Vida, miserável vida.



Eu entrei em disparada pela porta do refeitório. Não queria saber de mais nada, tampouco da discussão que acabara de ter. Só queria encher a bandeja de comida e comer até não agüentar mais e explodir. Já estava escolhendo a sobremesa mais calórica disponível, quando senti um toque delicado em meu ombro.


 


“Gina...” – Hermione começou, mas não deixei ela continuar.


 


“Eu não quero ouvir!” – declarei enquanto pegava o mousse de chocolate e me direcionava a uma mesa vazia. Hermione me seguiu.


 


“Gina, você sabe que ele não faz por mal.” – ela falou sentando ao meu lado. – “Ele só quer o seu bem.”


 


“Você não pode tá falando sério, Mione. Por que o meu bem seria não ter uma vida própria?” – perguntei exasperada.


 


“Não exagere Gi.” – ela continuou calma. – “O Rony só não acha o Dino um cara certo pra você.”


 


“Nem o Dino, nem o Miguel... Ele quer que eu passe o resto da vida esperando o amiguinho dele.”


 


“Bem ele acha que é o melhor, já que você gosta dele.”


 


Com certeza. Isso sim seria o melhor. Esquecer que existe uma vida sem o Harry. E apenas esperar que ele me note. Anhan.


 


“Eu tô cansada disso, Mione. Tô cansada de esperar pelo Harry, cansada do Rony só lembrar de mim quando saio com alguém. Cansada dessa vida miserável” – falei ainda mais exasperada.


 


“Gina, não fala assim...” – ela começou, mas eu nem a ouvia mais. Naquele momento o grupo mais popular e esnobe de Hogwarts entrava no refeitório:


 


Daphne Greengrass = linda e arrogante.


Pansy Parkinson = mais linda ainda e arrogante.


Crable e Goyle = capachos arrogantes.


Blaise Zabini = gato, gostoso e arrogante.


E finalmente, Draco Malfoy = O mais gato, O mais gostoso e O mais arrogante.


 


E eu? Bem, odiava ardentemente todos eles desde que eles encrencam comigo e minha família. O que quer dizer: desde sempre.


 


Mas naquele momento só conseguia sentir inveja daquele grupo tão “poderoso” que fazia todos do refeitório parar de comer sé para observá-los entrar.


 


“Eu queria ser um deles.” – falei instintivamente, interrompendo Hermione no mais-um-de-seus-discursos.


 


Ela acompanhou meu olhar.


 


“Qual é? Você ta brincando, né? São os ‘Sonserinos’, Gi.” – ela falou descente, me observando.


 


É. Eu tinha que tá brincando. “Sonserinos” é como nós, pessoas comuns, chamamos eles. Ricos, nojentos, inescrupulosos. Hello! Acorda Gina! Eu não quero ser um deles. Não posso querer.


 


**


 


Quando finalmente saí da última aula do dia a única coisa que eu queria era ir para o meu quarto e me sufocar com o meu próprio travesseiro. Ok. Talvez tenha exagerado no eufemismo. Eu não queria me suicidar. Só queria ficar sozinha.


 


“Gina!” – vi meus planos serem frustrados ao som do meu nome e Hermione ao meu lado.


 


“Oi, Mione.”


 


“E então, você tá melhor?”


 


“Tô sim.” – ou ela não viu a minha cara de melhor? -.-


 


“Olha, Gina, tava pensando... Que tal assistirmos aquele filme que você adora, hoje?  ‘10 coisas que eu odeio em você’...” – ela falou dando um falso sorriso animado. Talvez ela tenha percebido a minha cara de melhor. Hermione odiava aquele filme. Devia tá mesmo com pena de mim para querer vê. Ou só queria tentar me convencer que Rony estava certo.


 


“Eu não sei, Hermione. Tô um pouco cansada...”


 


“Mas, Gina...”


 


“Hermione!” – ele gritou vindo em nossa direção. Parecia que meu coração sairia do corpo a qualquer minuto.


 


Harry Potter = os olhos verdes mais incríveis do mundo. Melhor amigo do meu irmão e da Mione. Minha paixão “secreta” desde os 10 anos.


 


“Ah, oi Gina.” – ele falou me dando um sorrisinho. AI, GOD! – “A gente ainda precisa arrumar algumas coisas do Grêmio. Eu e o Rony não demos conta de tudo sozinho. – ele falou logicamente pra Hermione. Ele não me incluiria em seus planos.


 


Grêmio Estudantil = única razão pra viver de Harry Potter.


 


“Bem, ok. Eu já tinha sido dispensada mesmo.” – ela falou me lançando um olhar. – “Até amanhã, Gina.”


Como assim até amanhã? Em que mundo vivemos? Onde as amigas não insistem mais para te fazer companhia quando você tá deprê.


 


Tudo bem que eu queria ficar sozinha. Mas a questão é: ela tinha me trocado por eles, de novo.


 


Fui pro meu quarto levando muito mais a sério a vontade de me sufocar no travesseiro.


 


**


 


Quando acordei no outro dia, foi como seu eu não tivesse dormido. Antes de dormir só fiquei pensando em como eu tinha que mudar. E quando finalmente adormeci os pensamentos continuaram em meus sonhos.


 


Minha noite foi cheia de sonhos estranhos. Em um deles eu sufocava Rony até ele pedir pinico. No outro Harry ia me empurrar da janela, mas depois desistiu pra jogar xadrez com Hermione. E teve até um em que eu agarrava Draco Malfoy e o fazia ir ao baile do fim de ano comigo. Dá pra acreditar nisso? Eu certamente não estava bem.


 


Fui tomar café-da-manhã o mais cedo possível. Não queria encontrar meu lindo irmãozinho.


 


“Bom dia, Gina.” – Luna falou quando me sentei à mesa que ela ocupava sozinha.


 


Luna Lovegood = gente boa, mas como o nome sugere: lunática. Uma das poucas amigas que eu tenho.


 


“Bom dia, Luna.” – respondi cordialmente.


 


“Você não parece muito bem hoje.” – ela comentou, sincera como sempre.


 


“Não dormi direito”


 


“Oh!” – ela falou tapando a boca com a mão. – “Você não viu a tal assombração que tá solta no colégio não é?”


 


“Assombração?” – eu perguntei meio atônica.


 


“É. A Romilda Vane viu ontem à noite, e me aconselhou a me esconder. Passei a noite no armário. – ela falou sorridente, parecendo satisfeita. – “Legal da parte dela me avisar.”


 


Romilda Vane = a menina mais safada do colégio. Seu sonho era fazer parte dos “Sonserinos”. Já pegou a maior parte do colégio, e é louca para pegar o Harry. Não preciso dizer que a odeio não é?


 


“Olha só, Luna... Pro seu próprio bem, não acredite em tudo que a Vane fala.”


 


“Você acha que ela mentiu?” – ela perguntou pensativa.


 


Eu não podia responder. Estava ocupada notando a chegada do meu querido irmão Rony no refeitório.


 


“Depois a gente se fala, Luna” – eu falei me levantando.


 


Fui direto pro banheiro feminino e me tranquei num box. Tinha certeza que ou ele, ou Hermione iriam atrás de mim. Então tudo bem ficar ali até o sinal tocar.


 


Já tava ali há uns 5 minutos, quando ouvi a porta do banheiro abrir.


 


“Eles vão mesmo fazer isso?”  - perguntou a voz maldosa de Daphne Greengrass.


 


“Nós vamos. Eu num perderia isso por nada nessa vida.” – aquela voz só podia ser da Parkinson.


 


“É, nós vamos.” – Greengrass concordou. – “Então que horas vai ser?”


 


“Depois da aula de sociologia. Na ala B do segundo andar.”


 


“Bem então encontro vocês lá. Não vou à aula. Preciso dormir um pouco. Me empresta o batom?”


 


“Hmm... A noite ontem foi boa hein?”


 


“Não vou te dá motivos pra fofocar mais, Pansy. Nossa! Essa cor ficou ótima em mim.” – Greengrass declarou. Muito humilde.


 


E ouvi a porta do banheiro batendo.


 


Sonserinos aprontando? Interessante.


 


**


 


Saí da aula de história e me deparei com Dino Thomas.


 


Dino Thomas = fofo, bonitinho, e principalmente editor do Hogwarts News, jornal da escola. Meu “rolo” casual.


 


“Oi, Gina.” – ele falou sorrindo.


 


“Oi, Dino. Nunca mais te vi.”


 


“É, eu ando ocupado.”


 


“Meu irmão falou alguma coisa com você, não foi?”


 


Ele engoliu em seco. FATO: o Rony é um garoto morto.


 


“Olha, Dino... seja lá o que ele falou com você, ele tá delirando. Eu tenho um horário vago agora. Que tal um passeio no jardim?” Em minha defesa, normalmente, eu não sou tão oferecida. Mas o Rony merecia aquilo.


 


“Desculpa, mas tenho que revisar o jornal de amanhã.” – ele falou saindo em seguida.


 


Eu não podia acreditar naquilo. Há dois dias tudo o que o Dino queria era ouvir aquilo. E agora ele simplesmente me dispensava. Ah, com certeza eu ia MATAR o Rony.


 


“Nossa, o fedor dessa Weasley dá pra sentir daqui.” – Pansy Parkinson comentou enquanto passava pelo outro lado do corredor com Crable e Goyle.


 


Eu nem pensei em responder, porque assim que a avistei lembrei de uma coisa que poderia ser interessante. Na falta do Dino, eu podia descobrir o que aqueles Sonserinos nojentos iam fazer. E quem sabe até usar contra eles.


 


Eu posso matar o Rony depois, pensei enquanto corria atrás da Panrkinson.



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