Flores



FLORES


Ele havia acabado de abotoar os dois últimos botões da camisa branca e bem passada, quando ouviu batidas na porta.


“Droga... Deve ser aquela maldita Lovegood. O que quer agora?” – pensou Snape consigo. Nas últimas semanas, Luna não o deixara em paz. Estava pedindo-lhe ajuda a todo momento para as decorações de natal e ele fazia de tudo para não cruzar com ela.


Segurou, impaciente, a gravata de seda verde escuro e colocou-a sobre os ombros. Batidas na porta outra vez. Irritado, ele encarou seu próprio eu de cabelos molhados e despenteados no espelho. “Quem liga?” – pensou.


- Já vai! – resmungou alto ao som de mais algumas batidinhas inconvenientes.


Dirigiu-se à porta com rispidez e abriu-a bem rápido.


- Boa noite, professor Snape. – cumprimentou Hermione, educada e delicadamente.


Por dentro, ele se sentia totalmente aparvalhado. Tudo o que mais queria era pedir desculpas àquela mulher e acabara de ser grosso com ela de novo.


- Desculpe se o incomodo, mas... – ela foi entrando no quarto, mesmo sem ser convidada.


Snape fechou a porta, enquanto observava surpreso, o quão bonita ela estava, e surpreendentemente, usava um belo vestido verde que combinava perfeitamente com sua gravata.


- O que é isso? – indagou ela, surpresa, com um súbito sorriso na face.


Severo se aproximou para ver o que era, e sentiu-se estagnado ao perceber o buquê de flores ali. Sentiu-se ruborizar. Não... Agora não... Ele nem havia preparado seu discurso.


- É pra mim? – disse ela, ao perceber um pequeno cartão, sobre as flores, com o dizer: P/: Srta. Granger.


- É... Sim... Não... Quer dizer, sim... – agora o rosto de Hermione estava a centímetros do dele e ambos prendiam a respiração - ... foi, o P-Potter quem mandou.


Droga... Droga... Mil vezes droga... Pelas barbas de Merlin... Acabara de cometer a pior burrada de sua vida...


- Ah... – murmurou Hermione, aparentemente desapontada, enquanto recolhia as flores e virava-se de costas, distanciando-se de Snape. – Claro... Ele sempre me manda flores. Mas que milagre... Acertou... Pela primeira vez, depois de tantos anos juntos.


Ela expirava sensivelmente o aroma daquelas flores, como se este lhe causasse profundo prazer. Se não tivesse tido tanta calma, Snape teria lhe agarrado pelas costas, ali mesmo, e beijado seu pescoço alvo da maneira mais sensual que pudesse... Ela estava simplesmente incrível com as cores sonserinas.


- Acertou? Acertou o quê? – indagou ele, curioso.


- As flores! – respondeu ela, virando-se para encará-lo, com um sorriso meigo. – São minhas preferidas. Ele jamais havia acertado antes. Só pode ser um milagre...


Apesar de sua enorme frustração, depois de ter dito que as flores eram de Potter, Snape não pôde deixar de sentir-se feliz pela incrível sorte que tivera com as flores.


- Ah... Perdão, professor. Acabei me esquecendo dos motivos que me trouxeram até aqui.


- Pois, fale, Srta. Granger.


- Não vou tomar seu tempo. Queria apenas lhe pedir desculpas pelo modo como o deixei naquela noite.


Os olhos dela brilhavam, e por incrível que pareça, sua voz estava estranha e sensualmente rouca. Se não fosse tão orgulhoso ele teria caído aos pés dela só para não ter de ouvir aquilo... Ela estava pedindo desculpas por uma coisa que ele fizera.


- Não, Srta. Granger, eu...


- Escute, professor... É natal e eu realmente não gosto de cultivar inimizades nesta época do ano e...


- Eu é que lhe devo um pedido de desculpas, Granger. Perdão.


Ela o observou da cabeça aos pés, com olhar sonolento.


- Ah... Minhas desculpas, Severus. Estou lhe atrasando, não? Imagino que precise de ajuda com esta gravata.


Antes que ele pudesse recusar, ela puxou sua gravata verde e começou a endireitá-la no pescoço de Snape.


- Não se preocupe, professor. Estou acostumada a esse tipo de coisa... Fazia isso para o meu pai o tempo inteiro... Depois veio o Harry...


Snape pigarreou, interrompendo-a.


- Pronto. Está muito...


- Elegante.


- O quê?


- Você está muito elegante. - elogiou.


- Ah... Obrigada, professor. – disse ela, com a voz ficando tristemente mais rouca e baixa a cada palavra.


Mais que tudo no mundo, Snape queria agora, beijá-la. Estava prestes a convidá-la para o acompanhar até o Salão Principal, mas...


- Bom... Era isto. Nos vemos mais tarde. Harry deve estar me esperando... Com licença. – disse ela, enquanto tirava, rispidamente, as mãos dos ombros de Snape e se retirava de seu aposento. Desconcertado, Severo tentou acompanhá-la, mas ela foi muito rápida e ele ainda precisava de seu terno... E seus cabelos? Estavam terrivelmente despenteados.

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