Retalho



Quando eu era pequena, minha mãe já costumava me dizer que gente grande segue os próprios passos.


 


            Em outras palavras, ela já estava me preparando para ser adulta.


 


            Ela nunca deixou de me posicionar, de me alertar... Sabia que quando eu tivesse apenas onze anos, já nos separaríamos.


 


            Talvez fosse realmente pouco.


 


            Talvez não.


 


 


 


            Agora, no que eu acredito infelizmente, ela não pôde tanto me ajudar.


 


            Nas minhas atitudes, nos meus conhecimentos.


 


            Nos meus gostos e opções...


 


            Ela não pôde segurar minha mão quando senti mais medo, ou me abraçar quando a felicidade se ergueu a mim.


 


            Entretanto, com certeza, havia feito grande parte do meu alicerce.


 


 


 


            Sou naturalmente inglesa. Meus pais também.


 


            Porém pouco antes de eu completar meus onze anos eles tiveram de se mudar do país...


 


            Preferi ir morar na França com minha tia, como sempre imaginei que fosse fazer.


 


            Por que confesso sempre ter admirado excessivamente o país, e o marido da minha tia era um trouxa muito inteligente e agradável... confesso também sempre ter amado as artimanhas trouxas...


 


 


 


            Foram anos bons, e quando eu tive de determinar minha opção sexual...


 


            Ela me trouxe alguns problemas...


 


            Apesar de sempre ter vivido ao máximo intensamente, gostei de quem não deveria, dei prioridade a quem não podia, me apaixonei por quem era impossível pra mim...


 


 


 


            É, tudo isso fez parte.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


            O dia havia amanhecido chuvoso.


 


            Ainda assim eu não tinha nada para comer na geladeira que se encontrava em meu pequeno flat, na movimentada Londres. Precisava fazer compras.


 


            Graças a Merlin o mercado estava quase às moscas.


 


            Eu estava completamente distraída observando os preços dos biscoitos embalados quando vaguei o olhar mais à frente.


 


            - De súbito eu pude sentir um hálito quente ao pé do meu ouvido.


 


            “Vem aqui... segura no meu braço... me dá um beijo...”


 


            Eu me virei e a boca dela estava quase se encaixando na minha...


 


            Eu pude até mesmo sentir seu sabor...


 


            Era arriscado... Riscado do meu calendário, quando aquele verão acabou –


 


            Gina, sussurrei quando percebi cabelos longos e ruivos em frente à sessão de congelados.


 


            Um frio instintivo tomou conta de mim, e um sonho que tão comumente me perturbava as noites se fez lembrar em minha cabeça naquele momento.


 


            Quantas ruivas existem na Inglaterra? Sussurrei mais uma vez.


 


            Mas o porte daquela menina não era de qualquer uma, eu tinha uma quase certeza, aquela ruiva que parecia estar morrendo de tédio em frente à sessão dos congelados era ela.


 


            Empurrei o carrinho até perto da garota.


 


            Pus a mão em seu ombro, ela se virou, e ao vislumbrar seus amendoados olhos meu coração pareceu não mais existir.


 


            Nos encaramos por alguns segundos sem pronunciarmos uma sequer palavra.


 


 


 


            Sorrimos e nos abraçamos forte. Ela não havia mudado em nada. Estava linda, perfeitamente linda.


 


            - Melissa, eu não acredito... Como você está? – Ela estava realmente incrédula.


 


            O sorriso não se desfazia de meu rosto.


 


            - Estou bem! E você, como estão as coisas, eu não sabia, com essa guerra... – o sorriso se desfazendo...


 


            - Eu sei, quer dizer, muita gente se foi com a guerra... Foi muito triste. – Naquele momento ela pareceu triste realmente.


 


            - Eu imagino...


 


            - Mas tudo acabou bem... Nossa! – Ela me mirou mais profundamente. – Você estava aqui durante a guerra?           


 


            - Não, eu ainda estava na França... Mas tudo era noticiado... Eu até mesmo pensei em vir pra cá, tentar ajudar em algo...


 


            - Não ia adiantar muito...


 


            - Mas eu me lembrei de você.


 


            - Teve medo que me acontecesse alguma coisa? – Pensei ter visto algo em seus olhos.


 


            - Tive – respondi hesitante.


 


            Nos abraçamos novamente.


 


            Olhei seu carrinho, havia alguns congelados e pães dentro.


 


            - O que você está fazendo aqui? – perguntei.


 


            - Estou com minha amiga... Aquela que foi me buscar na estação, Hermione.


 


            - Ah sim...


 


            - Ela mora aqui perto. Estamos no inicio das férias, as coisas estão meio bagunçadas ainda na comunidade mágica... Resolvemos passar uns dias na casa dela.


 


            - Só vocês duas?


 


            - É... os pais dela estão viajando... Iremos buscá-los logo.


 


            - Puxa, é muita coincidência termos nos encontrado! – sorri largamente.


 


            - Você está morando aqui agora?


 


            - Me mudei faz pouquíssimos dias, aluguei um pequeno flat aqui pertinho.


 


            - Então ta morando sozinha?


 


            - É... eu economizei um pouco durante todo o ano passado – disse. – Permaneci estudando um pouco mais sobre Transfiguração lá na escola, e ajudava em alguns serviços dos professores.


 


            - Hum... mas já tem algo em mente agora?


 


            - É, tenho o suficiente para me manter aqui alguns meses, então ainda essa semana devo ir ao ministério, procurar algo que se encaixe bem no que quero fazer.


 


            Ela sorriu e me abraçou mais uma vez.


 


            Quando nos soltamos, sua amiga, Hermione estava nos olhando, não parecia estar entendendo muito.


 


            - Ah Mione! Olhe só quem eu encontrei!


 


            Hermione me olhou curiosa.


 


            - Olá – cumprimentei.


 


            - Oi... – ela respondeu, parecendo um pouco confusa.


 


            - Se lembra dela? – perguntou Gina incessante. – A conheci naquele acampamento...


 


            - Claro! – disse Hermione, finalmente se lembrou.


 


            - Prazer de novo – eu disse sorrindo.


 


            Fomos andando juntas pelo mercado.


 


            - Está morando por aqui? – perguntou Hermione.


 


            - Sim, bem perto.


 


            - Já acabou ai? Nós já estamos indo pro caixa – indagou olhando meu carrinho.


 


            - Ah... sim, acabei sim – menti.


 


            As acompanhei e após o pagamento das compras andamos juntas até uma pequena pracinha não muito movimentada.


 


            - Eu acho Transfiguração uma matéria muito interessante... Você deveria conversar com a nova diretora lá de Hogwarts, ela é excelente! – dizia Hermione. – Te daria ótimas dicas.


 


            - Eu ainda estou vendo o que fazer... – disse.


 


            - Nós vamos começar nosso sétimo ano, será ótimo né Gina?


 


            - Claro, os NIEM’s que me esperem! – respondeu Gina em uma falsa animação.


 


            Eu sorri.


 


            - Já era pra eu ter terminado sabe, mas com a guerra... Você sabe, foi complicado – continuou Hermione. – Bom, eu moro naquela rua – disse apontando na direção da rua à direita -, provavelmente teremos de nos separar agora.


 


            - É, eu moro um pouco mais à frente – eu disse um pouco inibida. – Foi ótimo a companhia de vocês.


 


            Gina me olhou como se pedisse algo. Em seguida olhou Hermione, que parecia não perceber nem um palmo a sua frente.


 


            - Qualquer coisa apareça em Hogsmeade – disse Gina.


 


            - Quer tomar um sorvete? – perguntei a ela sem pensar.


 


            Ela sorriu.


 


            - Tudo bem se eu for Mione?


 


            Hermione nos olhou surpresa.


 


            - Eu a deixo na porta da sua casa, é só me dizer o numero – avisei também sorrindo.


 


            - Ah... certo, tudo bem – ela disse parecendo um pouco sem graça. – Eu moro no 12.


 


            - Ok – eu disse. – Não vamos demorar.


 


            - Certo – continuou Hermione. – Então até mais, eu vou fazer o que planejamos Gina – e a abraçou.


 


            Também me despedi e em seguida fomos andando.


 


            - E o que planejavam fazer? – perguntei a Gina, agora eu estava mais à vontade.


 


            - Algumas comidas...


 


            - Hum... Não parece muito animada...


 


            - É que fiquei com um pouco de pena de deixá-la sozinha...


 


            Pensei um pouco.


 


            - Se quiser não precisamos ir, podemos voltar, eu te deixo lá – meu coração se espremeu.


 


            - Não, claro que não! Vamos tomar um sorvete sim.


 


            - E esse tempo chuvoso não te incomoda?


 


            - Claro que não...


 


            - Podemos passar no meu flat antes pra eu deixar essas compras? É logo ali mesmo, caminho da sorveteria.


 


            - Sim, óbvio – me respondeu sorridente.


 


            E como eu tinha sentido falta daquilo.


 


            Não trocamos uma palavra até subirmos ao flat, a convidei a se sentar enquanto eu guardava as compras.


 


            - Bem arrumadinho... – ouvi sua voz vindo da sala.


 


            - Eu faço o que posso... – disse rindo enquanto guardava os pães no armário.


 


            - Qual o sabor que você mais gosta? – sua voz estava mais próxima. Olhei para trás e a avistei na porta da cozinha.


 


            - Chocolate.


 


            Ela sorriu.


 


            - Isso é bem a sua cara – ela disse, e eu também sorri.


 


            - Mesmo? – perguntei.


 


            - Mesmo.


 


            - Eu diria que o seu é menta.


 


            Ela sorriu mais.


 


            - Eu diria morango.


 


            - Que bom então. Chocolate e morango, sabores diferentes, mas sempre unidos.


 


            Ela estreitou os olhos até minhas mãos sob a pia.


 


            A encarei por alguns segundos. Naquele momento percebi que em seus olhos havia mesmo um brilho muito diferente do que eu conhecia. Um brilho ofuscado. Triste, inseguro.


 


            - Já podemos ir Gina – disse tentando despertá-la.


 


            - Ah, claro, vamos – ela pareceu forçar um sorriso.


 


            Seguimos para a sorveteria, era logo na esquina de minha rua.


 


            Arrumamos um bom lugar e pedimos as melhores delicias geladas.


 


            - Seus pais não vão voltar para a Inglaterra? – ela começou a conversa.


 


            - Provavelmente... Mas não faço idéia de quando – respondi enquanto brincava com o pequeno pote de açúcar cristalizado. – Pretendo visitá-los antes de acabarem essas férias... Só quero tentar arrumar minhas coisas e afazeres antes...


 


            - Quando souber o que vai fazer pode me mandar uma carta... Você pode me visitar também...


 


            - Seria ótimo.


 


            - Por que não se muda para um vilarejo especificamente bruxo? – ela indagou me encarando plenamente. – Lá perto de casa tem alguns, é um excelente lugar...


 


            Eu sorri.


 


            - Até pensei sobre isso mas... Eu gosto dessa movimentação da cidade... Desses bares e restaurantes tão trouxas... É uma coisa única.


 


            Agora ela sorriu.


 


            - Você é tão engraçada com esse fascínio por trouxas... parece tanto meu pai.


 


            - Eu preciso mesmo conhecer melhor o seu pai.


 


            Rimos mais. Mas em seguida ela fechou novamente a expressão.


 


            - Tão louco te encontrar assim que me mudo pra cá... nunca imaginaria... – arrisquei.


 


            - Louco mesmo, eu e Mione chegamos aqui faz dois dias... E é o quinto dia de férias... Sem contar que geralmente é ela quem está sempre lá em casa...


 


            - Vocês tem alguma razão especifica para estarem aqui?


 


            Os sorvetes chegaram, o garçom se retirou e começamos a nos deliciar.


 


            - Na verdade estamos aqui por que lá em casa o clima está horrível...


 


            - Mesmo?


 


            - Um irmão meu...


 


            A fitei melhor, ela parecia estar se afundando em um poço de tristeza naquele momento.


 


            - ...morreu na guerra – continuou.


 


            Senti um aperto no peito.


 


            - Eu lamento Gina...


 


            - É difícil demais para todos se acostumarem com a idéia, é difícil demais deixar de pensar em tudo que a guerra nos levou... amigos, alegrias...


 


            - Eu imagino como seja horrível...


 


            - Eu tento me focar no que ficou de bom – ela parecia mais segura. – Agora tudo está acabado, finalmente viveremos em tempos de paz.


 


            - É, isso realmente é bom...


 


            Silêncio.


 


            Comemos um pouco mais dos sorvetes.


 


            - Mas me conta, já se passaram dois anos, como foi durante esse tempo? – ela começou de repente.


 


            - Hum... Ano retrasado foi bem produtivo e eu consegui ótimas notas em todas as provas... Ano passado eu permaneci na escola estudando um pouco mais e...


 


            - E a Brigitte e Corinne?


 


            A mirei curiosa.


 


            - Aquela farsa acabou? – continuou.


 


            Sorri sem graça.


 


            - Acabou o namoro delas sim, se é disso que você está falando...


 


            - Mesmo? – perguntou surpresa.


 


            - Assim que cheguei em casa... Corinne contou tudo para Brigitte...


 


            - Sério? – ela exclamou perplexa.


 


            - Sério – respondi deixando um pequeno riso escapar, tamanha era sua surpresa que chagava a ter graça.


 


            - E como ela reagiu?


 


            - Corinne pediu perdão por tudo... Brigitte ficou arrasada por muito tempo, teve vergonha de mim e tudo... Mas eu a ajudei, e depois de alguns meses elas se acertaram, acredite ou não.


 


            - O que? Eu não acredito que Brigitte a perdoou depois de tudo!


 


            - É, perdoou, mas acabou tudo bem... Agora eu e Corinne até conseguimos nos falar.


 


            - Isso é muito inacreditável Melissa.


 


            - Eu sei.


 


            - Tá. A Brigitte é uma boba que gosta da Corinne, mas eu não entendo como você consegue aceitar ela por perto.


 


            - Eu fiquei com muita pena depois que ela matou aquele homem. Ela não consegue ser a mesma pessoa sabe... até mesmo depois que elas voltaram... Corinne sempre parece estar muito triste...


 


            Silêncio.


 


            - É realmente estranho matar alguém... – ela disse de um suspiro. – Mesmo quando essa pessoa está tentando lhe matar em um duelo, ou algo parecido...


 


            - Eu sei... E além do mais, Corinne sempre vai ser estranha, eu prefiro ficar longe daquelas duas agora, e tocar a minha vida.


 


            - É o melhor que você faz.


 


            Ela me sorriu outra vez.


 


            Mais silêncio.


 


            Quando meus olhos alcançaram seus movimentos, seus simples movimentos comendo aquele sorvete eu divaguei.


 


            Lembrei-me detalhe por detalhe de toda sua doçura e loucura ao meu lado naquele acampamento.


 


            Me peguei imaginando se poderíamos sair correndo dali até meu flat novamente, se poderíamos...


 


            Sonhadoramente inibi tudo aquilo que começava a se formar em minha cabeça. Não poderia nutrir esperanças de algo entre nós. Muito menos de um futuro...


 


            Havíamos acabado de nos reencontrar...


 


            Sem contar que ela parecia tão distante, e tão desmotivada...


 


            Consegui recuperar o chão e a encarei melhor. Quando a focalizei no embaçado torpor de pensamentos ela desviou os olhos dos meus.


 


            - Você está mais linda do que antes... Gina – minha voz saiu fraca. Senti algo estranho despontar em meu peito. A lembrança de chamá-la por um apelido despertou no meu consciente.


 


            Voltou a me encarar.


 


            - Você também está... Deixou o cabelo crescer um pouco, e eu sempre achei esse seu cabelo negro muito lindo... Está com um ar mais maduro...


 


            Agora eu sorri, mas sem graça.


 


            - Está namorando? – ela continuou.


 


            - Não...


 


            - Nem namorou durante esse tempo? – ela parecia bastante interessada... Ou era impressão minha?


 


            - Conheci uma menina... – pensei um pouco sobre o que dizer. – Ficamos juntas por um tempo... mas não deu certo.


 


            Ela pareceu decidida a encarar os restos do sorvete de morango em sua tigela.


 


            Eu terminei o que havia na minha.


 


            - Mas e você? Está namorando? – perguntei logo.


 


            - Não estou com cabeça para namorar agora.


 


            - Claro, entendo perfeitamente.


 


            - Mas namorei o Harry por uns meses antes da guerra.


 


            Senti algo se cravar em mim. Era definitivamente besteira eu me sentir assim.


 


            - Puxa, era o que você queria não é mesmo? – não consegui me segurar. Havia um misto de ciúmes e sinceridade em mim.


 


            Ela me encarou com uma expressão pouco identificável.


 


            - Era. Mas nós terminamos antes mesmo de completarmos quatro meses.


 


            Apenas fiquei a encará-la.


 


            - Provavelmente iremos voltar... ainda não conversamos sobre isso... mas ele deve estar pensando nisso... – parecia meio insegura. - E eu estou feliz por ele estar bem, depois de tudo – ela continuou falando.


 


            Arqueei uma das sobrancelhas involuntariamente. Não saberia o que dizer. Não saberia o que sentir.


 


            Silêncio.


 


            As palavras realmente pareciam ter sumido do ar.


 


            - Senhoritas, vocês vão querer mais alguma coisa?


 


            Ouvi a voz do garçom à nossa mesa.


 


            - Não – respondi sem pensar.


 


            Gina me olhou, pareceu perceber algo.


 


            - Você quer mais algum sorvete? – perguntei rapidamente.


 


            - Não, estou satisfeita.


 


            Fechei a conta, e em seguida fomos andando em direção à casa de sua amiga Hermione.


 


            Ainda não tínhamos nos falado desde a sorveteria quando chegamos na pequena pracinha novamente.


 


            - Ainda está cedo, quer conversar um pouco? – ela perguntou apontando um banco perto da gangorra onde não havia sequer uma criança brincando.


 


            - Vamos – respondi.


 


            Nos sentamos e ficamos observando os passarinhos bicarem a areia fina do chão.


 


            - Promete que vai me escrever falando como vão as coisas...? – ela indagou de repente.


 


            A olhei.


 


            - Como eu disse podemos marcar de nos encontrar em Hogsmeade também – continuou começando a sorrir.


 


            Agora aqui não é mais o mundo real? Vagando em meus pensamentos me perguntei.


 


            - Melissa?


 


            - Claro. Você também pode me escrever – ignorei meu intimo.


 


            - Eu senti saudades...


 


            - Você ficou por muito tempo na minha cabeça – disse sem pensar.


 


            Ela apoiou a cabeça no encosto do banco.


 


            - Aqueles dias foram incríveis – ela disse suspirando.


 


            Também apoiei a cabeça no banco. Nossas cabeças se encostaram.


 


            - Você é incrível – ela continuou.


 


            Mais silêncio.


 


            Fiquei admirando duas criancinhas que tinham acabado de chegar ao parquinho com os pais, tentando se equilibrar em um balanço distante. Era muito bonito o jeito que elas tentavam ser independentes no mundo de diversões.


 


            - Acho melhor eu ir embora... Hermione não deve estar muito legal sozinha...


 


            - Certo...


 


            Ela se levantou e me estendeu a mão.


 


            A peguei e me ergui também.


 


            Fomos caminhando bem de vagar. Ao chegarmos no número 12 da estreita rua nos abraçamos.


 


            Ficamos ali por pelo menos um minuto.


 


            Uma chuva bem fina nos espremeu mais.


 


            - Espero te ver em breve... – sussurrei em seu ouvido.


 


            - E eu espero que você entenda o meu estado momentâneo... um pouco depressivo... não sei bem o que vou fazer da minha vida agora... – ela também sussurrou.


 


            - Nem eu sei... Não se preocupe... A gente vai se falar... – decidi não prolongar muito, eu estava inevitavelmente com vontade de chorar.


 


            Me separei dela, e ela se foi.


 


 


 


            Conforme fui voltando para meu flat a chuva foi aumentando, de certa forma ela parecia estar lavando minha alma.


 


            E ao mesmo tempo, me trazendo de volta sentimentos extremamente únicos.


 


            E que esse abraço me sirva de consolo... Foi apenas o que eu consegui memorizar.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


NA: Eu decidi fazer essa short com esse “retalho” da história da Gina e Melissa, pois elas precisavam desse encaixe.


 


Em breve a continuação mesmo será postada.


 


Sem contar que eu necessitava muito conseguir passar pelo menos um pouco da visão da Melissa de toda a história delas...


 


Espero que sirva para quem está com saudade, enquanto eu não posto a continuação ^^


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

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