A Chegada



               Tomoyo sentou-se perto da janela e fitou o horizonte, brincando com um de seus cachos. Fazia tempo que não ficava sozinha. Seu pai a estava tratando como uma criança de vidro que, a qualquer momento, poderia cair e se quebrar. Isso a irritava, mas sabia que seu pai não tinha a menor noção de como cuidar de uma adolescente. Isso só a fazia sentir mais falta da mãe.
                Começou a lembrar de quando sua mãe ainda era viva, de como tudo parecia mais fácil, mais vivo. A casa era viva, seu pai era despreocupado e calmo. Mas agora, Tomoyo se via morando em um lugar triste, e seu pai parecia sempre cansado e preocupado.. Nem parecia mais ter seus trinta anos. A impressão que Tomoyo tinha era de que seu pai definhava aos pouquinhos, a cada dia. Isso a entristecia, mas sabia que nada poderia mudar isso.
                De repente, alguém abriu a porta. Tomoyo corou ao ver o garoto parado á porta. Quando percebeu a marca em sua testa, percebeu que se tratava de Harry Potter.
                - Com licença, podemos sentar aqui? – Disse Potter, meneando a cabeça em direção a uma garota de cabelos enrolados e um garoto ruivo. – O resto do trem está cheio.
                - Claro, sem problemas. – Potter sentou-se ao seu lado, enquanto os outros dois sentaram-se á sua frente.
                - Meu nome é Harry Potter. Estes são Hermione Granger e Rony Weasley.
                - Prazer. Meu nome é Tomoyo Walker. – Ao dizer isso, Tomoyo sorriu, e reparou que Harry ficou levemente rosado.
                - Nunca te vimos por aí. Você é nova? – Perguntou Rony.
                - Sou sim. Venho da Grécia. Nunca fui para uma escola, sempre estudei em casa. – Riu ao perceber a cara de espanto de Hermione.
                - Sério? Como você conseguia fazer magia fora de uma escola?
                - Eu tinha uma licença para isso. Agora que me mudei para Londres, não tenho mais essa permissão. Não agora que vou á escola.
                - Que legal! Sempre imaginei como seria estudar em casa! – Hermione falava sonhadoramente.
                - Você seria mais sabe-tudo do que já é. – Harry e Tomoyo riram, ao contrário de Hermione, que lançou olhares mortíferos á Rony.
                - Mas então, nervosa? – Harry perguntou. – Para estudar em uma escola? – Completou ao ver a cara de dúvida dela.
                - Não, nem um pouco. Na verdade, estou até ansiosa. Sempre quis saber como seria ir á escola.
                - Vai descobrir que é melhor ficar em casa. – Rony fez cara de nojo.
              Todos riram. Até Hermione, para a surpresa de Tomoyo, que a considerou uma pessoa bem ligada na escola.
                - Com licença, querem alguma coisa? – Perguntou uma moça de feições sorridentes, parada na porta  com um carrinho cheio de doces.
                - CHOCOLATES! Quero sim, muuuuitos chocolateees!
                Todos olhavam para Tomoyo assustados. Até a moça a olhava atônita, como se nunca tivesse visto alguém com tanta fome.
                Depois de comprar alguns, Tomoyo começou a comê-los com gosto.
                - Desculpem-me. Mas é que eu AMO chocolate, e faz muito tempo que eu não como. – Tomoyo estava sem graça, mas não parou de comer.
                - Que isso, tudo bem! Eu também adoro chocolate. – disse Rony com a boca cheia. Ao dizer isso, levou uma cotovelada de Hermione, o que lhe arrancou um risinho.
                - É, já vi que teremos uma longa viagem...
                Ao dizer isso, todos riram.

             Ao chegar na escola, Tomoyo foi direcionada a ir em uma direção diferente de Harry e seus amigos, seguindo um velho com sua bela gata. Foi levada para junto dos alunos de primeiro ano, e, seguindo uma mulher de idade, entraram em um belo salão. Ao ver que todos os alunos estavam sentados e os observavam, Tomoyo pensou em como enfiaria a cara no chão. Odiava que a observassem, aquilo mais do que a incomodava; a deixava realmente desconcertada.
                Pararam em frente á grande mesa onde várias pessoas se encontravam (Harry havia lhe dito que eram os professores), e a senhora explicou como se seguiria a chamada.
                - Tomoyo Walker.
                Tomoyo passou pelos alunos do primeiro ano com timidez. Todos do salão a olhavam com certa curiosidade, como se ela fosse algo totalmente diferente deles. Seguiu até o banquinho, e ao se sentar, olhou para as mesas á procura de Harry, Rony e Hermione. Os encontrou sentados na mesa que brilhava em vermelho e dourado. Harry lhe acenou de leve,  Tomoyo sorriu. Sentiu um chapéu sendo colocado em sua cabeça, e se imaginou ridícula com ele. Depois de um tempo meditando, o chapéu exclamou:
                - Corvinal!
                Dirigindo-se a mesa que gritava, Tomoyo estava mais vermelha que tomate. Todos da mesa a cumprimentaram, e acabou por sentar-se do lado de uma menina de longos cabelos ruivos.
                - Prazer, me chamo Sarah. Esta é Suri. – Dito isso, a menina apontou para a garota que sentava de frente, de cabelos pretos com mechas vermelhas.
                - Prazer! Bom, acho que nem preciso dizer meu nome...
                - Tomoyo Walker! Seu primeiro nome é japonês, né? – a garota de cabelos pretos parecia ser bem culta.
                - É sim! Como sabe?
                - Ela é como uma enciclopédia ambulante, vai se acostumando.
                As três riram. De repente, uma voz grave fez ouvir no salão, e todos se calaram. Um senhor com óculos meia lua dirigiu á frente e começou a falar sobre o ano. Tomoyo não era do tipo que prestava atenção a esse tipo de coisa, e aproveitando a deixa, começou a observar as pessoas á sua volta. As cores das casas pareciam brilhar em cada mesa. A mesa de Tomoyo brilhava em sua cor preferida: azul.
                Continuou observando ás pessoas á sua volta, quando seus olhos pararam na mesa onde as cores eram verde e prata. As pessoas da mesa pareciam todas mal-encaradas, de um jeito até elegante. Observou cuidadosamente algumas, até que seus olhos se encontraram com dois olhos azuis e frios como o gelo. Corada, Tomoyo tentou não desviar o olhar, e pôs-se a analisá-lo, assim como ele o fazia. Era loiro; sua pele era branca, e só se via cor em sua bochechas. Seus olhos eram de um azul bem profundo, porém, como havia percebido antes, frios como gelo. Ao mesmo tempo que ele a encantava.
                Tirando-a de seu estado letárgico, Sarah disse:
                - Não vai comer nada?
                - Não, obrigada. Me entupi de chocolate no trem.
                - Nossa, mas então você deve ter enchido a barriga, porque para não sentir mais fome, tem de ser MUITO chocolate!
                - Foi mais ou menos por aí... – Tomoyo sorria timidamente.
                - Ih, nem esquenta! Nem te conto quanto feijõezinhos Suri come se ninguém ficar de olho!
                - Haha, que graça, você. – Suri cuspia sarcasmo.
                Depois de um jantar bem animado, as três se dirigiram para o dormitório. No meio do caminho, Tomoyo parou.
                - Podem continuar, eu vou dar uma olhada por aí antes de ir.
                - Tem certeza? Cuidado para não ficar até tarde!
                - Pode deixar, estarei de volta antes que vocês pensem duas vezes!
                Andando pelo castelo, Tomoyo acabou em uma sala cheia de objetos. Nunca havia visto tanta bagunça em um só lugar! Imaginava o que aquilo tudo fazia ali quando uma voz a assustou:
                - Parece um entulho, não? – virando-se, percebeu que era o menino loiro da mesa em verde.
                - O que está fazendo aqui?
                - Me diga você. – um sorriso malicioso brincou em seus lábios.
                - Como vou saber? Afinal... Peraí! Vocês estava me seguindo?
                - Talvez? Ou talvez isso foi pura coincidência.
                - Duvido muito na sua segunda opção.
                - Bom, aí já é com você. – O garoto a contornou, sem tirar o sorriso dos lábios.
                - Então, seu nome é Tomoyo... É um belo nome.
                - E o seu seria...?
                - Draco. Draco Malfoy.
                - Então senhor Malfoy, é assim que prepara suas vítimas?
                - Como assim, vítimas? – Draco a olhou desconfiado.
                - Oras, acha que sou boba? Na boa, você é o galateador mais previsível que já vi.
                - Bom, você me pegou. Me diga qual o crime nisso?
                - Nossa. Você é impossível. – Tomoyo riu. Ele era uma figura. – Não pense que vou cair nessa de... Passarinhos?
                Pegando a mão de Tomoyo, Draco disse:
                - Se não se importar em terminar seu discurso depois, venha que eu te mostro.
                Deixando-se levar por Draco, os dois foram passando entre toda aquela bagunça. Ele parecia ir muito lá, pelo modo como sabia onde as coisas estavam, e se movimentava com velocidade. Parando em frente á uma grande gaiola, Tomoyo sorriu.
                - São lindos!  E que cores maravilhosas! Nunca havia visto pássaros dessas cores.
                - Há muitos desses soltos por aqui. Vai gostar.
                - Porque esses quatro ficam aqui?
                - Eles simplesmente não vão embora. Já abri a gaiola, já a deixei aberta durante um dia e eles nunca saíram. Pelo visto, gostam de ficar no meio da bagunça.
                - Gosto estranho o deles.
                - Agora vamos, se nos pegarem acordados, vamos começar o ano com detenções.
                - Nunca levei uma! Vamos levar uma? Só para eu ver como é!
                - Claro que não! Sua maluca! – Draco ria.
                - Eu sei! E você vai me amar por isso!
                Draco a deixou em frente á porta que dava para a Sala Comunal da Corvinal. No meio do caminho, quase haviam sido pegos, mas conseguiram fugir. Tomoyo sorria como uma criança que acabara de ouvir uma piada.
                - Muito orbigada pela noite!
                - De nada... – o sorriso de Tomoyo o havia pego desprevinido.
                - Boa noite! E cuidado para não ser pego!
                - Sem você rindo sem parar, eu com certeza não corro esse risco.
                -A ta, gracinha! – Aproveitando que Draco não prestava atenção, lhe deu um abraço. – Obrigada! Nos vemos amanhã.
                - Até lá. – Desconcertado, Draco retribuiu o abraço.
                Depois que Tomoyo havia entrado, Draco rumou ao seu dormitório pensativo.

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