A Miragem



Gina chorava, não o respondeu. Sentia-se culpada e arrependida. Vladimir avançou para cima de Gina, prendendo-a na parede. A respiração de ambos era ofegante. Pela primeira vez, ouviu o coração de Vlad bater. Ele delicadamente beijou seus lábios e sussurrou:                                                     - Adeus, meu amor. – Fez Gina se arrepiar e começou a beijar seu pescoço, antes de mordê-lo.


Antes que pudesse faze-lo, a pele de Vladimir ficou mais pálida e fria do que mármore, suas pernas perderam a sensibilidade, fazendo-o cair no chão aos pés de Gina. As íris cianas não continham mais o brilho malicioso e seu corpo estava frágil, com uma aparência doentia. Vladimir olhou pela última vez para a mulher amada e deu seu último suspiro. Estava definitivamente morto.


Gina estava chocada com a cena que acabara de presenciar, não conseguia desviar seus olhos do corpo inerte de Vladimir.


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- Vá Rose, depressa! – fala Alexander.


- Você vai ficar bem? – pergunta a menina, desconfiada.


- Vou sim, priminha. – diz ele com a voz cansada. – Agora vá.


Ele a abraçou e ela retribuiu. Entregou a ela uma chave de portal que a levaria em segurança para o departamento de aurores, enquanto a menina tentava absorver o que havia ocorrido naquela noite. Alexander contara a ela, ainda que parcialmente, um pouco da sua historia, mas de maneira que a não deixasse assustada.


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Assim que Rose se foi, Alexander subiu as escadas que davam para o porão que estava e chegou até o saguão onde se encontrava Gina, estática, olhando para Vladimir morto aos seus pés.


- Ele teve o que mereceu. – falou Alexander. Gina se virou para ele, mas não teve coragem de olhar diretamente nos seus olhos.


- Por que não o ajudou? Ele o chamou tantas vezes. – disse a ruiva, chorando.


- Por que eu o ajudaria? Para ele te matar depois? Não tem idéia do que ele me obrigou a fazer não é? Aliás, nem fará questão de saber, nunca se importou comigo. – disse o garoto, parecia fazer uma força para não se render as lágrimas.


- Eu me arrependo do que fiz, se eu pudesse voltar no tempo tudo seria diferente. Acredite: Se arrependimento matasse, eu já estaria morta e enterrada. Meu filho...Alexander... Como eu desejo fazer tudo de novo, filho. Meu filho. – fala Gina soluçando. – Mas agora... Você deixou de beber o sangue para ele morrer, então, isso quer dizer que você também irá...


- Eu te amo, mamãe. – fala Alexander indo se sentar na única poltrona do salão, mas sem deixar de mirar os olhos da mãe.  – Ele nunca me deixava sentar aqui. – fala ele, dessa vez sorrindo triste. Gina chegou mais perto e o encarou.


- Me perdoe, filho. Saiba que eu também te amo.


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 Assim que mãe e filha se encontraram, um enorme peso saiu das costas de Hermione. Draco e Harry também estavam aliviados. Hermione abraçou a filha como nunca havia a abraçado, as duas estavam muito emocionadas. “ Nunca mais vamos nos separar Rose, eu prometo”.


- A Tia Gina nunca me disse que tinha um filho. Por que ela escondeu de mim que eu tinha um primo, mãe?


- Não sei meu amor, mas isso não importa, agora seremos uma família. – tranqüilizou Hermione, embora ela soubesse que só teria paz quando tivesse a certeza de que Gina não iria perturba-la novamente.


Momentos depois, Harry e a equipe de aurores chegam ao castelo de Vladimir, não há nenhum vestígio de Gina. Ela havia escapado e não deixou nenhuma prova que a incriminaria pelo seqüestro. Rose ficou muito abalada quando soube da morte do primo (embora tenham tentado poupa-la da verdade, a menina escutou toda a conversa atrás da porta do departamento de aurores. Também havia escutado sobre a morte de mais uma pessoa: Um tal de Córmaco Mc Laggem, que ela não conhecia.)


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No quarto que antes pertencia a Astoria, na Mansão Malfoy, Draco e Hermione conversavam. Rose dormia tranquilamente no quarto que ela dividia com a mãe. Draco meditava sobre os recentes acontecimentos enquanto Hermione arrumava as coisas de Astoria, que, através de Harry, havia pedido que levassem todas as suas coisas para seu novo endereço, pois nunca mais colocaria seus pés naquela mansão. Draco resolve quebrar o silencio:


- Quando vai dizer ao Weasley o que houve?


- Nunca. Eu prefiro manter em segredo e não quero ver o Ron. Já estou farta de todos julgando minhas atitudes, principalmente ele. Desde Hogwarts ele sempre dava um jeito de controlar a minha vida. – disse Hermione sem parar de arrumar as coisas de Astoria.


- É, mas mesmo assim você quis se casar com ele. O que houve, mudou de opinião? – fala Draco, naquele tom de voz arrastado, típico de um Malfoy, mas ainda assim, curioso.


- Não seja ingênuo, Draco! Eu só me casei com ele porque ele passou a jogar Quadribol, ficou famoso, rico...Eu até que gostei dele quando eu tinha uns 15,16 anos, mas passou. Após a guerra eu já não sentia mais nada por ele.


- Nossa, quem diria! Hermione Granger uma... - fala Draco, divertido.


- Não ouse terminar essa frase! O que eu fiz pode ser considerado uma caridade! Afinal, o Ron me amava, a família dele também (bem, nem todos). Eu uni o útil ao agradável. Ele seria um bom pai, estaria sempre por perto para me proteger, mas...eu não tinha o menor desejo por ele. Então, quando ele viajava, eu tinha a casa inteira para mim. Deixava a Rose na casa dos Weasley e podia me divertir a vontade. – fala ela rindo e virando-se para Draco, que a encarava de modo sério e com uma pitada de sarcasmo.


- Mas com você é diferente. Eu te amo, independente de qualquer outra coisa. Desde que eu te conheci de verdade, minha vida não tem mais sentido sem você. – fala a morena, séria.


- Eu também sinto isso. – fala Draco a beijando de leve.


- E Astoria? Ela vai nos perdoar?


- Não sei. Mas vamos, quero te mostrar o quanto eu te amo. – fala Draco a beijando novamente e a levando para seu quarto.


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Passaram algumas semanas e Gina continuava desaparecida. Os Weasleys estavam muito preocupados, principalmente Ron, que havia sido informado pela família e estava fora do país. Ele não entendia por que Hermione não havia lhe contado nada. Molly o tranqüilizava, dizendo que talvez fosse porque não aconteceu nada com Rose, e isso só o preocuparia, impedindo-o de se concentrar na final do Quadribol. Quando foi a nunciada a morte do jogador que salvaria os Tornados, o time perdeu um pouco da esperança. O novo goleiro não foi bom o bastante e garantiu vitória dos Chudley Cannons. Com isso, Ron se tornou mais popular e rico do que jamais estivera.


Draco e Hermione resolveram colocar Rose em uma escolinha primária trouxa para que ela tivesse mais segurança e aprendizado, além de ser uma ótima chance dela se distrair um pouco, pois a menina ainda estava muito abalada com a perda do primo. Embora nem o conhecesse direito, Rose sentia um enorme carinho pelo garoto.


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- Sr. Malfoy, há uma visita para o senhor.


- Quem, Ellie?


- Aquela moça...que me enganou...ela disse que era tia da Rose... – fala a elfa envergonhada, com a cabeça baixa e as mãos tapando o rosto.


- Já falamos sobre isso, Ellie. Nada disso foi culpa sua. – fala Hermione consolando-a. – Draco, acho que devíamos deixa-la entrar.


- De forma alguma. Enlouqueceu? Não posso deixar que aquela maluca entre aqui. Devemos chamar os aurores imediatamente.


- Mas eu conheço a Gina, ela deve estar arrependida. Talvez a morte de Alexander tenha feito com que ela reveja tudo o que fez e ela veio em busca do perdão.


- Hermione as coisas não funcionam assim. Ninguém se arrepende de uma hora para outra. Ainda mais uma doida feito ela. Eu mesmo demorei um tempo para me arrepender do que fiz.


- Mas com ela é diferente. Eu a conheço desde Hogwarts, ela está arrependida, deve estar tentando negociar algum acordo. Por favor, deixe-a entrar. – fala Hermione olhando nos olhos de Draco. – Confie em mim.


- Está bem, mas chame os aurores. – fala Draco, suspirando derrotado.


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Gina adentrou pela sala. Marvin e Ellie saíram para avisar os aurores. A ruiva mantinha a aparência decadente que estava no dia do seqüestro.


- O que quer? – pergunta Draco com a varinha em punho.


- Abaixe a varinha. Eu apenas quero conversar. – fala a ruiva em tom calmo. Draco não mexe um músculo.


- Ande! Abaixe a varinha!


- Draco, por favor... – pede Hermione. Ele cede.


- Você não precisava fazer nada daquilo Gina, mas saiba que eu te perdôo. Eu ofereço a minha ajuda você...


- Cala a boca! Eu não quero a sua “ajuda”. Eu te odeio! Odeio o que eu me tornei e foi por sua culpa! – berra a ruiva, descontrolada.


- O que? Como assim culpa minha? Eu sempre te ajudei, desde pequenas eu sempre te aconselhei. Quando você ficou grávida eu...


- Você acabou e vez com a minha vida! Se eu pudesse voltar atrás eu nunca seguiria seus conselhos! A verdade é que você sempre teve todas as atenções voltadas para você e quis tirar o pouco que eu tinha!


- Gina você não sabe o que está dizendo. Eu sempre te vi como uma irmã.


- Mentira! – grita Gina com ódio. Ela estava totalmente fora de si. Sem pensar nas conseqüências, saca sua varinha e em uma fração de segundo, um jato verde vai na direção de Hermione. Draco entra na frente.


- NÃO! DRACO! – berra Hermione, chorando e soluçando ela cai ao lado do loiro. – VOCÊ É UM MONSTRO! – fala ela para Gina, que tremia de nervosismo e ódio. Algumas lágrimas escapavam dos olhos azuis.


Um baque anuncia que os aurores estão a caminho e chegarão na mansão rapidamente.


- Se eu não tenho escapatória e vou passar o resto dos meus dias apodrecendo em Azkaban, pelo menos eu tenho o prazer de te ver indo pro inferno! Vadia desgraçada. Avada Kedavra!


Assim que Hermione dá seu último suspiro e seu último pensamento é interrompido pela morte, os aurores chegam e prendem a assasina.


*************


Assim que foi informado, Ron aparatou até a Inglaterra para cuidar de Rose, que estava, como todos, muito abalada com todos os ultimos acontecimentos. O goleiro não absorvia a idéia de que sua irmã matara Hermione. Ele sentia uma dor enorme, ainda a amava e queria ter dito a ela o quanto gostaria que voltassem a ser uma família. Mas pelo que Harry disse, a morena não o faria.



Harry e Astoria prestaram muito apoio aos Weasleys. Depois de alguns meses eles se casaram e foram morar na França. Estavam muito felizes.


Ron interrompeu seu carreira para se dedicar totalmente a filha. Os dois viajaram pelo mundo por anos, até o momento em que ela ingressou para Hogwarts. Rose aprendeu diversos idiomas e muitas culturas diferentes.


***************


Durante todo esse tempo, Gina permanecia presa e ia de mal a pior. A presença sombria dos dementadores forçava suas piores lembranças a aterrorizar sua mente, a cada dia que passava o seu arrependimento crescia. Foi apontada como a maior vergonha da família Weasley, foi humilhada por outros detentos, dentre eles, Lucius Malfoy: “ Quem diria que a Weasley fêmea fosse capaz disso, agora todos sabem que você é tão podre quanto eu.” Conforme o tempo passava, ela mergulhava em um abismo. Dizia ouvir vozes e ver a imagem do fantasma de Vladimir a rondando e falando coisas a ela como leva-la ao inferno. “Já estou num inferno!” berrava ela, “Nem com a Granger morta eu me livrei dessa vida infernal!”.


Sua aparência era monstruosa: olhos vermelhos e olheiras profundas revelavam que nunca dormia. O corpo era reduzido a pele e ossos e seus cabelos, abaixo da cintura, desgrenhados e sujos como nunca estiveram antes.


Numa manhã ela foi encontrada morta em sua cela. Haviam marcas em seu pescoço que indicavam estrangulamento, os olhos abertos, o azul sem mais o brilho de outrora e arregalados indicavam surpresa, lábios entreaberto e a expressão de horror em seu rosto formavam uma máscara.  Ao lado do corpo, uma frase escrita com o próprio sangue da vítima: Você merece tudo que vai acontecer, meu amor.


******************


Ah... se pudéssemos contar
as voltas que a vida dá
pra que a gente possa encontrar um grande amor
é como se pudéssemos contar todas as estrelas do céu
os grãos de areia desse mar...


 


Num lugar desconhecido, onde havia uma leve brisa e uma iluminação convidativa misturado ao inebriante perfume e uma sensação de paz que só pertenciam a aquele recinto.


Uma jovem de cabelos e olhos castanhos unia suas mãos a um loiro de olhos cinzentos. Ambos sorriam e observavam o mundo que um dia pertenceram. Nem tudo havia saído como esperavam, muito menos como queriam, mas aprenderam que a vida sempre nos prega uma surpresa. O jeito era se conformar, afinal, como poderiam interferir no destino?


ainda assim, pobre coração, o dos apaixonados,
que cruzam o deserto em busca de um oásis,
arriscando tudo por uma miragem
pois sabem que há uma fonte oculta nas areias
bem aventurados os que dela bebem
porque para sempre serão consolados.



Somente por amor a gente põe a mão
no fogo da paixão e deixa se queimar
Somente por amor
Movemos terra e céu
rasgando sete véus
saltamos no abismo
sem olhar para trás
somente por amor
a vida se refaz


 


- Nem acredito que Astoria e Ron me perdoaram depois do que fiz. – fala Hermione séria observando Astoria e Harry felizes – Mas eu queria ficar com ela. – continua ela, dessa vez vendo Rose e Ron viajando juntos pelo mundo.


- Você está com ela. Sempre estarão juntas. – fala Draco segurando-a mais firmemente pela mão e fazendo-a se virar para ele.


- Amo você.


- Para sempre. – ele diz, tira uma mecha de fios castanhos de seu rosto e a beija.


 


Somente por amor a gente põe a mão
no fogo da paixão e deixa se queimar
Somente por amor
Movemos terra e céu
rasgando sete véus
saltamos no abismo
sem olhar para trás
somente por amor
a vida se refaz
E a morte não é mais... para nós...


 


 


                                               FIM






N.A.: Olá pessoas!!!


O que acharam? hein, hein?


Pois é, a fic acabou, depois de quase um ano!


Tenho que agradecer a vocês que leram e acompanharam essa fic, que comentaram e votaram e nos momentos em que tive um "bloqueio", me ajudaram e através de algumas palavras fizeram com que eu me sentisse disposta a prosseguir.


Muito Obrigada!!!



Artemis Granger: Obrigada por comentar, fico muito feliz que esteja gostandoda fic. Espero que goste do final! Beijos!!!



Beijos para todos!!!!!!



Isah Malfoy


 


 

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Comentários (2)

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