-se a mesa para comerem da sobremesa pediu-me que levasse Harry para ver os quadros da Nova Zelândia.


- Harry esta interessado nos nossos quadros minha querida. Comentou com certo triunfo. - Eu lhe disse que você mostraria nosso Heaphy que esta na biblioteca. Eu não gostaria de deixar os outros convidados então...


“Os outros convidados com certeza não perceberão sua ausência durante cinco ou dez minutos”, pensei em replicar. Porém as boas maneiras venceram.


- Acho que o senhor Potter vai querer a sobremesa papai.


- Na verdade não sou muito chegado a doces. E a menos que a senhorita deseje ficar para a sobremesa não vejo problema algum em vermos o quadro agora.


- Claro. Ela concordou com um sorriso forçado.


- Hermione cuidara de você. Jonah disse a Harry.


- Tenho certeza que sim Sr. Granger.


Hermione concluiu que seu pai achava que sua missão era cuidar de Harry Potter. Ela o olhou de relance e encontrou um brilho irônico em seu olhar, acompanhado de algo muito mais perturbador. Ocorreu-lhe que naquele momento a ultima coisa que queria seria ficar sozinha com aquele homem.


Contudo, a biblioteca estava a duas portas de distancia. Não tinha como fugir.


- Por aqui. Ela indicou com um aceno de mãos.


Harry caminhou ao lado dela e quando alcançaram à porta da biblioteca adiantou-se e abriu-a. Ele a encarou por um momento e deixou a porta aberta, esperando que ela passasse.


As prateleiras da biblioteca de Jonah eram cheias de jornais, revistas de finanças, best-sellers, alguns livros clássicos, livros de viagem, biografias, ficções modernas e em um canto meio que escondido e escuro da biblioteca uma coleção de livros que Harry identificou como sendo de magia.


Curioso não pode evitar de perguntar:


- Por que você ainda os tem se não usa mais magia? Não é perigoso deixá-los a amostra do publico?


- Você sabe que sempre adorei ler, velhas manias nunca se esquecem. E quanto ao fato de ser perigoso eu posso lhe assegurar que não é. Lancei um feitiço quando ainda usava minha magia. Eles só podem ser vistos por quem tem poderes mágicos. Qualquer trouxa que venha a tentar lê-los vai conseguir ver apenas um monte se paginas em branco e nada mais.


- Esperta como sempre.


Tentando mudar o rumo que aquela conversa estava começando a assumir Hermione apontou para a pintura de Charles Heaphy que ficava pendurada ao lado da mesa.


- Ai esta. Hermione mostrou desnecessariamente.


Harry já estava cruzando a sala pra ver de perto. Hermione ficou no meio da sala apenas o observando.


- É um bom exemplar, não é? Ele comentou.


- É? Não sou nenhuma expert embora sempre tenha gostado muito dessa pintura e ter lido vários livros de arte moderna.


Ela caminhou em sua direção também admirando o quadro.


Ele a encarava com interesse enquanto ela se aproximava lentamente.


- Esta na família há muito tempo? Perguntou Harry.


- Na família? Ela abanou a cabeça sorrindo. - Meu pai comprou há uns poucos anos atrás, quando os “magos” das finanças diziam que a arte seria o investimento do futuro. Receio no entanto que essa pintura não tenha valorizado tanto quanto meu pai esperava.


- Ele não é um apreciador? Perguntou Harry com interesse.


- Você é? Ela rebateu.


- Sou apenas um apreciador da beleza e me interesso muito por tudo a ela relacionado.


- Acredito. Respondeu com sarcasmo.


- Mas admito que não seria capaz de descobrir um quadro falsificado.


- Esse não é uma falsificação. Se for isso que esta insinuando.


- Não sugeri isso. Esse não é o meu ramo. Sou apenas um amador em matéria de arte.


- Mas acredito que seja só mesmo em matéria de arte que você seja um amador não é mesmo? (afinal com as mulheres você parece se dar muito bem)


- Você é muito engraçada Hermione. Confesso que há muito tempo não me divertia tanto. Mas voltando ao nosso assunto. Meu ramo de trabalho é outro.


- Qual é o seu ramo? Não pode conter o interesse.


Hermione estivera pensando nisso a noite toda, mas não tivera coragem de perguntar.


- Seu pai não resumiu? Perguntou sorrindo cinicamente.


- Resumiu?


Ela o encarou pasma, percebendo o sorriso daquele olhar.


Parecia que Harry estava lendo sua mente. Como sempre fizera quando ainda estavam em Horgwats. Era uma sensação desconfortável reviver aqueles momentos a tanto “esquecidos”.


- Sou um investidor com empreendimentos diversificados. Meus negócios fazem uma espécie de ponte entre o mundo trouxa e o mundo dos bruxos. Minha companhia financia e compra empresas que estão à falência sendo que depois de recuperá-las ganho uma verdadeira fortuna revendendo-as já que suas ações passam a ser muito valorizadas.


- Você é dono de um cemitério lucrativo. Por assim dizer. Concluiu Hermione.


- É uma maneira muito peculiar de se encarar os fatos, mas acredito que sim.


- Muito diferente...


- Você é capaz de se lembrar? Como as coisas eram antes? Quantas vezes as regras já mudaram em nossas vidas?


- Acho que não saberia te dizer. Só sei que não sou mais uma criança...


- Não? Interrompeu Harry


Os olhos dele brilharam e Hermione desviou o olhar.


- Não esta querendo bancar a envergonhada.


Ela o fitou e encontrou um olhar frio e irônico.


- Não estou envergonhada. E não gosto de seus joguinhos Potter. Não pedi para te reencontrar e muito menos admito que você brinque comigo.


- Não acho que não.


- Você esta indo longe demais nas suas insinuações. Acho que devo te lembrar que para mim agora você não passa de um estranho. E não pretendo trocar confidencias com alguém que não vejo há tantos anos.


- Hahahaha! Realmente você é uma boa atriz. Sinceramente você deveria entrar para o cinema. Que filinha mais devotada e boa você é não? Aposto que ajuda o papai e a madrasta em tudo. Disse dissimulado.


- Eu... Ajudo quando posso.


- Estou certo disso. Acho que você tem muito a perder.


- Não estou entendendo o que quer dizer com isso.


- Tudo isso. Ele disse olhando ao redor. - É muito impressionante.


- Tudo o que meu pai tem foi conseguido com grande esforço.


- Isso é questão de opinião.


- Eu não admito que você ofenda meu pai.


Hermione estava apreensiva. Algo parecia muito errado naquela conversa. E a confiança de Harry apenas piorava a situação. Por que ele estava sendo tão dissimulado?


- Não estou ofendendo, apenas digo a verdade. Procure saber quando ele começou a perseguir a minha amizade e vai descobri o porquê de tudo isso.


- Quer dizer que não foi pelo seu charme. Ela perguntou com frieza. - Achei que ninguém conseguia resistir a você.


- Esta dizendo isso por experiência própria?


- Hahaha! Gargalhou. Depois eu sou divertida. Mas acho que ainda não alcancei o seu nível. Me diga então por que meu pai tem te perseguido? Perguntou fingindo interesse.


- Seu pai precisa de dinheiro minha cara e rápido. Esta tão desesperado que nem sequer lembrou do amiguinho de infância de sua querida filha. É hilário às vezes falar com ele você sabia?


As coisas começavam a fazer sentido e a raiva que Hermione sentia logo se transformou em medo, que automaticamente tentou disfarçar.


- Eu... Eu não sei sobre o que você esta falando. Não me meto nos negócios de meu pai. E se soubesse não estaria com certeza discutindo esse assunto com você.


- Não. Tem razão. Suponho que não seja esse seu papel.


Papel? Qualquer coisa que isso significasse provavelmente coisa boa não seria. A expressão dele agora era de desprezo e ela não estava gostando nenhum pouco da maneira como ele a fitava.


- Sinto muito, mas não entendi a brincadeira. Não tenho a mínima idéia do que esta falando.


- Que é isso Hermione! Ele sorriu maliciosamente. - Esta indo muito bem. Fez tudo o que o seu querido pai pediu.


- Meu pai esta sendo um bom anfitrião.


Hermione começava a entender o que ele queria dizer.


- Essa é a sua primeira vez em nossa casa e ele quer que aprecie a noite. Acho que você entendeu errado e se já terminou aqui... Disse se afastando e caminhando em direção a porta.


- Claro que você não terminou, não é? Não precisa ficar me bajulando porque achei tanto você quanto seu pai um tanto... Comuns. Acho que se a intenção dele era fazer você chamar a minha atenção não conseguiu. Nos conhecemos a tanto tempo e para mim é apenas você... Entende?


- Não Harry, você esta enganado. Em primeiro lugar nós nos conhecíamos e em segundo se isso é algum tipo de jogo...


- Não é? Ele indagou com as sobrancelhas erguidas diabolicamente. - Pensei que esse fosse o jogo mais velho do mundo. Ou devo dizer... Profissão?





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