Capítulo 3



N/A: Capítulo dedicado ao Claus, que tem me incentivado e me permitido ajudá-lo. Claus, você é dez!


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Ginevra e Draco voltaram ao recinto da corte e puderam notar que a imprensa havia sido alojada em um pequeno canto, distante dos envolvidos no julgamento. Os olhos de Draco recaíram automaticamente sobre a mesa de defesa, Potter estava observando a propria mesa atentamente, não se atrevera a erguer o olhar uma única vez. Ronald estava sibilando alguma coisa ininteligível, mas que ele imaginara, sorrindo, serem pragas e promessas de morte a ele. Instintivamente ele apertou o abraço ao redor da cintura da ruiva ao seu lado, percebeu quando o tinteiro do ruivo explodiu, sujando a ele e à sangue-ruim. Seus olhos repousaram sobre ela, a protótipo de Minerva. Hermione havia apenas agitado a varinha limpando ambos, mas sem retirar o olhar dos pergaminhos. Convencida. O sorriso sumiu de seu rosto. Foi quando o olhar dela pareceu erguer-se rapidamente e cruzar-se com o dele. Um único segundo que fez a coluna de ambos sofrer com calafrios. Maldita Sangue Ruim, como ela pudera... Ele mordeu os lábios e tratou de esconder os próprios pensamentos de si mesmo. Sentou-se à mesa ao lado de Ginevra enquanto esperavam a volta do juiz, aproximou-se da ruiva, mexendo delicadamente em seu cabelo e sussurrando em seu ouvido.


- Pronta querida?


- Não se preocupe- ela afirmou sem sequer fitá-lo, se o tivesse feito veria que apesar de dirigir-se a ela, Draco não retirava o olhar da advogada de defesa, a qual apertava a varinha com uma força desnecessária.


- Hermione? – Ronald encarava a mão da mulher um tanto surpreso.


- Sim, Ronald.- ela respondeu cortando o olhar com seu rival e encarando o noivo sem expressão.


- Acalme-se, se você se descontrolar estaremos com sérios problemas. – o ruivo apontou com um movimento de cabeça o moreno ao lado dela, ambos o fitaram.


- Eu não vou me descontrolar.- Hermione lhe dirigiu um olhar mais firme- De novo. – Potter estava interessado em descascar a mesa com a própria unha, precisava manter o controle, concentrar-se em algo que não lhe permitisse encará-la, não ainda.


- Eles não podem ter provas. Não há nada de concreto nas acusações, deve ser apenas uma tentativa de desmoralização.- ela comentou com devida descrença.


- Se for isso, ela está conseguindo.- ele afundou a unha contra a mesa fazendo-a partir e adentrar na própria carne, a dor era ridícula, menos que uma picada de formiga.


- Harry, você está sangrando.- ela comentou espantada.


- Essa é a menor das minhas preocupações, Hermione. – replicou de forma grossa.


- A sessão vai recomeçar!- alertou o assistente, só agora eles haviam percebido que o juiz havia voltado ao seu lugar.


- Muito bem. Por favor, a primeira testemunha se apresente.


- Chamamos para testemunhar a Professora e atual Diretora da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, Minerva McGonagal.- anunciou o assistente.


- Jogada de gênio Hermione, chamar a Minerva para testemunhar a nosso favor.- a morena encarava um tanto surpresa a professora adentrar o recinto e se sentar na cadeira ao meio da sala.


- Mas eu não a chamei.


- Como?- ele a encarou.


- Ela disse que não podia testemunhar, poderia colocar a posição de Hogwarts em perigo. Porque eles...


- Minerva é incapaz de mentir, e é discípula de Dumbledore, ela mesma jamais utilizou uma maldição imperdoável, ela sempre as condenou.- Harry se pronunciou enquanto assistia sua ex-professora e aliada efetuar o juramento.- Eles vão colocar uma aliada contra mim.


- Mas como eles conseguiram que ela testemunhasse?- Hermione o encarou séria.


- Ginevra.- ele afirmou.


- Draco, ela tinha dito que não testemunharia, como...


- Eu sou parte majoritária do Conselho de Hogwarts e controlo os demais... Foi fácil.- ele sorriu para a companheira- Tudo o que você precisa é fazer as perguntas certas, Minerva é incapaz de mentir, e incapaz de avalizar as ações do Potter.


- Eu pensei que...


- Meus pais estão mortos, e uma advogada muito talentosa retirou todas as acusações pendentes sobre mim, lembra? Dinheiro nunca perde sua influência. Agora... Faça o que sabe fazer.


Ginevra sorriu enquanto se levantava da mesa, passou uma última olhada sobre suas anotações e encaminhou-se à cadeira onde Minerva se sentara, parecendo um tanto desconfortável. A ruiva lhe deu um sorriso doce enquanto aguardava a permissão do juiz.


- Senhorita Preweet, pode começar.


- Senhorita Minerva, qual posição a senhorita tomou durante a guerra?- ela começou ainda simpática.


- Eu participei estrategicamente.- a senhora respondeu mantendo seu ar fechado e direto.


- Considerando que não faz, nem nunca fez parte do Ministério, é correto afirmar que sua participação ocorreu junto à Ordem da Fênix, organização a qual o réu é acusado de comandar?


- Sim, assim como a senhorita.- a velha mulher observou a advogada por cima de seus óculos, Ginevra crispou os lábios em uma linha tênue.


- Bem, então, assim como eu, a senhora reconhece o senhor Harry Potter como comandante da Ordem da Fênix.


- Sim. Ele assumiu o controle assim que Alvo morreu, era um desejo dele.


- A Ordem da Fênix teve mudanças sob o comando do réu?- Minerva hesitou alguns segundos.


- Algumas, acredito.


- É verdade que o réu deu permissão a todos seus comandados para utilizarem Maldições Imperdoáveis, afrontando as ordens do Ministério?- Minerva hesitou novamente, enquanto encarava a advogada de acusação.


- Faça alguma coisa Hermione...- sussurrou Ronald.


- Protesto!- gritou Hermione erguendo-se da mesa.


- Sob qual alegação?- questionou Malfoy enquanto dava um leve sorriso.


- A advogada está induzindo a testemunha.


- Meritíssimo, questionei a testemunha sobre a veracidade das informações que dispomos, não poderia induzir uma bruxa respeitável como a Srta. McGonagal a nada.- replicou Ginevra como se estivesse sendo acusada de atirar na lua.


- Protesto negado, a testemunha responda a pergunta.


- Sim, é verdade.- Minerva parecia cuspir as palavras.- Mas estávamos em uma guerra, algumas medidas são necessá..


- A senhorita alguma vez usou-se de Maldições Imperdoáveis?


- É claro que não! Digo..


- Não usar as maldições alguma vez a impediu de vencer um duelo?-continuou Ginevra sem dar-lhe tempo de responder.


- Não, mas...


- A senhorita foi a favor ou contra o ensino de maldições imperdoáveis quando um comensal da morte sob disfarce lecionou em Hogwarts?


- Protesto! A advogada está levantando fatos irrelevantes.- Hermione gritou erguendo-se novamente.


- Meritíssimo estou tentando definir o perfil da testemunha quanto a esse assunto, que envolve a autorização do uso de maldições imperdoáveis sem consentimento do ministério.


- Negado. Senhorita Granger, espero que tenha alegações melhores ou isso se tornará bem cansativo.- Hermione bufou sentando-se, enquanto Draco apenas a admirava de canto olho, seu sorriso crescia cada vez mais.- A testemunha responda.


- Fui contra, claro, estávamos falando de crianças.


- Então a senhora combateu na mesma milícia em que o réu era comandante, e discordava do uso de maldições imperdoáveis, o qual ele impôs aos demais integrantes, e nem por isso teve qualquer desvantagem ao enfrentar os Comensais.


- Meritíssimo...


- Senhorita Granger, controle-se ou terei que retirá-la da sala. A advogada de acusação pode continuar.


- Obrigada meritíssimo.- Ginevra deu uma pequena olhada para Hermione, as folhas em sua frente começavam a levitar.- Senhorita Minerva, durante a guerra, o réu em algum momento mostrou-se desequilibrado emocionalmente?


- Sim, após a morte do filho de..


- Somente após?- Ginevra a encarou, colocando-se bem em frente a ela e projetando seu torso para a frente- Não é verdade que alguns dias antes do assassinato de Igor Potter o réu encontrou-se com a senhora e declarou estar exausto psicologicamente e emocionalmente?


- Bem é verd...


- E nesse mesmo encontro ele praticamente destruiu o recinto em que estavam e embora a senhorita tenha insistentemente pedido que ele freasse as ofensivas, ele se negou, afirmando que faria absolutamente tudo para sair vitorioso?


Buchichos no salão. A voz de Ginevra tinha saído alta e clara, mas principalmente firme. Harry encarou as costas da advogada com fúria nos olhos, ela fora sua confidente tantas vezes, e agora usava tudo isso contra ele. Hermione encarava Harry chocado, Ronald parecia prestes a se levantar e mandar a irmã mais nova calar a boca, mas estava seguro pela mão de Hermione em seu pulso. A expressão de Minerva era de incredulidade, ela não tinha noção de que a mais nova das Weasleys tivesse tanto conhecimento sobre o que acontecia dentro da Ordem. Manteve a boca aberta por alguns instantes antes de se recompor.


- Façamos melhor senhorita McGonagal, porque não mostra a todos sua memória daquele dia. – o sorriso de Ginevra era confiante e frio, a professora percebeu.


- Eu não acho que isso seja permitido...- ela escolhia as palavras com cuidado.


- Meritíssimo, o senhor autorizaria o uso da memória da Senhorita McGonagal como evidência visual e confiável?


- Bem, eu não vou por em dúvida a veracidade de uma memória vinda da Diretora de Hogwarts, dou-lhe permissão.


- Mas Meritíssimo...


- Senhorita Granger, é meu último aviso.-Hermione sentou-se com as mãos na cabeça, Ginevra estava jogando muito mais duro do que ela podia supor, e essa era apenas a primeira testemunha, sua confiança na vitória estava seriamente abalada.- Senhorita McGonagal, permita-nos...


McGonagal respirou fundo e esperou que sua varinha fosse trazida por um auror. Fechou os olhos concentrando-se naquela memória em particular, já havia se passado cerca de um ano, era um dia frio e Madame Rosmerta havia gentilmente cedido sua própria casa para que ela se encontrasse com Harry. Ginevra estava na base de operações junto a ela, enquanto o ex-aluno se dividia entre as frentes de batalha. Ginevra já havia reclamado várias vezes que Harry não esperava ninguém sarar por completo, permitia apenas alguns cuidados e já os queria em campo, cada investida os feridos aumentavam, e as perdas começavam a fazer diferença. O contato de ambos era puramente profissional, ele não via o filho a dois meses, e a criança era apenas um bebê. Minerva tocou sua cabeça com a varinha e retirou dela um fio que jogou no ar.


“Sinto muito Harry...”


O fio se espalhou no ar formando uma tela viva que podia ser vista tanto pela frente quanto por trás. Minerva estava aparentemente sentada em uma poltrona de uma casa comum, Harry então chegara pela lareira, sua situação era lastimável. Além da grande cicatriz que atravessava sua garganta, tinha uma cicatriz que cortava sua bochecha direita e parecia recente, suas vestes estavam rasgadas e empoeiradas, seus olhos estavam vermelhos, e havia grandes manchas roxas em seus olhos. Os cabelos estavam compridos, caindo-lhe pelos ombros, e havia uma barba rala em seu rosto.


- Potter, você está um lixo.


- Bom dia pra você também, Minerva. Então, o que quer, sabe que estou ocupado, não tenho tempo para suas besteiras.


- Mais respeito comigo, Potter!- o homem deu de ombros enquanto jogava-se no sofá.- Estou preocupada com você, e com sua mulher.


- Se quer conversar sobre as asneiras da Gina eu vou embora.- ele fez menção de se levantar.


- Você está ficando louco? Ela é sua mulher, por Merlin, quem você pensa que é pra tratar todos como se fossem insignificantes? – a voz dela estava alterada.


- EU SOU SEU COMANDANTE E VOCÊ QUE ME DEVE RESPEITO!- ele levantou-se apontando-lhe o indicador, os vasos da sala explodiram..


- Você não vê o que está fazendo Potter? Está levando todos à morte, inclusive você.


- Eu sei o que estou fazendo, não sou como o imprestável do Dumbledore, eu estou lutando pra valer aqui.- Houve um ou dois minutos de silêncio.


- Você está acabado Potter, há quantos dias não dorme? Só aparece na base para reabastecer seu estoque de poções energéticas, você não lembra nem o rosto do seu filho.


- Não meta o Igor nisso. Ele está onde deve estar, longe de mim. Estamos em guerra, isso não é hora de ser pai, a Gina que cuide dele, é por isso que a coloquei engessada naquela base.


- Não minta pra si mesmo Potter. Você sabe que mal se agüenta em pé.


- Escute aqui Minerva, e essa vai ser a última vez que eu lhe aviso. Não queira me dizer como agir. Eu não me importo se não durmo há um mês, eu estou em pé e lutando. E todos que estão a meu serviço vão fazer o mesmo, desde que consigam empunhar uma varinha vão estar em campo. Não a coloco lá porque seria só uma imprestável, não tem coragem suficiente para usar uma Imperdoável. Fraca!


- POTTER, EU NÃO VOU PERMITIR.


- VOCÊ NÃO TEM O QUE PERMITIR VELHA! EU MANDO AQUI! ESCUTOU? EU VOU FAZER QUALQUER COISA, ESTÁ ME OUVINDO? QUALQUER COISA PARA SAIR DESSA GUERRA VENCEDOR, NEM QUE TENHA QUE ME TORNAR PIOR QUE VOLDEMORT!


Ele gesticulou com os braços e a lareira incendiou-se erguendo suas chamas para fora da mesma. Minerva havia se chocado com aquela atitude, aquelas palavras, com um aceno de varinha ela apagou a lareira, o fogo havia queimado o chão e o tapete.


- Diga a Rosmerta que eu pago pelos estragos, dinheiro não me falta.


Ele aparatou sem dizer nenhuma outra palavra. A última imagem ficara gravada na mente de Minerva, ele parecia um animal, alguém muito parecido com um jovem que ela conhecia. Um jovem que estava disposto a tudo. A memória extinguiu-se no ar, a corte estava em total silêncio. Na mesa da defesa Potter estava de cabeça baixa apenas, Hermione olhava-o apavorada, e Ronald Granger piscava os olhos sem querer acreditar no que via, já vira o amigo raivoso, mas nunca, jamais ele agira assim perto deles, a não ser... De repente uma luz acendera em seu cérebro, mas ele recusava-se a enxergar, era impossível para ele. Draco apenas ergueu-se da sua mesa.


- Senhorita McGonagal, com quem a senhorita achou o réu parecido naquele dia?- Minerva o encarou espantada e ofendida, havia deixado suas barreiras caírem muito facilmente.- Diretora...- ele apertou os olhos como uma ameaça.


- O senhor Potter me lembrou, rapidamente, um antigo aluno.


- Qual aluno? – fora a vez de Ginevra inquirir, sua voz parecia um pouco fraca, e seus olhos estavam levemente vermelhos.


- Tom Riddle!


Os punhos de Ginevra se apertaram enquanto as unhas cortavam a carne de sua palma. Ninguém se atrevia a dizer uma palavra sequer. Em apenas alguns minutos, a imagem de Harry Potter havia caído por terra, e todos se perguntavam, quem seria afinal aquele homem que haviam idolatrado.


- Sem mais perguntas Meritíssimo.


A ruiva caminhou a passos lentos até a mesa em que o loiro sorria para ela. O sorriso dele havia diminuído ao ver seu estado letárgico, imediatamente ele segurou em sua mão e a acariciou com as duas mãos. Ela olhou para ele agradecida e murmurou “Obrigado”. Os espectadores olharam para ela de forma diferente, como a ex-esposa, aquela que tivera que suportar a verdadeira face de um mentiroso. Draco a levou até a cadeira em que ela se sentava e continuou a segurar sua mão.


- Foi mais forte que esperava?- ele sussurrou, enquanto Hermione erguia-se, ainda tonta com os novos fatos.


- Sim, mas não se preocupe.- ela fungou o nariz, fechando os olhos por um momento.


- Você consegue.- era uma afirmação, embora tivesse um quê de dúvida.


- Não se preocupe.- ela respirou fundo e abriu os olhos- Eu vou pegá-lo.


Seus olhos ainda estavam vermelhos, mas não era por lágrimas, mas por raiva. Ele sorriu.


 

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