Capítulo 4



Desiré nunca teve sonhos tranquilos, para ela a noite era uma das piores partes do dia.


 


               Seus sonhos eram como um filme embaçado no qual os fatos eram borrados e sempre deixavam-na temerosa. Ela sabia que eles tentavam revelar algo que iria acontecer em breve o que a fazia se sentir mal por não conseguir decifrar a mensagem que estava aparecendo para ela.


               Essa visão mostrava um lugar muito escuro onde a única coisa que se conseguia ver era um pequeno pedaço de pergaminho iluminado apenas pela luz de uma vela muito pequena. Uma mão segurando uma pena se aproxima da área iluminada e escreve com uma letra muito refinada o nome 'Harry potter'. A visão tornou-se totalmente escura, um ponto distante de luz começa a ser revelado, é uma luz azulada que vai ficando cada vez maior e mais próxima... Um clarão amarelado repete-se muitas vezes perto da luz azul, era como se alguém tentasse quebrar uma barreira invisível para chegar mais perto... A garota consegue ver com exatidão agora, não se tratava de uma luz apenas, aquela era o cálice de fogo e essa sala escura devia ser o salão de hogwarts, mas o que isso queria dizer?


               Antes que a garota conseguisse pensar em uma resposta coerente ela pode ver uma mão iluminada pela luz azulada emitida pela taça jogar o papel onde anteriormente fora escrito o nome Harry Potter. Tudo ficou novamente escuro, mas ela pode ouvir muitos aplausos e um súbito silêncio e a inconfundível voz de Dumbledore gritando: Harry Potter.


 


               Desiré acordou com um solavanco, não era possível que essa visão fosse real... Ninguém nunca havia conseguido ultrapassar a barreira dos feitiços colocados na taça e pelo que a garota se lembrava Harry Potter não possuía idade suficiente para se candidatar ao torneio, muito menos para ser escolhido como um dos campeões... Definitivamente havia algo errado e ela já sabia com quem deveria conversar sobre isso.


               Desiré decidiu que não queria mais ficar deitada depois de acordar assustada por conta da visão, levantou-se e caminhou em direção aos jardins do castelo onde avistou um grupo de garotas de sua escola e resolveu se juntar a elas para se distrair um pouco...


               As garotas veelas tinham uma forma peculiar de se divertir, elas costumavam competir entre si para saber quem possuía mais poderes de influencia sobre os garotos mais concorridos do colégio, o alvo de hoje eram alguns alunos da academia Durmstrang que estavam praticando algum tipo de arte marcial no gramado. Geralmente nenhuma garota gostava de competir com Fleur, pois ela parecia sempre conseguir o garoto desejado, porém hoje Desiré notou que Fleur não estava na brincadeira e resolveu se arriscar apenas para desbancar certas garotas que se achavam muito importantes.
- Olá garotas! -Disse Desiré tentando se enturmar.
- Desiré, venha aqui nos ajudar com essa tarefa árdua que é seduzir os garotos - Disse Aimée puxando-a para seu lado.
- Claro que sim, essa é minha segunda tarefa favorita, a primeira seria falar sobre a vida dos outros é claro!
               Desiré fez com que todas as garotas concordassem em meio a risadas estridentes que chamaram a atenção dos garotos da Durmstrang.


- Garotas, menos! Lembrem-se que devemos seduzi-los com nossos poderes e não com nossas risadas super-não-Sexy's.


- Que os jogos comecem! - Disse Anne uma quarto-anista que desafiava constantemente Desiré e suas amigas nesse tipo de jogo...


               Desiré logo notou que os grupos já tinham sido formados, como sempre as garotas foram divididas entre 'amigas da Anne e amigas da Desiré' uma situação constante na academia na qual a garota estudava, Anne era uma garota irresistivelmente antipática, linda é claro... algo parecido com a Barbie Malibu e seu bronzeado artificial.


- Que os jogos comecem - Concordou Desiré retribuindo o olhar de desdém de Anne


               Os garotos pareciam entretidos com sua lutinha masculina, mas nem essa enorme quantidade de testosterona e suor era capaz de deixá-los imunes ao poder de Desiré.


               Essa competição era baseada nos ganhos finais das garotas, cada conquista possuía uma pontuação e cada garoto também tinha seu valor... O time adversário escolhia o garoto que cada capitã deveria tentar conquistar e quem conseguisse o telefone dele mais rapidamente levaria seu time a vitória.


               Normalmente Desiré e Anne eram encarregadas de conquistar os dois garotos mais bonitos que estivessem por perto, Desiré orgulhava-se em possuir incontáveis números de telefone de garotos vitimas de tal jogo, porém tornava-se uma disputa desleal uma vez que Anne não respeitava as regras e usava truques sujos que Desiré se recusava a repetir.


               As garotas do time de Desiré decidiram que Anne teria a missão de seduzir ninguém menos que Victor Krum o famoso apanhador, tarefa a qual Desiré achou completamente fácil se tivesse sido dada a ela, uma vez que Melaynne poderia conseguir facilmente o telefone de Krum sem que ela precisasse nem chegar perto dele...


- Vida injusta! - Desiré não conseguiu conter a exclamação ao se lembrar desses detalhes sobre Krum.


- O que foi Desiré? Já está pensando em desistir? - Anne disse abrindo um largo sorriso.


- Nunca! E então quem vai ser minha vítima?


               Anne e suas amigas se reuniram e apontaram para um garoto fora do grupo da Durmstrang, alguém que Desiré não tinha visto antes e agora que o tinha visto estava começando a se perguntar como não tinha notado tal garoto?


- Aquele! - Disseram as garotas


               Desiré foi em direção ao seu alvo instantaneamente enfeitiçada por aquele garoto, ele parecia ser estudante de hogwarts, estava usando um uniforme preto e amarelo que parecia realçar sua pele levemente bronzeada que contrastava com seus olhos e cabelos negros, ele tinha uma beleza diferente aquelas as quais Desiré estava acostumada, tinha a elegância de um dançarino, porém com algo novo ,era um mistério para ela, um mistério que ela estava mais do que nunca disposta a desvendar.


               Enquanto se afastava de seu grupo Desiré pensava em uma forma de se aproximar do garoto, normalmente eles paralisavam quando ela chegava perto, seu poder das veelas em geral era posto em prática a partir do momento em que elas olhavam nos olhos do garoto desejado, mas com Desiré isso não era necessário, ela precisava apenas se concentrar no nome do garoto ou olhar uma foto e tudo estava armado.


               Ela estava indo de encontro ao garoto, eles quase colidiram, porém ele nem sequer olhou para Desiré, ela parecia um fantasma pra ele, algo invisível, se a garota não tivesse desviado certamente teria levado um esbarrão dele sem sequer receber um pedido de desculpas.


               Isso a deixou desolada, nunca ela perdera um desses jogos, era sempre tão fácil ela só precisava pensar no garoto e alguns minutos mais tarde ela já estava com o papel com seu numero de telefone. Qual era o problema desse garoto?


               Sentindo-se terrivelmente ignorada Desiré deu uma ultima olhada para traz certificando-se se aquilo não teria sido um incrível engano, porém a única coisa que a garota viu foi Anne colada em Krum abanando para ela um pedaço de pergaminho que certamente continha um numero de telefone... Sem parar para mais nada Desiré foi em direção ao colégio pensando se talvez conseguiria encontrar Melaynne para conversarem sobre os últimos acontecimentos de sua vida.


 


 


Melaynne teve exatamente a mesma visão que Desiré, porém ela estava acordada...


 


               Ela se sentou na cama segundos antes com a sensação a qual já estava mais que acostumada. A princípio achou que fosse um sonho, mas quando percebeu que estava olhando a cena com os olhos da pessoa descobriu que se tratava de uma visão. Com o final da visão e com o som cortante da voz de Dumbledore ecoando em seus ouvidos, não foi a dúvida sobre como a pessoa tinha ultrapassado a proteção do Cálice que prevaleceu. Em suas visões, mesmo quando ela via a cena pelo olhar da pessoa, ela sempre soube quem era. Mas nessa visão, ela apenas via a cena sem saber de quem se tratava.


               Melaynne passou a noite em claro tentando se lembrar de cada detalhe da visão a fim de descobrir quem era a pessoa que colocara o nome no Cálice. Não poderia ser o próprio Harry Potter. Ele não tinha idade e muito menos conhecimento suficiente de feitiços para passar pela faixa etária.


               Com seus pensamentos e a insônia que acompanhava as suas dúvidas Melaynne se levantou e foi tomar um banho já que tentar dormir sempre a deixava mais irritada. Decidida a não ficar mais em seu quarto, pegou o seu caderno de desenhos e foi para o castelo. Escolheu ficar no salão principal que estava decorado para a festa das bruxas e como era a única no salão, se aproveitou disso para passar para o papel cada detalhe do salão.


               Como o desenho sempre a distraia, ela nem viu o prato com frutas em sua frente e nem reparou que o salão estava enchendo. Olhando fixamente para o seu desenho tentando ver algum erro ela ouviu:


- Caiu da cama? - Era Draco, ele parecia estar de bom humor. “Como as pessoas podem estar de bom humor logo de manhã?” – pensou Melaynne. Ela não estava com seu melhor humor hoje.


- Na verdade eu nem dormi.


-Porquê? – Perguntou Draco se sentando ao lado dela e pegando uma fruta.


- Insônia. E você? Teve insônia também ou está muito ansioso?


- Na verdade nenhum dos dois. Acho que apenas acordei cedo demais. – disse Draco sorrindo.


   Melaynne reprimiu um bocejo e fechou o seu caderno.


- Hum... Eu posso ver o seu caderno? – Draco perguntou como se sua educação estivesse enferrujada.


-Claro.


   Melaynne abaixou a cabeça sobre a mesa esperando tirar um cochilo enquanto Draco parecia fascinado com os desenhos.


- Hum... São seus pais? – Perguntou interessado.


-Sim.


- No quê eles trabalham?


- Ahhh, minha mãe é médica no hospital da minha cidade e meu pai trabalha no ministério com leis para feitiços. - Melaynne estava com tanto sono que estava difícil manter uma conversa.


- Hum... sangue-ruim. –disse Draco com desgosto colocando o livro de desenhos de volta a mesa.


-O quê? – perguntou Melaynne perplexa.


- Nada não. – respondeu Draco tentando mudar de assunto.


- Eu ouvi o que você falou!


- Eu pensei que apenas os bruxos de sangues puro estudassem em Durmstrang!


-Então é por isso que você começou a falar comigo?! – perguntou Melaynne meio ressentida. – Por puro interesse?!


               Draco deu-lhe um olhar que confirmou a pergunta e não disse mais nada. Melaynne viu Desiré parada na porta do salão a garota parecia estar se decidindo entre interromper a conversa dos dois ou esperar então pegou seu caderno e se levantou para encontrar Desiré, mas Draco a segurou pelo pulso e a fez parar.


-Sim? – perguntou Melaynne grosseiramente.


- Hum... Você não comeu nada. – disse Draco timidamente soltando o pulso de Melaynne;


-Eu não como de manhã - respondeu bruscamente e foi ao encontro de Desiré deixando Draco com seus pensamentos.


 


Desiré podia ver que Melaynne havia se levantado e após uma pequena interrupção de Draco, foi em direção a garota com uma expressão chateada.


 


- Você me parece irritada. - observou Desiré.


- Ah... O Draco falou uma coisa que eu detesto ouvir.


-E o que foi?


-Sangue-ruim. Eu falei que minha mãe é médica e ele soltou essa.


- E qual o problema dela ser trouxa?– disse Desiré.


- Não, não! Ela trabalha no hospital dos bruxos. Mas ele não precisa saber disso!


-Concordo. Não é legal ele só falar contigo porque acha que você tem sangue puro.


- Então, você teve a visão né?- Sussurrou Melaynne.


- Sim, mas foi estranho.


               Melaynne e Desiré foram caminhando para fora do castelo e pararam embaixo de uma árvore para poderem conversar melhor.


-Eu tenho certeza de que não foi o Potter que colocou o nome no cálice. – disse Melaynne.


-Eu também acho isso! Você viu o tamanho daquela mão?


- Uma mão estranha. Não parecia gorda e nem magra. – disse Melaynne.


-Nós precisamos ver o Harry de perto!


-Concordo! Mas como vamos chegar até ele?


- Vamos puxar assunto com a amiga dele. Deve ser mais fácil. – disse Desiré.


-Ela parece gostar muito de ler. Deve ficar sempre na biblioteca. – disse Melaynne tirando o sobretudo do seu uniforme.


- Nossa! Embaixo do uniforme tem mais uniforme. – riu Desiré reparando que Melaynne usava uma regata preta e uma calça vermelha com botas.


- Eu ODEIO esse uniforme! – disse Melaynne se deitando na grama.


-Eu nem posso imaginar o por que. – Dissimulou Desiré


-Podia ter uma sainha né, para as estudantes... Mas não...Bom, eu já contei o que me aflige, agora é a sua vez. Porque você me parece chateada? – Perguntou Melaynne


- Eu acho que não sou tão boa com meus poderes como eu costumava ser, sabe essa coisa de ser metade veela... - Desiré parecia realmente chateada.


- Nossa eu sempre quis saber sobre os poderes de uma veela!


- As veelas conseguem atrair a atenção dos homens facilmente e assim sendo temos um tipo de jogo interno sabe?


- Eu posso até imaginar do que se trata – Disse Melaynne se lembrando de algumas garotas veela que ela viu mais cedo no gramado tentando seduzir garotos suados de sua escola.


- Eu nunca tinha perdido uma partida, no máximo empatado, porém hoje foi diferente.


- Diferente como?


- Meus poderes são muito superiores aos das garotas da minha idade, deve ser algo ligado a minha diferenciação física, pois não sei se você notou, mas eu sou a única descendente de veela com cabelos escuros por aqui, e talvez a única que possa existir tirando é claro minha mãe.


- Humm


- Bem normalmente eu consigo conquistar um garoto apenas me concentrando no nome dele e ele não precisa nem estar perto de mim, garotas veelas normalmente precisam ter um contato visual direto para conseguir seduzir seu pretendente, mas hoje foi tudo diferente, elas escolheram um estudante de hogwarts que eu nunca tinha visto, ele era o que podemos definir como perfeito, mas nem sequer olhou pra mim.


- Defina perfeito – disse Melaynne com um olhar investigativo.


- Pele levemente bronzeada, postura de um dançarino de tango, olhos e cabelos totalmente pretos, boca carnuda que estampava o sorriso mais angelical que eu já vi, mas aquele sorriso não era pra mim. – Desiré parecia enfeitiçada por tal garoto.


- Amiga é por isso eu sempre gostei dos loiros! - Melaynne estava tentando animar sua amiga, porém os resultados não estavam sendo muito positivos.


- Normalmente nada interfere nos meus poderes, nunca achei alguém imune a eles e devo confessar que quando fui ignorada tentei usar a minha influencia mental contra ele, porém nem isso pareceu afetá-lo.


- Epa! Influencia mental?


- Sim, os poderes das veelas não se limitam apenas em seduzir galãs indefesos. Veelas são capazes de invocar redemoinhos e tempestades quando estão nervosas e também possuem conhecimentos extraordinários sobre a cura e remédios naturais. Isso sem contar é claro minha habilidade exclusiva de influencia mental e sentimental.


- Nossa sabia que podemos ter mais em comum do que apenas nossas visões? – perguntou Melaynne.


-Como assim?


-A família da minha mãe descende de bruxas antigas e poderosas. E de 27 em 27 gerações a mulher da família fica com certos poderes.


-E que poderes são esses?


-Minha mãe diz que muda de geração para geração, mas que é algo relacionado aos quatro elementos e a cura.


-E você é a mulher dessa geração?


-Bom... Minha mãe e minha avó sempre falam que sim. Elas costumam pegar a arvore genealógica da nossa família para contar as gerações, e eu sempre caiu no número 27. – respondeu Melaynne envergonhada.


-Então você é... Vai me mostra um poder legal aí. – disse Desiré toda empolgada.


-Acontece que eu não tenho nenhum poder.


-Como não, se você é a da geração você tem que ter algum poder...


-É, mas não tenho. Minha mãe sempre me manda ler livros, fazer cursos de férias onde eu possa estar perto dos quatro elementos, mas nunca aflora nada.


-E o que você acha que tem de errado?


-Bom, deve ser o número de gerações. Porque segundo a história há uma bruxa da família que fugiu dos poderes. – finalizou Melaynne.


-Você fica chateada por não ter os poderes? – perguntou Desiré preocupada.


-Na verdade não. Eu já estou mais que satisfeita apenas com as visões. – Melaynne riu e se deitou novamente.


               Desiré observou que Draco estava andando em direção a elas, mas ele parou um pouco afastado com seus amigos.


- O Draco está olhando para cá. – informou Desiré.


- Pelo menos ele não teve a cara de pau de vir aqui.


               Desiré ficou observando os estudantes, tentando achar algo em comum entre eles enquanto Melaynne aproveitava os raios de sol que eram raros seu país quando de repente as duas tiveram um visão, mas foi tão rápido que parecia ser puro reflexo só deu tempo de Desiré se virar e pegar a varinha e Melaynne se sentar tirando a varinha de suas botas e as duas falaram as mesmo tempo: - Protego!


               E então repelido pelo feitiço duplo um balaço saiu voando em direção ao castelo. Desiré e Melaynne puderam observar que Draco e seus amigos pareciam chocados, pois não tinham visto o balaço, e na verdade nem elas.


-Ual... Você ainda está em forma! – Krum elogiou Melaynne. Ele estava acompanhado do Kaaio.


-Você está louco? Isso ia nos machucar. – gritou Desiré.


-E você também seria uma ótima jogadora de quadribol. – Disse Kaaio


- Dá próxima vez você me avisa quando quiser treinar! – retrucou Melaynne.


E então, vindo todo imponente em direção aos amigos estava Dumbledore com o balaço nas mãos.


- Ora, ora, ora! Senhorita Ivanitch e Thierry, eu não sabia que apreciavam um bom jogo de quadribol.


- Na verdade senhor, eu jogo. Sou batedora no time de Durmstrang.


- E você Senhorita Thierry, não se interessa por quadribol?


- Não, senhor. Mas gosto de assistir.


Dumbledore jogou o balaço para Krum.


-Acho que isso lhe pertence apesar de não ser a sua favorita.


-Obrigada, senhor. – disse Krum.


-As senhoritas poderiam me acompanhar até a entrada do castelo?


- Claro. – responderam as duas.


Dumbledore as guiou em direção ao castelo e quando Desiré ia pedir desculpas pelo balaço o diretor disse:


- Não há necessidade para desculpas, afinal ninguém se feriu. Mas sei que vocês têm algo a dizer sobre a noite passada.


Houve um silêncio e então Desiré falou:
- Nós tivemos outra visão! Nós vimos alguém depositar o nome do Harry Potter no Cálice.
-E achamos que não foi ele quem colocou. – Completou Melaynne.
-Harry Potter? Com todo o respeito ao dom de vocês, mas isso é impossível. Eu posso garantir que ninguém com idade abaixo do permitido colocará o nome lá. Acho que dessa vez, vocês tiveram uma visão errada. – Dumbledore fez uma pausa. - Em todo o caso, eu espero vocês no meu gabinete as 16Hrs... Vamos tirar tudo isso a limpo de vez. – finalizou Dumbledore ainda sem dar muito crédito as visões. Elas o observaram entrar no castelo caladas.
- Visões erradas? – perguntou Melaynne.
- Nunca – repetiram as duas juntas, indo em direção ao grupo de pessoas que cercavam Krum.
-E aí? O que Dumbledore falou? – Krum fez a pergunta que parecia estar na ponta da língua de todos que o rodeavam.
- Ele falou para ter mais cuidado para próxima vez. – mentiu Desiré.
- E falou que você é um ótimo apanhador. – disse Melaynne, sabendo que Krum ficaria satisfeito. E então se sentou.


-Ual! Eu nem sabia que Dumbledore entendia de quadribol. – disse Kaaio.


-Nem eu! – Disse Krum – Vamos tomar café da manhã?


-Ah Vamos! – disse Desiré – Você não vem Mell?


-Ah não! Obrigada.


- Ela geralmente não toma café da manhã. – explicou Kaaio.


               Melaynne deitou novamente no gramado aproveitando o sol que tanto gostava e quando achou que estava sozinha ouviu uma voz feminina:


-Você não vem Draco?


-Ah não. Eu já comi.


               Melaynne decidiu ignorar o fato de que Draco ainda pudesse estar ali e se concentrou na visão, tentando achar algo que poderia ter passado despercebido, mas foi em vão.


- Você tem um ótimo reflexo.


Melaynne reconheceu a voz de Draco e se levantou meio assustada, pois pensou que ele já havia saído dali.


-Hum... Obrigada.


-Não sabia que você jogava como batedora... – tentou Draco


- É... eu sou batedora. E você joga? - Melaynne perguntou tentando parecer indiferente enquanto se abaixava para pegar o seu sobretudo e ir para o navio.


-Sim, eu sou apanhador.


- Hum... Legal! Você deve ser bem rápido! – disse enquanto tentava se lembrar onde havia deixado o seu caderno de desenhos.


-É, acho que sou. – Draco falou com uma falsa modéstia.


-Tem que ser né?!


Melaynne começou a ficar meio desesperada por ter perdido o seu caderno. Havia tantos desenhos lá...


-Procurando isso? – Malfoy estava com o caderno nas mãos. – Você tinha deixado ele no chão e como eu achei que você iria para a sala do Dumbledore peguei para te devolver depois.


- Muito obrigada!


- Não que eu me importe, isso estava apenas sujando o gramado.


-Não deveria ter se incomodado então. – retrucou a garota. – Hogwarts não ia se incomodar de ter um caderno em seu jardim.


-O problema não é o caderno em si. E sim a quem ele pertence. – Draco parecia irritado por achar alguém que o enfrentasse.


- Bom, a não ser que você goste de desenhos feitos por uma mestiça e queria dar outra olhada, eu gostaria do meu caderno de volta.


-Você está brincando né? Esse tipo de gente nem ao menos sabe o que é arte.


-Ah e você sabe?! – perguntou Melaynne rindo.


-Claro! Eu tenho o sangue-puro então tenho contato a todo tipo de arte. – disse Draco se gabando.


Melaynne se aproximou ficando frente a frente a ele.


-Então, com licença. – disse retirando o livro das mãos dele. – Eu vou deixar o ar mais respirável para você.


               Enquanto Melaynne ia para o navio, Draco a olhava irritado.


 


Enquanto isso, dentro do castelo, Desiré, Kaaio e Krum estavam sentados em uma mesa ao acaso, pois durante o torneio a divisão de casas fora extinta temporariamente para tornar a vida dos estudantes visitantes mais fácil deixando os alunos a vontade para sentarem em qualquer mesa que os agradasse... Assim sendo eles estavam degustando o café da manhã, apenas Desiré não parecia muito animada com a comida algo que Krum rapidamente percebeu e fez questão de alfinetar.


- Você ainda esta aborrecida por ter perdido o jogo? –Disse krum fingindo preocupação


- Não sei do que você está falando – Desiré rebateu


- Ah claro que sabe, Anne me contou que você foi rejeitada hoje...


- Ora seu garoto estúpido!


Desiré não pensou duas vezes e atirou em Krum um anormalmente grande muffin que estava a sua frente, contudo ele foi mais rápido que a garota e conseguiu desviar, porém um aluno que estava sentado logo atrás de Krum não teve a mesma sorte, se tratava de Ronald Weasley o garoto ruivo que estava acompanhado apenas por sua amiga nerd Hermione Granger que sentou estrategicamente em seu lugar de forma que Krum não precisava realmente se virar para olhá-la.


               O garoto que fazia questão de bajular sempre que possível o apanhador da Durmstrang diferentemente de uma reação normal parecia idolatrar o Muffin apenas porque aquilo fora destinado a acertar a cabeça de seu ídolo, atitude comparável a de garotas que guardam os chicletes mascados por astros teens.


- Você esqueceu que sou o melhor e mais ágil jogador de quadribol da história? E eu também não tenho culpa se ele te rejeitou – Krum disse isso tentando chamar atenção da garota que estava logo atrás dele


- Vocês querem parar? Todos estão olhando pra nós e não é porque estamos sentados com o maior jogador da história! – Kaaio disse parecendo realmente embaraçado com a situação


- Eu não fui rejeitada! Anne não sabe o que diz... Eu nem conheço aquele garoto e nem quero conhecer.


- Sério? Porque eu realmente o conheço, não muito bem, mas eu tenho enorme simpatia por ele, ainda mais agora! –Krum deu ênfase em suas palavras finais somente para irritar ainda mais a garota.


- Kaaio o que você mais admira em alguém?


-Adoro pessoas de bom humor! – respondeu Kaaio


- Ótimo


Sem dizer outra palavra Desiré se desligou daquela conversa e do ambiente a sua volta, ela apenas queria dar uma lição em Krum e usaria a idéia de Kaaio como base para sua armação, a garota pensou em algo que a deixaria de muito bom humor e teve uma idéia. Olhando fixamente para Krum ela pensou em um grande recipiente cheio de gás hilariante e os efeitos que ele poderia causa em seu amigo intrometido.


Krum estava comendo normalmente, parecia satisfeito por ter irritado Desiré, quando de repente em meio a um gole de seu suco de abóbora ele engasgou.


- Krum, você está bem? - Desiré perguntou fingindo a mesma preocupação demonstrada por Krum a respeito de seus problemas sentimentais.


Kaaio que não havia notado o amigo parou repentinamente de comer no momento em que olhou para o rosto de Krum que agora estava ficando roxo algo parecido com um bebê gorducho sem fôlego.


-Krum? - Kaaio se levantou para conseguir ajudar seu amigo


Desiré não conseguia conter seu riso ao ver o olhar de pavor que Krum lhe lançava. Ela começou a rir e Krum que parecia prestes a estourar soltou uma enorme gargalhada, não era uma risada normal, era até assustador de se ver ele ria, gargalhava cada músculo de seu corpo parecia se contorcer rindo também, ele estava intoxicado com seus risos e não conseguia parar.


- Kaaio foi uma ótima idéia, acabo de perceber que também adoro pessoas de bom humor!


Sem dizer mais nada Desiré levantou-se enquanto todos no salão olhavam perplexos com o ataque de risos de Krum, ao passar do lado do garoto Desiré tocou em seu braço e apenas disse ‘pare’ em um sussurro quase inaudível que fez com que o ataque de riso se extinguisse repentinamente...

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