Srta. Rose Granger




SENHORITA ROSE GRANGER


Aquela foi apenas a primeira de uma série de noites intermináveis em que ele não conseguia cair no sono. Sua mente desvairada não fazia senão pensar naqueles olhos castanhos e brilhantes. E à medida que os dias passavam, ele percebeu que realmente havia algo estranho acontecendo com ele... Algo que não tornara a acontecer desde Lílian Evans.


Era deprimente, humilhante e vergonhoso, mas ele não podia deixar de ver sua esbelta nova colega de trabalho, sem sentir uma pulsação mais violenta no peito. Ele, definitivamente, estava apaixonado por sua ex-aluna.


Sim... Sim... Ela sempre o fascinara quando era sua aluna, mas jamais chegara a ser mais do que uma intragável sabe-tudo para ele. E agora estava ali, excepcionalmente linda e madura, com a mesma idade que ele, mas infelizmente comprometida com seu ex-coleguinha de escola.


Pois então, novembro passou depressa e Snape não voltara mais a falar com Hermione. Ela nem tampouco lhe retribuíra um olhar. E o único passatempo que encontrara era observar uma jovenzinha do segundo ano que vivia se aventurando pelos corredores da escola. Sim, ela mesma: Rose Granger era uma garotinha encantadora de apenas doze anos. Lembrava muito a mãe, quando era pequena, mas seus olhos eram claros e ela possuía delicadas sardas na superfície do rosto. Era linda. E extremamente inteligente, embora Snape ainda não tivesse descoberto isso. Os cabelos de Rose eram escuros, quase ruivos, o que a fazia ainda mais sensacional a seus olhos, afinal, ela era praticamente uma mesclagem  das duas únicas pessoas que ele realmente amara na vida: Lilian e Hermione Granger. Com certeza herdara os genes da mãe de Potter e por isso seus cabelos tinham aquele tom quase avermelhado, mas fora isso, ela era uma miniatura de sabe-tudo.


E para sua surpresa, Snape nem precisou de muito para falar com a mocinha.


Num belo final de semana, em meados de novembro, Severo passeava pelo Pátio de Transfiguração, com sua capa a farfalhar peculiarmente pelo chão, quando sentiu alguma coisa tentando impedi-lo de andar. De súbito, olhou para trás e viu uma mãozinha agarrada a sua capa negra. Seu rosto ia se contorcer em uma expressão severa e intimidante, quando ele reconheceu aqueles olhos claros e amendoados, que já haviam lhe despertado tanta atenção pelos corredores de Hogwarts.


Ambos ficaram em silêncio por algum tempo. Snape olhou para todos os lados e não viu ninguém no pátio, além da pequena criaturinha à sua frente. E para sua própria surpresa, foi ele mesmo quem tomou o primeiro passo. Abaixou-se e encarou de frente a menininha.


- Você... – disse ele, analisando-a. – Você deve ser Rose, não é?


- Sim. Eu estava exatamente me perguntando quem é o senhor. Faz tempo que o vejo por aqui, mas sei que não leciona em Hogwarts.


- Humm. – murmurou ele, ainda examinando com os olhos, cada pedacinho da garota. – Eu sou... Um amigo da sua mãe.


- Amigo? Não foi isso que me pareceu. – falou ela com veemência – O senhor pouco troca palavras com ela.


- É... Você tem razão. Acho que talvez ela esteja um pouco chateada comigo.


A cena era no mínimo cômica: Severo Snape, o tão temido ex-professor de Hogwarts, abaixado defronte uma garotinha do segundo ano, falando da maneira mais suave e paternal que jamais se vira em toda a história... Bom... Pelo menos em toda a história Snape Pós-Voldemort.


- Ah... Não se preocupe. Mamãe se chateia muito fácil... Mas é só saber usar bem as palavras... – os olhos de Rose faiscavam – Ela não resiste...


Ele tentou resistir, mas não deu certo. Antes que percebesse, estava acariciando os cabelos macios de Rose. Ela, por sua vez, não fez nada, apenas sorriu.


- Você é igualzinha a sua mãe. Mas tem...


- ... os olhos do meu pai. Sei... Todos dizem isso.


Então ele tirou a mão dos cabelos ondulados da menina e, para sua surpresa, ela o imitou, acariciando seus cabelos negros e lisos também, enfim despertando-lhe um inevitável sorriso.

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