O... Fim?



Capítulo 9 - O... Fim?


Helene olhava-se no espelho. Não via ninguém que reconhecesse.


Flashback


Dois dias atrás...


- Não sei por que resolvi acompanhar-te. - reclamou Linda de braços cruzados.


- Porque agüentar isto sozinha seria terrivelmente... Sufocante. - respondeu a castanha cabisbaixa. Linda parou e fez Helene encará-la.


- Por que, Helene? Por que tinha de ser assim? - sua voz saiu tão sôfrega que Helene a abraçou apertando-a em seus braços e sentiu a pele molhada pelas lágrimas da amiga. Lutando contra as próprias lágrimas, respondeu-lhe.


- Oh, minha irmã! Sabes que se pudesse eu estaria ainda hoje no lombo do cavalo dele deixando para sempre este lugar. Deixando para ti o teu príncipe. Mas meu pai não suportaria. - Linda a encarou e mais uma vez Helene sentiu o coração sendo comprimido dentro do corpo.


- Sabes melhor do que ninguém que a moléstia que atingi a teu pai é a da chantagem.


- Sim, eu sei. - suspirou.


- Então por quê?


- Tu sabes que eu não agüentaria a culpa que levaria comigo caso algo lhe acontecesse verdadeiramente. - Linda encarou-a por alguns instantes, em seu olhar a sombra da derrota. Helene tentou sorrir, mas o que viu atrás de sua amiga fez morrer nos lábios o sorriso não formado.


- Helene? O que estais a... - Linda virou-se na mesma direção da amiga e o viu. Se é que era possível, estava ainda mais bonito trajando roupas claras e de corte elegante. Ele as olhou e cravou o olhar em Helene que não conseguia desviá-lo. Ele andou até elas, sério como nunca o tinham visto, nem mesmo no dia em que lutara contra os bandidos naquela terrível noite.


- Senhoritas. - fez uma mesura com a cabeça e seguiu caminho. Sua voz era glacial. Fora tudo muito rápido, mas para Helene ele não poderia ter sido mais indiferente. Linda a olhou e, percebendo que a amiga não tinha condição de ir à prova do vestido de casamento, chamou uma carruagem para levá-las de volta para casa.


Já dentro da condução Helene disse-lhe no que se mostrava ser seu último sopro de esperança.


- Antes ter morrido a ter de ver a indiferença no olhar amado. - enquanto falava uma solitária lágrima caia de seus olhos.


Fim do Flashback


Quem era a moça belissimamente arrumada e de semblante tão triste a sua frente? Como ela chegara até este momento que apenas de pensar lhe doía o peito?


Flashback


Noite anterior...


- HELENE! - Linda entrara tempestuosamente em seu quarto. - Helene! - estava esbaforida por tanto correr para achá-la. - Ainda pode existir uma chance. - seus olhos brilharam. Entregou-lhe um bilhete. Helene segurou o bilhete, porém não o leu. Olhou novamente para Linda.


- Por que eu deveria ler algo dele? - Linda a olhou o brilho dos olhos diminuindo gradativamente. - Nada mudará meu destino.


- Fuja! Se ele lhe pedir, fuja! - Linda acariciou-lhe o rosto. - Uma única vez na vida, minha irmã, pense em você e só em você. É lógico que eu sou suspeita a falar, pois sou interessada que este casamento não saia, mas eu não estaria dizendo isso se não soubesse que é o que queres. - Helene sorriu para ela. "Pelo menos uma vez."


Fim do Flashback


"Esse é meu defeito." Pensou amarguradamente. "Nunca pensei em mim. Abdiquei de coisas demais em pró dos outros." Suspirou pesadamente. "Hoje estou colhendo o que plantei."


Flashback


- Henry? - chamou-o retirando o capuz da capa que usava e entrando na cabana, sua maior aliada em seus encontros. Sorriu. Linda deveria estar arrumando suas coisas nesse instante.


- Pensei que não virias. - ao contrário do que Helene esperava, a voz dele parecia tão sem entusiasmo como a sua nos últimos dias, o que a fez perceber que a máscara de indiferença d'outro dia era apenas isso, uma máscara. Sorriu mais ainda. Ao vê-la sorrir Henry não pode resistir e retribuiu, abrindo os braços em um convite silencioso, que foi prontamente aceito por ela.


Permaneceram abraçados, apenas sentindo-se. A saudade sendo amenizada e os corações batendo em um mesmo ritmo. Por fim, Henry a afastou para olhá-la nos olhos.


- Senti saudades, morena. Podes me desculpar? Por tudo que lhe disse?


- Ah! Henry. Minha saudade é tamanha que nem lembro o que me disse. E tu? Ainda estás chateado com o que eu disse?


- Como poderia? - Helene abraçou-o mais uma vez, apertando-o contra si, não querendo solta-lo nunca mais. Delicadamente Henry a afastou novamente e mais delicadamente ainda alisou-lhe o rosto e beijou-lhe os doces lábios.


- Henry, eu preciso dizer-te qu... - ele voltou a beijá-la para mantê-la quieta. Ele não precisava de mais explicações. Sabia que a perderia. Só queria mais alguns momentos ao seu lado para, em momentos de solidão, aplacar a saudade.


- Não precisas falar mais nada, Helene. Só preciso ficar com você hoje, pela última vez. - Helene não pode deixar de sorrir.


- Eu vim aqui para dizer-te que se ainda quiseres, eu fujo. - Henry a olhou durante incontáveis minutos. Depois sorriu. Sorriu e a beijou, rodando com ela nos braços.


Fim do Flashback


Poderia sim ter sido feliz. Muito feliz. O que mais doía era saber que estragara não só sua vida, mas a de outras três pessoas. Tudo por culpa de seu medo. Tudo por culpa de seu maldito medo da vida.


Flashback


Estavam se beijando há poucos minutos quando a porta da cabana fora aberta com violência. Separaram-se rapidamente, mas Henry permaneceu segurando-a, como que para protegê-la. Ambos olharam para a recém chegada.


- Desculpem-me. - disse Luna notavelmente envergonhada e olhando os próprios pés. Helene e Henry sorriram.


- Não te preocupes, minha irmã.


- Helene... - Linda a olhou e Helene notou o rastro de lágrimas em seu rosto mais pálido do que o normal.


- O que... o que aconteceu? - perguntou a castanha com a voz tremendo.


- Seu pai.


Fim do Flashback


As lembranças a atormentavam. Cada uma mais dolorosa do que a outra.  Cada uma mais viva do que a outra.


Flashback


Deu um passo para mais perto da amiga. - O que aconteceu com ele?


- Desmaiou. Diz sentir fortes dores no peito. O medibruxo já foi chamado, mas ele insiste em vê-la. - Helene já estava indo embora quando Henry segurou-a pelo braço.


- Se fores, saibas que esta é a última vez que nos vemos, Helene. - seu semblante era sério e tenso.


- É meu pai, Henry. - sussurrou ela com os olhos marejados.


- Eu sei. E sei também que isso tudo é pura mentira. É apenas uma maneira de mantê-la presa a este casamento fadado ao fracasso.


- Eu preciso vê-lo. Preciso saber se ele está bem. - Henry a soltou e largou o ar com força.


- Tudo bem, morena. Vá vê-lo. Eu esperarei por ti no carvalho até as últimas horas da noite. Se não apareceres, vou-me embora. - Helene voltou para bem perto dele e acariciou-lhe a face antes de beijá-lo de leve.


- Eu irei. - disse docemente.


Fim do Flashback


Helene jamais se arrependera de nada que fizera ou dissera. Daquela vez, entretanto, se arrependeria pelo resto de seus dias por ter sido tão medrosa e compassiva.


Flashback


Entrou rapidamente em casa, jogou o manto que a cobria para Linda. Ela havia lhe avisada que dissera a seus pais que Helene resolvera sair para caminhar já que a noite estava muito quente. Correu até o quarto dos pais. Entrou sem bater e logo se jogou de joelhos ao pé da cama, segurou a mão de seu pai e beijou-a.


- Linda me disse que o senhor sentira fortes dores no peito. Estais melhor?


- Agora sim. Mas não sabes o susto que nos destes Helene.


- Eu estava a caminhar, meu pai. A noite está abafada e sentia calor.


- Os senhores Werneck estiveram aqui, Helene. - disse sua mãe em tom ríspido. - Ângelo não gostou nada de saber que saístes sozinha. Deverias ter levado Linda contigo.


- Linda estava cansada, minha mãe. Não é seu dever acompanhar-me cada vez que resolvo sair para caminhar.


- Então deverias ter levado uma serviçal. - retrucou completamente irritada. Helene ergueu-se antes de falar, deveras irritada.


- Sabes muito bem que repudio a ideia de usar seres humanos ao meu bem querer. Não acho justo carregar uma pessoa como se fosse um objeto, uma extensão de minha sombrinha. - disse revoltada.


- Mas é assim que vivemos!


- Não! É assim que vós vivestes. Ainda pensas que tens escravos, mas essa já não é mais a realidade. Eu nunca vivi com a escravidão.


- A realidade, Helene, é que tens serviçais que a obedecem, por isso trate de se acostumar.


- Eu não preciso acostumar-me a nada. - nesse momento o pai de Helene pôs a mão no peito e se pos a arfar. Ambas, mãe e filha, voltaram as atenções para o homem mais velho.


- Bas... ta. - disse com dificuldade. - Chega de discussões.


- Sim, meu pai.


- Hel, fica no teu quarto até amanhã quando forem buscar-te para o casamento. - Helene pensou imediatamente em retrucar, mas preferiu não brigar com o pai. De qualquer maneira ela sairia escondida. 


- Sim, meu pai. - repetiu, submissa. Saiu do quarto acompanhado da mãe.


- Helene.


- Sim, minha mãe.


- Teu pai quase morre por tua irresponsabilidade. Eu não deixarei que tu causes mais mal do que já causaste. - Helene sentiu um mal estar após estas palavras. Virou-se e seguiu para seu quarto.


Fim do Flashback


Deveria ter desconfiado de que sua mãe realmente falara sério ao dizer que não permitiria que ela causasse mais estragos. Mas fora crédula demais, pensara que, no fim, ela pensaria no bem de sua única filha ao invés da honra e das aparências.


Flashback


Era dez e meia quando todos no castelo foram dormir. Helene e Linda tinham preparado um bom plano. Linda iria à frente e verificaria se o caminho estaria livre, depois ambas iriam até a colina e por fim, após Helene ter partido, Linda voltaria para o castelo e dormiria. Na manhã seguinte, acordaria a todos e contaria sobre o sumiço de Helene. Assim, ninguém desconfiaria dela.


- Espere eu voltar para buscá-la. Não saia desse quarto, Lene. Se houver algum problema eu disfarçarei e depois tentaremos de novo. - Helene assentiu com a cabeça.


Linda saiu o quarto e Helene esperou os dez minutos mais longos de sua vida. Assim que viu a porta se abrir abriu um enorme sorriso. Sorriso este que morreu rapidamente ao ver o rosto mortalmente pálido de Linda.


- O que aconteceu? - Linda permaneceu sem responder. Helene chegou perto dela. - Lin, o que aconteceu?


- Há empregados montando guarda na porta e na janela do quarto. - dito isto escorregou até o chão e tapou a boca com a mão enquanto chorava compulsivamente. Helene permaneceu em choque até que a cruel realidade abateu-se sobre ela. Nunca mais veria Henry. Casar-se-ia com Rich e seria para sempre infeliz. Com estas últimas certezas cruzou o quarto e deitou-se, ainda vestida, em sua cama. Só então chorou. Chorou durante toda a noite.


Fim do Flashback


Talvez merecesse esse destino. Talvez sua excessiva compaixão fosse a forma de Deus fazê-la entender e aceitar seu destino. Aceitaria essa explicação se não fosse a dor que estava causando a outras pessoas. O Deus em que acreditava não seria tão mesquinho e cruel a ponto de fazer sofrer, de maneira tão horrível, quatro de seus filhos. Não! Deus não tinha nada a ver com isso. Fora ela mesma que deixara a situação chegar a este ponto, ela que deixara passar todas as oportunidades de ser feliz e fazer seus amigos felizes. E o que mais doía era saber que já não podia fazer mais nada. Não haveria outra chance.


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No salão de baile, os convidados dançavam e conversavam esperando a hora de se dirigirem ao jardim para o início da cerimônia. Rich encontrava-se entre seus pais e futuros sogros. Olhava Linda dançando com Simon Fuller, um de seus companheiros de farda. Ela não sorria e não conversava. Ele gostaria de poder ir até lá e levá-la embora consigo, para o mais longe possível.


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- Filha? - sua mãe entrara no quarto. - Como estás linda! - Helene a olhou com desprezo.


- Nunca mais me chame assim! - sua voz era tão fria quanto gelo.


- Helene! Com quem pensas estar falando?


- Realmente não sei. Achava que a conhecia, mas vejo que me enganei.


- Eu exijo respeito. Eu sou sua mãe.


- Não! Não és mais. Uma mãe lutaria pela felicidade da filha. Tu condenaste-me a morte. Agora saia! Já sei para onde me dirigir. - a Sra. Grey deixou o quarto da filha. Sozinha, Helene suspirou derrotada. Era o fim. Nunca mais veria o rosto de Henry.


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O sol estava quase se pondo no horizonte. Helene caminhava olhando para o chão. Cada passo custava-lhe tanto que cuidou que morreria ao final de sua longa caminhada até o altar. Alcançou o início da escadaria do salão de baile, olhou e o viu deserto, todos já deveriam estar no jardim. Desceu as escadas vagarosamente. Observou cada pequeno pedaço do salão, não tinha pressa e sabia que o noivo também não. Chegou as portas duplas que davam para o jardim. Parou e lembrou de uma conversa que teve com Dan.


Flashback


- Como é viver a vida sem medo? - perguntou Helene repentinamente.


- Achas que Henry e eu não temos medo? - perguntou Dan um pouco aturdido.


- Depois de enfrentar tudo que enfrentaram, duvido que ainda tenham medo de algo. Considero-os muito corajosos.


- Helene, coragem não é ausência de medo. Eu, e creio, Henry também vivemos apavorados. Sentimos medo de encontrar alguém melhor do que nós, medo de que alguém morra por nossa culpa, medo de que um erro nosso possa significar a perda de um amigo ou companheiro e, principalmente, medo de morrer. Nós não somos suicidas. O medo faz parte da vida e é bom ter medo, pois por termos medo pensamos melhor nas conseqüências de nossos atos e assim evitamos fazer muitas burradas. - virou-se totalmente para encará-la nos olhos. - Agora, o que faz um homem, ou mulher, corajoso é não deixar que o medo o domine e dite sua vida. É preciso saber lidar com o medo, é preciso saber que é necessário superá-lo.


Fim do Flashback


Atravessou as portas e saiu para o jardim...


...A imagem foi ficando cada vez mais clara... Mais clara... Mais... Clara...


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N/A: Gente, por favor, não me matem, ou pior, deixem de comentar! Eu sei que eles estão sofrendo horrores, mas eu prometo que as coisas vão melhorar.


No próximo capítulo: Hermione acordando... lalalá ^.^


Rosana: Ahh, mas é bem difícil pra ela ir contra o próprio pai. Não sei se eu conseguiria. E o pior é que ele sabe disso, por isso se faz mais ainda. ¬¬ Fora isso, espero que tenha gostado desse cap, apesar de eu achar meio difícil, já que é o que eu menos gostei de escrever. Bjô


Débora: Concordo em gênero, número e grau! ushaushaushuasua Que bom que tu gostou da pedra. Foi uma coisa muito louca. Simplesmente surgiu na minha cabeça. :D O pai da Helene é um caso pra estudo! Oin *-* fiquei muito, muito, muito feliz com os elogios. Muito obrigada, de coração! Sim, só ela. Pq a Trelawney meio que enfeitiçou ela. Bom, espero que tenha gostado do cap, apesar de eu achar meio difícil, já que é o que eu menos gostei de escrever [2]. Bjinho


Melissa Hashimoto: Quanto a eles ficarem juntos... Quem sabe, né?! ushaushaushuahs É um “sonho”, mas também uma lembrança do passado. Só uma noite mesmo. :D Muito obrigada pelos elogios. Espero que tenho gostado do cap, apesar de eu achar meio difícil, já que é o que eu menos gostei de escrever [3]. Bjo 


Mi: É Eduarda. Mas pode chamar de Duda! :D Ihh, acho que tu vai ficar mais triste ainda com esse cap, mas eu prometo que as coisas vão melhorar [2]. Prometo que a partir de agora eles não vão mais sofrer. Muito obrigada pelos elogios. ^^, Espero que tenha gostado do cap, apesar de eu achar meio difícil, já que é o que eu menos gostei de escrever [4]. Bjão

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