A viagem



        Apesar de estar sendo muito cuidadosa com o cabelo de Emma, a menina não parava de reclamar, estava emburrada por ter que se prestar a esse papel, odiava quando a patroa de sua mãe enfiava na cabeça que queria brincar de enfeitar alguma criança, e geralmente sobrava para pobre Emma, já que era uma das poucas meninas do lugar e infelizmente a mais nova. Gina achava muita graça da sapeca, Emma fazia de tudo para se libertar, mas nada que fizesse obtinha resultado. Agnes, que estava sentada costurando perto da janela, levantava a cabeça algumas poucas vezes a pedido de Gina para ver como estava a princesinha. A moça inventou uma brincadeira onde falou que a pequena tinha uma festa importante no castelo e para conquistar o príncipe precisava estar apresentável.


- Ora Emma não seja mal criada, sabe muito bem que se não me deixar terminar de te arrumar não conseguirá se aprontar a tempo para o baile. – Gina encontrou problemas em desembaraçar os nós nos cachos da menina.


- Pois eu não sei de baile nenhum, e tenho absoluta certeza que não me interessaria por príncipe algum ou qualquer tipo de garoto. – a menina cruzou os braços.


- Engana-se nesse ponto, só diz essas coisas porque é pequena, mas quando crescer vai encontrar um belo rapaz o qual se apaixonará e viverá uma linda história de amor. – Gina agarrou a menina entre as pernas para que não pudesse escapar.


- É engraçado ver essa cena minha menina. – Agnes falou rindo – Quando tinha a idade de Emma agia da mesma forma, e ainda age se me permite dizer, quantas vezes escutamos sua mãe aos berros antes que se decida deixar de molecagem e se aprontar.


        Emma olhou triunfante para Gina, mas isso só fez com que a moça insistisse mais com a brincadeira. Quando não tinha o que fazer, a jovem gostava de fazer esse tipo de arte, arrumava os cabelos das meninas, as vestia com roupas mais bonitas, coisa que agradava algumas das crianças, mas deixava outras desesperadas para fugir desses caprichos.


- Vamos Gina deixe a menina, tenho certeza de que as outras garotas gostariam mais de estar no lugar de Emma. – Agnes se penalizou pela menina e resolveu ajudá-la.


- Está bem, mas terá que me prometer que deixará que eu penteie seus cabelos novamente. – Gina falou para Emma e beijou-lhe nas bochechas.


- Sabe senhorita, se gosta tanto dessas brincadeiras é mais fácil que a senhorita faça em si mesma. – Emma falou enquanto desfazia os laços em seu cabelo.


- Que mocinha atrevida. – Gina riu – Pois esteja ciente de que sempre me arrumo para o senhor Thomas, eu procuro colocar a melhor roupa e usar o melhor perfume.


- Mas em relação ao seu cheiro não tem muito que se preocupar, ouvi dizer que seu perfume é entorpecente. – a inocente menina continuava em sua tarefa de retirar os enfeites.


- Emma não é nada educado ouvir as conversas alheias, não quero voltar a saber que a senhorita anda escutando os comentários do senhor Thomas. – Agnes a repreendeu.


- Eu não me ocupando fazendo esse tipo de coisa. – Emma parou o que estava fazendo e olhou cheia de raiva para Agnes – E para informação da senhora, não foi o senhor Thomas que disse isso, acontece que eu estava em umas de minhas conversas com o Edgar, que é meu melhor amigo e filho de uma das criadas da casa dos Potter, e ele por acaso ouviu o filho dos Potter comentar sobre o cheiro de nossa patroazinha.


       Emma tinha um tom inocente de quem fala certas coisas sem ao menos perceber que tipo de reação poderá causar, só que o que ela havia dito fora uma coisa deverás grave, ao terminar o comentário teve sua boca tapada por Agnes que olhou para todo o canto da cozinha a fim de se certificar que ninguém mais as ouvia.


- Você é uma criaturinha de língua imensa. – Agnes falou – Preste muita atenção no que vou lhe dizer: jamais repita isso a nenhuma outra pessoa, e faça com que seu amigo de língua ainda maior guarde segredo sobre isso, fui clara? – Emma concordou assustada com a reação da mulher.


- Vamos Agnes não seja tão rígida com ela. – Gina interveio – Escute meu lindo anjo, há coisas que não podemos sair falando por ai, tome cuidado com esses comentários e, por favor, não deixe que isso que disse seja ouvido por pessoa alguma, principalmente minha mãe.


- Certo senhorita, e peço sinceras desculpas se ultrapassei meus limites, acontece que eu e Edgar somos amigos e não precisam se alarmar quanto ao fato de mais alguém saber disso, pois não somos dois fofoqueiros. – Emma falou envergonhada.


- Acho muito bom que esteja falando a verdade, agora vá brincar lá fora com as outras crianças. – Agnes esperou a saída da menina para voltar sua atenção a Gina – Espero que tenha consciência da gravidade disso, o que será que o jovem Potter tem na cabeça para fazer esse tipo de comentário.


        Gina não pretendia deixar sua ama mais preocupada do que estava, mas o sorriso não pode deixar de surgir em seus lábios, continuava chateada com tudo que envolvia ela e Harry, porém saber que o rapaz achava de seu cheiro a transportava para o paraíso que criou desde o momento que conheceu aqueles olhos verdes.


- Senhorita Gina poderíamos conversar em seu quarto? – notando uma certa alegria no rosto de Gina, Agnes achou melhor saber do que se tratava.


        Ambas subiram para os aposentos de Gina, Agnes andava com passos rápidos e assim que chegaram ao destino a ama verificou se não seriam incomodadas e fechou a porta.


- Menina terá que perdoar meu atrevimento, mas cuidei da senhorita desde que estava na barriga de sua mãe, a ajudei a vir ao mundo e continuo prezando pelo seu bem estar, me sinto na obrigação de questioná-la sobre o que acontece em sua vida, e preste atenção menina: não tente me enganar, pois conheço tudo sobre você, reconheceria qualquer tentativa de mentira sua. – Agnes estava inquieta, tinha uma certa noção do que poderia estar ocorrendo e temia que estivesse certa.


- Agnes antes mesmo que eu te relate qualquer coisa e você queira me julgar por meus atos, quero lhe perguntar uma coisa. – Agnes deu autorização para que prosseguisse - Já sentiu como se todos os anjos cantassem para você? E se exatamente todo dia tivesse algo de especial, mesmo que ele esteja cinzento e sem nenhum atrativo? E se cada passo seu fosse uma volta pelas nuvens, já que seus pés não parecessem encontrar o chão? – Gina esperou esperançosa por um indício de compreensão de Agnes, o qual não chegou.


- A senhorita não vai me dizer que está de caso com o filho dos Potter? – a ama questionou chocada.


- Se é assim que chama se apaixonar, então estou. Agnes não me repreenda por isso, você sabe perfeitamente bem que esse tipo de coisa não se controla, simplesmente surge e o que posso fazer para remediar? – Gina sentou-se em sua cama.


- Como não irei repreendê-la minha pequena? O que me conta é preocupante e por Deus o que fará quando sua mãe descobrir? – Agnes juntou-se a Gina.


- Quanto a isso não iremos nos preocupar, acontece que entre Harry e eu nunca ocorreu nada, nem mesmo um beijo para alimentar meu coração desesperado. – Gina se inquietou com a lembrança do quase beijo no baile.


- Melhor que seja assim, me penalizo em vê-la assim senhorita, mas tem que usar a razão nesse assunto, sabe muito bem que você e esse rapaz jamais poderão ter alguma coisa. – Agnes abraçou Gina e fez um carinho em sua cabeça – Terá que ser forte e superar isso, tenho certeza que o senhor Thomas a ajudará a encontrar o caminho certo.


        O som de batidas na porta fizeram com que Gina e Agnes se separassem, após se recompor, a jovem pediu para que o autor das batidas entrasse. Molly Weasley carregava uma carta e expressava imensa euforia.


- Veja minha querida é uma carta da rainha. – Molly sacudia o papel para Gina.


- Para quê tanto alarme mamãe? Não é a primeira vez que recebe uma carta da rainha.


- Só que dessa vez está com um pedido irrecusável. – Gina continuou sem entender – Acontece que fomos convidados para passar esse fim de semana em uma das residências da rainha que fica nas montanhas. Eu e seu pai fomos lá umas duas vezes e acredite quando digo que é um lugar maravilhoso.


- Creio que vamos nos divertir muito. – Gina não conseguiu sentir a mesma satisfação da mãe.


- Claro que vamos, e o melhor de tudo é que ela também convidou o seu noivo, será de grande ajuda para vocês passar o fim de semana inteiro em um lugar tão romântico.


        Após o comentário de sua mãe, Gina só pode se sentir entediada, não que a companhia de seu noivo fosse desagradável, mas a idéia de ficar o fim de semana tentando sentir o romantismo do lugar junto a ele não fazia com que se animasse, contudo viu uma possibilidade de se aproximar mais de Dino e esquecer de uma vez por todas o seu paraíso com Harry.


 


 


 


- Mãe não é meu objetivo fazer uma desfeita para a rainha, mas francamente passar o fim de semana inteiro em um lugar com nada para fazer que não seja desfrutar a paisagem não me chama a atenção. – Harry tentava convencer sua mãe que andava de um lado para o outro fazendo preparativos.


- Não vou aceitar nenhuma tentativa de escapar do convite Harry, na carta a rainha mencionou toda a família Potter, o que quer dizer que não faltará nenhum membro, e Rony trate de arrumar suas vestes direito. – Lilly falou observando a bagunça que Rony fazia tentando colocar suas roupas de qualquer jeito em uma bolsa – Não entendo o por quê de tanta reclamação, a Hermione também foi convidada e tomei liberdade em pedir para levar sua futura noiva, companhia não vai faltar a você.


- Pelo menos me deixe levar meus equipamentos de luta, assim não ficarei entediado.


- Eu já disse que você não levará nada disso. – a mãe falou enfezada, porém logo suavizou sua expressão – Aproveite para conquistar ainda mais sua noiva, os pais dela estão reclamando que parece que você não está contente com a união.


- E o que eles esperam que eu faça? Que a tome para mim antes do casamento. – Harry se enfureceu com a pressão de sues futuros sogros.


- Se em sua mente perversa passou o que penso que esteja arquitetando é bom o senhor manter suas mãozinhas inquietas longe de Cho até que estejam devidamente casados.


        Harry segurou o riso perante a advertência da mãe, pelo que pode conhecer de Cho era ele quem teria que controlá-la, sempre se portou da melhor forma com a noiva, porém a pessoa em questão vivia tentando encontrar um jeito de estar o mais íntimo possível dele. Em tempos passados a atitude de Cho só faria com que ele se entusiasmasse com o casamento, só que uma moça de cabelos ruivos tomou totalmente se juízo, não conseguia pensar em nenhuma outra mulher que não fosse a jovem, e por mais que visse seu envolvimento com ela completamente impossível, só aumentava a vontade em tê-la em seus braços, o fruto que jamais poderia provar.


        Antes de sair, Lilly deu mais algumas coordenada quanto a preparação para a pequena viagem, Harry percebeu que de nada adiantaria para que sua mãe mudasse de idéia e vencido resolveu ajudar o amigo.


- Harry também não é para tanto. – Rony observou o quanto o amigo estava desanimado.


- Eu sei disso, é que não estou com o humor muito bom para ter que aturar esse fim de semana inteiro, ainda mais porque a Cho também vai, será que é pedir demais um tempo? – Harry enfiou a cabeça em um travesseiro.


- Se está tão difícil ficar com ela, por que não faz o lógico? É melhor cancelar tudo do que ficar se martirizando. – Harry achou Rony muito parecido com Hermione.


- Eu sei que parece fácil, mas parece que eu tenho um laço com ela que esta difícil de desfazer, eu até tentei uma vez, só que a reação dela me deixou inquieto, ela começou a choramingar, você sabe que eu não suporto quando as pessoas fazem isso, eu me senti recuado e tomei uma atitude idiota, agora eu não tenho bem certeza se deveria ter dado essa chance a ela. – Harry fitou pensativo a janela – Ela tem se mostrado terrivelmente mimada.


 - Sem contar que é bastante ciumenta até mesmo comigo, não posso negar que ultimamente ela tem se mostrado bem mais receptiva, mas Hermione disse que ela está fingindo. – Rony pensou na possibilidade.


- Bem vendo por um lado, mesmo que ela esteja fingindo pelo menos está tentando manter uma boa convivência. – nem mesmo Harry achou que seu palpite fosse seguro.


- Em todo o caso seu problema é bem outro. Você já se entendeu com a Gina? – Harry percebeu que o amigo estava sem graça por começar esse assunto.


- Não, ela continua achando que eu sou um cretino desprezível. – Harry também sentia a mesma sensação que Rony, por mais que o amigo e a irmã não fossem próximos, ele não pode de deixar de se sentir constrangido.


- A Gina às vezes é muito difícil de se contornar, mas eu sei que seus sentimentos são verdadeiros. – ele sorriu em consolo.


        Ter o apoio de Rony em relação a Gina significava bastante para Harry, quando começou a planejar meios para conquistar a jovem ele pensou muito na reação do amigo, e não achava exagero pensar nisso, afinal Rony se tornou seu melhor amigo desde que eram crianças, ele até se voltou contra a própria família em favor dessa amizade e isso Harry se sentiria eternamente em débito, pois estava ciente do quanto isso afetou seu amigo, a família tinha um valor muito grande na vida dele e mesmo que os Potter tentassem suprir essa perda, jamais ocupariam o vazio. Quando seu amigo saiu da casa da família, Harry prometeu que sempre o apoiaria, mesmo que não concordasse com a atitude do amigo em certas situações, jamais deixaria de estar ao lado dele. Harry não conseguia enxergar sua vida sem a companhia de Rony e Hermione, as melhores pessoas que conheceu ou estaria para conhecer, e mesmo com alguns defeitos, não deixavam de ser completos, pois eram seus irmãos de alma.


        Harry aceitou melhor sua viagem, mesmo que tivesse que se esconder de Cho para não ser obrigado a fingir um sentimento que não existia, ele estaria com seus amigos e no fundo sentiu que esse passeio às montanhas não seria um desperdício de tempo.


 


 


* Flavinha volta logo de viagem... Tá difícil esperar o próximo capítulo da sua tradução.... Bjussss

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