Capítulo único



Uma chuva fininha caía lentamente molhando a terra sob seus pés. Embora o céu estivesse escuro e um vento soprasse, não sentia frio. A terra lhe dava a firmeza necessária nos giros e piruetas. Os movimentos eram leves e descontraídos. Não seguiam uma coreografia, eram guiados pelo coração.


Lílian dançava quando estava feliz, quando estava triste, amargurada, contente, amando, com medo... No momento sentia todas as emoções ao mesmo tempo e nenhuma delas. A dança era sua fuga. Deixava-a mais leve. Quase flutuando.


Embora uma leve poeira se formasse no chão e lhe sujasse a barra do vestido azul, ela não ligava. Cada respiração invadia seus pulmões com um ar que limpava seu corpo. Era uma forma de liberdade.


Tiago a observava pelo portão de ferro que os separava. A ruiva estivera tão entretida que nem repara na presença do moreno. Na certa pararia abruptamente e se refugiaria na segurança de sua casa, por vergonha, ele diria. Ela era linda de todas as maneiras. Mas realmente o impressionava a paixão que tinha pela dança. Ele podia ler cada sentimento que a garota expunha em um leve passar de braços, em um simples andar. Era simplesmente maravilhoso. Encantador, como gostaria de dizer-lhe.


O maroto sorria com o canto dos lábios, inconsciente de que o fazia. Assim como Lily não sabia as sensações que a inocente dança causava nele. Daria tudo para invadir seu espaço, tomar-lhe uma das mãos e fazê-la rodopiar pelo jardim. Mas ela não aceitaria. Não ainda, pelo menos.


Ela o amava, assim como a amava. Tinha certeza. Ela só não se dera conta de quão grande era esse amor... ainda. Em breve, em breve tudo seria perfeito. Seus olhos brilharam.


Foi então que percebeu a presença de mais uma pessoa no lugar. Sirius chegara sorrateiramente, e os observava intrigado.


- O que ela está fazendo? – contorcia o cenho.


- Dançando... – A resposta simples de Tiago não fora suficiente para aplacar a curiosidade do outro.


- Mas... não tem música! Como ela está dançando sem música?


- Você não vê? – Disse Tiago. – Ela não precisa de música, mas mesmo assim está lá...


Sirius vincou a testa.


- O que exatamente está lá?


- A música. – Seu tom era calmo, pacífico. - A música está lá...Em seu coração e em todo o seu corpo e sentimento. Somente lá...

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