O Desespero é o Começo



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2050 – Uma Nova Esperança


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Capítulo Um – O Desespero é o Começo


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 Pequena nota aos leitores: Não se assustem, é só este primeiro capítulo que será narrado em primeira pessoa, os demais voltam para o bom e velho estilo da terceira pessoa. Podem, contudo, haver outros, mas nada que já esteja previsto. Boa leitura.


 


Corriamos pelos becos imundos desesperadamente. Os dois homens com certeza  queriam mais do que simplesmente nos assaltar. Mas não seriamos pegos.


Vivi minha vida toda num orfanato em Londres, nunca conheci meus pais ou nenhum parente, e nem o pessoal do orfanato (que até hoje odeio) soube me dizer de onde eu vim. “Foi deixado aí na porta”, era o que diziam.


Desde pequeno soube que era diferente dos demais garotos, mas nunca soube explicar. Eu sentia que havia algo comigo que não era normal, e eu também não gostaria de falar para ninguém, para não me chamarem de louco e me mandarem para o hospício da rua Galore. Claro, sempre que algum de nós tinha algo de diferente, eles mandavam para lá, e nós nunca mais víamos a pessoa.


O pessoal do orfanato era do pior tipo possível: eles nos batiam, ameaçavam e tratavam-nos como escravos. Às vezes até nos deixavam sem comer.


Quando tinha doze anos, resolvi fugir do orfanato junto com dois amigos, Erick e Katherine, e fomos viver na rua. Mas infelizmente Erick acabou sendo pego durante uma tentativa nossa de pegar comida. Claro, o único jeito de se ter comida quando se mora na rua é roubando. Nunca mais vimos Erick.


Ficamos então eu e Katherine, e sobrevivemos bem. Temos uma “casa” – um barraco de papelão e lona improvisado num beco sem saído de um dos mais pobres e imundos bairros de Londres, nunca nos falta comida – embora algumas vezes tenhamos de revirar o lixo de alguém, e conseguimos nos esconder bem o suficiente para ninguém querer nos pegar. Até hoje.


Acordei mais uma manhã com dor nas costas, devido ao fato de Kate ocupar a única (e modesta) cama de nossa casa e assim eu tenho de dormir no chão. Peguei um saco de pão velho que consegui alguns dias atrás e um pouco de água para preparar o nosso café da manhã. Assim que Kate levantou tomamos café juntos e planejamos nosso dia: basicamente iríamos à igreja do bairro para procurar uma vítima para assaltarmos e conseguirmos dar um jeito de comprar alguns mantimentos, antes que tivéssemos de revirar o lixo novamente. Ambos odiávamos fazer isso, mas odiávamos a fome sobre todas as outras coisas.


Tudo transcorreu como planejávamos: encontramos uma mulher de meia idade, com aproximadamente sessenta anos, que estava vestida casualmente e a vimos chegar a pé na igreja. Sabíamos identificar as pessoas certas para assaltarmos. Ela era rica, ou pelo menos, vivia de forma suportável, o que para nós era a mesma coisa.


A seguimos discretamente até um beco, e eu fiz exatamente como sempre: saquei minha adaga – uma das duas únicas coisas que tenho de meus pais. Me admiro que o pessoal do orfanato tenha me deixado ficar com ela, talvez por que parecesse horrivelmente velha e sem valor. Mas eles é que eram idiotas: ela valia muito, pelo menos para mim. Tinha o cabo de madeira, num tom fosco, e os detalhes do punho eram de um dourado opaco. A lâmina parecia ser de pedra, mas era de um metal que eu desconhecia o nome (não que eu soubesse


muitas coisas, pois nunca fui a uma escola), e se fosse bem olhado, poderia se perceber alguns símbolos estranhos gravados na lâmina. Tinha aproximadamente trinta centímetros de comprimento. Anunciei o assalto, e a mulher imediatamente largou a bolsa após ver a lâmina encostada no seu pescoço, pois é claro, me aproximei por trás. Katherine imediatamente pegou a bolsa soltada pela mulher e saímos ambos correndo, mas ouvimos alguém


gritar.


-Parem já aí, moleques! – Automaticamente nos viramos, e vimos dois homens grandes apontando para nos e nos olhando com olhar assassino. Logo em seguida retomamos a corrida, agora com mais velocidade possível.


Ouvimos o silvo de tiros perto de nós, mas não nos demos o luxo de virar para ver. Tínhamos que correr, tentar fugir.


Quanto azar o nosso...


Ouvimos então o som de perseguição atrás de nós, o som que estávamos acostumados a ouvir quando roubávamos algo, mas desta vez o som teve um barulho muito mais macabro e assustador.


O barulho da corrida de nossos perseguidores estava cada vez mais perto. Claro, com o porte físico daqueles homens, eles logo nos alcançariam.


-Kate, você deve ir, eu cuido deles. – Disse, sem muita convicção de que realmente poderia enfrentar aqueles homens. Mas só de pensar no que eles fariam se pegassem Kate...


-Como é? – Ela parecia custar a entender.


-Kate, eles vão nos alcançar. Você não pode lutar, eu posso. É melhor eu ficar e lutar do que eles nos alcançarem e você estar junto me atrapalhando. – Não era bem isso o que eu realmente pensava, mas era válido.


-Mas... Você... – Ela parecia hesitante, e eu pude perceber o medo em sua voz.


-Confie em mim, Kate. Você me conhece, sabe que eu vou conseguir. Eu prometo. – Disse, tentando transparecer segurança. – Alguma vez eu já falhei em uma promessa com você?


Ela pensou por um segundo.


-Não, nunca. – Concluiu.


-Exatamente, agora vá, que eu logo irei encontrar com você, no esconderijo número dois. – Disse eu dando um sorriso para minha melhor amiga.


-Tá bem. – Respondeu ela, e continuou correndo, enquanto eu parei para esperar meu destino.


É claro, eu nunca esperaria ganhar deles. Minha pobre faca não era nada contra as armas de vácuo* que aqueles caras usavam. Mesmo assim, saquei minha faca e fiquei em posição de ataque.


Quando os homens chegaram no lugar onde eu estava, não muito tempo depois, a cena que viram os fez hesitar. Um garoto de quatorze anos segurando uma faca que parecia ser feita de pedra, em posição de ataque, os encarando com um olhar de assassino. Eles riram.


-O que pensa que está fazendo? – Disse um tentando conter a gargalhada.


-Eu vou matar vocês, desgraçados. – Disse eu entre os dentes.


-Com isso? – Perguntou um deles indicando minha adaga.


Eu não respondi. Aproveitei o momento de distração deles e avancei. Cobri rapidamente a distância entre nós e me lancei com a adaga em estocada.


Mas o homem... Bem, era um homem, adulto. Apenas desviou a minha mão que segurava a faca para o lado e me acertou com um tapa na raiz do ouvido, o que me vez voar para o lado e bater na parede imunda do beco.


Fiquei atordoado com o golpe, e os homens me cercaram.


-É melhor dizer logo onde está sua amiguinha... Nós gostaríamos de ter uma “conversinha” com ela. – Disse um dos homens rindo maliciosamente, acompanhado pelo outro.


A raiva e o ódio são dois ótimos motivadores e catalisadores de energia. De imediato, me levantei, já investindo com a faca contra o homem mais perto.


Mas desta vez ele não teve tempo de desviar por completo do golpe, o que resultou num profundo corte na lateral esquerda de seu corpo (N/A: só para constar, o nosso ainda não nomeado personagem principal é canhoto). O homem gritou de dor e recuou alguns passos, com a mão por sobre o ferimento, confuso.


Mas o outro não foi idiota, e me arremessou longe com um chute no peito.


Caí no chão desta vez sem me atordoar, mas sentindo muita dor, pelo ouvido e pelo chute no peitoral. Notei que a minha adaga continuava em minha mão, como se estivesse colada nela.


Irritados, os homens pareceram querer encerrar logo o confronto. O que eu havia cortado se aproximou, apontando sua pequena pistola a vácuo para mim, com muito ódio no olhar, o mesmo sentimento que eu o fitava.


-Dane-se sua amiga. Nós vamos achar aquela cadelinha de qualquer maneira. Morra, moleque! – E dizendo isso, puxou o gatilho de sua arma.


-Não! – Eu não podia morrer ali. Se eu morresse, quem iria proteger Kate? Num estúpido ato de defesa, coloquei minhas mãos na minha frente, e fechei os olhos.


Não senti dor alguma, nada. Será que já estava morto? Abri os olhos, e o que vi, me espantou: os símbolos em minha adaga brilhavam em um azul muito forte, e em volta de mim havia um tipo de escudo meio azul meio transparente que provavelmente me protegeram do disparo.


Os dois homens à minha frente estavam tão espantados quanto eu. Depois de alguns segundo de hesitação, eles começaram a disparar incessantemente contra meu escudo, mas de nada estava adiantando.


Eu não sabia muito o que fazer, mas não podia me dar ao luxo de parar para pensar, pois o escudo poderia desaparecer tão rapidamente quanto apareceu. Avancei alguns passos, e vi que o escudo me acompanhava. Obviamente, estava ligado à minha adaga. Corri até a frente de um dos homens e lhe enterrei a adaga no peito, e ela brilhou azul enquanto penetrava o peito dele. Ele deu um urro de dor, e tanto de do primeiro corte, como do corte atual e de sua boca aberta saía a mesma luz azul clara de minha faca, e em seguida uma explosão de luz ofuscou a mim e ao meu outro agressor.


Quando abri os olhos, vi que o corpo do homem que eu havia atacado jazia no chão em espasmos que pareciam elétricos, já sem vida.


Avancei então contra o outro homem, e tentei o cortar a garganta, mas ele habilmente desviou pulando para trás. Porém para minha surpresa, a minha adaga completou a distância que faltava para a ponta degolar o homem, com uma luz que parecia sólida, da cor azul clara que ela agora emanava como se fosse em forma de vapor.


O homem caiu no chão, tentando inutilmente estancar o rio de sangue com suas mãos, e logo em seguida morreu.


Fiquei ali fitando a cena por alguns minutos. Provavelmente, esta era a hora que eu acordaria.


Mas não foi.


Quando finalmente me convenci de que não era um sonho, saí correndo, em direção ao esconderijo aonde encontraria com Kate.


 


Enquanto corria, Thomas Weston tentava entender o significado daquela loucura, e exatamente no mesmo instante, dois velhos radares começaram a emitir um bipe avermelhado, para a surpresa de seus monitores.


 


 


OFF: Final do primeiro capítulo. Eu sei, foi um capítulo bem curtinho. Mas tentem entender, eu não podia falar sobre muita coisa de primeira. Considerem este capítulo como se fosse um prólogo.


O que acharam do nome Thomas Weston?


Claro, eu jamais poderia pegar um Potter, ou Black, ou Malfoy que fosse. Estragaria a grandiosidade que planejo para a fic, isso se eu tiver a capacidade de fazer algo grandioso.


Espero que tenham gostado do primeiro capítulo. No próximo, a minha idéia é desenvolver a história em núcleos, ao bom e velho estilo Dan Brown.


Começa então no segundo capítulo, uma corrida: quem chega primeiro ao menino? Quem está realmente atrás dele? Como ele vai se explicar para sua amiga, e mais importante, como ele vai explicar isso para si mesmo?


Gente, por favor não esqueçam de comentar. Aguardo os reviews.

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Comentários (1)

  • Mohrod

    hmm, adorei a ideia, promissora, inovadora! sério mesmo!! vou acompanhar!! (: 

    2012-04-10
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