Capitulo Um



Capitulo Um


“Saio em cada entardecer, na esperança de te ver correndo na areia dessa praia...


 


 


 


Gina era uma jovem muito bonita e inteligente. Seus cabelos ruivos macios batiam abaixo de seus ombros, graciosamente ondulados, seus olhos castanhos claros e seu sorriso brilhante a tornava espetacularmente linda. Morava com seus pais na beira de uma praia quase deserta, uma praia tão bonita que nunca se conformou em saber que era deserta. O por e o nascer do sol era algo divino de se olhar, com as gaivotas em par voando calmamente sobre a água cristalina e esverdeada.


Mas não era nada disso que mais encantava Gina ao olhar o mar durante esses períodos solares, e sim um rapaz misterioso que sempre passava em frente sua casa correndo na beira da água.


Nunca chegara a vê-lo de muito perto, mas sabia que aquele rapaz era maravilhoso. Ele invadia seus sonhos, não saía da sua cabeça em nenhum momento do dia. Era alto, não muito musculoso, apesar de ter um corpo de longe atlético, tinha cabelos escuros e era um pouco moreno.


Durante o nascer e o por do sol, Gina parava tudo o que estivesse fazendo, apenas para observá-lo da janela da cozinha. Quando o via apontar, no alcance de sua janela, seu coração perdia o compasso, e um sorriso lentamente povoava seus lábios cheios. Queria tanto poder trocar algumas palavras com aquele rapaz, mas a única vez que chegara mais próximo dele, foi o dia em que um de seus sobrinhos saíra correndo da casa em direção ao mar, onde teve que correr atrás da criança e segurá-la, em uma distancia de três metros do rapaz. Este não esboçou expressão nenhuma, apenas olhou-a e seguiu em frente, sem olhar para trás.


Mesmo com essa ação, Gina não se deixou abalar. Ela sabia que um dia ela falaria com ele, só esperava que fosse logo.


 


Nos seus sonhos, ele era o Príncipe dos Mares, e tinha o sorriso mais belo de todos. Ouvia uma musica quando o olhava. E quanta, quanta água!


Imaginava eles de mãos dadas, e ele sussurrando em seu ouvido “Vem pra mim...”


E ela via, ele entrando e saindo de navios que raramente atracavam ali, e algumas vezes ele foi junto, voltando alguns poucos dias depois. E no horizonte, ela via os barcos indo, indo também seu coração, seu amor com eles, com aquele rapaz, levando o segredo com eles, o desejo dela.


 


E quando ela o via voltar, ela saía da casa, andando em volta da casa, com o coração martelando forte e o sangue bombeando mais rápido nas veias, esquentando seu rosto.


Dessa vez não ia ser tão diferente.


 


Sim, ele estava já no seu campo de visão, à trinta metros de distancia das pedras onde ela estava sentada agora, olhando para o horizonte. Era uma sena de perder o fôlego, ela parecia um anjo descontraído olhando o mar.


E então, não tão bruscamente, ela o encara, sem expressar sentimento algum.


Ele, instantaneamente parou de correr e a encarou também, sem saber o motivo de ter parado. Piscou lentamente, os olhos percorrendo toda a extensão do corpo dela, agora tapado com uma simples canga na cintura.


Ela era divina!


Mas não pode parar por muito tempo. Quando passou por perto dela, ele encarou-a despudoradamente, e ela lhe sorriu, parecendo tímida, mas ao mesmo tempo decidida.


E durante aquele mês, não passou mais do que aquela olhada.


 


Ele sempre a procurava pelas pedras, mas em sua cabeça, aquilo tinha sido uma ilusão. Sim, ele não se apaixonava por ninguém desde que tinha catorze anos de idade, e aquela moça tinha lhe roubado o fôlego como nenhuma jamais tinha feito.


E ele queria saber de onde ela tinha surgido, porque desde que a vira, ela não saíra mais de seus pensamentos, atacando-o em sonhos, deixando-o sem dormir direito.


Obviamente, ele não iria desistir de procurá-la. E sabia, inconscientemente, que iria vê-la de novo.


 


Estrategicamente, ela não tinha sentado perto das pedras que tinha em frente sua casa. Não, ela tinha andado um bom pedaço para sentar e esperar para ver onde ele pararia de correr. Contudo, não viu, pois a presença dele entorpeceu seus sentidos, e tornou a olhar o por do sol revivendo o momento, sem dar atenção à onde ele pararia de correr.


Ela via, da janela de sua casa, ele olhar para os lados, procurando alguma coisa. Ela imaginava, apaixonadamente, que ele estivesse procurando por ela.


Não tinha mais idéias de como aparecer novamente, sem que ele soubesse onde ela morava. Sonhava com ele vindo ao seu encontro, tomando-a pela mão, dizendo: “Vem pra mim, só pra mim...”. Ou até mesmo vindo até a janela do seu quarto, entrando por ela, e amando ela ali mesmo.


Suspirou, sabendo que estava sendo tão adolescente quanto já era. Sabia que tinha dezenove anos, e não imaginava quantos anos teria aquele rapaz.


Resolveu que aquele dia, ao nascer do sol, ela iria tomar banho de mar.


 


 


 


 

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