Capítulo Quatro



Capítulo Quatro - Um mistério chamado Karoline



 



Karol estava deitada em sua cama. O vento fresco entrava pela janela, enquanto uma fina gota de lágrima escorria pela sua face. Lílian e Julia estavam na sala comunal com os marotos, enquanto a morena fingia dormir em seu dormitório. Uma carta havia chegado à pouco para ela, sendo que ninguém vira; a pequena coruja havia ido embora com a resposta curta e grossa de Karoline, que não esperava aquelas palavras escritas.

- Karol? - murmurou Lílian, entrando no quarto. - Já acordou?

- Acabei de acordar, já vou descer - Karol esfregou os olhos limpando as lágrimas, mas fingindo que acabara de acordar.

Lily saiu do quarto, deixando-a sozinha. A morena amassou o pedaço de papel e jogou no lixo, foi até o banheiro e lavou o rosto, não deixando nenhum vestígio de que chorara. Então desceu. Sirius estava rindo de algo que Pedro fizera, enquanto Lily, Julia, Tiago e Remo faziam seus deveres de DCAT.

- Oi - exclamou a morena, sentando no sofá, ao lado de Julia.

- Pensei que fosse dormir para sempre! - falou Sirius, encarando-a.

- Não, só precisava descansar um pouco - retrucou Karol.

- Parece que aquele tal de Caíque esgotou suas forças, hein ?! - todos se prepararam para a fúria de Karol, inclusive Sirius, que fizera a piada.

- Eu não estou com o Caíque...e nem quero nada com ele! - disse a garota. - Apenas ficamos umas vezes, nada demais.

- Como assim? - exclamou Julia. - Ele não te pediu em namoro?

Todos encararam Karol, que apenas suspirou.

- Eu não quero nada sério, estou na idade de me divertir. Nada irá mudar isso!

- Nem se você se apaixonar? - murmurou Remo, corando ao encontrar o olhar de Julia.

- Eu faço de tudo para não me apaixonar, porque não sei amar! - exclamou Karol. - Todos que eu já fiquei foram apenas divertimento. E isso será igual com qualquer um que eu ficar algum dia - após um suspiro e uma leve risada, Karol falou: - Agora chega de falar da minha vida! Isso não é nada interessante.

- Você é misteriosa, Karol! - falou Sirius, pensando: "E eu adoro isso!".

***

- Pode ir descendo, Julia...a Karol deve estar te esperando, eu já vou! - Lílian terminava de se arrumar para ir à Hogsmead.

Julia e Karol já estavam na sala comunal, esperando a ruiva que acordara atrasada. Lily terminou de colocar o cachecol e viu um papel embolado perto da cama de Karol; a ruiva pegou-o e abriu, começando à ler.

- Lily, a Julia cansou de esperar e já foi com os maro... - Karol enrijeceu. - O que você está fazendo? - a morena arrancou o papel da mão de Lílian, encarando-a.

- Karol, eu... - a voz não queria sair. Aquilo não podia ser verdade. - Por que você não me contou que estava doente?

- Eu, ainda não estou preparada para contar sobre a minha doença - disse Karol, fechando a mão e rasgando o papel com a força. - Você não imagina o que eu teno que enfrentar!

- Mas eu sou sua amiga! - exclamou Lílian. - Eu quero saber dos seus problemas, eu preciso saber dos seus problemas...Eu quero poder te ajudar, Karol.

- Mas não pode! - falou Karol, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. - Ninguém pode me ajudar, Lily. Ninguém!

As duas ficaram se encarando, então a ruiva caminhou até a morena e se abraçaram.

- Vamos, me conte essa história...que doença é essa? - falou Lílian, sentando-se na cama.

- Agora não, Lily - Karol praticamente implorou. - Hoje vamos à um dos poucos lugares que eu gosto, não estrague isso! Prometo que depois te conto, e conto para a Julia também, ela merece saber.

- Tudo bem, mas você precisa confiar em nós! Somos suas amigas e nada, nem ninguém, irá mudar isso!

As duas sorriram, então desceram as escadas e encaminharam-se para a saída do castelo, indo para Hogsmead. A neve caía fraca no povoado vizinho, não que isso estivesse certo, pois ainda era muito cedo para nevar, estavam no meio do ano; Julia e Lílian entraram para comprar doces na Dedos de Mel, enquanto Karol ia até o Três Vassouras guardar lugar para si e suas amigas.

Uma mesinha no canto, pequena, próxima à janela, se encontrava vazia, levando Karol exatamente àquele local. Minutos depois, Pedro aparece e senta em frente à morena, sorrindo.

- O que você quer, Pedro? - murmurou Karol, revirando os olhos.

- Você está sozinha, então pensei que gostaria de companhia? - o sorriso do garoto aumentou, como se tivesse tramado algo.

- Da sua companhia? - o olhar de desprezo de Karol foi assustador.

- Não! Da minha! - Sirius apareceu, empurrando Pedro da cadeira e sentando em seu lugar. - Eu sabia que você não seria tão...GENTIL, comigo!

- Me deixe em paz, Sirius! - exclamou Karol. - Não estou muito animada hoje.

- E por que seria? - Tiago sentou ao lado de Sirius, Pedro sentou do outro lado e Remo foi para o lado de Karol.

- Nada de interessante! - resmungou a morena, acompanhando com o olhar suas amigas, que se aproximaram da mesa e pararam com os braços cruzados. - E se vocês não importam, elas querem sentar.

Os marotos olharam para trás e viram Julia e Lílian encarando-os, com suas sobrancelhas erguidas.

- Lily, meu amor! - falou Tiago, levantando. - Pode sentar aqui!

Lílian sentou no lugar em que Tiago estava fazendo uma expressão surpresa. Logo em seguida, Remo levantou e deu seu lugar para Julia.

- Acho melhor nós irmos! - falou Pedro, levantando-se.

- Que nada - Sirius empurrou-o de volta na cadeira, enquanto Tiago e Remo pegavam mais duas para sentar. - Não vamos deixar essas belas damas sozinhas de jeito nenhum!

- Sirius, por favor! - pediu Lily, fazendo todos a encararem. - Nós três precisamos conversar.

- Precisamos? - Julia encarou as amigas, que não apresentavam uma expressão muito agradável, principalmente Karoline.

- Precisamos...e como! - exclamou Karol, suspirando.

- Wow, espera aí! - os olhos de Tiago brilharam, igual os de Sirius. - Parece que tem um mistério pairando no ar...

- Sim, mas isso não é da sua conta, Potter! - retrucou Lily. - Agora será que vocês poderiam nos dar licença?!

- Ok, ok...mas uma coisa eu não entendo...! - falou Tiago, olhando para a ruiva de seus sonhos.

- Uma só? Que milagre! - provocou Lílian, arrancando leves risadas dos amigos.

- Por que você grita tanto comigo, me trata tão mal, mas quando vai falar com o Aluado, com o Rabicho e com o Almofadinhas é tããããããããão educada? - seus olhos se estreitaram, marotamente.

- Simples! - exclamou Lílian, aproximando-se significativamente de Tiago, fazendo perder a voz de emoção e nervosismo. - Porque você me irrita, Potter.

Então a ruiva empurrou o lindo rapaz, fazendo-o sorrir com o ato relativamente maroto de sua linda ruivinha. Sirius abafou um riso, ele havia percebido o sorriso bobo do amigo, mas preferiu deixar ele terminar a "conversa" para então falar algo.

- Eu tenho uma opinião diferente! - exclamou Tiago, aproximando-se novamente de Lílian, mas não tanto quanto a ruiva.

- Que seria...? - Lily cruzou os braços, encarando-o.

- Você me ama, não consegue ficar longe de mim, mas não quer demonstrar porque é orgulhosa demais! - os marotos sorriram, as garotas apenas esboçaram uma risada e Lílian ficou mais vermelhas que seus próprios cabelos, enquanto Tiago a seduzia com o olhar.

- Pois eu tenho uma coisa para confessar - Lílian sorriu marotamente, pegando todos de surpresa. Aproximou-se mais de Tiago, ficando à centímetros de sua boca; o maroto sentiu o coração acelerar, o rosto pegar fogo, suas mão começaram à tremer e o suor escorria pelo seu pescoço. - Tudo que você falou é verdade, exceto um único erro!

Todos se encaram, não acreditavam que Lílian Evans estava dando razão à Tiago Potter e ainda por cima que o amava.

- Qual o erro, Lily? - falou Julia, cautelosamente.

- O que ele falou está ao contrário! - então seus lábios quase se tocaram, a ruiva olhava profundamente nos olhos do moreno, sentindo o doce aroma de hortelã vindo de seu hálito. - Eu te odeio, consigo ficar longe de você por muito tempo...e meu orgulho não me impede de dizer isso: Eu te odeio, Potter!

Os dois ficaram se encarando por um momento, até os olhos de Tiago se encherem de lágrimas, como no dia em que estavam próximos ao lago. O maroto desviou o olhar e limpou os olhos disfarçadamente. "Deixe de ser tão emocional, Tiago! Desde quando você se importa tanto com ela à ponto de chorar?!", pensou Tiago, desesperadamente.

- Você ainda vai perceber que também me ama, ruivinha! - Tiago sorriu, lhe dando um selinho e saindo correndo, no momento em que Lílian sacava a varinha, e gritava de raiva.

Os marotos saíram atrás do amigo, mas as garotas não puderam mais conversar, Lílian estava tremendo de raiva (ou de amor, ninguém sabia!). A ruiva devia estar vendo tudo embaçado, pois seus olhos estavam mais marejados do que nunca. Apesar de tudo que havia acontecido naquele pequeno bar, num dos povoados bruxos mais movimentados, a ruiva não esquecera do segredo que Karol guardava e, quando finalmente se acalmasse, iria querer saber tudo, exatamente tudo, o que estava acontecendo com sua amiga.

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