Maratona à meia-noite

Maratona à meia-noite



       A sessão reservada estava às escuras e o ar gélido, duas jovens observavam a prateleira mais alta da última estante.       
       – Eu cuido disso! – disse a garota de cabelos castanhos, a outra jovem tentou impedir, pois sabia que os feitiços da amiga sempre saíam às avessas, mas Anne já havia sacado a varinha. – Wingardium Leviosa! – Em menos de cinco segundos livros e livros foram arremessados ao chão.       
       – Eu disse pra você deixar a magia comigo. – Falou a garota loira em falso tom de irritação ao mesmo tempo em que girava a varinha em direção a porta murmurando: - Abaffiato! – Antes que todos os livros tocassem o chão com um estrondo.       
       – E agora o que a gente faz? Duvido que a gente ache aquele livro nessa bagunça! – A voz de Anne soava culpada. – Imagina quando descobrirem que todos os livros foram parar no chão. – Após ter ficado observando a porta para ter certeza de que ninguém as ouvia, Alyx voltou sua atenção para os livros.       
       – Qual é mesmo o nome do livro? – Perguntou ela pegando um dos livros.       
       – “Como se tornar um animago”! Já disse mil vezes, você nem presta atenção no que eu falo, né? – A garota pegou um livro qualquer e tentou tacar na cabeça de Alyx porém, a garota agiu instintivamente colocando a cabeça de lado para não ser atingida. Em seguida parou para refletir.       
       – Já sei! – Murmurou ela. – Accio Animagus Livrus. – Um livro enorme de capa preta vôou na direção de Alyx.       
       – Agora, por favor! Vamos dar o fora daqui. – Quando Anne terminou de falar já estava abrindo a porta. – Dá pra vir logo, esse lugar me dá arrepios.       
       – Psit! Fique calada. Eu só vou... – Mal havia terminado a frase e algo entrou pela porta. – A gata do Slughorn. CORRE! – Disse ela saindo em disparada pelos corredores. 
       Apesar de Anne já estar na saída, demorou alguns segundos para entender o que a amiga havia dito, tempo suficiente para que antes que ela corresse um braço a segurasse, era Slughorn.
       – Oi professor! É sempre um prazer revê-lo. – Disse Anne tentando dar o seu melhor sorriso. 


       Alyx no meio do caminho percebera que não estava sendo seguida pela amiga. Ela então voltou para a biblioteca e viu Slughorn segurando o braço de Anne. Como o professor estava de costas foi tudo muito fácil. Ela deu um mínimo giro com a varinha e o professor tombou como se estivesse dormindo. Ela deu um pulo para trás para fugir do homem corpulento.       
       – Atacou um professor! – Anne olhava atônita para o professor estatelado no chão. – Vão expulsar a gente. – A garota começou a correr e logo acompanhada de Alyx. – Que demais! Isso foi a coisa mais emocionante que Hogwarts já viu. - A loira olhou séria para a amiga.       
       – Você tem problemas, sérios problemas. – Antes de terminar de falar, Anne já estava correndo. As duas estavam em um corredor quando Alyx esbarra em alguém.       
       – Hey, você não... Six? – Alyx estava olhando para um garoto de cabelos propositalmente bagunçados e olhos azul-acinzentados, ele a encarava com um leve sorriso no rosto.       
       – Alyx, o que você está fazendo nos corredores da Grifinória? – Ela olhou-o espantada.       
       – Grifinória? – Depois olhou severamente para Anne.       
       – E o que você está fazendo andando pelos corredores há esta hora? – Anne olhou interrogativa para o garoto como se fosse à pessoa mais inteligente do mundo.       
       – Eu pergunto o mesmo pra vocês. – Ele deu aquele sorriso maroto que Anne e Alyx conheciam bem.       
       – Ah... A gente tem que ir dormir... – Anne começou a puxar a amiga antes que Sirius falasse alguma coisa. Alyx começou a ser puxada por Anne tão bruscamente que deixa o livro cair. Sirius imediatamente o recolhe.       
       – Aham, o que é isso? – Pergunta ele como um professor que acaba de encontrar uma bomba de bosta.       


       Alyx se livra do puxão de Anne e tenta recuperar o livro sem sucesso, Sirius o levanta impedindo. Ele olha para cima lendo o título do livro.
       – Animagia? O que vocês querem com isso? – Perguntou ele em tom de ironia.        
       – Não... é... da... sua conta. – Responde Alyx entre pulinhos. Ela tira a varinha do bolso. – Expelliarmus! – O livro voou da mão de Sirius enquanto Anne corria e pegava o livro.       
       – Ah, droga! – Disse a garota enquanto segurava firme o livro no peito. – CORRE! – Uma luz no fundo do corredor indicava que havia um professor por perto.       
       – PERNAS PRA QUE TE QUERO?! – Gritou Sirius enquanto corria pelo corredor. Anne e Alyx começaram a correr atrás do garoto.       
       – O que a gente faz? – Alyx pergunta para Anne e Sirius.       
       – Vamos nos separar. – Disse Sirius. Os três pararam em um vão de corredores. Alyx foi para o lado direito, Sirius seguiu reto e Anne foi para o lado esquerdo.        
       Os três prosseguiram correndo e cada um subiu uma escada diferente. Sirius estava subindo uma que levava de encontro a um retrato, Anne, uma que subia diagonalmente para uma porta antiga, e Anne uma que levava para o banheiro masculino. Quando as duas estavam na metade da escada, elas começaram a se mover em direção ao retrato, parando com estrondo. Na mesma hora, Sirius sussurrou algo para a mulher pintada no quadro, e uma passagem se abriu. Anne e Alyx não pensaram duas vezes e entraram seguiram Sirius entrando pela passagem.        
       – Por Merlin! O que foi isso? – Comentou Anne quando parou para respirar. Curvou-se e colocou as mãos sobre os joelhos tentando pegar ar.       
       – Nunca mais repita isso, An. Nunca! – Disse Alyx, com uma mão na parede, também buscando encontrar algum oxigênio. As duas notaram finalmente que tinham parado de correr, mas não sabiam onde estavam. Quando as duas se entreolharam uma voz cortou o silêncio.       


       – Diabos! Alguém pode me dizer o que vocês duas estão fazendo na Sala Comunal da Grifinória? – Perguntou Sirius, irritado e ofegante. Ele estava sentado em uma poltrona vermelha olhando para as duas garotas. 
       – A GENTE TÁ NA SALA DA GRIFINÓRIA! – Anne falou paulatinamente, ignorando a pergunta de Sirius.       
       – Isso daqui é bem menor do que eu pensei. – Disse Alyx olhando ao redor e empinando o nariz. A sala em que os jovens se encontravam era praticamente toda vermelha, e muitos dos objetos e móveis que ali se encontravam possuíam um brasão com um leão.        
Sirius olhou para Alyx com um sorriso maroto nos lábios.        
       – E você esperava o quê?        
       – Ora, o da Sonserina é duas vezes maior. – Sobressaiu-se Anne, olhando as paredes e mexendo em um vaso sobre uma mesinha de madeira clara, com uma toalha redonda vermelha sobre ela.       
       – Isso não vem ao caso. – Argumentou Sirius à contra gosto. – Vocês têm que sair daqui.       
       Foi então que seus olhos caíram sobre um objeto retangular, repousando sobre um sofá na frente da lareira. Seu título crispava a luz das chamas. Anne havia-o largado ali em cima quando chegou à sala vermelha, Alyx seguiu o olhar de Sirius e viu o livro. Não sabia o que fazer. Pegava o livro e saia correndo para algum lugar? Ou dava explicações a Sirius? Sirius percebeu que Alyx também estava olhando a capa reluzente.       
       – Acho que vocês não responderam a minha pergunta. – Disse ele maliciosamente. Anne que estava observando o brasão desenhado nas cortinas com certo ar de nojo, olhou para os dois.       
       – Que pergunta?       
       – O que vocês querem com esse livro? – Sirius mantinha os olhos fixos nos de Alyx, ele podia sentir a respiração dela se acelerar, e seu lábio tremer levemente. Este era um defeito, seu lábio tremia toda vez que ficava nervosa e sua única saída seria mentir. Claro que ninguém, exceto Anne sabia desse  
probleminha, senão ela já teria se dado mal há muito tempo.


       – Ah. – Anne olhou para Alyx e seguiu seu olhar que ia em direção ao livro que havia deixado em cima do sofá. A garota não podia falar a verdade. – O saber é uma grande virtude. – Anne leu em um pergaminho que estava em cima da mesa. – Agora se não se importa a gente vai indo, porque essa não é... – Ela falou isso enquanto pegava o livro. Mas era claro que o garoto não ia deixá-las sair sem dar uma explicação.
       Alyx olhou para Anne ao mesmo tempo que Sirius, as duas sabiam muito bem que não sairiam dessa sem dar uma boa explicação, ou contar uma boa mentira. Sirius segurou o braço de Anne, e retirou o livro de sua mão. Ela não poderia fazer nada a não ser deixar, afinal, era uma sonserina na sala da Grifinória. Se fizesse um escândalo, os alunos que dormiam acima de sua cabeça acordariam, e fariam tanta algazarra que chamaria a atenção dos professores. As duas levariam uma bela detenção por estarem fora de suas casas, e terem entrado na Sessão Reservada no meio da noite.       
       – Escute, esse livro é para um trabalho do professor Slughorn. – Respondeu Alyx rapidamente, num ato desesperado e em meio a uma descarga de adrenalina provocada pelo excesso de Hidromel que tomou em Hogsmead naquela tarde de visita.        
       Anne bateu a mão na testa em sinal de 
me rendo. Sirius olhou seriamente para Alyx que tremia igual vara verde, pois sabia que tinha inventado a pior desculpa da sua vida. Ele ficou esperando que a resposta real aparecesse, enquanto balançava o livro na mão. 
Alyx sabia que não conseguiria sair dali sem o livro e a boa vontade de Sirius.       
       – Está bem, queremos nos transformar em animagas. Satisfeito? Agora devolve o livro. – Ela estendeu a mão, esperando. Sirius paralisou, e Anne ficou de boca aberta. Sirius começou a gargalhar, e as duas se entreolharam espantadas.       
       – Ah, droga! Odeio os Black's. – Anne disse enquanto sacava a varinha e conjurava o feitiço. – Accio Animagus Livrus – Em momento o garoto tinha sobrancelhas e no outro ela não estava mais lá.       


       – Devia praticar mais isso Anne. – Disse Sirius, aparentemente sem perceber o efeito que o feitiço da garota havia causado nele.
       – Tenho mesmo. – Disse Anne fazendo uma careta. – Agora se você não se importa pode nos entregar o livro pra eu poder ir praticar na Sala Comunal da Sonserina. – As últimas palavras foram faladas em um tom de superioridade.        
       Sirius suspirou e entregou o livro à Alyx, aparentemente temendo que Anne fizesse algum feitiço que realmente causasse um efeito perceptível. Alyx pegou o livro e olhou séria para Sirius, havia algo em seus olhos, agora ele desviava-os dos seus. Anne acabou com o momento puxando Alyx pelo braço até a saída. Ela parou e notou que não poderia sair, começou a empurrar puxar e até tirou a varinha para fazer um feitiço. Alyx imediatamente baixou sua varinha.       
       – Sirius, você poderia abrir a passagem para que An não exploda a Sala? – Perguntou ela seriamente, mas com certo tom sarcástico na voz, digna de uma sonserina.       
       – Claro. – Respondeu ele.       
       
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       Alyx e Anne se encontravam no corredor das masmorras, após certificarem-se de que não havia nenhum professor rondando aquela área.        
       – Por que você falou pra ele? – Perguntou Anne que estava chateada por Alyx ter falado a verdade para Sirius.        
       – Você tinha uma saída melhor? – Alyx segurava a varinha, apontando para frente, sua ponta iluminando o caminho. Anne estava abraçada com o livro como se ele fosse uma preciosidade. A jovem de cabelo castanho já ia responder, mas ao encontrar o olhar da amiga notou que sua idéia não seria das melhores.       
       – Sumir com as sobrancelhas dele realmente ajudaria. – Comentou ela, prevendo a resposta de Anne. Ela prendeu o riso antes de chegar à entrada da Sala Comunal da Sonserina.       

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