Reunião



-Wormtail!

Em segundos o meu servo mais falso chegou, com o medo espalhado na sua face.


Wormtail ainda me servia por um único motivo: se alguém escolhe seguir-me, então essa pessoa não me pode abandonar… estão marcados com a marca negra. Caso eles tentem fugir, isso apenas tem um significado: a sua morte!


- Senhor, em que… em que posso servi-lo?


- O mesmo de sempre seu imbecil! Já há notícias do Potter? Ele já deve estar a caminho da sua escolinha, a mísera escola do Dumbledore!


Apesar de ter sido nesta escola que descobri todo o meu poder e potencial, foi nesta escola que a minha vida mudou radicalmente, não porque descobri a magia e agora só praticava o bem, antes pelo contrário, mas porque lá ganhei o meu maior inimigo, Albus Dumbledore, achado por muitos o maior e melhor feiticeiro da História, mas…será que era?


- …nada sobre ele…


- Repete o que disseste, fala uma língua que se perceba Wormtail, não estou minimamente interessado em ouvir meias informações.


Na realidade não tinha percebido devido ao flashback  aos tempos em que frequentava Hogwarts, mas eu era o Lord das Trevas, todos me deviam respeito e, mais impotante, obediência.


- Sua real alteza, Mr. Po…


-Deixa-te de fidelidade excessiva, não gosto disso, principalmente se for falsa. Diz lá o que sabes!


- Senhor, estava apenas a…


- Prossegue Wormtail!


- Mr. Potter e os seus amigos não têm deixado rasto de movimentos no mundo mágico ultimamente, apenas a ida à típica loja de material escolar, a Diagon Al. Até agora é tudo o que posso dizer dele…


- Informa-te mais, informa-te! De que me vale ter um servo que não serve para seguir os passos de um adolescente!


- Claro, desculpe Senhor pela falta de…de informação… Deseja mais alguma coisa?


- Não, retira-te, e vê se encontras a Nagini.


Assim que ele saiu da sala, vi um rato a passar por ele, como se a casa lhe pertencesse, como se fosse o dono deste pacato e mísero esconderijo onde me encontrava, à espera do momento certo para o meu regresso de novo ao poder. Embora fosse até um esconderijo moderado comparado com outros pelos quais já tinha passado, eu era Tom Riddle, o maior feiticeiro do mundo, merecia, no mínimo, uma mansão como a dos Malfoy, algo digno de um puro-sangue.


Assim que o rato passou por mim tive uma enorme vontade de brincar, torturar…


Puxei a minha varinha e fui lançando os feitiços que me vinham à cabeça.


- IMPERIUS!


Um feixe de luz saiu da varinha e atingiu o rato num ápice. Ele saltou, e no momento seguinte estava a rastejar, tal e qual a Nagini. Passado uns segundos pensei em Azkaban, e o rato ficou escuro, negro como o céu sem estrelas nem lua, negro como a minha história, negro como um Dementor, e começou a agir como tal, tentando encontrar uma alma para sugar, embora por mais tentativas que fizesse nunca iria conseguir sugar um único fôlego de alegria.


Ele fazia tudo o que eu pensava, o que me dava certo gosto, mas num ápice perdeu a piada, Imperius era um feitiço banal, fraco…


- CRUCIO!


Outro feixe luminoso, intenso e seguro dirigiu-se ao que se poderia chamar de fantoche de um Dementor, fazendo com que este voltasse à cor normal, mas apenas por uns instantes, porque em segundos foi possível encontrar no seu olhar o começo de uma dor lancinante, cortante, uma súplica para acabar com a dor que estava a provocar.


A sensação de poder subiu-me à cabeça, atravessando todos os pontos do meu corpo, e como que atendendo ao olhar e aspecto do ser que se encontrava à minha frente, agitei levemente a varinha e vi um feixe de luz verde a sair da ponta da mesma, que atingiu demasiado rápido o rato, que deste modo deu o seu último fôlego…


- Avada Kedavra…


***


Lucius Malfoy encontrava-se deitado na sua cama. A sua esposa dormia tranquilamente. Ele, pelo contrário, não conseguia fazer com que a morte temporária o atacasse. Por mais que desejasse poder ter uma noite de sono, não conseguia. O facto de, por sua causa, toda a sua família ser obrigada a servir ao Lord das Trevas, fazia com que um mal-estar não o abandonasse.


Enquanto imaginava um estratagema para se livrar da prisão, e embora soubesse que, ao tentar livrar-se de Voldemort, isso significaria a sua morte, não resistiu a ocupar o seu tempo livre para pensar nisso.


Draco Malfoy estaria neste momento a caminho de Hogwarts, “um lugar seguro”, pensou Lucius. Contudo, sabia que Hogwarts não seria segura para sempre, o regresso de Voldemort aproximava-se a cada sopro de ar que tomava, a cada segundo que passava, e isso não lhe agradava. A segurança do seu filho, Draco, e da sua mulher, era tudo para ele.


Mais uma vez tentou dormir.


Pela primeira vez, desde há uns longos meses, conseguiu ver, ao fundo, o negrume que tentava apanhá-lo. Lucius, de bom grado, aproximou-se da escuridão. Finalmente iria adormecer.


Mas…


Uma dor cortante percorreu o seu braço; por momentos pensou que o estavam a queimar e a espetar-lhe milhares de ínfimas agulhas em cada milímetro do seu braço, mas logo percebeu, que a zona restrita onde tinha essa dor era nada mais, nada menos, onde estava tatuada a Marca Negra. Não era bom sinal….


Irritado, por ver a sua noite de descanso interrompida, Malfoy levantou-se lentamente, para não acordar Narcisa, que se encontrava nos seus mais profundos devaneios.


Murmurou um inaudível número de palavras, e em segundos estava pronto a sair. Materializou-se, e de repente encontrava-se num beco escuro; Voldemort sempre os escolhia como esconderijo, e apesar de tão óbvio, ninguém da Ordem da Fénix desconfiava de tal localização.


Com uma pontada de sono ainda a me desafiar, ergui a cabeça e dirigi-me à parede do fundo. Ri-me, assim que me apercebi da ironia da senha para que se abrisse a entrada. Não era suposto o Senhor das Trevas odiar Hogwarts?


- Draco Dormiens Nunquam Titillandus. – Como se ele se parecesse com um dragão adormecido; aparentava mais uma cobra-de-escada prestes a ser morta, que achava ser uma anaconda que dominava a situação.


Assim que um me foi permitido ver uma linha de luminosidade através da pequena fresta, apareceu-me, tal e qual um rato de esgoto, um ser que em nada se assemelhava a um puro-sangue.


- Faça favor, senhor Malfoy. –  disse Wormtail, enquanto abria a porta, fazendo o gesto para que eu entrasse com a mão. – Os senhores já se encontram na reunião, estavam esperando por vossa excelência.


Entrei, sem responder ao criado. Ele correu para uma porta que se encontrava à esquerda, que assim que este entrou, trancou-se. Imaginei que não era para ali que devia ir, então segui em frente. No fim do corredor, virei à direita, entrando numa sala, com uma enorme mesa rectangular. Voldemort, como é óbvio, encontrava-se na ponta desta, uma clara demonstração de superioridade.


Assim que entrei, levantou a sua cara assemelhada a uma cobra, os seus olhos rasgados fitaram-me por um instante, e pareceu-me ver o rasgo de um sorriso, irónico, surgir-se. Desviei o olhar.


- Caro Lucius, estávamos mesmo à sua espera. Os puro-sangue fazem-se esperar, correcto?


Não sabia o que lhe responder. Uma resposta errada e seria o meu fim, cairia no chão como uma folha seca.


- Desculpe-me a indelicadeza de o fazer esperar… não era minha intenção, demorei mais do que esperava.


Inclinei-me numa breve vénia, sem deixar de olhar em frente, não fosse Voldemort tecê-las, e aí estaria tudo perdido.


Com outro sorriso, falou-me com uma calma que me era estranha.


- Senta-te aqui, ao meu lado, meu velho amigo.


Todos os que se encontravam sentados olharam para mim, alguns incrédulos, outros com um sorriso, outros sem reacção. Contudo, todos me seguiram com o olhar. Senti os seus olhares penetrantes nas minhas costas, assim como a minha varinha, dentro do meu casaco. Uma ideia passou-me pela cabeça. Era uma ideia suicida, sabia, mas a súbita vontade de os calar fez-me levantar a mão até ao bolso do meu casaco.


Antes sequer de ter tempo para pensar no que estava a fazer, ouvi um pequeno estalido na minha mão, tinha sido atingido, e nem sequer me apercebera...


- Lucius, não estrague esta nossa pequena reunião… - A sua arrogância dava cabo da minha paciência mas, pensando de novo na minha família, sentei-me no lugar que me estava destinado. Continuou. – Dentro de umas semanas estará bom, se utilizar o feitiço certo, é claro.


***


A atitude do Malfoy surpreendeu-me. Não imaginava que ele fosse tentar sequer tocar na varinha, muito menos à minha frente. Um acto de coragem, devo admitir, mas de uma grandessíssima estupidez, também.


- Muito bem, esqueçamos este pequeno percalço. O motivo pelo qual vos chamei é muito simples. Mais um ano escolar está a começar, e eu estou farto de esperar, enfiado num esconderijo, fugindo de um lugar para outro. Sinto-me suficientemente forte para saber que, este ano, será o meu regresso.


Esperei, vendo a reacção dos que me rodeavam. Lucius estremeceu, mas disfarçou. Yaxley, assim como Antonin Dolohov e Igor Karkaroff riram-se mutuamente. Era destes servos que eu precisava, e embora nunca admitisse, gostava; puros-sangue, sem medo da morte, sem medo dos canalhas admiradores de Dumbledore. Jugson, pelo contrário, não fingia o medo, como Malfoy e muitos o fizeram. Encontrava-se num pleno estado de histerismo.


Mais uma vez, um frenesim clamava por mim. Abracei-o de bom grado.


- Wormtail! – chamei.


Escassos minutos depois, vi-o aproximar-se.


- A minha varinha!


- Sim Senhor, Mestre.


Ausentou-se, mais uma vez, desta vez de forma mais rápida. Quando regressou, segurava uma pequena almofada forrada a vermelho, com a minha varinha no centro. Todos olharam para mim, agora, nenhum conseguia fingir o medo, nem mesmo Karkaroff.


Senti uma onda magnética a atrair-me para a varinha. Fiz-lhe a vontade, cedi. Olhei-a, admirei-a. A minha fonte de poder, de absoluta grandeza. Era minha!


- Silêncio. Escutem-me! Quero que arranjem mais Devoradores, mas não quero mais estorvos, não quero míseros feiticeiros, quero os feiticeiros, fiéis, fortes, e por favor, não me tragam imbecis como este!


Olhei para Jugson. Este, com receio, baixou ainda mais o olhar.


- Olha para mim quando falo contigo! Quero ver os teus olhos assim que te matar!


Senti uma certa satisfação, quando tive a sensação que todos tinham sentido o arrepio das suas vidas. Avancei.


- Se daqui a uma semana, cada um de vocês não me trouxer dois feiticeiros, e se estes não corresponderem ao que pretendo, o que acontecerá aos três, é exactamente isto…


Levantei a varinha, o frenesim de volta, uma carga de adrenalina em cada milímetro das minhas veias, sentia o sangue borbulhar. Jugson chorava.


- OLHA PARA MIM!!


Ele olhou, reticente.


- AVADA KEDAVRA!


Admirei o seu corpo desfalecer. Os olhos sem vida. O corpo a embater na mesa, caindo para cima do Devorador que se encontrava ao seu lado.


- Vão, agora! Uma semana! E levem o corpo daqui.


Vi alguns se dirigirem para a saída, outros a se materializarem. A sala ficou vazia.


- Wormtail, - disse-lhe assim que apareceu. – não me incomodes nas próximas horas.


Levantei-me, indo encontro ao meu quarto.


***


Assim que saí do esconderijo, ainda tinha a pele arrepiada. Materializei-me o mais depressa possível para a minha mansão. Queria abraçar a minha Narcisa; não pensar no trabalho que ia ter na próxima semana…




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Peço desculpa pelo imenso tempo que não postei. Espero que gostem deste pequeno capítulo, e comentem, assim farei de tudo para escrever mais e postar mais rápido. Se comentarem, proximo cápítulo nas proximas semanas!!
Obrigado, Boas Leituras, caros potterianos!!

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