"Falso Retrato"



 (...)


- Adivinha o que vou fazer este final de semana? - Troy disse aparecendo ao meu lado. Estávamos atravessando o pátio lotado de adolescentes.

- Suponho que tem algo haver com auto-erotismo.

- Perto. - Troy sorria calorosamente me encarando - Eu estarei cruzando a marinha no Saber 386 do meu pai...

Ele fez uma pausa esperando que eu falasse algo, mas apenas o encarei confusa.

- Aquele luxuoso barco. - Ele continuou - Com ventos em meus cabelos, sons que explodem através dos autos-falantes, e com toda sorte, uma garota impressionante ao meu lado.

- Impressionante? Eu? HA!

- Wo-wo-wo. Eu disse impressionante, não você. - Ele tomou a frente, me obrigando a parar - Sabe, você pode querer checar seu ego lá na porta, miss.

Gargalhei enquanto observava ele sumir entre os estudantes. Alguns segundos depois algo me arremessou para o lado, fazendo com que todos os livros que eu carregava fossem ao chão.

- Valeu cara! – Gritei enquanto me agachava para recolher-los. Parei imediatamente quando reconheci um par de mãos brancas que apareceram repentinamente. Era Rony. Recolhi tudo rapidamente com a ajuda dele e me levantei. Ele me acompanhou.

- "A coisa estranha sobre ir à escola com seu ex é inevitável."

Eu me agarrei o mais forte que pude aos meus livros puxando o ar demoradamente. Ele abaixou a sua cabeça apertando a alça de sua mochila e se afastou sem dar uma palavra.

- "Todo lugar que você vai, ele está lá"

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- Hey, é verdade que seu pai é Investigador Particular? - Um garoto com luzes loiras se aproximou cautelosamente da morena. - Sou Justin.

- É o que diz na placa.

- E você trabalha pra ele?

- Às vezes.

- Posso falar com você sobre uma coisa? É particular. - Hermione olhou para os lados ponderando.

– Claro. Venha comigo. – Ela o guiou para um banheiro feminino, o mesmo em que levou Chardo.

- Acho que eu não deveria estar aqui... - Ele sussurrou enquanto Hermione abaixava-se pra conferir se havia alguém em algum box por ali.

- Você não queria conversar?

- É... Você acha que pode ajudar a encontrar alguém pra mim?

- Quem?

- Meu pai - Hermione finalmente o encarou - Ele sumiu aproximadamente há dez anos e eu não tenho noticias desde então.

- Parece que temos um ganhador! - Exclamou Hermione - Você tem certeza que quer encontrá-lo?

Justin apenas abaixou a cabeça, no mesmo instante Hermione correu para a entrada, duas garotas estavam abrindo a porta. A morena empurrou a porta rapidamente e depositou uma pequena pedra travando-a.

- Talvez... Eu só queria saber o que aconteceu com ele, sabe? –  Justin tinha  a cabeça baixa, encarando o chão, Hermione o analisava com uma sobrancelha erguida.

- Por que agora? Por que não o procurou antes? - Ela caminhou para se encostar a grande pia.

- Minha mãe foi demitida dois meses atrás e está trabalhando em dois trabalhos de merda. Eu estou trabalhando também, mas estamos apertados ainda assim... - Hermione sentou na pia esperando que ele prosseguisse - Eu não tenho visto ele desde que eu tinha seis anos.

- Tá. Você consegue uma foto?

- Minha mãe destruiu tudo.

- Ultimo endereço conhecido?

- Nasci em L.A., então nós moramos lá até eu ter menos de dois anos...

- Você pode conseguir o numero da Previdência Social dele? - Ele ponderou e balançou a cabeça negativamente - Data de nascimento? - E novamente a resposta "Não". Hermione pensou um pouco desanimada - Tudo bem... O nome. Nós podemos tentar isso, certo?

- É John. Smith.

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- Então... Eu liguei para sua orientadora hoje. Ela quer me ver. - Papai falou enquanto jantávamos na nossa cozinha/sala. - Alguma idéia do que possa ser?

- Não - Balancei os ombros.

- Você tem sido agradável com as outras "crianças"?

- Você sabe pai, eu sou da "velha escola". Olho-por-olho.

- Vamos, nenhuma ajuda? Você não vai me dar nenhuma idéia do que me espera?

- Sinceramente, não tenho nenhuma pista. Posso fazer uma pergunta? - Ele abaixou os ombros, derrotado - O que você acha que a mamãe estava fazendo no Motel Camelot com Arthur Weasley duas semanas atrás?

- Eu te falei: "Fique longe deste caso"! - Ele apoiou os cotovelos na mesa, juntando as mãos e depositou a testa nelas impacientemente.

- Eu simplesmente não entendo. Ela está no Arizona, por que ela não tem vist...

- Hermione, por favor! - Eu abaixei um pouco os ombros enquanto ele catava seu prato e abandonava a mesa.

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Um ruivo abria desanimadamente a geladeira da imensa e charmosa cozinha, retirando uma garrafa de leite.

- Rony? - A Sra. Weasley entrou no local - Estou lembrando-o de tomar seus remédios. - Rony encarou o copo e uma pequena pílula que estavam solitárias no balcão, suspirou enquanto pegava-os - Querido, não tenha nenhuma vergonha de tomar anti-depressivos. Eu não conheço ninguém que não precise deles em algum momento em sua vida.

O Ruivo se aproximou da pia com o copo e a pílula na mão enquanto observava a mãe vestir um blazer para sair.

- Eu sei que tem sido difícil desde que sua irmã morreu, mas você só esta tomando eles há o quê? Seis meses? Só precisa de um pouco mais de tempo - Rony jogava a pílula várias vezes pra cima, escutando silenciosamente a mãe. Quando ela deu as costas deixou a pílula cair no ralo da pia.

- Claro mãe...

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- Olá Sr. Granger, Obrigado por vir.

- Olá Sra. James - Uma mulher lhe apertava a mão, ele estava na Secretaria. - Estava um pouco surpreso por sua ligação.

- Eu não quero preocupá-lo - Ela o conduziu para uma sala no final do corredor – Hermione é uma ótima estudante, acho-a impressionante, ela tem uma ótima cabeça.

- Então por que exatamente estou aqui? - O Sr. Granger a acompanhou fechar a porta e seguir para uma mesa no centro da sala.

- Bem, temos visto uma mudança drástica nela desde o ano passado. - Sra. James gesticulou para que ele sentasse - Ela chega muito atrasada, dorme em sala de aula e socialmente ela parece estar um pouco isolada.

- É... Ela passou por um ano difícil.

- Eu sei como ela era intima de Gina Weasley.

- Eu diria que Hermione está indo muito bem nas atuais circunstâncias. Aonde você quer chegar com tudo isso?

- Olha, se você achar isso difícil, muitos pais solteiros com filhas acham, eu estaria muito mais do que feliz em falar com ela.

- Oh, não, não, eu sei lidar com isso. Obrigado por me avisar - A Sra. James tentou protestar, mas O Sr. Granger já tinha sumido.

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- Você vai estudar à tarde? - Perguntou um garoto um tanto magricela que lembrava o "Salsicha" dos desenhos. Ele caminhava ao lado de Justin no pátio.

- Não posso, vou sair com a Hermione Granger!

- É, e eu estou saindo com a Halle Berry. - Rebateu o outro descrente.

- Sério! Ela está trabalhando em um caso pra mim. Ela vai encontrar meu pai perdido... - O magricela parou repentinamente, depositando sua mão esquerda no ombro de Justin.

- Corrija-me se eu estiver errado, seu pai não morreu há sete anos?

- Então eu acho que vai levar muito tempo pra ela encontrá-lo. - O magricela o encarou chocado, enquanto o outro dava um tapinha em seu ombro e se afastava com um sorriso maroto.

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- Olá, você ligou para o administrador do escritório do Programa Stanford Summer. - Hermione gravava uma mensagem, em sua secretaria, no escritório do pai. Wallace estava sentado a sua frente, ele separava vários envelopes. O Sr. Granger entrou e ela fez um gesto para que ele ficasse em silencio. - Ninguém está aqui pra atender sua ligação agora, mas nos deixe uma mensagem e poderemos retornar.

O Sr. Granger se aproximou com uma sobrancelha erguida desconfiadamente.

- Desculpa - Sussurrou Hermione dobrando alguns papeis.

- Keith Granger - Sussurrou o Sr. Granger, parando ao lado de Wallace, este logo levantou para cumprimentá-lo formalmente.

- Oi, Senhor. Sou Wallace Fennel.

- Wallace é um amigo meu. - Hermione sorria tranquilamente com os olhos presos em sua atividade

- Ha... Olá Wallace. Agora, o que está acontecendo aqui?

- Ajudando um garoto da escola a encontrar o pai desaparecido, o que é um pouco inconveniente é ser chamado de John Smith - Hermione explicava seguindo o pai até a sua sala ao lado. - Mas eu estreitei o campo até 440 John Smiths, então eu estou enviando a cada um, uma carta endereçada ao filho, parabenizando-o por uma bolsa de estudos. - Ela encostou-se na porta encarando um papel que segurava - Eu imagino que se nosso John Smith tem alguma consciência, ele verá o nome do filho dele, abrirá a carta e ligará pra dizer que o endereço está errado.

Keith aproximou-se e parou a frente de Hermione.

- Parte de mim está orgulhoso... - Ela imediatamente abriu um sorriso surpreso - E vamos apenas deixar como está. - Ele voltou a caminhar indo a pequena cozinha que ficava em frente a mesa de Hermione.

- Eu estou usando uma linha telefônica dedicada, espero que esteja tudo bem. - Ela voltou a sentar-se - Nós vamos rastrear todas as ligações que chegarem.

- Então, como ela colocou você nisso? – Perguntou Keith, espiando Wallace pelo ombro.

- Ela me prometeu todas as chaves das respostas para... - Hermione fuzilou-o com o olhar, ele arregalou os olhos e disse rapidamente - Ela prometeu ser minha melhor amiga!

- Eu tenho algo melhor para oferecer. - Sussurrou Keith. Hermione sorriu aliviada junto a Wallace - Vou estar no meu escritório.

- Ei, poderia me fazer um favor? - Perguntou Hermione logo após que o pai fechou a porta da sua sala.

- Por que todo esse cabelo apenas não some? - Exclamou um Wallace falso indignado.

- Não é tão problemático assim... - Hermione mordia os lábios encarando o amigo - É que na próxima vez que você for ao escritório dos administradores, poderia trazer meu arquivo permanente? - Ela deu uma rápida espiada na porta ao lado e voltou a dobrar os papeis - Eu quero ver o que o conselho está falando com meu pai.

- Oh sim, nenhum grande problema... - Wallace mexeu-se inquietamente na cadeira e se inclinou para apoiar-se na mesa - Eu posso ser expulso por isso!

Hermione colocou o melhor sorriso e olhar implorando-o. Ele abaixou os ombros derrotado e afirmou com a cabeça.

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- Você chamou sua professora de geometria idiota? - Wallace analisava uma pasta entrando no pátio.

- Isso foi totalmente fora de cogitação, deixe-me ver isto - Hermione tentou tomar a pasta, mas Wallace não deixou.

- Ah, espere. Eu estou descobrindo um novo lado seu. - Ele sorria pra ela dando alguns tapinhas na pasta aberta - Droga, Sra. Applebaumm amou alguma Hermione Granger! - Ele levantou a cabeça preparando-se para uma imitação. - "Hermione Granger é um anjo, é um prazer tê-la em minha classe todo dia"

Hermione ria enquanto eles iam para o primeiro banco vazio.

- Srta. Applebaumm? Esse arquivo vai para o segundo grau? - Hermione encarava o céu enquanto sentava-se ao lado de Wallace. Este voltou a analisar a pasta.

- Ooh, que doce. Você escreveu um poema pra seu professor!

- Tá, eu era uma puxa-saco. Agora posso ver isso? - Ela tentou pegar mais uma vez, mas parou ao notar a aproximação de alguém.

- Então... Nenhuma pretensão pra hoje? - Era Justin, o garoto que procurava pelo pai.

- Provavelmente saberemos algo na semana que vem...

- Ok... Ei, trouxe algo pra você - Ele puxou a mochila, tirando um ipod vermelho - Coloquei algumas musicas pra você, tem o novo 311 ai!

- Obrigada...

- Sabe, eu só achei que se você estiver em alguma missão fora ou alguma coisa do tipo, você pode precisar de alguma coisa pra passar a noite... - Ele sorriu e Hermione balançou a cabeça retribuindo o sorriso - Ér... Até mais.

- Ele trouxe um ipod! - Explodiu em risos Wallace, após Justin desaparecer.

- Cala a boca. - Hermione tinha um sorriso leve e encarava a multidão de adolescentes - Ei, me faça um favor...

- Por favor, esteja brincando! - Wallace tinha os olhos fechados, como de uma criança tentando provar a si mesma que não existia um bicho em baixo da cama.

- Me dá esse arquivo!

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- Então tivemos a idéia de fazer um vídeo para os Vídeos Caseiros Mais Engraçados da América... - Disse Troy. Hermione havia aceitado o pedido para jantar - Com um tubarão de mentira.

- Oh meu Deus! Eu me lembro disso, era você? - Exclamou uma abismada Hermione

- O plano era cortar a barbatana de dorsal, pregar em uma tábua, amarrar a tábua nas minhas coisas e ficar nadando na praia. - Ele estava inclinado, apoiando-se na mesa, sorrindo fracamente - E Rony ia ficar na praia e gravar a cena toda, mas isso nunca aconteceu... Eu fiquei nadando lá fora por quinze minutos e ninguém nem notou!

- Vocês foram idiotas. - Hermione dava uma leve risada

- Sim, nós éramos! Um cara maluco pegou um rifle pra atirar! Pra minha sorte Rony correu até ele... - Hermione tinha as sobrancelhas erguidas em surpresa - Ele estava colocando os olhos pra fora, correndo e gritando "Não atire! Esse é meu amigo! Esse é meu amigo!" - Troy encolheu os ombros puxando o ar - Ele salvou minha vida...

- Isso é uma maneira de ver isso - Sussurrou uma sorridente Hermione. Troy mordeu os lábios encarando-a profundamente.

- Estou cansado dessa musica - Ele bateu em um radinho estilo anos 60 que tinha na mesa e voltou a encará-la - Eu esperei pelo sexo, fiz tudo certo!

- Se tivesse feito direito, teria conseguido! - Exclamou rindo Hermione - Tente novamente. - Troy gargalhou em resposta.

- A conta! - Exclamou, fingindo desespero, erguido o braço e olhando para os lados à procura de um garçom.

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- Deixe-me ver seu telefone. - Troy pediu enquanto andávamos para o estacionamento. Olhei-o confusa, mas atendi o seu pedido.

- O que esta fazendo?

- Agora o "Vibracall" esta ligado. - Ele balançava o aparelho sorrindo.

- No caso de precisar de uma pequena ação noturna? - Perguntei parando em frente a porta do meu carro.

- Ação, conselho de investimento, qualquer coisa. - Ele me devolveu o aparelho se aproximando perigosamente - Então...

- Eu realmente preciso ir pra casa! - Disse mais rápido do que planejava - Eu o convidaria pra subir, mas é uma noite de escola e meu pai tem uma arma. - Rí nervosamente - Ele disse que olhando os olhos de um cara pode descobrir suas verdadeiras intenções. Eu sei que parece mito, mas... - Ele investiu tentando me beijar, mas recuei meu tronco tocando no carro e encarando o chão. Ele me encarou confuso e se afastou.

- Ah, certo, então... - Troy deu um passo para trás e estendeu a mão formalmente apertando a minha - E tenha uma boa noite. - Curvou-se, fazendo uma reverencia antiga enquanto falava. Ele abriu a minha porta e eu logo pulei para dentro do meu carro. O observei dar um leve sorriso antes de dar as costas e partir em outro carro.

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Entrei em casa o mais silenciosamente possível. Fiz uma careta enquanto tentava fechar a porta.

- Como foi seu encontro? - Dei um pulo suspirando pesadamente quando ouvi a voz do meu pai. Ele estava no sofá com uma revista na mão.

- Oh, você sabe... - Sussurrei enquanto o observava espreguiçar-se no sofá - Ruim de papo, mas fantástico no sexo.

- Isso não é engraçado Hermione. – Ele tinha o semblante sério. Sorri fazendo uma careta confusa enquanto fingia pensar

- Eu não sei... Eu acho que é!- Parti para meu quarto imediatamente fechando a porta. Encostei-me na grande peça cheia de livros suspirando.


- " *Cérebro? Ok.
    *Charme diabólico? Ok.
    *Oponente formidável? Quem se importa?!"

Suspirei pesadamente me jogando na cama e encarando o teto.

- "O que há de errado com você, Hermione?
Pelo que está esperando?"

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- O arquivo permanente de Justin. - Sussurrou Wallace me estendendo uma pasta enquanto eu fechava meu armário. Ele estava desanimando - Você vai querer dar uma olhada nisso.

- Por quê? Isso vai se destruir em cinco segundos? - Sorri tentando mudar aquele humor dele, mas ele me encarava seriamente.

Imediatamente comecei a ler o papel, depois de alguns segundos corri para o pátio.
Avistei Justin com seu grupo de amigos em uma mesa e fui para lá.

- Preciso falar com o Justin. - Exclamei e eles se entreolharam surpresos - A sós! - Todos se afastaram rapidamente.

- Até mais caras - Ele sussurrou mexendo-se na cadeira nervosamente.

- Explique isso! - Exclamei jogando o papel em sua frente e apoiando minhas mãos na mesa. Ele me olhou confuso.

- Minha avaliação de primeiro grau?

- Sim, leia pra mim!

- "Justin mostra talento na pintura de dedo e em outras artes e projetos..."

- Mais pra baixo!

- "Durante os últimos meses, Justin esteve mal-humorado e reservado. Este comportamento não é surpreendente levando em conta a recente morte do pai dele". - Ele me deu uma leve olhada antes de sussurrar - Oops...

- Tudo que contou era uma mentira, Justin! Você desperdiçou meu tempo! - Cuspi enraivecida - Isso me deixa louca. E você me deve $150 em taxa postal! - Ele abaixou as vistas para a mesa enquanto eu recolhia o papel.

- Com licença, você é o Justin Smith? - Uma senhora se aproximou e ele logo ficou de pé afirmando com a cabeça - Isso é pra você – Ela lhe entregou uma carta. Aproximei-me desconfiada.

- É a carta da bolsa de estudos que você enviou. E há um lembrete... - Tomei a carta enquanto ele se deixava cair na cadeira, sorrindo. - É de meu pai...

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Estava deitada de bruços na minha cama com meu livro e caderno abertos. Estudava para um teste na semana.

- Alguém veio te ver - Sussurrou papai abrindo um pouco a porta.

- Descreva esse alguém.

- Cara branco, baixa estatura, desesperado, não tendo um bom dia. - Papai tinha as mãos na cintura enquanto falava. Respirei fundo e fui até a porta.

- Oi Hermione...Eu vim de bicicleta até aqui - Era Justin. Encostei-me na parede cruzando os braços em meu peito enquanto o observava falar - Queria dizer que sinto muito... - Ele encarava o chão - Eu mostrei a carta para minha mãe, ela ficou chateada e me fez prometer não tentar achar meu pai.

- Então ele está realmente vivo?

- Minha mãe disse que era melhor quando pensava que ele estava morto. - Ele tinha um tom amargurado agora.

- Talvez fosse. - Disparei, ainda estava chateada com a "mentira" que ele criou.

- Eu tenho um pai em algum lugar lá fora. – Lagrimas brotavam nos seu olhos enquanto falava - Como eu posso não tentar descobrir o que aconteceu a ele?

Suspirei olhando a piscina do condomínio. - "Oh, vamos lá Hermione, vai se deixar comover com a semelhança?"

- Eu me mataria Hermione.

- Deixe-me ver a carta novamente...

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- "A carta que Justin recebeu do pai dele tinha um carimbo postal de San Diego..." - Estava com meu laptop no quarto. Usando um programa de busca que eu utilizava para encontrar as pessoas para meu pai. - "Dos 440 John Smiths no estado, três eram de San Diego"

- Entre. – Gritei, sem tirar os olhos da tela, após ouvir as batidas de meu pai na porta.

- Oi - Ele apenas colocou a cabeça para dentro do quarto - Eu não pude ajudar, mas poderia escutar.

- Sim, sinto muito...

- Não, não é isso - Ele pigarreou antes de continuar - É que eu não quero que você pense que sua mãe é a vilã nisso tudo.

- Ela não é? - Sussurrei encarando minhas mãos.

- Não, não é tão simples...

- Sim, é! - O interrompi finalmente o encarando. - O herói é o que fica, e o vilão é o que separa.

- Eu acho que esse não é um pensamento saudável Hermione.

- É mais saudável do que o que eu queria, rezando diariamente para ela voltar pra casa. - O encarei e ele abaixou as vistas, tristemente, fechando a porta.


-"A verdade era que eu sabia exatamente onde minha mãe estava" - Abri uma nova aba, mostrando a foto da placa que tirei no motel Camelot, com o endereço "304 Paraketland - Phoenix AZ 85207".

-"Mas eu não estava pronta pra lhe contar isso." – Anotei-o em um papel, pregando-o no meu mural.

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- Espere! – Gritou Hermione enquanto corria até Troy, este ia em direção ao campo de futebol. Ele parou virando-se, sorrindo, para ela.

- Não corra Hermione. As pessoas poderiam pensar que você está desesperada. - Ele levou as mãos aos bolsos do seu Jeans, voltando a caminhar, com ela ao seu lado.

- Isso seria um passo a mais na minha bela reputação? - Hermione sorria enquanto um time passava correndo ao seu lado.



- Eu acho que tudo depende a quem você está perguntando. - Ele tinha os olhos presos na partida, que nesse exato momento tinham feito um gol. Ouviram-se gritos de euforia e “Vão Piratas!" da arquibancada. La estavam Harry, Rony e mais alguns garotos.

- Ei, pensei que seu menino-brinquedo ia nos acompanhar no Happy Hour esta tarde - Disse Harry, olhando o casal que se aproximava do campo. O moreno bebia em uma garrafa de metal. O ruivo o encarou confuso - Você não acha que ele pode ter se deitado com Hermione, acha?

Rony levantou repentinamente, e enfurecido, tomando a garrafa, enquanto o moreno também ficava de pé, o encarando tensamente. Os outros garotos se mexeram inquietamente enquanto observavam os dois amigos se encararem, estavam preocupados.

- Oh, Gafanhoto é tão lento para um Mestre de Kung-fu. - Sussurrou o ruivo, suavizando sua face, dando alguns passos para trás, enquanto Harry coçava a cabeça sorrindo fracamente - Se você puder tirar o frasco de minha mão, então você será o novo mestre. - Harry tentou disfarçar, mas logo correu pra cima de Rony, os outros suspiraram tranqüilizados.

- O que deu em vocês? - Gritou um loiro que estava no corrimão junto a outro garoto, que se equilibrava no corrimão. - Ei, olhem isso! - O garoto que estava pendurando no corrimão, deu um salto acrobático para trás, jogando-se da altura de um prédio de dois andares. Harry olhou espantado para Rony e imediatamente correram até lá.

- Que cara louco! - Exclamou Harry debruçando-se no corrimão e vendo que o amigo tinha se jogado em um monte de colchões grandes. Todos voltavam rindo para o centro da arquibancada, mas Rony continuava no mesmo lugar. Ele olhava para um casal sorridente no canto do campo, logo abaixo dele.



- Eu acho que posso ter lhe dado a impressão errada - Hermione gesticulava nervosamente enquanto falava - Eu realmente me diverti muito ontem, eu só...

- Precisa de mais? - Interrompeu Troy - "Você consegue preencher o espaço vazio aqui, só que preciso: a)Tempo, b)Espaço, c)..." - Hermione o interrompeu, beijando-o.

Rony voltou até Harry silenciosamente, este o esperava estendendo um casaco. O ruivo entregou a garrafa de metal a Harry e de repente disparou, gritando, para o corrimão, se jogando de cabeça. Sua queda não foi tão legal quanto a do seu amigo, ele caiu na beira dos colchões, rolando para o chão. Hermione e Troy acabaram quebrando o beijo com o barulho causado.

- O meu Deus! - Exclamou Hermione correndo até o ruivo. Harry estava totalmente pendurado para frente no corrimão da arquibancada, chocado.

- Você está bem, Rony? - Perguntou Harry rindo e observando Hermione chegar a ele e passar a mão atrás da cabeça do ruivo - O que foi isso? Um Klutz Triplo?

- Ele precisa ir para um hospital - Disse Hermione a Troy, mostrando o sangue em sua mão. - Vamos... - Sussurrou Hermione, que com a ajuda de Troy, levantou Rony e levou-o até o estacionamento.

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- Sensações de morte te desafiando? Corte na cabeça escorrendo? - Troy perguntava, colocando uma toalha atrás da cabeça de Rony, enquanto andavam até o carro de Hermione. - Você é o cara, irmão. - Sussurrou Troy, abrindo a porta para que o ruivo entrasse.

- É. Eu quase me dei mal - Disse Rony jogando-se no banco.

- Tem certeza que não quer um pouco de ajuda? - Troy encarava Hermione apoiando-se no carro.

- Não, obrigada. Eu consigo. - Ela virou-se para Rony - Ponha o sinto de segurança e mantenha a toalha firme! - Ela deu a partida deixando um Troy cabisbaixo os acompanhando.

Hermione estava concentrada na estrada e não viu que depois de alguns minutos Rony tinha tirado a toalha e encarava-a.

- Lembra como as coisas eram? - Ele sussurrou.

- "Você diz entre a gente? Ou antes da morte de Gina?" - Hermione enrugava a testa respirando pesadamente. Não tirava os olhos da estrada - "Ou duas semanas atrás antes de seu amigo ficar interessado em mim?"

- Hermione? - O ruivo ainda esperava por uma resposta.

- Não, não mesmo. – Disse Hermione secamente.

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- Você quer que sua namorada fique aqui com você? - Perguntou a enfermeira a Rony, enquanto este passava a mão pelo curativo.

- Eu não sou a namorada dele...

- Sim, sim! Isso seria legal - Rony a interrompeu, e Hermione olhou-o confusa.

- Bem, aqui estão vocês. – O Sr. Weasley acabará de entrar na sala. - Hermione... Nós nos encontramos de novo.

- Como são as coincidências... - Ela sussurrou enquanto ele analisava o curativo do filho.

- Hermione me trouxe aqui pai.

- Obrigado Hermione. - O Sr. Weasley forçou um fraco sorriso - Eu posso lidar com isso a partir de agora.

- Ok, eu tenho que fazer outras coisas... - Rony tentou se despedir, mas ela já tinha corrido para a porta.

- Rony, pular das arquibancadas?! O que você tem na cabeça?

- Acalme-se Sr. Weasley, esta tudo bem agora. – Um medico acabará de entrar na sala - Não há fraturas. Nada que alguns curativos não resolvam.

- Eu ainda não entendo como isso aconteceu, Rony - Sr. Weasley insistia em uma explicação - O que fez você pular?

- Pai - Rony o encarou - Posso falar com o Dr. Levine por um minuto? - Arthur se mexeu inquietamente ao seu lado desconfiado - Sozinho?

- Está bem.

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- Ei, você tem certeza que não tem nenhuma foto de seu pai? – Hermione falava ao celular com Justin.

- Não, acho que não... Minha mãe cortou seu rosto de todas as fotos, mas eu poderia dar uma olhada. - Justin estava em uma locadora, onde trabalhava.

- Com licença... - Era a Senhora Susan, que sempre aparecia as terças e quintas, chamando-o no balcão.

- Hermione, posso falar com você depois?

- Está bem, apenas traga-me o que tiver.

- Ok, Tchau - Ele desligou e encarou a senhora a sua frente. – Olá Susan.

- Na última vez que estive aqui, você mencionou "Body Heat". Você tem em DVD? - Ela tinha um sorriso amável enquanto falava.

- Não - Justin sussurrou buscando no computador - Mas posso fazer um pedido especial.

- Ótimo!

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- Escute, é uma decisão sua. Você deve saber o que é certo pra você - Disse o Dr. Levine após ouvir Rony. - Mas eu tenho que preveni-lo. Ir atrás do passado esquecido sem anti-depressivos pode gerar sérios efeitos colaterais. Você poderia se sentir enjoado...

- Sim, muito enjoado!

- E também é possível que você sofra de alucinações e sonhos particularmente reais. - O Dr. analisou-o - Isso pode durar semanas. Algumas pessoas consideram isso irritante.

- Mas vale à pena. - Rony sussurrou sorrindo.

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- Olá! - Disse a Sra. James quando viu Keith Granger parado a porta.

- Oi - Ele entrou rapidamente - Obrigado por reservar um tempo para me atender. - Ele fechou a porta atrás de si - Eu lhe devo desculpas. Fui seco e estava na defensiva no outro dia.

- Bem, numa escala de 1 a 10 sobre estar na defensiva, eu daria 3. - A Sra. James balançava os ombros indiferentemente enquanto falava. - Então não se preocupe com isso. – Ela sorriu ao pronunciar a ultima frase, indo até sua mesa e sentando.

- Você estava certa sobre Hermione precisar de alguém pra conversar.- Ele se aproximou da mesa, mas não sentou - E eu tenho medo que neste caso eu não esteja preparado para ser essa pessoa...

- Eu adoraria falar com ela. - Interrompeu, ainda sorrindo, a Sra. James

- Obrigado... - Disse um aliviado Keith. O telefone tocou.

- Desculpa, você se importa? - Keith sacudiu os ombros, a Sra. James atendeu, mas sua mão acabou derrubando um copo, que estava cheio, no chão. - Oops! Oi, posso ligar daqui a pouco? Ótimo.

- Peguei - O Sr. Granger logo estava ao seu lado catando o copo vazio.

- Oh, muito obrigada. Sou viciada em café. - Ela sorria. Eles se encararam por alguns segundos até que o Sr. Granger foi até a porta. - Xerife Granger? - Ele parou e voltou-se para ela. - Você sempre teve meu voto.


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- Eu peguei todos os endereços dos John Smiths da cidade e os segui até conseguir tirar boas fotos - Hermione informava a Justin, que estava ao seu lado esquerdo, enquanto Wallace acompanhava silenciosamente ao lado direito. Estavam no pátio. - Este é o primeiro. Ele é veterinário e casado. Há uma área de lazer nos fundos, então, ele deve ter filhos. - Hermione passou a foto a Justin, que a analisou. Era um homem muito gordo e careca.

- Não, não é ele definitivamente.

- Ok, John Smith nº2... - Hermione catou mais uma foto e passou-a par Justin - Ele é solteiro e treinador de basquete.

- Não, também não é este... Minha mãe sempre desliga o rádio quando tocam "Brown-Eyed Hanfsom Man". - Hermione o encarou confusa - Porque a faz lembrar do meu pai. E este cara de olhos verdes não é ele.

- Finalmente, John Smith nº3. - Mais uma vez era um careca, desta vez magro e alto.

- Sim, esse poderia ser ele. Você tem alguma foto dele sem óculos?

- Ele sempre esteve com eles - Hermione balançava a cabeça enquanto falava.

- Então... O que esse cara faz?

- Eu o segui da casa dele até a casa de apostas para as corridas de carro. - Hermione fez uma careta desculpando-se enquanto encarava Justin. - Minha principal aposta seria ele ser um criminoso.

- Bem... Podemos voltar lá? - Perguntou um esperançoso Justin. Hermione ia fazer protesto, mas ele continuou - Quero dizer, eu sei que se pudesse ver ele mais de perto poderia identificá-lo.

- Acho que não Justin...

- Por favor, de uma maneira ou de outra, eu descobrirei.

- Dê uma chance ao garoto - Pediu Wallace. Hermione ponderou mordendo os lábios e analisando Justin atentamente.

- Ok! Encontre-me no meu carro após a escola - Ela se levantou enquanto falava para um sorridente Justin - Mas lembre-se, eu estarei no comando e você fará o que eu disser!

- Você deveria ter visto ela antes da "Escola de charme" - Disse Wallace a Justin, saindo com Hermione.

- Ok Hermione. - Justin levantou-se indo rapidamente atrás deles - Esperem, eu trouxe a melhor foto que eu tenho do meu pai! - Os dois pararam enquanto Justin estendia as fotos para eles - Nesta você pode ver pelo menos a mão dele.

- Nossa, sua mãe realmente odiava ele, não é? - Hermione analisava as duas fotos que tinham dois buracos onde seriam as cabeças do pai de Justin.

- É...

- Carro legal - Comentou Hermione, ainda analisando a foto, onde havia um carro clássico vermelho.

- Minha mãe dizia que ele era obcecado por ele. Ei, que carro John Smith 3 dirigia?

- Sebring conversível - Sussurrou Hermione lamentando. Justin balançou os ombros conformado.

- Ok, vejo você depois da escolha.


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- É ele, logo em frente ao Honda - Disse Hermione apontando com a cabeça para frente. Estava parada, esperando o sinal abrir, com Justin ao lado.

- Lá foi ele. - Justin estava nervoso acompanhando o carro prata, dois carros à frente - Você o perderá!

- Não o perderei! - Exclamou ela enquanto começava a acelerar um pouco, acompanhando o carro metros à frente. Ele entrou em uma pista exclusiva de lojas e lanchonetes, Hermione seguiu pela via normal. Ele estacionou e ela parou do outro lado da pista.

- Vá devagar Justin, tente não parecer nervoso ou curioso. - Sussurrou Hermione enquanto apoiava sua maquina na porta para tirar algumas fotos. O cara saiu do carro e foi em direção a uma loja, Justin abriu a porta e saiu correndo até lá - Ei! Mas que droga! - Hermione correu até ele.

- Com licença, com licença! Ei! - Gritava Justin se aproximando do John Smith 3. Este parou para encarar Justin, levantando um pouco os óculos.

- Você precisa de algo, Brow?

- Não... Desculpe-me. Eu pensei que fosse outra pessoa - Disse Justin tristemente.
O John 3 analisou Justin e olhou para Hermione, que vinha logo atrás, antes de entrar na loja a frete.
Hermione olhou para o caro do John Smith 3, curvando-se para pegar um papel que estava no painel.

- O que está fazendo? - Justin se aproximou enquanto ela analisava o papel.

- Deixe-me ver a carta de novo. - Quando ele passou, ela apoiou papel que ela acabou de pegar no painel e colocou por cima a carta - É exatamente a mesma escrita!

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Rony lutava contra o sono, deitado no sofá, enquanto assistia TV na luxuosa sala.

- Como você assiste este lixo? Não poderia ser mais chato! - Rony pulou quando viu Gina. Ela estava exatamente como quando foi encontrada morta. A ruiva caminhou, se aproximando, e sentou ao lado do irmão.  - Oh, que merda é essa? - Ela passava a mão pelo sangue que escorria na sua testa.

- Gina? - Rony estreitava os olhos enquanto sentava no sofá.

- Sim, o quê? Você já se esqueceu de mim? - Ela o encarava sorridente, ainda tentando limpar o sangue da testa. Rony se mexeu inquieto no sofá, olhando para os lados.

- O que você ta...

- Você sabe, não faz sentido! - Ela se jogou, deitando-se em seu colo, Rony analisava boquiaberto, a sua cabeça - O meu assassinato.  Tão falso, não é? - Ela voltou a sentar-se - A verdade vai aparecer, Ron.

- Do que você está falando?

- Da pista, Roniquinho. - Ela curvou-se para ele enquanto falava. - Nada se encaixa! Você sabe disso. Espero que admita pra você mesmo. Fuja de seu estupor. Acorde!

Rony caiu do sofá, acordando assustado. Levantou-se rapidamente olhando para todos os lados, mas não teve duvidas de que tudo não passou de uma ilusão.

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Hermione e Justin seguiram o John Smith 3 até sua casa. Eles estavam estacionados próximos ao local onde ele entrou.

- O que é isso? - Justin perguntou pegando um aparelho que saia pequenos choques.

- É um Taser e é perigoso. Ponha no lugar! - Ele rapidamente obedeceu, observando a morena virar-se para a porta.

- Eu vou com você...

- Não. Eu preciso que fique no carro. - Ele encarou o chão enquanto a outra já estava entrando na casa pelos fundos.

Ela caminhou até a janela da garagem e apoiou a testa, tentado enxergar dentro do local.

- "Humm, um carro clássico por acaso?" - Analisava um carro coberto por uma lona.
Hermione empurrou a janela, que por sorte, estava aberta. Em dois segundos ela já estava dentro da escura garagem. Rapidamente tirou a empoeirada lona do carro. - "Um Hyundai Sonata? Não acho que seja um clássico..."


A porta do canto da garagem abriu estrondosamente e o John Smith 3 apareceu com um taco de Beisebol.

- O que você está fazendo? - Ele a analisava, Hermione tentava dar passos para trás - Fique aqui. Vou chamar a policia!

- Você não vai fazer isso. Eu segui você e sei o que faz. - Ameaçou Hermione.

- O que eu faço? - Ele abaixou o taco, se aproximando dela. - Eu sou um Oficial. Por que estava me seguindo?

- Sou uma amiga do seu filho. Ele só queria vê-lo.

- Eu não tenho filho - Ele voltou para a porta - Não se mexa!

- Você está querendo me dizer que não é John Smith? - Gritou Hermione fazendo-o parar para encará-la. No mesmo instante a porta da garagem se levantou e um carro, clássico vermelho, com uma senhora dirigindo-o, parou. E Justin correu até eles.

- Justin! - Exclamou Susan, sorrindo amavelmente ao vê-lo parar ao seu lado. Era a senhora que sempre ia as terças e quintas na locadora em que Justin trabalhava. O garoto olhou várias vezes para todos de olhos arregalados.

- Pai? - Ele sussurrou, chocado, para a senhora do carro, que apenas balançou a cabeça afirmativamente. - O meu Deus! Você é uma mulher. Não acredito nisso!

- É difícil, eu sei - A senhora tinha saído do carro e estava parada a poucos sentimentos de Justin - Eu queria ter arranjado uma maneira de lhe contar.

- Você também sabe que eu pensava que tinha morrido desde que eu tinha 11 anos?

- Não estou surpresa. - Sussurrou a Susan, abaixando a cabeça. - Sua mãe ameaçou que diria isso.

- E suas visitas à locadora?

- Eu queria vê-lo, você não entende isso? – Susan deu um passo, mas Justin recuou imediatamente. - Eu queria ver com meus próprios olhos que você estava bem!

- Na verdade, eu não estou. Não estou! - Justin gritou, ele não segurava o choro - Transformou minha mãe em uma mentirosa, e meu pai é uma aberração!

- Talvez devêssemos ir Justin. - Hermione adiantou-se para o lado do garoto, interrompendo-o.

- Isso é algo que eu tenho que fazer. Isso é o que eu sou! - Susan sacudia a cabeça, suplicando que Justin aceitasse.

- Vamos sair daqui Hermione...

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- 144 Km. - Sussurrou Hermione, olhando atentamente a estrada, enquanto voltava com Justin. Este, desde que entrou no carro, só olhava para a janela.

- O que são 144 Km? - Ele tinha os olhos inchados e vermelhos.

- O quanto seu pai viaja toda semana para vê-lo por alguns instantes. - Ele suspirou, abaixando as vistas pensativamente - Olha, minha mãe está desaparecida também. E honestamente, eu daria qualquer coisa para sentir que ela se preocupa o suficiente comigo para fazer isso...


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- “A tragédia entra na sua vida como um furacão, criando o caos.
Você pode esperar a areia baixar e então escolhe:”

Rony estava no banheiro do colégio, em frente a pia, olhando para a pílula na palma de sua mão. Depois de alguns minutos, fechou os olhos jogando a pílula na boca. Deu uma ultima olhada no espelho e saiu.

- "Você pode viver nos entulhos e fingir que ainda é a mansão que você lembra."

- Ei, como esta sua cabeça? - Hermione se aproximou quando Rony estava na porta do banheiro.

- Melhor. - Respondeu secamente, afastando-se. Deixando uma morena cabisbaixa e confusa.


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- "Ou você pode rastejar na bagunça e lentamente reconstruir."

- Ei Justin, você pediu outra cópia de Body Heat pra alguém? - O dono da locadora estendia um DVD para o garoto.

- "Porque depois do desastre, o importante é seguir em frente."

O cabisbaixo Justin pegou o DVD, caminhou até o balcão e pegou o telefone.

- Alô? Susan? É o Justin. Olha, a cópia do Body Heat que você queria, chegou. - Ele apoiou o telefone no peito enquanto respirava fundo, tentando conter as lagrimas - Não, esta ótimo. É, eu trabalho todo sábado... Eu vejo você então...


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- "Mas se você for como eu, vai continuar perseguindo a tempestade.
Minha mãe não iria me achar. Eu teria que achá-la.
Então, decidi dirigir até o Arizona depois da aula."

Hermione parou o carro ao reconhecer o mesmo carro que estava no Camelot. Havia uma senhora de costas, regando as flores em frente a casa.

- Mãe? - Hermione saiu rapidamente, correndo na direção da senhora. - MÃE?

- Posso ajudá-la? - Perguntou uma jovem senhora a uma decepcionada morena.

- Estou procurando por Lianne Granger.

- Hermione? Oh! Sou a Adrianna. - A mulher se aproximou, abraçando-a. - Uma colega da sua mãe. Eu sinto como se conhecesse você. Sua mãe fala de você o tempo todo!

- Onde ela está? - Perguntou uma sorridente Hermione.

- Ela partiu há algumas semanas... - O rosto sorridente no mesmo instante ficou confuso.

- Bem... Ela disse para onde ia?

- Não...

- Não minta pra mim! - As lagrimas já estavam nos olhos castanhos - Eu preciso saber... Onde ela esta?

- Ela pensou que seu pai viria procurá-la. Ela sabe que não sou boa em guardar segredos...

- Ela não se importa comigo? – Interrompeu Hermione.

- Ela só se importa com você, Hermione!

A morena olhou para os lados tentando segurar-se.

- Veja-me como uma cética. - Azedou Hermione, voltando ao seu carro e partindo.


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- “O problema de perseguir a tempestade é que ela desgasta você. Cansa seu espírito..."

Hermione parou em uma rua e sentou no capô do seu carro. Catou o seu celular enquanto respirava fundo.

- Oi, estou aqui fora – Hermione sussurrou ao celular e imediatamente a luz da casa da frente acendeu. Troy caminhou rapidamente até ela, abraçando-a fortemente.



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Corrigindo algumas coisas, reescrevendo outra...
Se alguém ainda estiver lendo, desculpa qualquer erro. X.X

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