A Casa dos Gritos



A CASA DOS GRITOS


Pouco antes de ouvir o grande estampido daquele ramo golpeando minha cabeça, alguma coisa me atingiu, mas não na direção que eu esperava. Minha cabeça bateu com força na grama e senti uma coisa sólida e fria me prendendo no chão.


Um palavrão baixo me deixou ciente de que havia mais alguém comigo e era impossível não reconhecer a voz. Abri os olhos e vi duas grandes mãos protetoras se estendendo na minha frente. O ramo do salgueiro que vinha fortemente em nossa direção foi agarrado por uma das mãos pálidas e em seguida foi arrancado e jogado para bem longe.


Severus se virou e nossos olhares se encontraram. Ele me puxou e me colocou em seu colo. Lançou um feitiço no Salgueiro Lutador e este foi paralisado. Então, silenciosamente, ele me carregou até bem próximo do tronco e alcançamos o buraco nas raízes, deslizando para dentro dele. Escorregamos juntos, por uma descida de terra até cairmos no leito de um túnel muito baixo. “Lumus”, disse Snape e começou a me carregar por aquele túnel longo e comprido, sem dizer sequer uma palavra. À luz de sua varinha, seu rosto estava sério e afoito, mas nem por isso menos bonito.


Momentos depois, começamos a subir e logo um quarto muito desarrumado e empoeirado se revelou. Era a Casa dos Gritos.


Severus entrou e me deitou na cama. Eu ainda estava ofegante e meus braços tremiam sem parar.


- Hermione... Você está bem? – perguntou ele.


- Sim... Sim. Eu estou bem. – falei, com uma voz que me pareceu um tanto estranha. Fiz força para me sentar e senti minha cabeça rodopiando.


- Cuidado! – alertou ele, enquanto eu me esforçava – Acho que você bateu a cabeça com força.


Percebi uma dor latejante acima da orelha esquerda.


- É... Também acho!


Pela expressão de sua face, Snape parecia estar tentando reprimir um riso.


- Como foi que... – gaguejei, tentando clarear a mente e me orientar – Como foi que você chegou lá tão rápido?


- Eu estava bem ao seu lado, Hermione. – disse ele, em tom sério.


- Não! Não estava!


Ele virou a face para o lado. Parecia irritado.


- Eu vi! Você... Você estava a uns quinze metros de distância, no mínimo! – falei inconformada.


- Não estava não.


- Eu vi você!


- Hermione, eu estava perto de você! Bem próximo da árvore. E pulei pra te salvar quando o ramo do salgueiro estava prestes a atingir você. – Ele libertou todo o poder devastador de seus olhos sobre mim, como se estivesse tentando me comunicar algo crucial.


- Sev...


Snape se aproximou de mim e sentou na cama, ao meu lado, com os olhos fixos nos meus.


- Hermione, escute! Você bateu forte com a cabeça! Por isso não deve estar raciocinando direito.


- Eu estou raciocinando perfeitamente bem, Severus.


- Por favor! – suplicou.


- Por quê?


- Confie em mim. – pediu ele, com sua voz mais suave e dominadora.


- Só se você me prometer que irá explicar tudo depois!


- Tudo bem, mas agora vou te levar para a ala hospitalar.


Não sei por que, mas naquele momento a última coisa que eu queria era abandoná-lo. Apesar de toda aquela dor latejante na cabeça, eu poderia ficar horas e horas ali conversando com ele sem cansar.


- Não! – implorei, fazendo os olhos azuis dele saltarem, mas me arrependi disso. – Quero dizer... Eu não sei se consigo, Severus... Está doendo demais! – menti.


- Calma... Eu vou levar você!

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