Nas Masmorras



Capítulo Um


- Nas Masmorras -


 


- Maldito Snape! Quem ele pensa que é?! Ai dele se um dia eu tiver acordado com o pé esquerdo e ele resolver cruzar meu caminho. – é, estou realmente estressada. Tudo culpa daquele idiota que o Dumbledore resolveu nomear professor. Quando digo que nosso diretor está caduco, ninguém acredita.


Mas, vamos começar do início, não? Assim fica mais fácil pra todo o mundo entender a situação e formarmos uma grande corrente para xingar o Snape até sua última geração – ou primeira, ou mais antiga. Sei lá.


Tudo começou no segundo tempo de poções de hoje, após o almoço, onde tive a extrema infelicidade de esquecer o trabalho que o “querido” professor Severo Snape passou.


O que resultou no meu grande azar foi que na aula anterior fiz um pré-julgamento em pró da minha perspicaz mentezinha e acreditei que não era necessário anotar o nome da erva que teríamos de transformar em quarenta e nove centímetros de pergaminho, enumerando e explicando cada um dos trinta e nove usos que possui em benefício da sociedade bruxa. E acabei deixando de anotar o nome da erva...


 


“A sala, antes no maior furdúncio, se aquietou rapidinho quando o Morcegão resolveu dar o ar de sua graça na nossa ‘querida’ aula de poções.


 - Quietos vocês dois. – aquele que se auto-denominava ‘professor’ ralhou com dois sonserinos estúpidos que ainda cochichavam – O que estão esperando? Andem logo! – perguntou, enquanto estávamos em silêncio no maior estilo ‘passeio ao cemitério’ que se possa imaginar. Mas, esperando o que exatamente? Meu filho, como é que eu vou saber o que estamos esperando? Não tenho culpa se quando fui comprar uma Bola de Cristal estava em falta.


 Bem, voltando para as masmorras, pelo que consegui entender, ele estava achando que queríamos participar de algum joguinho de enigmas... Ah, como eu odeio enigmas.


 - Professor, nós não estamos na aula de Adivinhação. Não somos obrigados a adivinhar nada. – HÁ! Sempre tem um engraçadinho que solta uma piadinha dessas, rendendo uma boa dose de gargalhadas ecoando pela masmorra durante alguns minutos. Só sei que essa animação toda não chegou até o Morcegão, que estampava uma cara bem sinistra com o comentário. Algo entre uma leve chupada em limão azedo e uma generosa dose de sal debaixo da língua.


- Menos vinte pontos pra a Grifinória pela gracinha, Sr. Reesen! – é, temos de admitir que alguns grifinórios tem uma leve queda *lê-se: tombo* por fazer gracinhas nos momentos mais inapropriados. Tsc, tsc.


 - Eu quero os trabalhos em cima das respectivas mesas! Agora! – Ok. Ele ficou estressado. E, ao dar essa pequena ordem para nós, reles alunos, ele fez uma coisa realmente estranha, sabe? Mais estranha do que algo plausível para ele. Levantou os braços rapidamente e demorou algum tempo para baixá-los, o que não passou de modo desapercebido por mim, que mesmo sem querer, fiz aparecer em minha mente a personificação do Drácula. Sabe, aquele vampiro famoso? Que os trouxas acham que é pura ficção, mas que nós bruxos temos total compreensão de que ele realmente vive na Transilvânia? Então! O Morcegão lá parecia o Drácula quando vai atacar suas vítimas. Sanguinário de uma figa.


É, antes que vocês comecem a imaginar coisas, vou logo avisando: quem imagina as coisas aqui sou eu. Alguns amigos-da-onça por aqui dizem que este é um sério problema; essa minha imaginação, sabe? Sei lá, não vejo problema nenhum nisso. Às vezes eu tô lá, sem nada pra fazer, e começam a surgir cenas engraçadas na cabeça, na maioria das vezes cenas REALMENTE engraçadas. Então não dá, né? Sou terminantemente obrigada a começar a rir. Ah! Mas qual é? Vai me dizer que não é engraçado imaginar o Morcegão de Drácula? É só pensar nele fazendo cara de mau – é, porque essa cara dele não espanta nem unicórnio perneta – seguido dele tentando dar uma mordidinha em um pescoço bonitinho. Só que daí, nessa tentativa frustrada de chupar um sanguinho, a dentadura dele cai! Ou pior, fica presa no pescoço da vítima. – HÁ! Bem que eu nunca acreditei que aqueles dentes realmente fossem dele.


 Saindo dos meus devaneios – o que não é nada fácil -, lá vem o Morcegão, voando em minha direção, cantarolando ‘Como uma faaaaaddaaaaaaa!!!’ AHAHAHAHAHAHA. Péra aí! Não era pra sair dos devaneios??


 - Do que está rindo, Weasley? – nossa, como ele voa rápido!


 - Nada não. – tá, eu estava tentando parar de imaginar o Snape vestido de fada. Estava difícil. Impossível, na verdade. Só de imaginá-lo em um collant cor-de-rosa beeeemm apertado e uma sainha micro, com asinhas presas às costas e seu cabelo seboso devidamente amarrado em um coque, pra mim já é algo digno de se contorcer por causa de risadas.


 - Trabalho, Weasley. – e ele me olhou com aquela cara de ‘falso malvado’.


 - Ah, eu sei que o senhor trabalha! – Ok, ok. Eu devo fazer parte daquela parcela de grifinórios que gostam de fazer piadinhas em momentos que não servem para piadinhas. Deveria saber que não era um momento apropriado para elas. Muito menos se o momento envolvia Severo Snape.


 - Menos vinte pontos pra Grifinória e saiba senhorita Weasley que quero seu trabalho na minha mesa antes das 22 horas! Caso contrário, ficará com zero em todos e quaisquer trabalhos que você sonhe em fazer na minha aula!


 - Tá, mas... – é. Não deu nem tempo de avisar que as aulas já estavam acabando. Ele me chutou pra fora da masmorra.


 Só me restou ir até a Biblioteca fazer o trabalho, que descobri ser sobre Valeriana. De acordo com os meus cálculos, eu levaria uma boa parte de tempo para subir todas as escadas até chegar ao quarto andar, onde estava a Biblioteca. Inspirei a maior quantidade de ar que meu pobre pulmão conseguiu e comecei a subir o lance de escadas que daria no Saguão de Entrada.


 Cheguei quase cuspindo meus pulmões na Biblioteca, respirando com dificuldade, – com meu diafragma manifestando seu desgosto por eu não ter respirado direito – e ainda levei uma bronca da Madame Pince por ‘estar fazendo muito barulho ao respirar’.


 Fui até a prateleira mais próxima e peguei um exemplar de “Mil ervas e fungos mágicos de Felida Spore”. Porque afinal, se existissem mesmo trinta e nove usos para a Valeriana, somente no mil ervas seria possível encontrar.


 E até que não foi muito difícil encontrar as ‘Valerianas’...


 ‘Valeriana (Valeriana Officinalis L.) - erva comum e fácil de ser encontrada, tem como principal característica ser calmante e antiespasmódica. Em doses abusivas ou uso prolongado, pode causar dores de cabeça, torpor e valerianismo. Também é fato conhecido que as valérias (pequenos insetos estranhos) gostam de construir seus ninhos na Valeriana (por isso a planta recebeu o nome) e podem tentar atacar aqueles que tentam arrancar sua casa. O único modo de isso não acontecer é levar as valerias para uma nova valeriana, o que acaba sendo inútil, pois fica mais fácil colher uma valeriana inabitada. Contudo,...’


 O real problema seria citar seus trinta e nove usos.


 Depois do que foi uma considerável parte de tempo, finalmente coloquei o último ponto final no último uso da Valeriana. Olhei no grande relógio da Biblioteca e notei que faltavam dez minutos para as 22 horas. Peguei o pergaminho, o enrolando de qualquer jeito, joguei meu material rapidamente dentro da mochila e sai voando da Biblioteca. Não sem antes ouvir ‘Ai de você, senhorita Weasley, se resolver colocar os pés na minha Biblioteca novamente.’, quase gritado pela bibliotecária. A sorte é que a Madame Pince tem memória fraca...


 Passei como um furacão pelo primeiro lance de escadas e quase saí rolando na tentativa de pular um degrau e tentar economizar tempo. O problema foi que nessa minha façanha, me equilibrei – ou melhor, tentei – e acabei pendendo para o lado em que a mochila sacudia em meu ombro. Resultado? Caí de cara naquele assoalho maldito e ainda tive o desprazer de ter minha mochila rasgada e meu material todo jogado pelo corredor.Nota mental: Lembrar de nunca, NUNCA pular degraus de escadas.


Desce escada, atravessa corredor, desce escada... Não vou precisar fazer exercício algum até os noventa anos depois desse pequeno trajeto. Desce escada, desce escada, passa por um monte de quadros chatos que ficam tagarelando, desce escada. Quem foi o maldito que fez a Biblioteca tão longe das Masmorras?? Desce escada, desce escada. Antes tarde do que nunca – eu preferia nunca –, as masmorras.


Bem, pelo menos consegui chegar às masmorras antes das 22 horas.”


 


E aqui estou , parada na frente do Morcegão, enquanto ele me olha com aquela cara de nojo. O único e mísero problema é que ter ficado durante horas sentada na Biblioteca resultou em uma imensa vontade de fazer xixi. E com esse maldito barulho de água pingando de não-sei-lá-onde, já tá ficando difícil de segurar. ANDA LOOOOGOOO SNAPEEE!!! EU PRECISO IR AOO BANHEIROOOOO!!!


- Pelo que vejo conseguiu fazer o trabalho. – não, estou aqui de besta que sou.


- Pois é. Tá aqui. – entreguei e saí correndo. Tinha que achar um banheiro.


- Weasley! – era só o que me faltava!


- Quê? – olhei pra ele com a pior cara que consegui fazer durante todos os meus anos de vida. Devo declarar que não foi lá muita coisa...


- Menos dez pontos por estar fora da cama depois do horário. – e deu aquele sorrisinho idiota dele. Seu filho da...!


Não tinha tempo pra responder. Se não saísse dali naquele segundo, certamente meu querido professor teria um espaço da sua masmorra alagado – e não seria da água que insiste em escorrer pelas paredes.


Encontrei um banheiro ainda nas masmorras. Agradeci a Merlin por ter deixado alguém fazer um banheiro em local tão... estranho. Mas logo o praguejei ao notar que aquele era um banheiro masculino.


Ping, ping, ping. Aquele barulho de água pingando não ajudava em nada. Comecei a me contorcer de forma interessante e nada confortável na frente do banheiro masculino. Céus, por que não há um banheiro feminino aqui?


Pensei em correr até o banheiro feminino mais próximo, próximo ao Saguão de Entrada, mas algo me dizia que minha saia ficaria molhada até lá.


Olhei para a direita, olhei para a esquerda. Tudo completamente deserto. Colei o ouvido na porta do banheiro na esperança de ouvir algum mínimo som. Nada.


Então, eu fiz o que qualquer moça de família na minha situação faria: entrei no banheiro.
 

*~Continua... 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.