Minha Mais Difícil Aposta



— CAPÍTULO UM —


Minha mais


difícil aposta


 


Eu me sentia um perfeito inútil, pois podia pegar quem quisesse, mas meu alvo principal não.


Você, provavelmente, já ouviu falar de mim. Sou Tiago Potter, e um dos marotos. Tenho dezessete anos e estou cursando o último ano aqui em Hogwarts. Bem, o pior é que me sentia mais mal ainda por isso. Sei que você não deve estar entendendo nada, mas eu juro: Vou explicar, detalhe por detalhe, como foi que tudo aconteceu.


Era uma noite comum no dormitório dos marotos. Deitados estávamos, um em cada cama, conversando. O quarto era iluminado somente pela luz da lua lá fora, já que tínhamos apagado a luz.


Pontas era o meu apelido. Não estranhe se ver alguém me chamar por esse pseudônimo. Agora chega, vamos ao que verdadeiramente nos interessa.


— Sabe, esses últimos dias que passei ao lado da Marlene foram, praticamente, os melhores dias da minha vida — falou Almofadinhas, na cama do meu lado direito.


Rabicho soltou uma risadinha abafada. Aluado sorriu falsamente e lhe respondeu:


— Sirius, esse perfil romântico não combina com você — disse Remo.


— Certo. — falou Sirius — Mas infelizmente, Lupin, todos nós temos o nosso lado romântico. Você sabe disso, por que a infeliz da Mary McDonald tem transformado você em uma pessoa diferente da que você era. Os dias que você passa como lobisomem foram até mais calmos.


Todos nós gargalhamos. Meu óculos estava no criado mudo, e como eu sou meio lerdo, consegui bater minha cabeça nele quando mudei de posição e o lancei ao chão. Claro que isso não era problema nenhum para um bruxo de grande classe. Apanhei, ainda deitado, o óculos e com a varinha apontada para ele, murmurei:


Óculos Reparo!


Imediatamente, a lente estava novinha em folha, como se tivesse acabado de ser fabricada.


— Ninguém é capaz de conjurar esse feitiço melhor do que você, Pontas — falou Pedro.


— Eu concordo — falou Sirius — As lentes ficam impecáveis. Até acredito que mais resistentes. Mas pelo amor de Deus, vamos parar de falar em óculos e vamos falar em mulher por que eu tenho certeza de que compensará nosso diálogo muito mais. — concluiu.


— É, compensará — eu disse — Aliás, Sirius, até o seu português melhorou depois que você começou a namorar nossa querida amiga, Marlene McKinnon. E o Lupin não namora a Mary McDonald... Quer dizer, não que nós saibamos — conclui. Os óculos eu coloquei novamente sobre o criado mudou e voltei a minha posição.


Lupin demonstrou ter se enfurecido. Nossa sorte é que ele não se tornaria um lobisomem. Não era noite de lua cheia. Sirius, ou Almifadinhas, como preferir, tinha cortado os cabelos. Estavam até bonitinhos, sério. Quer dizer, não leve essa citação muito a sério...


— Não, eu ainda não namoro a Mary McDonald, gente... — Aluado iria concluir se não o interrompêssemos.


         — Ah, vejam! Ele disse ainda! — gritou Pedro Pettigrew. — Isso quer dizer que VÃO namorar ainda...


— Ah, eu vou dormir.


Simplesmente fechou os olhos e se enrolou com o cobertor. Rimos baixo, mas paramos em poucos segundos. Não demorou muito e já se ouviam os roncos de Pedro, ou Rabicho. Certo que eram super-incômodos. Pela janela, vi o céu escuro naquela noite terrivelmente vazia. Me sentia triste, e muito triste. O pior era que eu não sabia por que estava triste, nem sabia o que podia fazer para curar a tristeza que estava me consumindo.


         Lembrei então de alguma menina que podia pegar, quem sabe isso não me alegrava? Certo, vamos: Elizabeth, da Corvinal... Já peguei. Helen, Sonserina... Peguei. Annabeth, peguei. Mary, peguei (que Aluado nunca saiba disso)... Marlene... é do Sirius. Jullie... já peguei também. Poxa... Não ia pegar as meninas do primeiro ano. Só me restava uma: A mais inteligente, a mais simpática, e mais perfeita, a mais tudo. Seu nome era Lílian Evans.


 


Pensei... Eu tinha que pegar a Lílian, de qualquer forma. Mas nem Sirius nem Lupin acreditavam que eu seria capaz. Pois, eu tinha que fazer isso, e já que eles duvidavam da minha total capacidade, se eu pegasse a Lílian eu iria ter de ganhar alguma coisa com isso. Eu tinha que ganhar. Bem, pensei que uma aposta seria a resposta ideal.


 


Ia apostar, mas eu ia pensar em algo pra ganhar em troca. Galeões e muitos galeões... Esquece. O Sirius poderia... ah, nem sei.


 


— Sirius, Almofadinhas, acorde! — gritei, balançando-o na cama.


 


— Eu já estou acordado! — ele me respondeu.


 


— Você seria capaz de apostar uma coisa comigo, uma coisa bastante séria? — perguntei.


 


Mas ele parecia sonolento demais para entender. Sua voz chega era rouca, seus olhos estavam quase se fechando. Preferi deixá-lo dormir.


— Prefere ir dormir? — perguntei, já tendo certeza de qual seria a sua resposta. — Pelo meu ver, você está bêbado de sono.


— Pontas, boa noite... — e, fechando os olhos, pude ver que ele mergulhara em um sono profundo.


● ● ●


Bem, dormi a noite inteira. Meu sonhos me mostravam um beijo entre mim e Lílian Evans. Fora um dos melhores sonhos que eu já tive. Não era apaixonado por ela, mas nutria um certo sentimento.


         O sol já iluminava todo o quarto. Ainda não eram sete horas (a hora da aula de transfiguração era 8:30 am), por que eram os pássaros de papel que vinham nos acordar no horário da aula (magia que nós desenvolvemos, segredo pra acordarmos na hora certa). Olhei pra Lupin, ele dormia profundamente. Pedro Pettigrew ainda roncava, e muito, por sinal. Sirius babava no travesseiro. A coberta ele fez questão de jogar no chão enquanto dormia. Me levantei lentamente. Vestia um pijama listrado, azul e branco.


Olhei pros lados. Quando consultei meu despertador que eu não usava, ele marcou 6:20 a.m.. Nossa, que cedo! Mesmo assim eu me vesti, pus os óculos para enxergar melhor (não, era só enfeite), e já arrumei os livros. Agora eram 6:40 a.m. Resolvi ir ao Salão Comunal da Grifinória. Quando lá cheguei, estava sentada a beldade da Lílian Evans. Eu sabia que seria esculachado, mas valia a pena. O pior é que ela estava com um livro extremamente grosso e grande na mão. Fui lentamente e sem fazer barulho até ela, e quando me sentei ao seu lado, ela tomou um susto.


— Ah, Potter! — gritou.


— Desculpe, não foi minha intenção de assustar! — exclamei, mas não a convenci.


— Vou fingir que acredito — ela me disse — Hm... Acordado a essa hora da manhã?


— E muito bem acordado — respondi a ela. — Bem, todos nós temos o nosso lado responsável, Lílian, mesmo que não possamos demonstrar. É tão difícil de acreditar nas minhas promessas?


— Você está cansado de saber que pra você é Evans, Potter. Quer que eu soletre? Eu soletro. E-V-A-N-S. Evans.


Senti vontade de rir, mas me controlei. Olhei pro livro que ela lia e me deparei com uma obra mais velha que a minha avó. Falava sobre algo da magia antiga, feitiços protetores, etc. Lorotas que Marotos não precisam saber para viverem bem e protegidos.


— Certo, mas eu estou disposto a fazer as pazes, Evans. — murmurei, do jeitinho que ela queria. Chamar alguém pelo sobrenome era tão chato... — Você poderia tentar, fazer o mínimo de esforço possível pra não discutir nem mais brigar comigo?


— É só você parar de me chamar pra sair — falou ela — Serve?


— Serve.


— Certo. Agora, você poderia se retirar e me deixar ler esse livro em paz? É um livro muito importante sobre a magia antiga e os seus segredos, preciso aperfeiçoar a minha magia. Seu autor é Hill, Cameron Hill, e se chama “O Que Você Precisa Saber Para Ficar Bem”. Já que é um Maroto, precisa saber tudo sobre proteção. Eu posso te emprestar ele pra que você leia e possa pensar em se tornar um bom auror no futuro.


— Não vou trabalhar, tenho dinheiro suficiente pro meu sustento. — falei. Era verdade. Queria passar longe de trabalho. Pra que trabalhar se nós não precisamos disso? E eu leria esse livro, mas infelizmente eu não tenho paciência nem o mínimo necessário de disposição pra abrir esse livro e perder meu tempo a lê-lo. Mas, fugindo um pouco do assunto, já que queremos nos tornar amigos...


— Eu não disse isso.


— Conhecidos, sem brigar — corrigi — Podemos começar pelo ponto principal e fundamental.


— E que ponto é esse? — ela perguntou.


— Você me chama pelo meu nome, e eu te chamo pelo seu — falei, sem sorrir, como era habitual. — Meu nome agora é Tiago. T-I-A-G-O. E o seu é Lílian.


— Mas...


— Mas nada. É isso e acabou. Ou você não quer viver em paz, sem brigar?


Ela parou por um instante, e ficou pensativa. Fiquei contemplando sua beleza. Aquela ruivinha me consumia, mas não de amor, e sim de desejo. Se eu não ficasse com ela, eu garanto pra você que eu não ia nunca mais ficar com mais ninguém. E até pegar ela, nunca mais pegaria ninguém.


— Certo, mas por favor, não force a barra; — ela me disse — Ou serei obrigada a discutir novamente.


— A suas ordens, Srta. Evans.


— Lílian, agora.


— AH, é... Lílian.


● ●


Quanto voltei pro quarto, Lupin já estava pronto, e Rabicho e Aluado se arrumando. Isso iria demorar muito ainda. Fiquei com Lílian por mais alguns instantes, conversando sobre o livro. Tentei me mostrar uma pessoa boa, a melhor possível.


— Ih, o Pontas hoje levantou com as galinhas, pelo visto — disse Pettigrew. — Não é normal isso acontecer. De nós, ele é sempre o último a se levantar. Que foi, Pontas? Levantou com um beijo da bela dama que com você se casaria de acordo a profecia? — seu tom era zombador.


— Deixe-o — disse Lupin — Isso é bom, de vez em quando?


— Obrigado, Lupin — falei, sorridente — Vocês são insuportáveis. Sinceramente.


— Obrigado, Pontas — falou Lupin — Eu acabo de defender você contra essas ofensas e você me agride verbalmente me chamando de insuportável. Obrigado, isso é aconselhador.


— Ah, Lupin, eu falei brincando. Bem, fiz um acordo com a Lílian, e prometemos um ao outro não mais discutir — falei, sentando na cama. Peguei os livros, a pena e a tinta e a lição de casa que ela passara na última aula, valendo nota. Andava muito responsável ultimamente.


Os Marotos eram sempre assim. Xingávamos um ao outro, fazíamos isso. Mas claro que éramos amigos, e que isso não era capaz de acabar com a nossa amizade. E aquela noite tínhamos combinado de sair na floresta proibida: O cão, o rato, o cervo e o “lobão”, assim eu o chamava de vez em quanto, pra dar uma pitada de humor.


— Ergh, estava com a Lílian agora a pouco... — falei, olhando-os.


— Falar com a Lílian é fácil, Pontas — respondeu Sirius — O difícil mesmo é você conseguir NÃO discutir com ela.


— Mas o difícil não é impossível, e eu consegui falar com ela. — respondi-lhes. Pedro Pettigrew tomou um verdadeiro susto, e Aluado ainda me olhava como se não tivesse acreditando.


— Isto é terminantemente I-M-P-O-S-S-Í-V-E-L. — ele disse, se aproximando de mim — Pontas, muito difícil, MESMO.


— Até parece que se o Pontas sequer tentar nem dá um beijo na bochecha da Lílian — falou Sirius, amarrando a gravata. — Disista. Ela te acha um verdadeiro bocó, uma criancinha imatura, e jamais te dará uma chance. Você ainda por cima implica com e pirraça o Ranhoso. Queria realmente que ela caísse de amores por você?


— Eu nunca pensei isso, você sabe — falei — A Lílian é bela, e por isso é a minha meta pegá-la como peguei todas as meninas dessa escola. — Sirius me lançou um olhar do tipo “Se você algum dia encostou essa boca porca na da Marlene, eu quebro a sua cara todinha sem pensar duas vezes — Ergh, menos a Marlene — sua expressão demonstrou um certo alívio quando eu disse essas palavras.


Lupin estava pronto, como Sirius. Pedro ainda procurava alguma coisa pra fazer. Ele estava sempre esquecendo de tudo, aquele gordo lerdo. Mas eu gostava dele, como gostava dos outros. Mesmo que de vez em quando Rabicho fosse implicante, mas quem não é que atire a primeira pedra.


Sirius retirou uma pequena foto do bolso, beijou-a e guardou-a dentro da sua mala. Estávamos nos aproximando do inverno, e teríamos recesso. Graças a Deus, eu queria ir pra minha suíte! Não que eu não gostasse dali, o dormitório de Hogwarts, longe disso. Mas aquele conforto que ganho dos meus pais lá em Londres, onde durmo numa suíte, não tem igual. Café da Manhã servido na mesa, todos os seus luxos e seus desejos atendidos. Pra que coisa melhor? Enfim, vamos voltar ao assunto.


— Mas eu ainda vou conseguir pegar a Lílian, não tenham a menor dúvida disso! — exclamei, meio irritado.


— Pontas, de vez em quando sonhar alto faz muito, muito mal — disse Sirius, se jogando na cama — Você tem que se conformar com aquilo que você tem, entende? Esquecer, por um minuto, desse seu terrível orgulho de pegador que de vez em quando acaba com você!


— Um perfil assim não combina comigo — murmurei — Vou pegar a Lílian? Quem duvida?


— Eu — falaram os três.


— Quem aposta? — perguntei.


— Eu — falaram, novamente os três.


— Então está apostado — disse Tiago — Se eu vencer essa aposta, vocês serão meus escravos, fazerem as minhas vontades. Se eu perder, serei escravo. E ainda por cima, DOS TRÊS.


Sirius, Remo e Pedro se entreolharam. Eu estava quietinho no meu canto, olhando pros três. De alguma forma, eu já dera início ao que deveria fazer. Agora eles tinham de apostar. Ultimamente eu andava muito indisposto pra ir aos meus compromissos (Como se eu fosse homem de compromissos).


— Está fechado — disse Remo, apertando a minha mão e soltando logo em seguida.


— Nós topamos — falaram Sirius e Pedro ao mesmo tempo, cada um apertando cada mão. Me senti estranho naquela situação, mas tudo bem.


— Você tem um mês — disse Remo.


— 30 dias — disse Sirius.


— Não, um mês agora tem quarenta dias, não sabia? — zombei — Mas só um mês? Esse tempo é curto demais...


— Use suas habilidades como pegador — disse Pedro.


— Não, acho melhor usarmos nossas habilidades de transfiguração — disse Lupin, consultando de longe o meu despertador — Por que nós estamos atrasados sete minutos para a aula da Minerva, e mais um pouquinho nós nem entramos mais na sala.


Sem falar mais nada, saímos em disparada pela porta, atravessamos o Salão Comunal da Grifinória vazio e seguimos rumo a aula da Minerva. Mas mesmo correndo eu não fui capaz de tirar da cabeça aquela difícil aposta que eu tinha feito.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

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