novo Lar



Novo lar



Harry procurava seu uniforme de quadribol para guardá-lo dentro da mala. Era final do ano letivo, ultimo dia em Hogwarts. Não prestava atenção no que fazia. Jogava sem nenhuma organização suas roupas, meias e sapatos dentro do seu velho malão preto, contando cada minuto para deixar a escola. Era a primeira vez que tinha esse desejo, ir para longe de Hogwarts. Fizera da escola sua casa e seus amigos sua família. Detestava quando as férias de verão chegavam e ele retornava para a casa dos Dursley. Harry perdeu os pais quando ainda era bebê e foi deixado na casa dos tios, mas nunca soube o que é ter uma família. Nunca recebeu carinho ou cuidados que toda criança precisa. Seus tios sempre deixaram claro que o menino não era bem vindo. Ele mesmo preparava sua alimentação e, muitas vezes, para toda família Dursley. Em seus aniversários, apenas Harry lembrava-se da data. Presentes? Roupas usadas e surradas do primo Duda. O melhor dia de Harry foi quando descobriu ser um bruxo e passaria a maior parte do ano longe dos Dursley. Quando as aulas em Hogwarts chegavam ao fim e Harry precisava voltar para os tios, era como enfrentar o pior dos pesadelos. 


Mas este ano tudo foi diferente, muito diferente. Cursava o 3º ano em Hogwarts. Soube da existência de Sirius Black, o terrível assassino, aliado de Lord Voldemort, que fugira de Azkaban para matar Harry. Mas Sirius era inocente, não matara Pedro Pettigrew e muito menos traiu os pais de Harry. Pelo contrario, sempre foi fiel aos Potter e amou Harry desde seu nascimento. Sirius caiu numa cilada de Pettigrew e passou 12 anos na prisão por um crime que não cometeu. Tiago e Lilian o nomearam padrinho de Harry Potter quando o menino nasceu. 


Assim que o Ministério da Magia soube da existência de Pedro Pettigrew e a verdade foi revelada, o ministro Cornélio Fudge concedeu total absolvição a Sirius Black, que passou a ser um homem livre. 


Agora, guardando seus pertences no malão, Harry lembrou-se do dia em que Sirius o convidou a morar com ele. Fora no dia da audiência no Ministério da Magia, dia em que Sirius ganhou a liberdade.  



Dumbledore, Remo Lupim, Profa. McGonagall, Hagrid, Sr. e Sra. Weasley estavam presentes. Harry não pode entrar na audiência, mas esperou ansiosamente do lado de fora da sessão. Seria mesmo verdade tudo o que acontecia? Tinha mesmo um padrinho que anos antes fora o melhor amigo de seu pai e que hoje estava ali prestes a ser um homem livre?



Duas horas foram necessárias para a realização da audiência. Tempo suficiente para  Harry concluir que nada daquilo estava acontecendo. Alguém invadira sua mente e colocara todos aqueles acontecimentos dentro dela. Um feitiço muito bom por sinal. Aos poucos as pessoas foram aparecendo na sala onde Harry se encontrava. Mas o garoto queria ver Sirius, queria olhar para ele, queria tocá-lo, abraçá-lo. Aquilo tudo não poderia ser real. Se não fosse um feitiço oculto, só poderia ser um sonho. “Por que não pensei nisso antes? Sim, é um sonho. Voldemort está por trás disso. Deve estar rindo de mim agora”.


Então Sirius surgiu. Estava com um sorriso jamais visto, seus cabelos pretos mais cheios do que nunca e vestia uma túnica esverdeada, bem diferente dos trapos que usara em Azkaban. Não era mais aquele homem amargo e pálido que Harry vira na primeira vez. Seus olhos não mais refletiam tristeza e rancor. Entrou na sala e foi diretamente ao encontro de Harry.


 - Harry como você sabe seus pais me convidaram para ser seu padrinho.

 - Eu sei.



  -Se alguma coisa acontecesse a eles, eu deveria cuidar de você. Tenho sua guarda.


  – sim...
   
  - Então agora que sou livre quero saber se você deseja morar comigo, como uma família. Seus pais iam querer isso.


 - Morar com vc?

 - Vou entender se você não quiser. Foi só uma idéia, mas eu tenho mais direitos do que os Dursley. Pensei que talvez você quisesse uma casa diferente, pensei que...


 - eu quero morar com você. Quando posso me mudar?


Sirius abriu um sorriso, ficou observando o menino como se fosse a primeira vez, depois num segundo, desviou o olhar de Harry. Por um breve momento, o garoto teve a impressão de que o padrinho estava chorando e quisera esconder as lagrimas dele. Dumblodore, que escutara toda a conversa, procurou o olhar de Harry. Quando o menino retribuiu, o professor abriu um largo sorriso e acenou com a cabeça, um sinal de que estava tão feliz quanto Harry.


Harry não sabia explicar as emoções que sentia. Ele tinha um padrinho, iria morar com ele, teria uma família de verdade, deixaria para sempre a casa dos Durleys. Harry queria o mais rápido deixar o Ministério da Magia e seguir para uma nova vida com Sirius. Estava com medo que a qualquer momento acordaria de seu sonho. Precisava agir antes de despertar e tudo voltar ao normal. O garoto queria experimentar a sensação de ter um novo lar. Olhou para todos na sala. Os presentes cumprimentavam Sirius, uns lamentando por ele ter passado 12 anos em Askaban e outros desejando vida longa. Harry correu ate o padrinho, pegou em seu braço e disse apressadamente, como se cada minuto perdido fosse um a menos para a própria sobrevivência de Harry.


- Sirius, vamos embora. Já está tarde. Onde vamos morar?


 Sirius se abaixou para olhar diretamente nos olhos de Harry e disse:


– você precisa voltar para a escola Harry. O ano letivo ainda não acabou!


- não me importo. Quero ir com você agora.


- não tenha pressa Harry. Você voltará para Hogwarts, terminará os estudos. Vou cuidar pessoalmente de avisar os Durleys que tenho sua guarda e estarei te esperando nas férias de verão.


“E se eu acordar do sonho?” pensou Harry. “não tenho tempo para voltar a Hogwarts. Será que Sirius não entendia que os sonhos não duram por muito tempo, que ele poderia acordar a qualquer instante?


- Não. Quero ir agora.


 Sirius que mantinha o olhar fixo em Harry, abriu um sorriso e apenas respondeu:


- vai acontecer Harry. Quero tanto quanto você.


Então Harry esperou. Voltou para a escola desejando que existisse um feitiço capaz de passar os dias mais rápido. Prestou os exames finais com a certeza de que não fora muito bem. Quando o ultimo dia de aula finalmente chegou, Harry tratou de arrumar suas coisas bem cedo. E ali estava, no dormitório dos meninos na Casa Grifinória, juntando todos os seus pertences no seu velho malão preto.


Feita as malas, desceu para o salão principal para a entrega da Taça das Casas. Encontrou seus amigos já na mesa destinada a Grifinória.


- Harry, prometa que vai me escrever. Quero saber como é sua nova casa, como é morar com Sirius. Não acredito que o Ministério da Magia negou a ele uma vaga de Auror. Foram 12 anos em Azkaban e Sirius foi o único que conseguiu fugir de lá. Ele entende muito das artes das trevas. Saberia enfrentar qualquer comensal da morte. Passou por dementadores, milhares deles. Deveria ser Auror. Saiu no profeta Diário...


- Você nunca para de falar Hermione?


- E você nunca para de comer Rony? E ainda fala com a boca cheia. Precisa ter modos, sabia?


Harry observava os amigos sem prestar muita atenção no pequeno duelo que acabara de surgir entre eles. Estava pensando na nova vida que teria dentro de poucas horas, junto com o padrinho.


Quando as festividades do final do ano letivo chegaram ao fim, os alunos embarcaram no Expresso Hogwats rumo ao mundo trouxa. A viagem parecia uma eternidade. Quando finalmente chegaram, Harry tinha certeza de que acordaria do seu sonho (durou tempo demais) e encontraria a qualquer momento os tios Durleys na estação, com as caras fechadas, porque sempre odiaram buscar Harry no final de cada ano letivo. Estava preparado, iria acordar a qualquer instante, nenhum sonho dura tanto. Só não sabia explicar porque este em especial prolongara-se tanto.


A estação de Kings Cross estava lotada de pessoas que embarcam e desembarcam a todo o momento. Harry olhava para os lados procurando seus tios. Eles deveriam estar ali. Estavam atrasados. Mas sempre atrasavam, era normal.


Sentiu alguém tocar-lhe o ombro. Virou-se e viu um homem de cabelos pretos volumosos, de aparência jovial e um sorriso que certamente era o mais feliz de toda sua vida.


- Ola  Harry. Vamos pra casa? – exclamou Sirius Black

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