A última carta de amor



A ÚLTIMA CARTA DE AMOR


Hogwarts, 30 anos após a guerra que derrotou Lord Voldemort: a diretora da Grifinória, Hermione Granger, redige sua última carta de amor a Severo Snape, mas com a certeza de que a despedida deles não é para sempre, porque o amor deles é maior que a vida.


Meu para sempre amado Severo Snape,


Hoje nós passamos por aquele momento pelo qual mais temíamos em nossas vidas; um momento que há 24 anos parecia longínquo e que quase o fez desistir de viver nosso amor. Lembro como se fosse hoje como você gostava de dizer com aquele sorriso sarcástico no rosto, ah, como eu amava todos os seus sorrisos, seus olhares, seus toques, suas lágrimas, seus olhares impiedosos, você dizia sempre que me deixaria assim que gastasse os melhores anos de minha vida e que eu iria me arrepender muito de ter escolhido você quando eu tinha um mundo todo nas mãos. Numa coisa você estava certo, os anos que vivi com você foram os mais maravilhosos e iluminados de minha vida. Mas em outro ponto, você estava terrivelmente enganado meu amor, antes de tê-lo do meu lado eu tinha muitas coisas: tinha o Rony, o apoio dos meus amigos, uma casa com um belo jardim e um excelente cargo no setor de aurores do Ministério, mas foi naquele fatídico dia em que minha filhinha Rose completava seis anos e eu acalentava tranquilamente meu filho Hugo que realmente ganhei o mundo, pois você adentrou a varanda de minha casa, assustando a todos por estar vivo.


Naquele exato instante, soube que não podia mais segurar aquele sentimento que vinha tentando negar para mim mesma talvez desde o meu quinto ano em Hogwarts. Sim, descobri que o amava e que não poderia viver sem sua presença.


Naquele dia mal nos falamos direito, pois você teve seu heroísmo reconhecido e Harry e todos os outros não paravam de abraçá-lo e de pedir desculpas por terem duvidado de sua fidelidade por Dumbledore.


Naquela noite, os Potter e todos os Weasley pernoitaram na minha casa, além, é claro de você, meu querido. Deitei-me ao lado de Rony na cama, mas a sua simples presença na mesma casa me impedia de ter paz no coração. Até que eu não agüentei mais e me aproximei do quarto em que você estava dormindo. Surpreendi-me ao ver que a porta estava destrancada. Abri-a e vi-o observando um retrato, quando você me viu escondeu-a rapidamente no paletó. Sentindo uma sede indescritível de compreender aquele que sempre tomava meus sonhos, aquele com quem imaginava estar comigo quando tinha intimidades com Rony, fui bastante ousada e retirei a foto do seu paletó. Quase senti meu coração sair fora do peito ao ver que a foto era um retrato meu ao seu lado no dia em que recebi o primeiro lugar do concurso de Poções inovadoras desenvolvidas por jovens magos que ganhei no sexto ano de Hogwarts, o mesmo ano em que eu sofri imensamente pois aquele que eu mais amava estava sendo considerado a maior escória do mundo mágico.


Nem pude manifestar direito minha perplexidade, pois você foi em minha direção com uma expressão indecifrável no rosto e me beijou. Foi como se o tempo parasse e as únicas pessoas do universo fossem eu e você. As palavras se mostraram ineficientes para nós naquela noite. Tudo o que conseguimos fazer no primeiro momento foi nos amarmos. Depois do nosso ato de amor, você pareceu relutante e dizia que por me amar mais que tudo teria que me deixar ser feliz junto de meu marido e de meus filhos. “Todos vão renegá-la, Mione”, você dizia. E eu perguntei em tom desafiador se você também estava incluído naquele “todos”. Você respondeu que seria capaz de renegar a si mesmo por mim. Então, eu pedi, implorei a você que me deixasse ser sua para sempre. E você me respondia que eu perderia todo o mundo que já havia conquistado. Contra-argumentei dizendo que eu teria tudo do que precisava, poderia ficar com você e com minhas crianças, pois tinha certeza de que Rony não seria capaz de separar os filhos de mim.


Então, você me lançou um olhar de profunda felicidade e me disse que estávamos loucos, desvairados por aquilo e que se não fôssemos embora dali naquela mesma madrugada acabaríamos desistindo de tudo aquilo.


E assim fizemos. Nunca vou me esquecer dos olhares de perplexidade e desprezo de Gina, Harry, Rony, Fleur, Carlinhos, Molly e de todos os parentes que estavam presentes na casa e que foram acordados subitamente, pois nós dois precisávamos avisar de nossa decisão desvairada de deixar tudo para trás para vivermos nossa vida. Conforme eu imaginava, Rony me deixou levar os filhos com a condição de que eu os mandaria via flu para passar os fins de semana com ele e de que nunca mais me aproximasse dele após o necessário encontro para assinar as questões do divórcio. Eu disse a Rony que não queria nenhum bem adquirido por nós dois durante o casamento, mas ele me falou que fazia questão de dar o que era de direito dos meninos.


Você disse que era melhor aparatarmos até a mansão Snape a velha casa de sua família, onde viveu escondido durante aqueles anos após a guerra. Então, subimos até o quarto que Rose e Hugo tiveram que dividir por conta das visitas. Deitei Hugo, que estava com apenas um aninho, no meu colo, enquanto você levava Rose.


Foi muito difícil explicar às crianças a mudança súbita de nossas vidas, mas elas logo se afeiçoaram a você, que foi um verdadeiro pai para elas. Tamanha foi sua influência na criação das crianças que Hugo tornou-se sonserino e hoje é mestre da disciplina de Poções em Beauxbatons. Rose, apesar de ser uma corvinal, sempre seguiu seu exemplo de disciplina e fidelidade e hoje é medibruxa em Saint-Mungos. Lembro com lágrimas nos olhos do dia em que nasceu o filhinho de Rose, meu neto, ou melhor, nosso neto. Rose disse que ele se chamaria Severo, a fim de ser um homem tão corajoso, leal e inteligente quanto você. Você chorou de emoção. Rony, que estava perto, disse que concordava com a escolha do nome e que entendia que eu e você tínhamos realmente que estar juntos, pois éramos almas gêmeas. Emocionado, Rony disse que ele nunca deveria ter insistido em se casar comigo, pois assim que ele me pediu em noivado eu lhe contei que amava você. “Rose e Hugo deveriam ter nascido membros legítimos da família Snape”. Você, meu adorado, olhou para Rony e disse que nada nesse mundo é mais legítimo que o amor, que os laços de sangue não importavam.


Uma semana após o nascimento do pequeno Severo, você meu amado, já com 72 anos contraiu uma terrível pneumonia, que veio acabar materialmente com nossa história de amor. Eu, com meus 48 anos de idade e diretora da casa de Grifinória, dediquei-me integralmente em cuidar de você junto com nossa filha Rose que pediu uma licença de Saint. Mungos para tentar salva-lo, mas infelizmente você veio a falecer no dia de hoje, o dia em que nosso netinho completa seu primeiro mês de vida.


Hoje, eu só posso dizer a você que eu sou muito grata por você ter sido o melhor companheiro do mundo para mim, o melhor pai do mundo para Rose e Hugo e para Jordan e Jenny, nossos filhinhos gêmeos hoje já com 20 anos e frutos de nosso grande amor, por ter sido o seguidor mais fiel de Dumbledore, o mais brilhante mestre de poções e principalmente por ter “gastado” os melhores anos de minha vida e me ensinado que nada é maior do que o amor, nem mesmo a vida terrena que conhecemos.


Com todo o amor da eternamente sua


Hermione Granger Snape.

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Comentários (1)

  • Luciana sales

    Oi bom dia , nossa linda suafic estou chorando amei .Esta de parabens vc escreve divinamente .Espero um dia escrever um terço melhor .Obrigada pelo amor incondicional.LUCIANA 

    2014-01-22
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