Capítulo 1



Capítulo I


Narrado por: Lily Evans
Local: O restaurante de sempre
Horário: 12:43h
Quando: 09/AGOSTO - sábado



Maxxie, com toda a sua loirice perfeita e com toda a sua palidez, brilhava como uma superestrela sob o Sol do meio-dia, que banhava a todos nas mesas. Sentia-me quente com meus cabelos cor de fogo soltos; devia tê-los prendido. Ainda assim, o almoço – como todos os almoços de sábado – decorria agradável e divertido. 


Sorri mais uma vez para Max tentando fingir, ao máximo possível, que o acompanhava em sua tagarelice habitual. Parecia que ele discursava sobre as ações da empresa de Kurt – nosso vizinho, que ao seu lado conduzia as causas familiares da parte leste de Londres. Eu realmente queria focar a minha atenção em suas palavras, mas estava preocupada demais pensando na matéria que tinha de encerrar para aquela tarde. Escrever sobre calcinhas e sutiãs não era o meu objetivo inicial. Notei que aquela conversa estava se estendendo demais.


Maxxie sempre falava mais do que o necessário.


Ainda que ele me irritasse algumas vezes com todo o seu relatório oral completo – porque ele carregava uma energia inesgotável e sempre me trazia seus assuntos que algumas vezes não me interessavam nem um pouco -, há quase quatro anos eu o amava. Amava-o muito, até mesmo de um modo totalmente sufocante e insuportável. Mas ele sempre me dizia que adorava o meu “amor furioso” e que me amava do jeito louco e carente que eu era. E, realmente, suas palavras sempre me bastavam. Max sempre era ótimo com as palavras.


Eu sabia que ele continuava a falar, porém não consegui mais captar sua voz. Quando meus olhos bateram naquele corpo parado, encarando-me de um modo que sempre me arrepiava e me deixava sem graça, tudo à minha volta parecia não existir mais. As vozes de conversas emudeceram e os movimentos alheios congelaram. Minha respiração e meu batimento cardíaco aceleraram e pensei que fosse estourar alguma artéria de meu cérebro. Não achei que pudesse sair correndo para o banheiro antes de desmaiar durante o trajeto, por isso, permaneci na cadeira e desviei o olhar.


Não era ele. Não PODIA ser ele.


Aquilo era somente uma brincadeira do meu subconsciente traumatizado. Eu o via em todos os lugares, dos mais variados jeitos, a qualquer hora. Desde aquele dia, as coisas eram assim. A paranóia, a ansiedade e o medo nunca se desprenderam de mim, eram como drogas que nunca iriam deixar meu sangue. E, provavelmente, fora por isso que eu retulei tanto em voltar. Eu não queria. Não podia correr o risco de vê-lo novamente pessoalmente, mas Maxxie, como já citei acima, sempre foi ótimo com as palavras. Não era à toa que ele era um dos melhores advogados da cidade.


Observei novamente, agora de esguelha, o homem de camiseta xadrez, calça jeans e All Star. Seus olhos estavam fixos em mim, como se eu fosse a Madonna ou alguém tão poderoso quanto ela, divertidos e confiantes. E então seus lábios se curvaram para cima, sorrindo-me relaxado.


Oh, não.


Eu conhecia aquele sorriso. Eu conhecia aqueles dentes.


Não, não podia ser ele. Eu já tivera alucinações daquela intensidade antes. Eu tinha certeza de que era ele e então, depois de muito analisar a pessoa, confirmava minhas suspeitas: uma vez por semana de análise não estava surtindo efeitos sobre mim. E muitas vezes eu me perguntava se fazer terapia iria arrancá-lo de minha mente e do meu coração.


Não demorou nem mais um minuto para eu querer morrer, assim que ele começou a vir em direção à nossa mesa, com seus passos ululantes. Entrei em pânico. Comecei a suar frio, minha boca ressecou, meus pensamentos fugiram e meu coração disparou em uma freqüência absurda. Senti-me enjoada e tonta, pronta para desmaiar sobre os restos de comida de meu prato.


- Lily? Está tudo bem, meu amor? - a voz de Max entrou em meus ouvidos, receosa.


Tentei fazer tudo ao redor parar de dançar com uma aceno de cabeça, mas não funcionou muito bem, pois o enjôo se intensificou.


- O calor – cuspi entre meus dentes. Mal ouvi minha própria voz. Meus sentidos estavam perturbados.


- Quer outro refresco? Vou pedir outro refresco para você. Parece que você viu um fantasma! – riu ele. Pausa. – Tem certeza de que está tudo bem? – ele tornou a indagar.


Olhei para minhas pernas e disse:


- Está tudo ótimo, é só um mal-estar. Vai passar, não se preocupe.


Os passos ecoavam mais próximos e eu podia sentir a vibração que emanava daquele corpo.


Eu menti. E provavelmente era a primeira vez. Maxxie nunca foi digno de minhas mentiras. Mas, ali, naquele momento, tudo o que eu precisava era lançar uma mentira para poder tentar fazer com que eu acreditasse naquilo. Só que a mentira resolveu não se entranhar em mim, pois o mal-estar não cessou, muito pelo contrário: se intensificava a cada segundo. E aquilo que eu sentia não era um simples MAL-ESTAR. Eu estava praticamente enxergando Jesus Cristo naquele meu ataque silencioso. E devo acrescentar que não foi BEM assim que eu desejava morrer. Não por causa de um reencontro estúpido. Além disso, NÃO por causa DAQUELE cara.


Meu Deus. Acho que eu estava MUITO chapada quando aceitei voltar para Londres com Max. Ou então o Max tinha o poder de manipular os desejos das pessoas. Só sei que voltar não foi a melhor idéia. Disso eu sabia desde o começo.


Eu tinha fobia de Londres.


- Talvez você devesse tirar o resto da tarde de folga. Você não pode trabalhar doente. Tenho certeza de que se voc... – Max atirou. Ele achava um saco eu não ter folga da redação nem aos fins de semana. Considerava trabalho escravo e afirmava que a retribuição não era uma das melhores. Bem, mas só por que não trabalho para a Vogue ou Rolling Stone; porém, não enxergo problema algum em trabalhar para uma revista que atinja o público adolescente. Afinal, às vezes é legal escrever sobre as mancadas e sobre a vida amorosa dos atores ou músicos. A Amy Winehouse é uma que se pegar a faca acerta em mim.


- Você sabe que não posso fazer isso – falei ácida e surtada, tentando não pensar nos próximos segundos. 


- Não sei por que você se submete a isso. Poderia arranjar coisa bem melhor por aí, como aceitar a ofert... – sua voz morreu e ele olhou para cima, para a sombra que se alastrou por nossa mesa.


Naquela hora, eu poderia ter tido um ataque cardíaco e ter ficado feliz por morrer antes de ouvir a voz doce e profunda daquela sombra. Bom, pelo menos ANTIGAMENTE aquela voz era doce e profunda. Mas isso foi antes. E eu lutava para me desprender daquele “antes”. Mas, claro, eu nunca me livraria de meu passado, nem se vivesse um trilhão de anos. Dizem que os fantasmas do passado sempre voltam para nos assombrar, não é? No meu caso, este, hummm, FANTASMA não estava voltando somente para me atormentar, mas também para ARRUINAR A MINHA VIDA PARA SEMPRE.


Então, simplesmente eu deveria ter dito: “Uau, estou totalmente atrasada! Preciso ir, me desculpe” e ter me mandado dali correndo, nem mesmo OUSANDO a encarar aquele rosto novamente. Mas não foi isso o que eu fiz. Na verdade não fiz nada. Só fiquei sentadinha na minha cadeira sentindo o almoço querendo voltar por minha garganta. O fantasma do passado me analisava com os olhos brilhantes, como uma criança que estivesse na frente do Papai Noel ou do Coelhinho da Páscoa. Ou sei lá. Não sei em que as criança ainda acreditam, porém eu sabia que deveria sair correndo. Eu estaria fazendo um favor ao meu bem-estar emocional magoado e saturado.


Eu gostaria de dizer que quando finalmente ergui os olhos e mergulhei naquela imensidão cor de chocolate, eu estava completamente calma e recomposta, exibindo uma postura amadurecida e inteligente. Mas não foi BEM assim o que aconteceu. O que aconteceu foi que eu esqueci como se respirava e de repente borboletas coloridas sobrevoavam minha cabeça e borbulhavam em meu estômago. Juro que se não estivesse sentada, teria esmagado meu rosto contra o chão.


- Lilly? É você mesmo? – sua voz CONTINUAVA doce e profunda, bem do modo como eu me recordava, mas agora estava mais grave, com voz de homem. Dava para ver que ele não fez essa pergunta por que estava cético se confundira de Lily. Não, ele fez essa pergunta por que estava cético se eu era a mesma Lily que ele conhecera há seis anos.


Eu não tinha idéia do que responder. Principalmente porque eu sabia se era capaz de falar. Seu sorriso de alegria misturado com descrença e maravilhamento crescia a cada milésimo, e eu senti vontade de retribuir, mas não lembro se o fiz. Talvez sim. Talvez não. Ah, eu iria desmaiar.


- Hummm, oi – foi tudo o que saiu de mim, de modo nervoso e tímido, tal como eu falava há seis anos. Tentei voltar a respirar com mais calma, mas o esforço me dava pontadas nas costelas.


- Você se lembra de mim, não lembra? – ele me perguntou, ainda com aquele sorriso efusivo nos lábios. Além de o sorriso estar mais ainda tentador do que eu me recordava, ele tinha cortado o cabelo, como um homem executivo e suas mãos estavam mais enormes do que nunca. Seu corpo já perfeitamente esculpido ganhara mais músculo, mas não de um jeito negão rapper. Só como se malhasse para manter o equilíbrio.


- Humm, sim. James, não é? Tínhamos aula de química juntos, não é? - tentei soar desencanada, como se ele não fosse alguém muito importante. Mas claro que nunca tivemos aula de química juntos. Meu par naquele ano, naquela matéria, era o Mark. James e eu tínhamos matemática avançada juntos.


- James balançou a cabeça negativamente e me sorriu como se eu fosse uma criança esperta tentando pregar uma peça na avó. Não acho que ele tivesse a REAL consciência do meu fingimento.


- Tínhamos aula de matemática avançada, não de química – corrigiu-me ele, como uma voz de quem sente saudade de algo.


- Ah – eu fiz


E então James se virou para Max, que nos encarava com curiosidade.


- Me desculpa a intromissão, mas eu precisava ter certeza do que via – James falou.


- De forma alguma. Sinta-se à vontade. Amigo da Lils é amigo meu – Max respondeu com descaso na voz.


Ah, certo, Max.


ATÉ PARECE que eu e James éramos amigos.


Bem, pelo menos não mais.


- Não somos amigos – a minha censura não pareceu entrar pelos ouvidos de Max – Só estudamos juntos – expliquei, morrendo de raiva.


AMIZADE? COM JAMES?


Com o James que me obrigou a fugir de cidade para escapar daquele conto de fadas que ele tinha me metido? Com o James que, há seis anos, atormentava meus sonhos praticamente todas as noites? Com o James que eu lutava para esquecer?


Não. NÃO mesmo.


Max não se abalou.


- Tudo bem, então – ele disse para mim e olhou para James: - Ei, pode se sentar, se quiser. Por mim, tudo bem.


MAS NÃO POR MIM! NÃO ESTÁ TUDO BEM POR MIM!


Era o que eu tinha vontade de gritar, mas eu simplesmente respirei fundo para me controlar. O que eu podia fazer? Com certeza não iria contar à Max o que aquele James representou – e ainda representava – para mim. Não podia me arriscar. Não podia arriscar o futuro que eu queria alcançar junto a Max, porque ele era m meu presente que eu transformaria em futuro.


Era de MAX que eu precisava.


- Não, obrigado, só estou de passagem – James disse, parecendo QUERER sentar na cadeira vazia que sobrava na mesa.


Isso, vá embora. Por favor, só vá embora, pensei.


- Ah, que azar. Lils, por que você não escreve nosso telefone e endereço para seu amigo encontrar você, para relembrarem os velhos tempos? – Max se virou para mim.


Oh, não.


Não não não.


Maxxie!


Max não podia ter dito coisa pior.


RELEMBRAR OS VELHOS TEMPOS?


O tempo em que eu e James...


EU NÃO QUERIA RELEMBRAR OS VELHOS TEMPOS! NÃO PODIA QUERER!


E eu não podia dar NENHUMA informação para James sobre mim, porque eu sabia o que iria acontecer. Sei que seis anos é muito tempo, mas algumas coisas o tempo não apaga e não cura. Se eu desse nosso telefone, James ligaria. Seu eu desse nosso endereço, James apareceria. Ele não se cansou, caso contrário, não pararia para conversar comigo, me perguntar se eu sou a mesma Lily e se me lembro dele. Se ele não se importava mais com o que aconteceu entre nós, no último ano do colégio, ele seguiria em frente depois de ter me visto, como qualquer pessoa normal. Mas... Bom. Acho que o que aconteceu entre nós nos marcou de um jeito irreversível, e talvez ele soubesse que eu não o esquecera. E foi POR ISSO que apareceu: para me atormentar ainda mais. Ele queria que eu ficasse louca, era isso. Mais louca do que eu já era e estava.


Tão óbvio. Tão previsível. Tão James.


- Ele não é meu amigo – falei entre dentes, mas já era tarde demais. Não importaria o que eu dissesse, eu cederia. Principalmente se mergulhasse novamente naqueles olhos tão quentes e reconfortantes. Se só de PENSAR nele, eu ofegava e me desconectava do mundo, imagine então o que eu faria com ele BEM ALI, com seus olhinhos de cachorrinho que eu tanto sentia falta.


Max deu de ombros, olhando-me pressuroso. Ótimo, Max, me entregue ao leão. Muito obrigada.


- Tudo bem, mas nunca é tarde demais para dar uma segunda chance a alguém – ele falou.


Nessa hora, eu quis atirar a faca em sua direção, ou então que ele a atirasse em mim. Só queria que ele calasse a boca e me deixasse sair correndo dali.


Será que Max tinha consciência do que falava ou somente sempre parecia lançar as melhores frases nos piores momentos? Quero dizer, se ele soubesse do meu passado com James, COM CERTEZA o papo SERIA outro. É que meio que pareceu que ele queria me EMPURRAR para James com aquelas palavras.


POR QUE eu daria uma segunda chance a James?


Àquele mesmo James que me fazia chorar escondida e que eu adoraria ter de volta. Àquele mesmo James que fez a Gata Borralheira se tornar a Cinderela.


ÀQUELE JAMES AMADURECIDO QUE ROUBARA MEUS PENSAMENTOS, MINHA RESPIRAÇÃO E MINHA FALA!


Àquele James homem que quase me matou do coração.


POR QUÊ?


- Não quero incomodar ninguém. Só... Foi um ótimo reencontro – disse James, e eu peguei o tom triste de sua voz. Meu coração doeu. Nunca me perguntara como ele estava vivendo sem sim. Seus olhos se apagaram pesarosos e arrependidos, e eu quis fazer a esperança brotar novamente neles. Quis que seu sorriso brilhasse e me fizesse também querer sorrir.


Oh, James. Quanto tempo.


Remexi minha bolsa à procura de uma caneta. Não existia mais raiva em mim. Havia culpa e vergonha.


Em um guardanapo escrevi nosso endereço e nosso telefone, legivelmente. Entreguei-lhe sem querer fazer contato físico, mas nossos dedos se chocaram de leve, e eu senti o mundo girar mais rápido e caí e nos poços de seus olhos. Tudo o que eu queria fazer era abraçá-lo e lhe dizer que estava ainda mais lindo do que já era.


Mas eu não podia. Eu tinha namorado. 


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Narrado por: James Potter
Local: Lado Leste da Cidade
Horário: 14:22h
Quando: 09/AGOSTO - sábado


No segundo em que meus olhos reconheceram aqueles cabelos flamejantes, esqueci-me do por que estava do lado leste da cidade. AO MEIO-DIA. Bom, provavelmente tinha a ver com os envios dos pagamentos rejeitados do Spring Restaurant. Mas, naquele momento, minha cabeça girou e sofri um apagão mental. Se alguém me perguntasse meu nome, eu não saberia qual era. De todo modo, o que me adiantaria? O que me importaria? Ela estava ali novamente. 



Peguei a tensão que a atingiu assim que me reconheceu. Seus olhos verdes-vivo se conectaram aos meus por meros milésimos e ela soube de imediato. Exatamente como eu soube. Eu poderia ouvir seu coração pipocando na velocidade da luz se todas as mesas parassem de tagarelar. Eu desejava ter seu coração de volta para mim.


Ao mesmo tempo em que eu parecia querer explodir de felicidade por tê-la reencontrado, depois de tanto tempo mantendo-a em meus pensamentos, não conseguia acreditar que era MESMO a Lily. A MESMA Lily de seis anos atrás. AQUELA Lily se sentia desconfortável com qualquer peça de roupa que não fosse calça e camiseta. E, com certeza, AQUELA Lily sempre adorou All Stars coloridos. Mas, AGORA, não existia mais AQUELA Lily. Agora, AQUELA Lily usava vestidos esvoaçantes e sapatos de salto alto.


Ainda que tivesse impressionado com a mudança, não pude deixar de admirá-la, pois, se ANTES Lily já era maravilhosa, AGORA eu não tinha palavras para descrever sua beleza. Aquela Lily de calças skinnys coloridas ou jeans escuros, camisetas com dizeres e estampas divertidas e All Stars carregava uma doce inocência no rosto, como o rosto de uma criança. Mas, com certeza, ESSA Lily de vestido e salto alto tinha rosto de mulher e não mais de filhote de labrador. Essa Lily-mulher era tão... Estranha e desconhecida.


Há muito me perguntava como estava aquela menina, que antigamente era tão cativante, mas agora vi que não havia mais nenhum grama de menina em sua aparência. A menina-Lily tinha sido extinguida e em seu lugar desabrochara alguém que eu não conhecia. Alguém tão mudada que me impactou de um modo um tanto alarmante. Ainda que os olhos verdes e os cabelos lisos – mais compridos, agora – ruivos continuassem intocáveis, todo o resto de transformara. E eu não encarei essa mudança de modo pessimista, como se ela tivesse ficado ridícula naquele vestido branco – na verdade, somente estava diferente -, porque seis anos é tempo suficiente para fazer uma menina amadurecer. Porém, eu sentia saudades da Lily DE ANTES e não da de AGORA. Essa Lily de agora não era mais a de antes. Mas, talvez, ela só estivesse vestida daquela forma porque era um sábado que poderia fritar um ovo na calçada e estivesse almoçando com aquele cara.


Então, enquanto me aproximava dela, perguntei-me qual era o meu problema. Quero dizer, por que eu queria invadir novamente e atormentar sua nova vida? Será que não bastara o que eu lhe fizera no passado? Será que eu pretendia realmente magoá-la mais uma vez? Porém, eu não conseguia achar o botão do meu cérebro que fizesse cessar meus passos. Meu coração batia forte contra meu tórax e minha mente berrava “Li-ly! Li-ly! Li-ly!”. Quando alcancei a mesa em que ela se encontrava, ouvi-me perguntando:


- Lily? É você mesma? – seus olhos estavam baixos, como se fosse capaz de atirar raios laser e me machucar.


No momento em que ela respondeu “Hummm, oi”, pareceu que estávamos no último ano do colégio. Pareceu que ESSA Lily era a mesma do que a de ANTES, com o seu jeito tímido e nervoso de falar e de agir. Era como se a menina-Lily somente estivesse trancada em um baú velho e não extinguida e isso me proporcionou certo alívio. Mas era óbvio que havia que explicação para Lily agir e falar como a Lily de All Stars: ela estava envergonhada. Com certeza, reencontrar-me não estava na sua lista de afazeres do dia.


Ainda assim, eu não podia ignorá-la. Não podia continuar o meu caminho como se ela fosse uma completa estranha. Tudo bem que não era a mesma Lily POR FORA, mas poderia ainda ser a mesma Lily POR DENTRO. E eu não devia julgá-la só porque mudara um pouco, embora a preferisse usando as mesmas calças e camisetas e os mesmo tênis de antes.


Por todo aquele tempo... E ela voltara.


Era irrefutável que se instalara mais uma vez na cidade. E acompanhada. Bem, não posso dizer que a admiraria se não seguisse em frente, deixando o pedaço de nossa história esquecida ou até mesmo em branco. Afinal, um namorado poderia arrumar toda a bagunça que eu causei em suas emoções. E, provavelmente, esse namorado, esse louro, nunca a conheceu por inteira. Não do modo menina-inocente como eu a conheci, porque era EU que fazia matemática avançada com Lily no nosso último ano do colégio. O último ano da minha felicidade. O ano em que achei e perdi a minha alma e tudo o que eu poderia ter descoberto.


Depois de termos finalizado nossa morada na Drayton Manor High School, Lily decidiu escolher a University of Liverpool, praticamente do outro lado do país, no condado de Merseyside, ao invés de University of London, bem aqui em Londres. E após ela ter partido, eu não soube mais o que era vida. Não uma vida de VERDADE. Não uma vida que houvesse amor. Entretanto, eu tinha esperanças de que ela retornasse, eu TINHA de acreditar que ela voltaria. Claro que eu não esperava que Lily regressasse para me reencontrar e me dizer que se mudar para Liverpool fora o pior erro de sua vida. Eu somente a desejava novamente em Londres. Nada mais.


E ela estava de volta.


Então, quando nossos olhos caíram nos poços um do outro, daquele mesmo jeito que sempre fazíamos quando adolescentes, vi-a amolecer seus sentimentos torturados e machucados por mim, desejando reativar o que estava adormecido no fundo de sua alma.


Nunca entendi aquela raiva e aquela fuga para Liverpool. Ela só dissera que “não podia mais acreditar naquele conto de fadas e que precisava voltar para a realidade”. Estava claro ainda restara raiva, mas, para completar a sua caixa de sentimentos por mim, repousava lá também saudade em seus olhos inesquecíveis. Assim que Lily escreveu em um guardanapo seu telefone, seu celular e seu endereço, senti-me totalmente anestesiado, como se tivessem me jogado aos lutadores de Boxe e agora estivesse sob o efeito de Morfina.


Eu quis beijá-la nas bochechas rosadas – exatamente do jeitinho que eram há seis anos -, mas ela se limitou a estender os dedos e grudá-los, por poucos segundos, nos meus. O contato físico levou a eternidade para minha pele se esquecer. Antigamente, a pele de Lily era fria e macia, e mesmo agora, nada mudara. Sua mão continuava gelada e suave, mas com jeito de uma mão de adulta. Uma mão de mulher, não mais de menina tímida e apaixonada.


Lily, agora, era MESMO uma mulher. Uma linda mulher, que infelizmente deixara de ser minha há muito tempo. 


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Narrado por: Lily Evans
Local: Lanchonete da Fifteen
Horário: 17:21h
Quando: 09/AGOSTO - sábado


Kathleen não acreditou quando lhe contei, enquanto estávamos comendo uma tortinha de maçã, perto das seis da tarde, na lanchonete do prédio principal da Fifteen, sobre quem eu tinha reencontrado. Ela me olhou com aqueles olhões de azeitonas pretas arregalados, para logo berrar “O QUÊ?”, em um tom extremamente alegre e comemorativo. Só faltava ela querer colocar isso na edição da página 40, sobre casaizinhos de finais felizes. Fechei a cara e bebi mais um gole do meu chá gelado. Era um chá de ervas finas, que particularmente detestava, mas abominava mais ainda o de camomila, que eram os únicos gelados servidos ali na Framb’s.


- Eu sei. Inacreditável, não é? – agi como se Kath tivesse sido super discreta com aquele grito. Arrepiei-me ao me lembrar do sorriso fofo de James. Fechei os olhos por um segundo e afugentei a imagem de minha mente. Uh, que dia péssimo.


- E então? O que vai fazer? – a voz de Kathleen estava toda conspirada, e eu não apreciei muito isso. Revirei os olhos, totalmente zombeteira e entediada. Às vezes ela conseguia ser mais esquisita do que eu. Ela lia livros românticos. Quero dizer, se isso é um sintoma de esquisitice, eu era a esquisita-mór de Londres, porque tudo o que lia – a não ser Stephen King e as revistas sobre música – eram história de amor. A história da Princesa da Genovia ou da menina humana que resolveu se apaixonar por um vampiro. Qualquer coisa que terminasse com um final feliz. Talvez eu os lesse para tentar me transportar para dentro daqueles enredos, que um dia já foram tão parecidos com a minha própria história.


Sem contar o MEU próprio livro. Meu. Meuzinho. Que eu própria escrevi e nunca tive a coragem de publicar, apesar de Kath me dizer a toda hora que “Milhões de Corações Sorrindo Pelo Ar” era o melhor livro romântico que já lera.


Já tinha mandado para Max o ler também, porque achava que podia contar com mais uma opinião, mas ele nunca tinha tempo para lê-lo, pois somente usava o lap-top para responder e-mails de advogados e de seus clientes. Além disso, planejava e encerrava planilhas para sua empresa com Kurt. Ele nunca sequer leu a primeira página do meu livro. Eu sabia que não deveria me chatear por conta disso, mas sempre que resolvia perguntar se começara a criar coragem, e Max respondia “Lils, sei que você é uma ótima escritora, caso contrário não teria gastado tanto tempo em cima desse livro, mas um livro ROMÂNTICO? Não podia ser algo mais “As Crônicas de Nárnia” ou “O Cógido da Vinci”?”, eu sempre sentia uma pontada de mágoa. E como é que ele sabia que eu era uma ótima escritora se nunca se prestou a ler algo que escrevi? Acho que ele nem nunca leu os cartões postais que eu mandava a minha família, na época que morava em Livepool. E, além disso, qual era o problema de eu ter escrito um romance? Mas talvez fosse porque Maxxie não lia coisas desse gênero. Quero dizer, ele mal abria um livro, para falar a verdade.


Entretanto por mais romântica que eu fosse não suportava a expectativa do meu Felizes Para Sempre com Jason, que a toda hora Kathleen me lançava.


Kathleen VIVIA em um Conto de Fadas. Ela tinha um mundo próprio e achava que podia criar as histórias dos outros com base em seus desejos famintos de romance. Quero dizer, todos têm o direito de sonhar, de ter fé naquilo que parece impossível e de estabelecer metas muito maiores do que se imagina poder alcançar, porém, existe uma enorme diferença entre saber quais são seus sonhos e nunca viver na realidade. Antes de ir praticamente para o outro lado do país, fugindo daquele fantasma que me fizera construir aquele mundo de fantasia, onde eu vivia exatamente como a Cinderela, percebi que me machucava ao tentar deixar o mundo mágico para trás. Por isso me livrei dele para ter de volta a realidade.


Percebi que é preciso manter os pés no chão mesmo quando sua cabeça está em outra dimensão, porque, caso contrário, você vai pirar. Exatamente como eu.  Quanto mais eu me afastava do conto de fadas, mais tentava querer voltar para ele. Enquanto estava em Liverpool aprendi que você tem que estar preparada para cair e conseguir se reconstruir da melhor forma possível, mas é claro que os tombos deixam cicatrizes. As marcas sempre são notadas por sua mente que constantemente se alarma ao detectar algum indício de recaída.


- Não vou fazer nada. O que posso fazer? – respondi, e soube imediatamente ter deixado escapar a pergunta errada. Esperei a voz de sino de a minha amiga encher meus ouvidos com seus planinhos de criança iludida. Kath ia abrir a boca, mas preferiu se emudecer e fingir estar vivamente interessada na sua tortinha. Mas, de qualquer modo, eu saí na frente:


- Eu sei o que você quer que eu faça. Quer que eu procure o nome de James na lista telefônica, ligue para ele e lhe diga que ainda o amo e que sinto sua falta, mas, me desculpe, não vou fazer isso. Só para você saber, Kath, não tenho mais nenhum tipo de sentimento por ele. Superei-o no instante que vi Max – minha voz realmente parecia querer soar convencida, mas acho que somente pareceu que eu estava mentindo. Porque, bem, eu ESTAVA mentindo.


Kath deu de ombros, como se não estivesse ligando para minhas palavras. Olhei-a cansada.


- Kath, acabou, ok? Minha história com James já teve um fim há muito tempo – falei-lhe, erguendo as sobrancelhas do jeito que Max me ensinara.


Ela pareceu aborrecida, de verdade. Olhou-me como se soubesse do meu teatro.


- Lily, seja SINCERA. Não me importo se não quer ser honesta comigo, mas seja com você mesma. Não é só porque você vive com o Max que isso quer dizer que não sinta nada por James. Não devemos lutar contra o amor, Lily, porque ele pode fugir de nós. E olha só: você NUNCA contou ESSA parte do seu passado para o Max. E só tem um motivo: não quer que ele descubra que você ainda está ligada ao James, porque você SABE que ama muito mais o James do que o Max – sua doce voz se tingiu de irritação. Era como se eu fosse a Madonna com suas histórias repetidas.


O QUÊ? QUE HISTÓRIA É ESSA?


- Kathleen, isso não é verdade. Não acho que Maxxie precise saber disso, não quero que ele saiba que eu fui a maior babaca há seis anos! E eu amo muito muito o Max! – eu estava muito a fim de falar mais alto, mas não podia, claro.


- Do que adianta estar com ele se não consegue ser sincera o suficiente? Como vai conseguir se casar com ele sabendo que está escondendo uma parte de sua vida? – agora sua voz estava muito fria e ácida.


- Kathleen, agora chega, por favor – pedi, sentindo-me eternamente culpada e chateada. Ela fez uma expressão surpresa e me pediu desculpas.


Conversei com meus próprios pensamentos durante todo o resto da noite, amaldiçoando-me por ter voltado àquele inferno.


Que belo dia. 


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 Narrado por: Lily Evans
Local: No apartamento - quarto
Horário: 23:12h
Quando: 09/AGOSTO - sábado


Eu estava literalmente acabada. A-C-A-B-A-D-A. Não somente pela mais nova novidade sobre James, mas também por causa do trabalho. Eu achava que sábado e domingo eram dias de descanso, mas não para a Fifteen. Na Fifteen se trabalhava de domingo à domingo, das 8h até a finalização de toda a tarefa proposta, seja lá que horas fossem. Apesar de tudo, eu adorava o que fazia. Ao contrário do que Max pensava, eu era muito feliz podendo escrever as minhas próprias colunas. Mas claro que eu não fazia só isso. Era impossível uma funcionária ter uma única especialização.


Eu tinha acabado de tomar um demorado banho, que conseguisse afugentar todas as minhas dores (físicas e emocionais), e estava penteando os cabelos, quando Max, que estava assistindo ao noticiário econômico noturno, deitado em nossa cama, já vestido para dormir, rebobinou o ocorrido do almoço.


- Acha que seu amigo, Jesse, vai conseguir falar com você novamente com todas as horas que você passa fora de casa? – Max me perguntou, com a voz um tanto distraída e o olhar distante, na TV.  


E lá íamos nós mais uma vez.


Ele iria começar. Como se já não bastasse ter metido o James na conversa. Que ele chamou de Jesse. Ok, então. Vamos começar.


- O nome dele é James – corrigi automaticamente, com um quê de repreensão – Max, não vamos brigar por conta do meu trabalho DE NOVO, ok? Tudo bem, talvez não seja o melhor emprego do mundo, mas amo o que faço independente do quanto eu trabalhe ou se tenho ou não algum dia de folga – minha chateação reverberou pelas paredes. Eu realmente odiava discutir com ele por causa de um assunto tão bobo.


Max pareceu surpreso. Como se eu tivesse entendido tudo errado e como se tivesse tentando arrumar mais uma crise. Tudo bem, pode ser que meu tom de voz não tivesse saído do modo como planejei em minha mente, mas era sempre ele quem dava o pontapé em nossas brigas ridículas. E aquele dia estava se transformando em um dos piores desde a minha partida de Londres. Será que eu tinha de agir como se tudo estivesse ótimo e reluzente? Acho que não. Principalmente porque tinha certeza de que não conseguiria fingir desta forma.


- Não quero brigar. Não estou falando do seu trabalho, estou falando de Jasen – Max sacudiu os cabelos lisos, louros.


Fiquei ainda mais irritada. Oh, lindo. Maxxie queria falar sobre James.


- É James – novamente tive de corrigir – Mas e daí se ele não me encontrar?  - “Na verdade, é muito bom que ele não me encontre”, pensei – O que posso fazer? Além do mais, ele nunca foi meu AMIGO. Só dividimos uma mesa de aulas de matemática avançada – cruzei os braços sobre o peito.


Isso, Lily, você daria uma ótima atriz em Hollywood. Palmas a você. Bela mentirosa que você é.


É claro que James JÁ FOI meu amigo. Mas é claro, também, que NÃO podia dizer isso a Max, porque sei que se o fizesse, teria de enfrentar um interrogatório do nível de salinha de Hitler. Com lâmpada acima da cabeça e tudo.


- Bem, ele pareceu bastante surpreso quando a viu. Como se... er, deixa para lá – Max continuou, agora hesitante. Franzi as sobrancelhas e apertei os olhos. O que ele queria dizer com aquilo? O que estava insinuando?


- Como se O QUÊ? – eu me exaltei, esperando o pior.


Ele me olhou, mas logo afastou seus olhos de mim, um tanto retulante demais.


- Bem... como se já tivesse sido seu amigo. Como se você já tivesse sido a melhor amiga dele. Ou... como se vocês tivessem tido algum relacionamento de amor – ele me explicou com a voz escapatória. Fiquei agradecida em poder ter meus cabelos molhados na frente de meu rosto, como um véu cor de fogo, numa tentativa desesperada de encobrir ou disfarçar o tom rosa-morango de minha face.


- Max, não é nada disso – discordei, o que me fez passar de rosa-morango para vermelho-sangue. Eu era péssima mentindo. Fiquei observando bobamente a TV, com a apresentadora falando sobre tudo o que eu não entendia, mas Max sim, tentando não fazer meus olhos recaírem nele, pois seria meu fim. Ele veria minha cor e teria certeza de que vivia com uma cobrinha de passado obscuro. Ou, pelo menos, omitido.


- Lily, eu ainda não entendo por que você esconde algumas coisas de mim. Até parece que você não confia em mim. Porque, sabe, quando se tem um problema, se você não o dividir com alguém e o guardar somente para você, as coisas podem piorar, tal como uma bola de neve que cresce – foi o que Max me disse. Na verdade, ele sempre me dizia frases como essa. Frases de efeito. Isso porque ele dizia que eu era muito envergonhada e tinha insegurança na hora de dividir experiências. Mas não era verdade. Eu sempre contava tudo a ele. Tudo, exceto sobre o James, é claro, porque não era idiota. Não TÃO idiota assim, pelo menos.


- Não me venha com essa. Não tenho problema algum. Pareço carregar algum problema? – retruquei, tentando ao máximo me manter no nível dele.


- Não sei, você não quer me falar, então, como vou saber?


Suspirei e soltei um grunhido. Em seguida, fiz meus olhos rolarem.


- Certo, se não há nenhum problema, então não irá se importar se eu lhe perguntar se você já teve alguma coisa com esse Jason – Max pensava rápido. Acho que ele estava fazendo de propósito.


É JAMES!


Ah, eu queria me trancar no banheiro e não sair de lá nunca mais.


Meu coração batia veloz, mas, de todo modo, a TV estava alta demais para ele ser capaz de ouvir as batidas apressadas e descompassadas.


- Claro que nunca tive nada com ele! Mas que pergunta mais sem noção! – fingi uma reação exagerada. Entretanto minha voz estava aguda demais.


Max me fitou por mais um tempo – eu ainda me recusando a encará-lo e a tirar os cabelos da frente de meu rosto – e, após a musiquinha do final do programa da TV, bateu as mãos no colchão da cama e me disse:


- Então venha para cama me fazer companhia.


Imediatamente, aproveitando a deixa e a melhora de sua voz, larguei o pente de madeira na penteadeira e me sentei ao seu lado, retulante e culpada. Ele me puxou para seus braços e me beijou.


Juro que me esforcei para retribuir com a mesma animosidade, mas não consegui. Tudo o que me vinha à mente era: “Parabéns, Lily, você é oficialmente uma mentirosa da pior espécie”.


Até quando eu iria continuar a mentir? Assim eu iria me tornar a princesa das mentirosas. 


~~~~


Narrado por: Lily Evans
Local: No apartamento - sala
Horário: Não sei que horas eram
Quando: 09/AGOSTO - sábado


Eu estava sentada no sofá da sala olhando para tudo aquilo.


Passava os olhos pelos sorrisos e caretas, e meu coração se diminuía. A cada segundo, parecia que um bicho invisível me comia por dentro. Era muito difícil aturar as lágrimas nos olhos e o meu nariz pinicando.


Há alguns minutos eu tinha tirado a minha caixa de lembranças do meu Closet, que Max nunca mexia ou abria, porque só tinha coisas de menina, e tinha ido para a sala para poder apreciar novamente aquelas fotos e papéis com frases esquecidas. Por sorte, Max já dormia e não iria acordar tão cedo. Max era do tipo que quando pegava no sono, só acordava no dia seguinte. E isso era bom, porque permitia me proporcionar alguns minutos de silêncio e paz. E eu podia pegar minha caixa, que não consegui queimar, e ficar chorando em cima dela, até me cansar (coisa que eu fazia praticamente toda semana).


Olhei atrás da foto: Uma lembrança de nós dois para sempre, fora o que James tinha escrito. Fazia um pouco mais de seis anos. O momento registrado nos mostrava sorridentes. Eu segurava uma rosa vermelha, e ele um cartãozinho em forma de coração, com a legenda de “EU AMO VOCÊ”, em letras gordas.


EU AMO VOCÊ.


As lágrimas sufocadas despontaram em meus olhos.


A lembrança ainda permanecia fresca em minha mente. E meu coração implorava para tê-la de volta.


Segurei outra foto nos dedos. Agora eu e ele nos beijávamos. Eu parecia muito feliz. Muito feliz mesmo. Eu havia escrito no verso: “Ele estava com gosto de bala de menta na boca. Eu gosto de bala de menta”. Eu ainda me lembrava do gosto de menta na boca. Sempre que beijava Max esperava sentir o mesmo gosto, mas isso nunca acontecia. Max não comia balas ou chicletes. Seu hálito sempre estava cheirando a café. Não que eu odiasse café (gostava sim, mas aqueles com leite, tipo, Moccacino ou Capuccino), mas menta é muito melhor.


Sufoquei um soluço e passei os dedos por meu rosto, tentando pescar as lágrimas. Tudo em vão.


Desisti de continuar. Nossos rostos juntos e extasiados me machucavam. Era como ouvir uma música muito triste. Lentamente fui recolocando os pedaços de felicidade perdida dentro de sua casa lacrada, que deveria ser esquecida por mim. Fui até o quarto e guardei silenciosa e cuidadosamente a caixa em seu lugar secreto e voltei à sala. Deitei-me no sofá e chorei até não ver mais nada. Acho que, no fim, como sempre, o sono me arrastou para uma zona mais tranqüila. 



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N/A: Oi, pessoal! Então, eu resolvi repostar a fic de um modo diferente. Lembrei-me dela e tive vontade de tornar a dar andamento a ela.  Espero que agora possam apreciá-la da maneira devida ou sei lá. Ou então não leiam e nem comentem mesmo. I Can Be Your Hero (http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=37122) está quase nos finalmentes e preciso dar foco a outra história. Portanto, provavelmente nas próximas semanas estarei atualizando essa fic. Tentarei postar o segundo cap até domingo que vem. beeijos (: 

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