Insanidade



Capítulo 4 – Insanidade


Um avião pousou sobre a pista do aeroporto internacional. Os passageiros saíram do veículo e percorreram o extenso corredor que os conduzia à seção de desembarque das bagagens.


Um homem de roupas sociais retirou da esteira duas malas pequenas e afastou-se da multidão. Ele se aproximou de um garoto loiro, que estava sentado em uma cadeira com a cabeça entre os joelhos.


- Levante-se, Malfoy. – ordenou Severo Snape, seco.


Draco ergueu a cabeça, o rosto suado e mais pálido que o normal.


- Nunca mais coloco meus pés em um avião novamente. – disse ele, a voz fraca.


Snape estendeu a mala do garoto, que se levantou e a segurou.


- Porque não aparatamos direto na escola? – perguntou Draco, irritado, enquanto eles caminhavam em direção à saída.


- Temos que agendar uma visita garoto. – respondeu Snape – E eu ainda tenho que montar uma estratégia extra, caso nosso plano falhe.


Eles saíram do aeroporto e tomaram um taxi, que, seguindo as ordens de Snape, os conduziu até uma ruela no centro da cidade.


- É aqui o comércio bruxo deles? – perguntou Draco, depois que o taxi partiu.


- Não. – respondeu Snape, entrando na ruela – É apenas um portal.


- Portal? – o garoto acompanhou o homem até um neon antigo e quebrado.


Snape sacou a varinha e bateu-a em vários lugares do objeto. Notas desafinadas soaram no silêncio. Depois, ele guardou a varinha e esperou.


- O que... – Draco parou a pergunta, pois o neon transfigurou-se.


O objeto brilhou como novo. Seu desenho era o de um caldeirão cheio de ouro, de onde, segundos depois, surgiu um arco-íris, que bateu na parede. Instantaneamente surgiu uma abertura. Além da antiga parede havia uma estrada de pedras que cortava um extenso campo verde.


- Vamos. – chamou Snape, antes que Draco pudesse expressar sua opinião.


Assim que ambos cruzaram o portal, várias coisas aconteceram ao mesmo tempo. Suas vestes mudaram, um sobretudo negro adornou Snape, adicionando um ar sombrio ao aristocrático; e uma capa de viagem cinza escura surgiu sobre os ombros de Draco. As malas tipicamente trouxas se transformaram em uma maleta para Snape e uma mochila para Draco.


A novidade que os fez parar a caminhada foi a nova visão dos campos. Através do gramado havia agora construções rústicas, feitas de madeira de vários tipos, e com uma grande variedade de tamanho. Algumas possuíam apenas o térreo, enquanto outras se erguiam até o terceiro andar. Entre as construções, enchendo a estrada de pedras e os caminhos que a ligavam aos prédios, uma multidão de bruxos e bruxas circulava.


- Feche a boca, Malfoy. – disse Snape, o tom maldoso.


Draco obedeceu e o olhou com raiva. De fato, o loiro estava muito surpreso com tudo o que vira.


Os dois seguiram pela estrada, passando por entre as outras pessoas. Alguns bruxos vestiam-se conforme o folclore irlandês, imitando os mágicos leprechauns, cobertos de roupas antigas e verdes, chapéus e sapatos de fivelas, e sobre os gramados havia rodas de pessoas que dançavam e cantavam, tudo tornando o ambiente ainda mais mítico e mágico. Snape os guiou até uma grande construção, em cuja entrada estava gravado “Estalagem Trevo de Quatro Folhas”. Além da porta de entrada havia uma pequena saleta mobiliada apenas por um balcão de madeira.


- Boa tarde senhores. – desejou um senhor velho de pé atrás do balcão.


Draco surpreendeu-se por ele não se vestir excentricamente como os outros bruxos que vira.


- Boa tarde. – Snape aproximou-se do balcão e colocou sua maleta no chão – Um quarto duplo, por favor.


- Certamente senhor. – o senhor puxou uma folha de pergaminho debaixo do balcão e estendeu-a para o outro junto com pena e tinteiro.


- Obrigado. – agradeceu Snape, começando a preencher a folha com os dados solicitados.


Draco colocou-se ao lado do ex-professor e olhou o que ele escrevia. O garoto deu um sorriso pelo canto dos lábios.


- Aqui está. – disse Snape ao terminar e devolver a folha ao senhor.


O irlandês conferiu os dados e olhou para os outros dois com surpresa.


- Perdoe-me a indiscrição, senhor, mas os senhores são irmãos? – perguntou o senhor, o tom sério e cordial.


- Mesmo pai, mães diferentes. – respondeu Snape, seu tom e semblante calmos e compreensivos – Outras pessoas antes do senhor tiveram a mesma reação.


- Mesmo assim senhor, perdoe-me. – o irlandês tocou a folha de pergaminho com sua varinha e a guardou no balcão – Recebemos orientações de nosso governante para tomarmos precauções extras com os viajantes. A situação na Grã-Bretanha não está nada boa.


- Sei disto. Por isso vamos nos mudar para cá. – Snape deu um sorriso triste.


- Oh! – exclamou o senhor – Sejam muito bem-vindos então à Irlanda. – ele estendeu a mão e apertou calorosamente a de Snape, um sorriso tomando seus lábios – Se eu puder ajudar em qualquer coisa, é só pedir.


- Agradeço. – Snape sorriu cordialmente.


Draco controlou-se e apenas sorriu largamente, embora em seu interior uma gargalhada ecoasse.


- Aqui está a vossa chave senhor Prince. – disse o irlandês, estendendo uma chave presa a um chaveiro em forma de trevo de quatro folhas, onde o número do quarto estava gravado.


- Obrigado. – Snape tomou a chave e segurou sua maleta – Qual o seu nome, senhor?


- Robin O'Brian. – respondeu o outro, sorrindo ainda mais.


Snape assentiu com a cabeça.


- Mais tarde gostaria de conversar com o senhor, senhor O'Brian. Preciso de algumas informações sobre este país. – disse Snape.


- Claro, senhor Prince. – concordou o senhor O'Brian – Logo após o jantar, que é servido às 19hs, o senhor pode me acompanhar até meu escritório.


- Perfeitamente. – falou Snape, virando-se para Draco em seguida – Vamos.


- O quarto dos senhores é subindo aquela escada, no final do corredor do lado esquerdo. – orientou-os o irlandês, apontando para uma escada ao seu lado direito.


- Obrigado. – agradeceram Snape e Draco, com sorrisos cordiais.


- Eu que agradeço. – disse o dono da estalagem.


Os dois seguiram o caminho indicado e encontraram o quarto rapidamente. Este era mobiliado com duas camas, dois pequenos armários e uma escrivaninha com uma cadeira, todos de madeira, como as paredes, o assoalho e o teto. Havia uma grande janela sobre a escrivaninha e uma porta na parede lateral, entre os armários e oposta às camas, onde havia um banheiro simples.


- Prince? – perguntou Draco, logo depois Snape fechar a porta e lançar um feitiço abafador de som.


- Nossos nomes estão marcados, não se esqueça disso. – aconselhou Snape, colocando sua maleta sobre um dos armários e retirando o sobretudo – Você ouviu o que o senhor O'Brian disse. Os irlandeses estão em alerta, eles esperam um ataque ao país se o Lorde das Trevas tomar o controle da Inglaterra.


O garoto assentiu e deixou sua mochila cair nos pés da cama, jogando-se em seguida sobre o colchão confortável.


- O que você vai conversar com ele? – perguntou o garoto, a voz abafada pelo seu rosto estar semi-oculto pelo travesseiro fofo.


- Informações. – respondeu Snape, evasivo e seco.


Ele caminhou até a janela e olhou através dela. Eles tinham a vista lateral da estalagem, que abrangia o grande campo verde à esquerda, demais construções à frente e a estrada de pedras cheia de bruxos à direita.


Refletido no vidro estava a imagem de Snape. Depois de estudar a paisagem além da janela, ele olhou seu próprio reflexo. Ainda não estava acostumado com sua nova, embora antiga, aparência. Era fato que nunca havia deixado seus cabelos curtos como estavam, nem deixado a barba sem fazer todos os dias, o que havia criado uma fina e quase imperceptível camada de pêlos em seu rosto.


- Snape. – chamou Draco, retirando o ex-professor de suas reflexões.


Ele virou-se para o garoto, que estava sentado sobre a cama e olhava-o com atenção.


- O que, de verdade, você quer com a escola irlandesa? – perguntou o loiro, curioso.


- Informações. – respondeu Snape, sorrindo quando o garoto pareceu irritado – Sobre o Caçador.


A irritação desapareceu e Draco sorriu. O que ele mais queria era seguir com aquela missão, ele pouco sabia dela, então queria avançar o mais rápido possível para descobrir toda a verdade. A verdade que Snape ocultava dele. Provavelmente, a verdade sobre tudo o que acontecera a mais de um mês, a verdade sobre todo o mistério que envolvia a morte de Alvo Dumbledore.


=.=.=


A Toca estava silenciosa, como raras vezes antes. Os patriarcas da família ruiva estavam sentados na sala juntos aos outros membros da Ordem da Fênix.


- O Ministro não sabe ainda exatamente que aconteceu. – disse Tonks – Ele deve...


- Deve confiar muito em si mesmo. – completou Lupin, o semblante cansado.


- Os aurores que vigiavam Potter já perceberam sua ausência. – informou Quim – Eu mesmo ouvi alguns comentando sobre isso.


- Então Scringeour já sabe. Mas não fez nada porque confia no acordo que fez. – estipulou Arthur.


Os outros concordaram.


- Algo vai acontecer. – disse Moody – Quando Scringeour perceber, na frente de todos aqueles repórteres, que foi traído, ele não ficará parado.


- Então... Voldemort descobrirá que Harry fugiu e também não vai ficar parado. – sentenciou Remo, a expressão séria.


Eles se encararam em silêncio por algum tempo.


- O que vocês acham que vai acontecer? – perguntou Molly, segurando a mão de seu marido involuntariamente.


- Guerra. – respondeu Moody com simplicidade, o olho normal fixo na mulher e o mágico girando como sempre.


Houve suspiros e bufos. A verdade estava clara: a hora mais crítica, onde tudo poderia ser destruído, estava próxima, apenas mais alguns dias.


- Se vamos nos preparar para o pior... – começou Remo, erguendo o olhar preocupado para Arthur.


O patriarca ruivo consentiu, captando o que o lobisomem queria dizer.


- O que Arthur? – perguntou Molly, apreensiva.


- Gina e Rony devem partir antes da coletiva de imprensa. – respondeu o marido, olhando-a com seriedade e carinho – Não podemos correr o risco de Você-sabe-quem derrubar o Ministério e vir atrás de nós e dos nossos filhos. Ao menos eles nós devemos manter em plena segurança.


A matriarca concordou, o rosto pálido e surpreso.


- Fred, Jorge e os outros? – perguntou ela.


- Eu acho que eles não correm tanto perigo quanto os mais novos. – respondeu Moody, atraindo a atenção de todos – Apenas os gêmeos tiveram mais contato com Potter do que Ronald e Ginevra e, mesmo assim, não é algo que mereça a atenção de Voldemort.


- Concordo. – disse Lupin – Rony era o melhor amigo e Gina sua primeira namorada. Certamente Voldemort sabe disto, informado por Snape ou pelos Malfoys.


Houve um momento de silêncio.


- Vamos agir sem que eles percebam, Rony e Gina. – disse Arthur, olhando a mulher – Vou conversar com Gui para a possibilidade de ou adiantar o casamento ou realizá-lo na França.


Molly concordou, o semblante triste.


- Há outra pessoa que merece nossa atenção. – informou ela, pouco depois, sua expressão firme apesar da falta de cor em seu rosto – Hermione.


 - Concordo. – disse Moody, balançado a cabeça positivamente.


- Somado ao fato de ser melhor amiga do Harry, ela ainda é nascida-trouxa. Se Você-sabe-quem for atrás de um dos três, com certeza ela será a primeira. – sentenciou Quim.


- Tonks, vá até a casa da Granger e converse com ela. Deixe bem claro a situação em que estamos, ela já possui maioridade bruxa e tem juízo, assim merece saber toda a verdade e saberá agir corretamente. – ordenou Moody.


- É muito óbvio o que ela vai fazer. – retrucou Lupin, calmo – A segurança de seus pais é mais importante que tudo para ela.


Todos concordaram.


- Vou começar a arrumar as coisas do Rony e da Gina, aproveitando que eles foram visitar Luna Lovegood. – disse Molly, erguendo-se e subindo a escada antes de obter qualquer resposta ou reação.


- Eu não queria passar por isso de novo. – suspirou Arthur, encostando as costas no sofá e, depois de retirar os óculos, apertou com os dedos entre os olhos.


- Nenhum de nós. – rebateu Lupin, o cansaço acentuando seus traços precocemente velhos.


- Nós temos que bolar uma estratégia, se formos mesmo nos prepararmos para o pior. – disse Quim, o sorriso confiante apesar de seu tom sério e preocupado.


Moody concordou.


- Vamos nos encontrar hoje à noite, na sede. – orientou ele.


Os outros assentiram.


=.=.=


O garoto caiu no chão, talvez pela milésima vez no dia. Ele levantou-se o mais rápido que seu corpo dolorido permitiu e avançou contra seu oponente. Atacou com um soco, mas pretendia erguer a perna e desferir um chute na altura da cintura. Porém, seu primeiro ataque não funcionou como uma distração, pelo contrário, foi seu erro, o que levou-o ao chão novamente.


Ele sentia raiva, não gostava de fracassar, muito mais continuar fracassando durante horas e horas. Todo seu corpo doía e suava. Seus cabelos estavam grudados na testa e na nuca e suas roupas em várias partes do corpo, dificultando seus movimentos.


Depois de erguer-se novamente, atacar e ser derrubado, ele quis que tudo explodisse, assim como a ira explodiu em seu interior. Ele não queria apenas treinar, queria bater até se cansar em seu oponente, queria se vingar por todas aquelas horas de fracasso e humilhação pela qual fora forçado a passar.


- Pare! – exclamou outra voz assim que o garoto se pôs de pé, bufando como um touro.


O garoto e seu oponente obedeceram, ficando eretos.


O dono da voz entrou no espaço de luta e tocou no ombro do oponente do garoto, que se afastou. O garoto encarou o superior de seu oponente com raiva e desagrado.


- Sabe por que eu mandei que parassem? – perguntou o homem.


O garoto bufou, mas não respondeu.


- Você sabe o que fez de errado, não sabe? – questionou o homem, seus olhos azuis escuros estudando o garoto.


- Meus sentimentos... perdi o controle. – respondeu o garoto, sentindo-se ainda mais humilhado por ter que expor seu erro às outras pessoas que estavam presentes.


- Apenas quando controlar seus sentimentos poderá vencer o primeiro monge. – explicou o homem – São seus sentimentos descontrolados que o fazem cair, não o monge. Controle seus sentimentos e controlará a luta, entendeu?


- Perfeitamente. – respondeu o garoto, a respiração descompassada impedindo que seu tom fosse perfeitamente irônico, embora seu sorriso espalhasse isso claramente.


- Continuem. – ordenou o homem, saindo do espaço.


O primeiro monge voltou ao seu lugar e fez uma reverencia para o garoto, que retribuiu.


“Não sei quantos terei que derrotar antes de você, mas eu vou derrotar você Yo-Ba.” – prometeu Harry Potter.


Um novo ataque e ele foi novamente ao chão.


=.=.=


Uma mulher de capuz fitava uma das janelas do segundo andar da casa completamente escura. Ela sentia o cheiro de desespero e dor, que tanto a agradavam, emanando da construção. Um sorriso cruel delineava seus lábios, sua mente sádica imaginando o que se passara naquele lugar, as cenas inebriando seu corpo e alma.


Então surgiu uma fraca luz na janela que ela encarava e seu sorriso tornou-se luxurioso. A luz oscilava como chamas na lareira. Ela cruzou a rua vazia e entrou nos terrenos da casa pelo portão. A porta estava destrancada e, ao parar na pequena saleta, ergueu os olhos para a escada.


Quase não havia o som dos passos dela subindo os degraus, sua respiração profunda e ansiosa era a única coisa que ouvia além do estalar cada vez mais próximo das chamas.


A mesma luz que saía da janela era despejada sobre o assoalho do corredor através da porta aberta. A mulher parou à porta e estudou o aposento com curiosidade e ansiedade. A lareira ardia em chamas negras na parede lateral, um belo tapete estendia-se desde a lareira até as costas de uma poltrona. Ela não buscou por mais nada, pois, sentado imponente naquela poltrona, estava seu Mestre e Lorde.


- Que bom que veio, Bella. – sibilou Lorde Voldemort sem se virar para a porta.


- Milorde. – Bellatriz Lestrange entrou e se ajoelhou em frente à poltrona, a cabeça inclinada.


- O que te preocupa, Bella? – perguntou ele, a voz carinhosa e o olhar possessivo sobre o corpo dela.


- O Ministério, milorde. – respondeu ela, a voz tremula pelo prazer de estar a sós com seu Mestre – Todo o país está sabendo da aliança entre o Ministério e o Potter. Essa aliança pode tirar o garoto do vosso alcance, milorde.


- Sei disto, Bella. É por isto que consenti que viesse até mim. Tenho uma tarefa para você. Quero que reúna meus melhores comensais. Assim que Potter pisar no átrio ministerial atacaremos e liquidaremos dois inimigos de uma só vez, o garoto e o Ministério. – orientou Voldemort, o sorriso arrogante.


- Oh milorde, é brilhante. – disse Bella, claramente emocionada pela tarefa que recebera – Mas... e o plano de Snape?


- Se Severo conseguir trazer o Caçador para a nossa causa, usarei de suas habilidades para liquidar a resistência contra nós. – respondeu o Lorde – Não dependerei desse Caçador para matar Harry Potter, principalmente se ele for oferecido em uma bandeja como o Ministério.


- Belas palavras, milorde, muito belas. – elogiou a mulher, a voz cheia de prazer.


- Quantos dias faltam para o encontro no Ministério? – perguntou Voldemort.


- Cinco, milorde. – respondeu ela.


- Então ainda temos tempo. – disse Lorde Voldemort, estendendo a mão e jogando o capuz da mulher para trás – Venha Bella, sacie-nos.


A mulher se levantou e sua capa caiu aos seus pés. Seus olhos brilhavam luxuriosos e seu sorriso era insano.


=.=.=


As malas estavam amontoadas ao lado da escada e a família fazia sua última refeição juntos naquela casa.


- Não entendo porque devemos ir tão cedo, querida. – disse a mulher à sua filha.


- Temos que ajeitar as papeladas para a minha escola. – respondeu a jovem, o tom chateado pelo assunto, que havia se repetido pelos dias anteriores.


- Mas você já havia conversado com eles, não? – perguntou novamente a mãe.


- Querida, chega! – disse o homem, pousando sua xícara de chá sobre a louça.


- Mas... – a mulher tentou insistir.


- Você sabe muito bem porque estamos partindo tão inesperadamente, aquela mulher foi muito clara e honesta conosco. – falou o homem, sério – Nós somos alvos fáceis e desejáveis. Hermione está completamente certa em querer ir o mais rápido possível.


A mulher suspirou e retomou seu chá.


- Obrigada por compreender, pai. – disse Hermione, sorrindo para seu pai.


- Quando você se juntará a nós? – perguntou o Sr. Granger, preocupado.


- Tenho que pegar os documentos de transferência em Hogwarts e me despedir dos Weasleys. Pretendo pegar o avião amanhã de noite. – respondeu a garota.


- Sua amiga disse que vai ter um encontro importante e que deveríamos partir antes dele. Quando será? – perguntou a Sra. Granger, também preocupada com a filha.


- Daqui dois dias.


=.=.=


- Acorde! Vamos acorde! – exclamou a mulher, chacoalhando o corpo do companheiro.


Com uma arfada, o garoto despertou e sentou-se, a respiração pesada.


- O que você viu? – perguntou a mulher, sentando-se ao lado dele, o olhar curioso.


- Vai acontecer algo grande. – respondeu ele, um sorriso divertido nos lábios – Eu adoraria estar lá amanhã de manhã.


O garoto contou com detalhes o que vira e, ao terminar, as risadas dos companheiros eram divertidas e sombrias.


=.=.=


A construção deformada e engraçada parecia ainda mais deformada e engraçada que o de costume. A Toca erguia-se como sempre, os sentimentos da garota é que alteravam sua percepção.


- Hermione! – gritou Gina, quando a viu pela janela.


A castanha acenou enquanto caminhava até a porta de entrada. Antes mesmo de chegar ao seu destino, a porta se escancarou e a caçula ruiva correu veloz até ela. As duas amigas se abraçaram e riram.


- Tudo bem? – perguntou a ruiva, preocupada, quando o abraço terminou.


- Sim. – respondeu Hermione e riu quando a outra girou os olhos – É sério. Meus pais já estão sãos e salvos, nada de ruim poderá acontecer com eles agora.


- Gina, você falou o nome da Hermione? – soou a voz de Rony do interior da casa – Gina?


As duas garotas sorriram e caminharam até a porta de entrada. O ruivo estava olhando pela janela quando elas entraram na cozinha.


- Oi Rony. – disse Hermione sorrindo.


- Mione! – exclamou o garoto, contentíssimo, virando-se para ela.


Os dois trocaram um abraço forte e acolhedor, separando-se apenas quando Gina pigarreou.


- Tudo bem? – perguntou Rony, puxando a amiga pela mão até a sala.


- Sim. – respondeu ela, sentando-se no sofá ao lado dele.


- Seus pais?


- Já nos Estados Unidos. – Hermione deu um sorriso confiante – Sãos e salvos.


- Bom. – disse o ruivo.


- Desculpa perguntar, Mione, - disse Gina, sentando-se no outro sofá – mas você veio se despedir, né?


Instantaneamente os ombros de Rony caíram e a cor alegre desapareceu de seu rosto. Hermione suspirou e pousou a mão sobre o ombro do amigo.


- É. Meu avião é hoje à noite. – respondeu ela, por fim.


- Porque você está indo tão depressa? – perguntou Rony – Ainda não está tão perigoso aqui.


- Mas pode ficar... principalmente depois da coletiva de imprensa que teremos amanhã de manhã. – respondeu Hermione, desviando o olhar para Gina.


- Vai ser um caos. – disse a ruiva.


- Recebeu a resposta da Academia? – perguntou a castanha, desejosa por mudar o rumo do assunto.


- Ah, sim! – exclamou Gina, animada – Eles pediram minha apresentação no inicio de agosto.


- Agosto? Achei que as aulas começassem apenas em setembro. – expos Hermione, surpresa.


- E começam em setembro. – concordou a ruiva, rindo – Eu tenho que conhecer a pessoa que fará as traduções das aulas para mim enquanto eu não aprendo o idioma.


- Ah! – exclamou a outra, compreensiva, e virou-se de volta para Rony – E o Egito?


- Houve uma mudança de planos, Gui e Fleur se casaram no civil ontem de tarde. Desculpa não ter te convidado, foi bem inesperado. – explicou o ruivo, continuando quando Hermione assentiu – Nós vamos amanhã de tarde, Gui disse que tem que voltar logo ao trabalho.


- Nossa. – disse Hermione, demonstrando surpresa.


Apesar do que demonstrava para os amigos, a garota sabia muito bem o motivo que conduzia Gui, Fleur e Rony tão depressa para fora do país. Era o mesmo motivo que a obrigava a partir.


- Onde está a Sra. Weasley? – perguntou ela, notando o vazio que a matriarca ruiva deixava.


- Foi ao Beco Diagonal, disse que precisava comprar algumas coisas. – respondeu Gina – Sabe, Mione, mamãe e papai andam muito estranhos ultimamente.


Rony concordou ativamente com a cabeça. Hermione oscilou seu olhar entre os irmãos, sentindo-se cada vez mais culpada por não poder compartilhar o que sabia com eles.


- Deve ser a pressão da Ordem. – estipulou ela, dando de ombros – O que vai acontecer amanhã certamente está preocupando Moody e os outros.


Os dois irmãos concordaram.


- Fica aqui, conosco, até a hora do avião? – perguntou Rony, a voz baixa, as mãos segurando a que a amiga depositara sobre seu ombro.


Hermione sorriu, meio triste meio feliz.


- Claro.


=.=.=


O átrio estava lotado e todas as atenções voltavam-se para a pequena plataforma onde havia um púlpito. Os repórteres tomavam os primeiros metros da multidão, que estava muito ansiosa e era salpicada por bruxos de capuz. Os aurores não prestavam a devida atenção na multidão, pois suas preocupações estavam concentradas em algo muito mais importante.


- Onde ele está? – perguntou Rufus Scringeour a um auror.


- Não sabemos Ministro, ele ficou 24 horas fora de casa após seu rastreador ser cancelado. Reapareceu acompanhado de uma mulher, mas ficou pouco tempo. A Ordem da Fênix apareceu, eles discutiram e o garoto aparatou. Não sabemos para onde. Mantive meus homens em seus postos para ver se ele retornava, porém, ele não o fez até agora. – relatou o auror chefe da segurança.


- A Ordem da Fênix? Por que não me avisou? – perguntou o Ministro, irritado.


- Nós tentamos, senhor. – disse outro auror responsável pela vigia – Mas o senhor não nos ouvia.


- Vão até Little Whinging, entrem na casa, interroguem os trouxas, vasculhem tudo! Eu quero informações, quero saber para onde e com quem ele foi, entenderam? – esbravejou Scringeour.


- Sim, senhor! – responderam os aurores.


Enquanto o Ministro subia a plataforma, o grupo de aurores caminhou até a lareira mais próxima e desapareceram um a um.


Os flashes clarearam a expressão tensa do Ministro. Ele arriscou um sorriso, que deixou ainda mais evidente sua ira.


- Meus concidadãos, - começou Scringeour, segurando as laterais do púlpito, o rosto sério – esta manhã acordei com uma forte sensação de dever cumprido, de triunfo, pois fiz tudo o que eu pude para obter resultados satisfatórios. Contudo, essa sensação agora foi varrida de mim por outra força, devastadora e incontrolável: a da traição.


A multidão outrora calada começou a cochichar e, com o burburinho cada vez mais crescente, ninguém notou a movimentação do grupo encapuzado, que se dirigiu às lareiras e parou ao lado delas.


- Eu vos convidei aqui hoje para compartilhar o meu triunfo. No entanto, esse triunfo revelou-se uma grande farsa. De fato eu fiz uma aliança com Harry Tiago Potter, onde nós trabalharíamos juntos para deter nosso inimigo comum: Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado e seus pérfidos Comensais da Morte.


Houve uma salva de palmas, exclamações de aprovação e grunhidos nervosos. Tudo silenciou quando Scringeour ergueu a mão.


- Mas a aliança foi quebrada. – as câmeras trabalharam mais intensamente para captar a revolta no rosto do Ministro – Harry Tiago Potter, a quem nós conferimos o título e a responsabilidade de O Eleito, quebrou nossa aliança, renegando seu título e sua responsabilidade e traindo não só a mim e o Ministério, mas a vocês, cidadãos ingleses.


O burburinho reiniciou, mais forte do que antes.


- Para formar essa aliança eu consultei minha própria experiência e consciência. – falou Scringeour, forte para sobrepor a desordem – Agora consulto vocês, meus concidadãos, o que devemos fazer?


- Não se preocupe Ministro, eu resolverei esse infortúnio. – disse uma voz cruel no meio da multidão.


Três coisas aconteceram simultaneamente. As lareiras foram bloqueadas, feitiços convocaram as varinhas das centenas de pessoas para vários sacos enfeitiçados e a Marca Negra brilhou no topo do átrio, iluminando a todos com sua luz verde doentia.


O caos se instalou. Os poucos aurores que faziam a segurança tentaram investir contra os bruxos encapuzados, caindo miseravelmente por estarem desarmados. A multidão de civis tentou correr, mas não havia saída já que não era possível aparatar. Os bruxos encapuzados, Comensais da Morte, começaram a reagrupar a multidão, juntando-os e organizando-os como antes.


Enquanto isto, Rufus Scringeour desceu da plataforma e correu embalado para tentar pegar um elevador que o conduziria à sua sala. Porém, o caminho até os elevadores estava bloqueado por uma mulher, os cabelos negros e desgrenhados, o rosto pálido e mascarado pelo prazer insano sobre o que acontecia ali.


- Volte. – ordenou ela, a voz afetadamente divertida.


A mulher escoltou o Ministro de volta à plataforma, que não estava vazia.


- Bem vindo de volta, Ministro. – desejou o dono da voz cruel assim que os dois surgiram.


- Voc-voc-voc... – gaguejou o Ministro, tremendo violentamente.


A gargalhada histérica da mulher ecoou por todo o átrio, paralisando e silenciando os bruxos que ainda tentavam resistir.


- Qual o problema, Ministro? Eu achei que o senhor havia convocado todos os bruxos ingleses. Não vejo o que contraria minha presença aqui esta manhã. – disse o homem, o sarcasmo aflorando a crueldade.


A mulher riu de novo. Scringeour engoliu em seco e pareceu readquirir o controle de seu corpo e modos, pois parou de tremer e ergueu a cabeça para falar.


- Você-Sabe-Quem. – disse ele, a voz firme – Voldemort!


Os lábios finos do Lorde das Trevas crisparam-se em um sorriso desdenhoso e ele se inclinou sobre o outro.


- Onde está o garoto? – perguntou em voz baixa.


Scringeour sorriu vitorioso, respondendo em tom alto:


- Perdeu seu tempo vindo até aqui. Potter sumiu.


- Foi por isso que seus valentes aurores saíram? Deixando tão poucos para proteger você e seus ouvintes? – perguntou Voldemort, a voz tomando um tom violento e perigoso.


O sorriso do Ministro aumentou.


- Se meus aurores não conseguirem descobrir onde ele está, seus inúteis Comensais da Morte nunca o encontrarão. – sentenciou ele, a voz ainda mais alta.


Os Comensais da Morte rosnaram, gritaram palavrões e ameaçaram as pessoas à sua volta.


- Se eu fosse o senhor, Ministro, mediria minhas palavras com muito cuidado. – ameaçou Lorde Voldemort.


- Por acaso do destino nós não somos a mesma pessoa. O que nos diferencia nesse momento é que você está fadado ao fracasso e eu à vitória.


A multidão ovacionou seu líder. Já os comensais permaneceram em silêncio, surpresos pela ousadia do Ministro e ansiosos pela reação de seu Lorde.


A face ofídia de Voldemort perdera a pouca cor que tinha e quaisquer sentimentos. Seus olhos vermelhos e em fendas fitavam os de Scringeour, frios e opressores.


- Bella. – sibilou o bruxo.


No segundo seguinte, o Ministro estava no chão, seu quadril virado para trás e parte da sua coluna estava à mostra. O berro dele sobrepôs às exclamações da multidão e as risadas dos comensais.


Bellatriz Lestrange riu insanamente divertida, a visão do sangue se espalhando enlouquecendo-a. Voldemort abaixou-se, a cabeça inclinada para o lado, fitando o Ministro – que gemia e se contorcia – como um criança que olha um inseto ferido.


- Diga-me, Rufus Scringeour, aonde seus aurores foram? – perguntou o Lorde.


O Ministro não respondeu, apenas continuou sofrendo. Bella rosnou e ergueu a varinha, fazendo a multidão exclamar assustada. A bruxa, porém, nada fez, obedecendo ao seu mestre, que erguera a mão para impedi-la.


- Rufus, Rufus, Rufus, - repetiu Voldemort, o tom baixo e desapontado – você fez todo aquele discurso pomposo sobre traição para quê? Você estava incitando a população bruxa contra o Potter pra quê? – ele se aproximou ainda mais do outro e sussurrou em seu ouvido – Diga-me onde ele deveria estar. Eu descobrirei para aonde ele foi e o eliminarei. É o que você quer, não é? Eu faço isso pra você e, se alguém quiser te culpar, você ainda pode dizer que estava sendo ameaçado e que não sabia que eu realmente o encontraria. É um bom acordo, não é?


- Rua dos Alfaneiros, 4. Little Whinging, Surrey. – gemeu Rufus.


- Bella. – disse o Lorde, erguendo o olhar para a bruxa – Conforme combinamos.


A mulher gargalhou e fez uma longa reverência antes de seguir até uma lareira, que foi liberada por um comensal, e partir. O comensal voltou a bloquear a lareira. A multidão permaneceu em silêncio, apreensiva quanto ao próximo movimento de Voldemort e seus seguidores. Scringeour permaneceu gemendo, seu sangue escorrendo abundantemente.


Lorde Voldemort pousou seu olhar frio sobre a multidão, depois o voltou para o Ministro.


- Em poucos minutos você morrerá pela perda de sangue. – sentenciou ele – A decisão de mantê-lo vivo está em minhas mãos. Você não tem valor algum para mim estando vivo, então o que você me oferece para salvá-lo?


- Qualquer coisa. – respondeu Scringeour.


A multidão exclamou abismada, alguns ousaram maldizer a atitude de seu líder.


- Ótimo! – Voldemort sorriu, pondo-se de pé e virando-se para um de seus seguidores.


O Comensal da Morte aproximou-se e estendeu um dos sacos cheios de varinhas para seu mestre. Com um movimento seco da sua própria varinha, o Lorde convocou a do Ministro e aproximou-se do mesmo novamente, inclinando-se pela segunda vez.


- Quero que faça o feitiço de renúncia e transferência. – ordenou ele, estendendo a varinha para o bruxo sofredor.


A multidão entrou em colapso. Alguns avançaram sobre os comensais, outros tentaram chegar até Lorde Voldemort.


Scringeour tomou sua varinha entre as mãos, arfando muito pelo esforço de manter-se o mais reto possível com parte de sua coluna quebrada e à mostra.


- Faça. – sibilou o Lorde das Trevas.


Movimentos grandiosos e pomposos foram feitos pela varinha do Ministro. Um estampido fez a multidão paralisar e Voldemort sorrir.


- Obrigado, Scringeour. – agradeceu ele, erguendo-se e afastando-se do bruxo.


- Você disse que me salvaria?! – rosnou Rufus, a voz cheia de dor, com sua expressão.


- E daí? – sorriu o Lorde das Trevas.


Um lampejo verde doentio eliminou o que Scringeour ia dizer e apagou para sempre o brilho em seus olhos.


Voldemort virou-se para a multidão com um sorriso vitorioso nos lábios finos.


- Todos vocês são testemunhas do que aconteceu aqui. Rufus Scringeour os traiu, dando seu poder para vosso inimigo, nomeando-me Ministro da Magia. Quem quiser viver, junte-se a mim. Esta é minha única proposta. – disse ele.


A multidão permaneceu em silêncio e paralisada.


- Quem quer receber sua varinha de volta e viver, aproxime-se dos meus seguidores que carregam os sacos. Com esta atitude você estará aceitando minha proposta, unindo-se a mim para a criação de um mundo bruxo perfeito e belo, e poderá voltar às suas vidas fora daqui. – orientou Voldemort, a voz calma como nunca antes – Agora, quem ainda acha que Scringeour estava certo em querer lutar contra mim, venha até mim e lute por si mesmo.


Aos poucos, os bruxos começaram a se mover, formando uma longa fila até os comensais que carregavam os sacos.


O sorriso do Lorde das Trevas aumentou-se ainda mais.


- Este é o início de uma nova era. Alegrem-se meus caros, vocês foram contemplados com o perdão. Não me importo com o sangue de vocês, sendo puros ou ruins, vocês fizeram uma sábia e correta escolha. Vamos criar um novo Ministério da Magia, para novos bruxos ingleses, para uma nova Inglaterra!


Os comensais gritaram vivas. A multidão apoiou com menos furor, ainda intimidados pela presença dos comensais e do Lorde. Este se virou para abandonar a plataforma, um sorriso triunfante nos lábios finos. Uma explosão, porém, fez o novo Ministro da Magia virar-se. Um grupo de bruxos corria até as lareiras e alguns comensais estavam caídos.


- PEGUEM-NOS! – berrou Voldemort.


Outros comensais da morte lançaram feitiços no grupo enquanto os perseguiam. Porém, o grupo já estava muito próximo das lareiras para que fossem impedidos.


A varinha de Lorde Voldemort fez um movimento seco segundos antes do grupo desaparecer pelas diversas lareiras


- SIGAM-NOS! – ordenou o bruxo.


Duplas e trios de comensais dividiram-se entre os bruxos fugitivos e desapareceram pelas lareiras.


A multidão permaneceu em silêncio, assustada e impressionada. Os comensais que permaneceram não sabiam que atitude tomar.


- Meus caros, não sejam encorajados pelas atitudes desses perturbadores da paz. Eles serão caçados e punidos, pois recusaram minha oferta generosa de perdão. – disse Voldemort, a voz controlada e o olhar benevolente sobre a multidão – Sigam conforme haviam planejado. Voltem para suas vidas, seus familiares os aguardam. Hoje quem trabalha no Ministério terá folga, vão e aproveitem o perdão que eu vos dei.


Com isto, a multidão continuou seus movimentos, aceitando suas varinhas e partindo como aliados do novo ministro.


Voldemort respirou fundo, um largo sorriso em seu lábios, seus olhos fitando o teto, mas não via a construção, via a vitória, o triunfo que alcançaria em breve.


=.=.=


O estalo da aparatação anunciou a chegada de Arthur Weasley à Toca.


- MOLLY, ENVIE AS CRIANÇAS! – berrou ele enquanto corria para a casa.


- O que foi, querido? – perguntou Molly, surgindo na janela, confusa e assustada.


Outras pessoas aparataram nos terrenos, fazendo a matriarca ruiva gritar e correr para dentro. Feitiços voaram até Arthur, que se defendeu como pôde.


- Rony! Gina! – berrou Molly, subindo as escadas correndo.


- O que está acontecendo? – Gina surgiu pela porta aberta de seu quarto.


Rony desceu as escadas correndo, a varinha na mão e o rosto enraivecido e confiante.


- Não! – Molly o segurou e o puxou par dentro do quarto da filha.


- Papai precisa de ajuda! – exclamou o garoto.


- Não, ele está ganhando tempo para nós! – argumentou Molly, correndo até a cama de Gina e puxando o malão escolar da garota – Aqui Gina, segure firme.


- Mamãe eu quero ajudar. – disse a caçula.


- Obedeça! – Molly empurrou o malão para os braços da filha – Não entre em contato conosco em hipótese alguma.


- Mãe?! – exclamou Gina, assustada.


- Um, dois, três! – contou Molly, afastando-se com pressa.


Uma luz azulada brilhou do malão e no segundo seguinte desapareceu, levando Gina consigo.


- Vem! – gritou a Sra. Weasley, puxando Rony, que estava em choque, para fora do quarto.


- Molly! – berrou Arthur da sala, sons de feitiços e estilhaços ecoando pelas escadas.


- Pai! – gritou Rony, acordando de seu choque e lutando para passar pela mãe.


A matriarca Weasley agitou sua varinha e Rony paralisou. Com outro movimento, o garoto flutuou veloz até seu quarto. Molly repetiu o que fizera com Gina, entregando o malão de Rony para o mesmo.


- Conte o que aconteceu à Gui. – ordenou ela – Entendeu?


- Uhum – foi o que Rony conseguiu emitir, já que até seu rosto estava paralisado, embora seus olhos estivessem determinados em voltar.


- Um, dois, três! – falou Molly, correndo para fora do quarto sem nem ao menos ver Rony partindo.


Ela correu escadas a baixo, pulando vários degraus. Logo seus olhos avistaram Arthur apoiado à parede, desarmado e inconsciente, seu corpo bloqueando a passagem dois comensais. A reação de Molly foi mais rápida que a dos inimigos.


Com a fúria e a velocidade de uma leoa, a mulher jogou-os contra a parede oposta, convocou a varinha de seu marido e o relógio mágico da família. Antes que os comensais estivessem de pé, o relógio, que há algum tempo era uma chave de portal, levou Arthur dali.


- Bombarda máxima! – exclamou ela, apontando a varinha na direção dos comensais.


Antes que o primeiro feitiço causasse estrago, um segundo foi lançado ao teto logo acima dos inimigos.


Tudo desabou segundos depois de Molly desaparatar.


=.=.=


A porta foi aberta com pressa e bateu violentamente na parede.


- Remo! – gritou Nimphadora Tonks, correndo para dentro da casa, os olhos arregalados de espanto.


Feitiços voaram para dentro do aposento, passaram muito próximos da bruxa e explodiram alguns móveis, o que fez Tonks gritar de susto.


- Tonks! – gritou alguém do andar superior.


A dupla de comensais avançou lançando feitiços. Surpresa como estava, a aurora não conseguiu se defender, sendo jogada para o alto enquanto sofria os efeitos de uma Cruciatus.


Quando Remo Lupin chegou ao primeiro andar, um dos comensais segurava Tonks pelos cabelos, mantendo-a ajoelhada no chão, e direcionava sua varinha para a cabeça dela.


- Entregue-se ou ela morre. – exigiu o outro comensal, tendo Remo como alvo.


- Remo, não! – gemeu Tonks, sua expressão era de dor.


- Faça o que mandamos! – ordenou o comensal que segurava a bruxa, puxando seus cabelos e fazendo-a gritar.


Remo agiu rápido, não suportando vê-la sofrer.


- Avada Kedavra! – ele gritou o feitiço duas vezes, atingindo ambos os comensais.


Os inimigos caíram mortos, suas expressões mantendo a surpresa pelo ataque. Tonks, por estar muito fraca, tombou para o lado. Remo correu até ela e a tomou em seus braços.


- Você está bem? O que aconteceu? – perguntou ele, retirando os cabelos do rosto dela para que pudesse ver seus olhos.


- Você-Sabe-Quem... ele tomou o Ministério... Rufus está morto e ele agora... ele é o Ministro. – respondeu a bruxa, entre arfadas, com a voz fraca.


- Como te acharam? – perguntou Remo, olhando para a porta de entrada, que estava aberta.


- Não sei... algum feitiço de rastreamento? – respondeu ela, tentando, sem sucesso, se sentar.


- Se foi rastreamento, não é seguro ficarmos aqui. – ele a ajudou a se sentar e a encostou à parede – Vou te mandar para a Sede.


- Não vou te deixar sozinho! – exclamou Tonks, fazendo seu corpo doer ainda mais.


- Eu tenho que pegar nossas coisas e destruir qualquer evidencia de quem somos e para onde fomos. Você está fraca, se mais deles vierem, poderá ser capturada novamente ou morta, se eu não tiver a mesma sorte que tive com os primeiros. – argumentou Remo enquanto pegava uma pena de fênix de cima da lareira – Essa é a chave de portal que Moody nos deu. Conte a todos o que aconteceu. – ele entregou a pena para ela e lhe beijou a testa – Eu chegarei logo.


- Não demore. – pediu Tonks – 1, 2, 3.


Remo já estava longe quando ela partiu.


“Então aconteceu... Voldemort está no comando do Ministério.” – pensou o lobisomem enquanto andava apressado pelos aposentos da casa, recolhendo seus pertences indispensáveis – “Ele nos conhece, sabe nossos nomes. Os nomes de toda a Ordem!” – ele suspirou enquanto jogava sobre as costas uma grande mochila que usara na época de andarilho – “Ele virá atrás de nós, caçará e matará o máximo que puder até descobrir onde Harry está.”


- Incendio. – sibilou Remo e os corpos dos comensais irromperam em chamas.


O bruxo deu as costas para o fogo, que logo se alastrou pelo aposento, e saiu da pequena casa do subúrbio de Londres. Ele andou por vários metros sem olhar para trás. Ao chagar a uma distância salva do feitiço de rastreamento, virou-se e avistou sua casa completamente tomada pelas chamas.


- Olhe ao que você nos condenou, Potter. – ele disse o nome com revolta e mágoa, o ódio em seus olhos era mais forte que tudo.


Ele aparatou antes que o gás da casa incendiasse e sua explosão levasse toda a construção ao chão.


=.=.=


O auror alto e negro saiu de dentro do elevador com tanta urgência que bateu os ombros nas portas que mal haviam se afastado. A secretaria sentada à mesa soltou um grito de espanto ao ver o estado que o homem se encontrava.


- Preciso falar com o Primeiro Ministro. Agora! – exigiu o bruxo, mancando até a mesinha.


A mulher apontou para a porta ao seu lado e gaguejou algo sobre o Ministro o estar esperando. O homem correu o mais rápido que sua perna ferida permitiu e abriu a porta com violência.


O Primeiro Ministro inglês pulou de sua cadeira quando a porta bateu na parede e ergueu-se para brigar com quem entrara, mas se deteve ao ver o bruxo, que fechava a porta.


- Shackelbolt?! O que aconteceu com você? – perguntou o trouxa.


- Primeiro Ministro, aconteceu o que nós temíamos. – falou Quim, mancando até a mesa do outro e se apoiando a uma poltrona frontal ao móvel – Você-Sabe-Quem atacou a coletiva de imprensa.


- Mas... e os seus seguranças?! Aurores, é como vocês se chamam, não é? Vocês não fizeram nada?! – perguntou o Primeiro Ministro, o choque roubando toda a cor de seu rosto e o medo deixando sua fala apressada e embolada.


- Nosso antigo Ministro foi descuidado, se deixou levar pela raiva e mandou a maioria dos aurores para uma missão externa, deixando a todos sem a devida proteção. Os poucos que ficaram sucumbiram rapidamente ao ataque. – explicou o bruxo, puxando a varinha e concertando suas vestes rasgadas.


- Espere um momento! – pediu o trouxa, os olhos arregalados – Antigo Ministro? Antigo?!


- A situação é mais grave do que aparenta, senhor. – falou Quim, curando precariamente os ferimentos que possuía pelo corpo – Você-Sabe-Quem agora é o Ministro da Magia, Rufus Scringeour fez o encantamento de renuncia e transferência do poder em troca da sua vida. Aquele maldito infeliz! Você-Sabe-Quem o matou depois de completar o feitiço de transferência.


O Primeiro Ministro se deixou cair sobre sua cadeira e enterrou o rosto nas mãos.


- O que devo fazer? – perguntou ele, a voz abafada.


- Agora tudo mudou. – enfatizou Quim, que com um último aceno da varinha enfaixou sua perna ferida – Ele está no poder, não é mais um inimigo do governo. Ele é o governo.


- O que eu devo fazer?! – perguntou o Primeiro Ministro, erguendo-se e apoiando-se à mesa, os olhos arregalados de medo sobre o auror.


Quim guardou a varinha e cruzou os braços. Seu olhar era desiludido quando encarou o trouxa.


- Não sei.


 =.=.=


Havia corpos espalhados pelo asfalto e pelas calçadas. Pessoas gritavam de dentro das casas próximas, outras tentavam inutilmente fugir em seus carros. Não havia escapatória ou vitória contra os Comensais da Morte.


Em frente à casa de número 4 estava Bellatriz Lestrange. Seus olhos negros fitavam a casa com curiosidade, a varinha balançava boba em sua mão. Os aurores que ela havia torturado e matado não haviam lhe dado quaisquer informações que valessem a pena.


- Minha senhora. – um comensal encapuzado se aproximou e se ajoelhou ao lado da bruxa, a cabeça inclinada em respeito – Fizemos conforme tuas ordens, procuramos informações e nada encontramos. Torturamos, matamos e saqueamos, seguindo as liberdades que tu nos destes.


- Muito bem. – disse Bellatriz, sorrindo cordialmente ao comensal – Traga os outros, vou entrar nessa casa. Acabe com qualquer trouxa que tente interferir.


- Sim, minha senhora. – depois de inclinar ainda mais a cabeça, o comensal se ergueu e se afastou, gritando ordens.


A bruxa lançou mais um olhar curioso para a casa à sua frente. Então, ela empunhou com firmeza sua varinha, sua arma de dor, e cruzou o espaço que a separava da porta de entrada.


A porta foi arrancada do batente e bateu com violência na lateral da escada. Mesmo com sua entrada sendo anunciada para toda a casa, Bellatriz não ouviu um único som, qualquer que fosse, nem mesmo uma exclamação de medo. Com um feitiço simples, a bruxa lacrou o espaço onde outrora ficava a porta, impedindo que qualquer um saísse.


Ela cruzou o corredor e entrou pela primeira porta, não havia nada na sala. Os móveis estavam revirados e havia cacos de vidro sobre o chão. Pela porta lateral, a bruxa foi conduzida à cozinha. O aposento estava incrivelmente destruído. As gavetas e prateleiras haviam sido reviradas e os objetos que comportavam estavam jogados sobre o chão. Estilhaços de copos e pratos faziam barulho sob os pés da mulher.


Bellatriz lançou um olhar alucinado pelo local. Desde que chegara com seus homens àquela rua, mantivera um dos olhos no que fazia e outro na casa, sempre esperando que seus moradores fizessem algo. Então os olhos da mulher encontraram algo que fez seu sangue ferver. Ela caminhou com passos firmes até uma porta de vidro que dava para os fundos da casa.


Ela amaldiçoou-se mentalmente por não ter cogitado a possibilidade dos trouxas fugirem pelos fundos. Havia perdido a chance de obter informações valiosas e necessárias ao seu mestre, seu corpo tremeu violentamente apenas por pensar no castigo que receberia.


A varinha da bruxa foi erguida e seus lábios já se abriam para exclamar o feitiço que conjuraria a Marca Negra quando um gemido a deteve. Bellatriz se virou com a expressão dividida entre espanto e dúvida. Ela ouviu cochichos enquanto caminhava silenciosamente até a porta que levava da cozinha ao corredor de entrada. O sorriso que os lábios da bruxa formaram não poderia ser mais feliz e insano. Seus olhos negros brilharam pela expectativa do que estava por vir.


Ao perceber a presença da bruxa, o casal e seu enorme filho soltaram gritos de medo e tentaram fugir, atropelando uns aos outros para subir as escadas. O primeiro feitiço usado voou e atingiu o homem no peito. Com uma arfada, ele inclinou-se e caiu de quatro sobre os degraus, levando sua mulher e filho aos gritos.


- Valter? – Petúnia Dursley se inclinou sobre o marido, que tossiu violentamente, jogando sobre as escadas um pouco de sangue – O que você fez com ele? – perguntou ela, os olhos vermelhos demonstravam que já havia chorado muito nas últimas horas, encarando a invasora com medo e revolta.


Bellatriz soltou sua típica risada histérica, deixando a outra ainda mais pálida. Duda, que havia caído no chão do corredor com o desespero de seus pais de fugir, se levantou, o rosto vermelho e os grandes punhos cerrados firmemente. Ele olhou para a bruxa, sua altura obrigando-o a olhá-la de cima. A mulher ergueu uma sobrancelha para a atitude do garoto, não acreditando que ele iria desafiá-la.


Se fosse em uma situação normal, Bellatriz não estaria fazendo aquele joguinho, pelo contrário, os trouxas já estariam tão loucos quanto os traidores Longbottom. Porém, aquela não era uma situação normal, ela precisava de informações, de dados precisos e não qualquer coisa que um louco pudesse lhe dizer.


- Você não vai machucar-nos, sua anormal! – berrou Duda, a voz firme.


- Quem você pensa que é, trouxa inútil? – perguntou Bellatriz, apesar de manter-se controlada sua voz estava cheia de raiva.


- Vá embora! Deixe-nos em paz! – exigiu Duda, avançando um passo.


- Querido, não! – pediu Petúnia, estendendo a mão para segurar o filho.


Contudo, o grande garoto já havia partido para cima da bruxa, seus punhos gordos erguidos e prontos para um ataque. Bellatriz moveu a varinha com vários movimentos velozes e violentos, fazendo Petúnia gritar pela cena que assistiu.


Um corte cruzou o corpo de Duda e, antes mesmo que o sangue atingisse a parede e o chão, ele foi jogado para o lado, passando pela porta que conduzia à sala, e caiu sobre o chão, contorcendo-se e gritando devido à Maldição Cruciatus.


Valter soltou uma última golfada de sangue antes de passar a manga da camisa pelos lábios. Petúnia ajudou-o a ficar de pé e ambos encararam a invasora com pavor. Bellatriz apontou para a sala com a cabeça, seus olhos brilhando ansiosos sob o casal, que seguiu para o aposento conforme ordenado.


O estado de Duda era quase crítico. O sangue que escorria de seu profundo corte formava uma mancha grande e distorcida sobre o chão. Seus gritos eram de furar os tímpanos e seu corpo estava cheio de hematomas, causados pelas contorcidas brutais que era obrigado a dar.


Valter abandonou o apoio que a mulher lhe dava e se abaixou ao lado do filho, tentando contê-lo com seus grandes braços. Falou miseravelmente, recebendo socos e chutes involuntários e fortes, que o fizeram cair para trás. Petúnia deu um grito de pavor ao ver como seu filho estava e virou-se para Bellatriz, que havia entrado logo depois deles.


- Por favor, nos deixe em paz. Nós nunca fizemos mal a vocês. – suplicou ela, chorando.


- Se não nos ajudarem, estarão nos prejudicando. Isso é bem simples, trouxa imunda. – explicou Bellatriz, sua voz brutal e seu olhar frio.


Petúnia tremeu e se encolheu perante a força da bruxa.


- Faça-o parar! Nós faremos o que você quiser! – exclamou Valter, erguendo-se, os olhos aflitos sobre o filho.


Com um débil aceno da varinha, Bellatriz removeu a Maldição da Tortura sobre o garoto. Duda sorveu profundamente do ar e engasgou violentamente, fazendo com que sangue escorresse pelo canto de seus lábios. Petúnia e Valter se aproximaram do filho, ela passou as mãos pelo rosto sujo de sangue e suor do filho e ele segurou firmemente a mão do garoto.


- Vai ficar tudo bem Duda. – garantiu Valter, a voz fraca.


O garoto tentou respirar novamente, mas engasgou novamente e tossiu uma quantidade maior de sangue. Petúnia soltou uma exclamação de surpresa e tratou de limpar o rosto novamente sujo do filho.


- Mãe... – gemeu Duda, os olhos desfocados tentando encontrar os da mãe.


- Aqui querido, aqui. – a mulher segurou o rosto do filho e virou-o para si, um sorriso fraco perdendo seu efeito sob as lágrimas.


O garoto engasgou de novo e fechou os olhos em uma careta de dor. Antes que Petúnia pudesse reagir, Bellatriz a segurou pelos cabelos e a arrastou para longe de sua família, fazendo-a gritar e tentar se soltar. Valter tentou segurá-la pelos pés, mas Duda estava entre eles, o que o impediu de prosseguir.


Depois de ter uma distância segura dos enormes familiares, Bellatriz conjurou um punhal e encostou sua lâmina na lateral do rosto de Petúnia.


- Diga-me, onde o garoto está? – ordenou a Comensal da Morte, pressionando a arma contra a pele extremamente pálida da trouxa.


- Que garoto? – perguntou Petúnia, o choque por tudo o que estava acontecendo impedindo-a de raciocinar.


Com um movimento rápido e brutal, um talho surgiu no rosto da mulher, arrancando-lhe um grito de dor, lágrimas e sangue. O corte foi tão profundo que era possível ver a forma de seus dentes sendo modelados pela carne que restara.


- Petúnia! – gritou Valter, o medo paralisando-o e impedindo-o de avançar sobre a bruxa, que lhe dera as costas.


- Mãe! – Duda gemeu e engasgou-se novamente, o sangue que seu ferimento expelia agora formava uma roda densa e cada vez mais crescente à sua volta.


- Cadê o Potter?! – sibilou Bellatriz, encostando o punhal no outro lado do rosto de Petúnia.


A mulher soluçou antes de tentar responder.


- Ele ffoi emboora. – disse ela, muito lentamente, com medo que sua gengiva rompesse e com grande dificuldade, já que perdia muito sangue pelo corte – Umma mulher esstavva com ele.


- Embora?! – exclamou a Comensal da Morte, produzindo outro talho na face da trouxa, dessa fez profundo o suficiente para que o interior de sua boca fosse visível pelo lado de fora.


O grito de Petúnia foi muito mais dolorido e alto que os que Duda havia dado sob o efeito da Maldição Cruciatus. O sangue escorria como uma cachoeira dos cortes, logo manchando as roupas dela e pingando sobre o chão. Bellatriz soltou-lhe os cabelos e ela caiu no chão, o rosto transfigurado deitado de lado, o sangue logo formando uma poça em torno dela, dificultando ainda mais sua respiração. Seus olhos fitavam os de seu esposo, suplicando por ajuda.


Porém, ao ver Bellatriz se aproximar, Valter sabia que nada poderia fazer atém de dar-lhe todas as informações que queria e suplicar por uma morte rápida, isto porque ele finalmente entendera uma coisa: ela não ia deixá-los vivos; ele via isso em seus malignos e insanos olhos negros.


=.=.=


Os Comensais da Morte riam e se deliciavam com o que ouviam. Os gritos da família Dursley eram como a mais bela das canções. Eles só desejavam uma coisa: poder assistir a mestra da tortura em ação ao invés de apenas ouvir as reações pelos seus atos geniais e demoníacos. Eles queriam ver ao vivo o que a insanidade de Bellatriz Lestrange podia causar.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (2)

  • rhaorhao

    é... parece q o potter arrumou uma bela duma confusão com a fuga dele. mas creio q o treinamento com yo-ba e andrea vai render ótimas batalhas futuras.

    2011-11-28
  • rosana franco

    Caramba desta vez o caos esta realmente formado tudo isso por causa do Harry,pelo fato dele ter desaparecido e agora alem do Lord o pessoal da ordem tb esta com muita raiva dele.

    2011-06-02
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.