Eu vim pra não morrer



E os dois abraçados, como se não fosse mais possível que se separassem, olharam para o lado, e bem perto deles estavam, ali, comungando de forma sublime, os dois, Rony e Hermione. Abraçaram-se os quatro e se olharam. Era indelével a partir de agora. Eram todos agora uma mesma família. Riram, porque se compreendiam e os pensamentos eram comuns: uma legilimancia espontânea que possibilitava que os quatro amigos pensassem exatamente a mesma coisa. Riram porque perceberam juntos que enfim o vínculo de Harry e hermione enfim transcendia a pura, apesar de imensa, amizade. Agora eram parentes. E estavam os quatro convencidos que um sem o outro teriam apenas uma parcela de vida, uma parcela incompleta e sem graça. Precisavam um do outro. E precisavam desesperadamente, mais do que nunca, mais do que qualquer outra pessoa, e mereciam, ser felizes. E seriam. Ah! O quanto eles esperaram, e o quanto temeram nunca ter essa oportunidade. Mas estavam ali, e agora, não precisariam mais esperar, nem suportariam mais.


 


Sentaram-se no grande sofá diante da lareira. Harry a quis acesa. Acendeu-a com um feitiço e enfim, depois de rirem mais uma vez, conseguiram deixar de dialogar apenas no âmbito mental e proferiram os quatro ao mesmo tempo, as mesmas palavras – amo muito todos vocês -  e riram da coincidência. Estavam achando muito fácil rir naquele momento.


 


Harry sentiu naquele momento muitas presenças. Sabia de quem eram as presenças. Eram de todos aqueles que se deram por ele, para que pudesse vencer, triunfar, e se sentiu orgulhoso por não os ter frustrado. Sentiu, e quase pode vê-los todos novamente, mesmo sem a pedra da ressurreição, mesmo tendo abdicado de manter posse das relíquias da morte.


 


Fred, rindo feliz de ver seus irmãos caçulas enfim desenrolados. Lupin e Tonks, alimentando com o amor deles àqueles novos amores que enfim se consolidavam. Creevey, fotografando os casais para mostrá-los em outro mundo, Sirius, sorrindo em seu magnificente silêncio. E sentia, mais do que nunca, as presenças de seus pais, Tiago e Lílian, e sabia que estavam emocionados e orgulhosos do filho, e dos seus amigos. Sabia que os considerava como filhos, assim como era ele mesmo considerado um filho por Molly e Arthur. O coração heróico de Harry se apertou, e desejou, talvez mais intensamente do que em qualquer outro momento, que eles estivessem vivos. Mas não se entristeceu, ao contrário, sentiu-se feliz em saber que a presença deles era inegável, apesar de ser diferente da presença física.


 


Só sabia que precisava estar ali, exatamente ali, exatamente com aquelas pessoas. Exatamente com aquela que ele tanto amava. Esperou por isso, segundo a segundo de todos os dias daquele tempo em que percorreu por terras inóspitas, em sua busca tenebrosa pela vitória enfim conquistada. Não. Agora não haveria mais espera. Acabou-se o tempo da espera. E ele se sentiu, mais do que nunca vivo.


 


Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer


De tanto te esperar

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