Confissões



        O coração de Gina não poderia ficar mais inquieto do que estava diante de sua situação. Desde que retornara para a residência da rainha, a menina ficou silenciosa e evitou contato com os familiares, sua mãe atribuiu seu estado como conseqüência do temporal, ela dizia a todos que a menina provavelmente adoecera.


        Molly julgou necessário que retornassem ao lar no dia seguinte, lugar em que poderia cuidar melhor de Gina e fornecer o devido castigo para os gêmeos. Assim que a carruagem se postou em frente às portas da residência dos Weasley, Gina correu para o conforto de seu quarto, precisava ficar reclusa de sua família e esquecer um pouco do nome a quem pertencia e da desgraça que esse fator trouxera para sua felicidade.


        O choro ficou difícil de segurar depois que adentrou o aposento, a menina soluçava e se agarrava ao peito como se seu coração fosse saltar do lugar, a jovem enxugou as lágrimas e se dirigiu para uma brecha do assoalho de onde levantou a madeira falsa e de lá retirou uma pequena caixa azul-escura, da caixa ela pegou o colar do amor, a jóia do baile “Florescer do Botão” em que ela e Harry trocaram um com o outro, o colar que tinha como finalidade uma declaração, seus dedos acariciaram o sol de madeira e seus pensamentos voltaram para aquela noite em que tanto seus problemas começaram quanto a solução para sua solidão apareceu em forma de anjo de olhos cor de esmeralda. Instintivamente seus dedos tocaram sua boca, a moça ainda podia sentir o gosto do beijo do seu amado e o calor de seu toque.


- Minha patroazinha? – Agnes chamou da porta, a ama abriu a porta do quarto e deu leves batidas para atrair a atenção da jovem – Sua mãe mandou trazer um chá para curar qualquer tentativa de gripe. – cautelosamente a ama entrou no aposento e depositou a bandeja em uma mesinha.


- Eu não preciso de cura para gripe minha ama, se conheceres alguma coisa que me cure da infelicidade seria de mais utilidade. – Gina encostou-se em uma cômoda, para desespero da ama a menina tinha um olhar vago e era possível captar lágrimas lhe escorrendo pela face.


- Não diga tolices minha pequena, como pode se julgar sem felicidade? Justo a senhorita que tem tanto a se orgulhar: uma família que te ama, amigos que a querem bem e sem contar um noivo que a quer como esposa mais do que tudo na vida. – a ama levantou a face da menina – E é uma moça tão linda, possui uma beleza de dar inveja.


- Do que me adianta tudo isso se estou fadada a viver infeliz o resto de minha vida? – as lágrima continuavam a insistir em surgir, mesmo que esse não fosse o desejo de Gina – Estou destinada a um casamento em que jamais me sentirei satisfeita e ainda por cima não poderei dar ao meu marido o amor que ele merece.


- Tenha fé de que o senhor Thomas conseguirá conquistar seu amor, pode até ser que demore, mas a senhorita vai ver que com o tempo seu coração se acomodará aos carinhos dele. – Agnes estava bem ciente do que se tratava o lamento de Gina, não era boba para não notar que sua aparência pálida não era pela chuva que invadiu o céu de seu passeio e sim que algo ocorrera entre sua menina e o filho dos Potter.


- Ninguém é contente com simples acomodações no amor minha ama, e além do mais eu não posso entregar ao senhor Thomas nada mais do que minha amizade, sou de outro Agnes e assinei minha sentença no amor, cada centímetro do meu ser pertence ao Harry. – as confissões de Gina alarmaram Agnes que correu até a porta a fim de verificar se alguém as ouvia.


- Não repita tais pecados novamente patroazinha, sua família condenaria a senhorita e jovem Potter se ficassem sabendo dessas coisas e me levariam junto por compactuar com um dos praticantes do pecado. – a ama se aproximou e falou muito baixo para Gina – Terás que esquecê-lo e ele também a ti, não mais voltará a vê-lo se não queres que sua família afunde em desgraça.


- Pois agora é tarde para voltar atrás minha querida ama, mesmo que eu tenha que subir ao altar só poderei ser esposa do senhor Thomas oficialmente, já que meu amor e corpo são do Harry. – a menina se ajoelhou a falar e conseguiu ver as rugas da testa de Agnes se contrair ainda mais.


- Por Deus não me diga que se entregou ao jovem Potter? A patroazinha não tem juízo para ver o quão terrível foi seu ato? – a vontade de Agnes era de gritar com Gina.


- Não é daquele tipo de entregar que me refiro. – Gina se apressou em se explicar – Mas quando eu fiquei sozinha com o senhor Potter naquela floresta nós nos deixamos envolver pelo amor, e então um beijo aconteceu, meu primeiro beijo. – o sorriso sonhador invadiu a face de Gina e a menina tocou mais uma vez os lábios – Se todos os beijos que o Harry me der forem iguais a esse, então corro sérios riscos de querer beijar aqueles lábios doces toda vez em que nos encontrarmos.


- Menina pare de ter pensamentos levianos, me tranqüilizo em saber que não foi tão longe, mas ainda assim não posso deixar de me alarmar quanto ao que ainda pode acontecer. – disse Agnes.


- Então acho que deve fazer um grande esforço em controlar seu coração minha ama porque eu me entregaria se meu amado pedisse, até agora sinto o formigamento só pelo toque do Harry. – a ama a fitou espantada.


- Chega criança! E procure usar mais o juízo que sei que deixou perdido em algum lugar dessa sua cabeçinha, não se atreverá mais a pensar essas bobagens ou juro que relato tudo a sua mãe. – dizendo isso a ama se levantou e saiu do quarto.


        Era mentira que a ama seria capaz de contar qualquer coisa a Molly Weasley, faria de tudo para retirar os problemas das costas de sua patroa e se isso incluísse guardar segredo sobre os sentimentos de Gina para com um integrante de uma família rival, então assim seria. Só que de uma coisa Agnes estava ciente e isso era que Gina não nutria um amor infantil e platônico, a menina se apaixonou de verdade e para seu grande temor, ela era correspondida.


 


 


 


        Harry esperou que a luz que invadia o quarto de Gina se dissipasse, a princípio sua idéia parecia loucura, mas a vontade de falar com sua amada foi maior e esperou que anoitecesse para poder entrar nos aposentos dela e ouvir o que ela pensava sobre o beijo.


        Assim que sentiu que era seguro o bastante se aproximar, Harry começou sua ação em que consistia em escalar os muros da residência dos Weasley até o quarto da moça. Seus pés tocaram o chão firme da varanda e ele passou pelas longas cortinas brancas que esvoaçavam pelo vento, a menina dormia tranquilamente em sua cama, parecia uma fada, os cabelos ruivos tapavam uma área que o rapaz desejava intensamente ver, então ele os afastou e vislumbrou o rosto que tanto amava, aqueles lábios um pouco abertos chamavam por Harry e o rapaz não deixou que ficassem sem respostas, sem mesmo pensar sobre sua atitude o rapaz beijou-lhe e se levantou lentamente ainda aspirando aquela sensação.


        Os olhos da jovem começaram a se abrir e para surpresa de Harry ela deu um grito, não poderia culpá-la, já que seria impossível reconhecê-lo naquela escuridão e quando Gina se deu conta de quem se tratava já era tarde para consertar seu erro, e ainda mais tarde para impedir que uma pessoa entrasse em seu quarto. Agnes segurava um pedaço de pau nas mãos e olhava assustada para a cena, a mulher havia ficado na responsabilidade de velar o quarto.


- A senhorita teria uma explicação para a presença desse senhor em seu quarto patroazinha? – a ama questionou ainda segurando o pedaço de madeira.


        As possíveis justificativas de Gina foram interrompidas pelos passos do corredor, como única alternativa a moça empurrou Harry em direção ao seu armário onde o escondeu. Quando viu alguns integrantes de sua família assustada e com defesa nas mãos a menina se perguntou mentalmente se não havia exagerado em seu grito.


- O que houve minha filha? – Molly correu para a janela com um castiçal nas mãos e quando viu que não havia nada a temer relaxou os braços.


- Então Gina vai nos contar o motivo do escândalo? – Percy perguntou impaciente, ele encostou-se à porta a espera de respostas, os olhos baixos indicavam que ele não viera totalmente alarmado.


- Bom... er... Eu agradeço a preocupação de todos,mas... hum... Foi só um pesadelo. – Gina deu um largo sorriso e rezou para que acreditassem em sua história.


- Deve ter sido um pesadelo assustador, você quase acorda a casa inteira, não me lembrava que tinha tanta potencia no grito. – Carlinhos riu.


- Certo se não há nada aqui, então eu vou voltar a dormir. – Percy saiu seguido dos outros, sobrando no quarto apenas Gina, Agnes e um visitante escondido.


        Antes de libertar Harry, Gina verificou se todos tinham se afastado o suficiente, a menina correu para o armário e o abriu.


- Senhor Potter o que faz aqui a essa hora? – a menina deu espaço para que ele pudesse se recompor da confusão.


- Peço desculpas por ter te assustado minha dama, mas queria vê-la ou então meu coração não iria se acalmar. – Harry sorriu.


- Bom da próxima vez tente me acordar antes de me surpreender no meio da noite. – ela se referia ao beijo que a despertou.


- Não penso em outra coisa senão o seu beijo, minha cabeça não consegue trabalhar direito se me ocupo daquele acontecimento e não tenho nenhuma conclusão do que ocorreu. – Harry segurou as mãos da menina em uma necessidade de tocá-la.


- Não és o único senhor Potter. – Harry a interrompeu pedindo que lhe chamasse pelo primeiro nome – Certo Harry, estou prestes a ter um surto de tanta inquietação. Fico imaginando se sentiu o mesmo que eu.


- Se a senhorita precisar eu digo quantas vezes quiser que não sai de minha cabeça e que aquele beijo me fez clamar por mais. – Harry a puxou para um beijo, porém foram detidos por Agnes.


- Se não pararem com essa insanidade quem terá um ataque de nervosismo serei eu. – Agnes olhou de um para outro e sem contar a porta que a atraia mais atenção, temia que alguém julgasse necessário fazer companhia a Gina para que não tivesse pesadelos – Menina não se cegue pelo euforismo e quanto ao senhor, para de causar mais problemas para sua família, não vês o quão imprudente está sendo agindo dessa forma?


- Para mim não há remédio senhora, fui fisgado. – Agnes passou as mãos nervosamente nos cabelos ao ver que de nada adiantava suas sábias palavras.


- Certo, mas o senhor terá que dizer tudo o que quiseres em outra hora, tem que concordar que agora não é um momento oportuno. – sabendo que nada que dissesse poderia acalmar aqueles corações, achou que deveria pelo menos controlá-los.


- Minha ama tem razão Harry, em outra oportunidade nos vemos, será arriscado se ficar aqui. – Gina tocou-lhe a face.


- Mesmo que meu coração se agonize pela espera eu serei paciente por você. – os dedos de Harry chegaram aos lábios tão desejados.


- Então se apresse senhor Potter. – Agnes andou em direção à janela – Poderá sair por onde provavelmente entrou. – para desespero de Agnes outra pessoa estava parada e fitava a janela do quarto de Gina. A ama fechou as cortinas e horrorizada fitou o casal – Céus, é como se houvesse uma conspiração em benefício do caos. Seu noivo está parado feito uma pedra lá embaixo minha patroa.


        Gina tapou a boca com as mãos para abafar o grito que surgia pela adrenalina, aos poucos começava a se dar conta o quão perigoso era Harry estar ali. A moça vestiu um robe e se dirigiu para a janela onde ficou entre as duas partes da cortina, esperava que pudesse espantar seu noivo para que o visitante fugisse.


- Minha linda noiva, esperava mesmo vê-la. – disse Dino com um sorriso enorme.


- Senhor Thomas agradeço sua visita, mas creio que é tarde demais para ficar parado em frente à minha janela. – a menina não queria ser rude, porém a situação não pedia normas de conduta.


- Peço desculpas pelo incômodo minha noiva, mas não pude deixar de vir. Notei um alvoroço em seu quarto, está tudo bem? – Gina lutou para que não transparecesse o que realmente acontecia, explicou o ocorrido causado pelo pesadelo – Já que um pesadelo a amedronta, então eu direi algumas palavras para reconfortá-la. –ao ouvir a proposta Harry encostou-se à parede próxima à janela em que Gina estava, a menina arrepiou-se só com a presença do moreno, ele estava tão próximo que até conseguiu tocar seu braço – “Gosto de seus lindos olhos.” – começou Dino, e a frase provocou uma risada abafada de Harry – “ E seu cabelo esvoaçante me faz sentir como se um anjo pousasse em minha frente...”


- Isso é tudo que ele pode dizer sobre a senhorita? – Harry não conseguiu evitar - De tantas qualidades ele só consegue ver seu cabelo e seus olhos, é nítido para mim que ele não enxerga seu ser assim como eu, ele julga que seu físico é belo, mas será que realmente consegue sentir essa beleza? Eu vejo, eu sinto e eu cheiro cara essência do que te faz especial, e quando eu não posso tocá-la é como se mil facas perfurassem o meu corpo, é estranho não acha? Sentir dor quando não se pode estar com a pessoa amada. Ele não pode saber o sabor do paraíso porque jamais pisou naquele chão que tanto encanta, jamais provou o néctar que se faz tornar imortal, e eu vou guardar para sempre esse sabor, mesmo que a morte resolva me buscar mais cedo do que esperado. E se o destino grita que é imprudente beijar-te, então eu estou condenado, pois mesmo que não deva eu vou andar em direção a ti. Eu sou inteiramente teu Gina, pois te amo como nunca amei ninguém, e aceito meu destino de braços abertos e contente se ele se enlaçar com o teu, aceite meu coração minha menina porque não tem como ele voltar a ser meu.


        O sorriso de Gina se abriu, no começo era difícil saber para quem ela sorria, já que seu rosto estava voltado para Dino, mas a confirmação veio quando ela deixou a janela e abraçou Harry, sem resistir mais um segundo o rapaz a beijou, um beijo sedento de toques, dessa vez Harry se arriscou com a língua e para sua felicidade a menina fora receptiva, era uma busca de todos os detalhes que cada boca fornecia, ambos puxavam o corpo do outro contra si como se temessem que esse se afastasse.


        Nessa hora, Agnes já estava ajoelhada e pedindo proteção e juízo para as pessoas agarradas a sua frente. A ama temeu por sua menina, tão jovem e já com o destino incerto por causa de um amor que não deveria acontecer.


- Eu te dou meu coração Harry. – Gina disse em meu aos beijos.


        Por fim ficou decidido que Agnes acompanharia Harry até a porta da cozinha, como já era noite não haveria ninguém acordado pela casa e certamente era fácil para o rapaz escapar.


        Mesmo com um destino com riscos de sofrimento, os jovens acolheram o amor dado com tanta pureza. Quem sabe o que a união dos dois jovens de famílias rivais poderia causar? A solução para essa rivalidade? Ou a completa destruição? Essa é uma pergunta difícil de responder, pois a muito mais coisas envolvidas nesse mistério Potter e Weasley.


 


 


* Eu decidi fazer a fic depois que imaginei essa cena... Não saiu exatamente como eu pensei, mas eu fiz o possível para ficar legal... Tomara que tenham gostado...


*Dona Flavinha quem pede capítulo tb tem que dar capítilo viu.... Mas eu entendo q vc anda atarefada...


* Isa obrigada pelos elogios... Demorou, mas eles estão começando a se acertar....


* Joy assim como pediu está aí mais um capítulo fresquinho e pronto para os comentários...


Bjusss


Bye



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