Ponto final?



Capítulo 04
Ponto final?


 


Nos dias que se seguiram, Hermione evitava a todo custo tocar no assunto que vinha lhe assombrando. Harry a pressionava cada vez mais, o que fazia com que ela pensasse a toda hora numa maneira de acabar seu namoro.


Mas sempre que lhe surgia uma ideia, esta não era muito justa. A verdade não era justa, sendo que optara por ela inicialmente. No entanto, nunca via uma brecha para tocar no assunto com Córmaco. Sempre que começava, ele parecia prever seus dizeres e mudava de assunto tão velozmente quanto um pomo de ouro num jogo de quadribol. E quando não trocava de assunto, ele lhe fazia carinho, e ficava mais difícil retomar tudo que ensaiava em sua mente.


Não obstante, Harry também lhe dificultava as coisas. Usava indiretas, beijos mais apaixonados, carinhos propositais, declarações que a faziam virar gelatina. E ele sabia que estava surtindo efeito, só que não tivera chance de informar ao “namorado” as atuais circunstancias de seu coração.


Mas havia se decidido. Iria com toda a coragem que possuía, - decretar um ponto final no relacionamento, - antes do final de semana. E ele tinha que entender...


Remexeu-se no banco. Estava tentando comer alguma coisa, mas nada lhe era agradável de saborear. Ergueu o rosto, e encontrou os olhos de Harry presos em sua figura distraída, as faíscas que dali saía, era uma certeza de que ele se vangloriaria de que mais uma vez invadira seus pensamentos.


- Metido... – ela balbuciou, apenas movendo os lábios.
- Eu sei... – respondeu do mesmo jeito, sorrindo torto.


Ficaram a se encarar, sem temer que as outras pessoas pudessem desconfiar. Mas todos estavam cuidando de suas próprias vidas, e Harry e Hermione passaram despercebidos na mesa da Grifinória.


...


As horas não passavam como a morena gostaria. Queria que a noite chegasse logo para que pudesse ficar a sós com Harry. Não tinha ronda naquele dia, mas poderiam ficar namorando as escondidas na sala comunal.


Um sorriso brotou-lhe nos lábios. Por mais que sentisse culpa por enganar Córmaco, - já que o apanhador grifinório sabia de tudo, e o outro não, - a felicidade acompanhada de uma paixão torrente apagava tudo. Até mesmo a maldita culpa.


Mas se ainda sustentava aquele relacionamento, era exclusivamente culpa do “namorado”.   


Ironicamente, sentia que Harry era mais seu namorado. Fazia muito mais que apenas escutá-lo. Falava, e expunha seus pensamentos. Riam juntos, faziam piadas e comentários em contíguo, um complementando o outro. O moreno a conhecia tanto, que praticamente se adiantava em seus pensamentos e vontades.


E como diria Luna, “eram feitos um para o outro”.


...


Harry passava extremamente furioso pelos corredores do castelo, fechava as mãos em punhos, e trincava os dentes. Remoia ainda o que ouvira Córmaco dizer aos colegas com um sorriso petulante nos lábios, minutos antes de perambular às cegas pelo colégio.


Hermione está cada dia mais apaixonada, me deixa fazer coisas que antes não permitia de jeito algum...”


Além do tom malicioso daquela voz que sempre o irritara, o moreno pudera enxergar o brilho cobiçoso no olhar do outro. E isso fizera com que explodisse em ciúmes. E no fundo, constatar que Hermione apenas queria brincar com ele, visto que nunca teria iniciativa de romper com o outro bruxo.


Motivo pelo qual ela não falava de jeito algum sobre isso quando inutilmente ele tentava...


“Por Merlin, que garota difícil!” – pensou, bufando.


Se tivesse o dom de escolher suas paixões teria evitado muitas coisas, assim como teria evitado bancar o outro. No final de tudo, não teria sido usado. Se Hermione estava tão íntima de Córmaco, era porque não tinha nenhuma intenção de ficar consigo.


Porque que garota não levaria a relação a esses termos se não estivesse completamente apaixonada?


Sabia que Hermione não era do tipo mais avançadinha. Era às vezes tão recatada, e se envergonhava quando ousava mais. Sinceramente, não entendia porque dava então, estas liberdades a Córmaco.


E quanto mais pensava mais confuso ficava... Sua cabeça estava imersa num turbilhão de coisas.


Desejoso, esperava que a encontrasse na biblioteca, conversaria com ela, e colocaria ele mesmo um ponto final naquela situação. Não queria continuar daquela maneira. Queria beijá-la na frente dos outros. Poder afagar seus cabelos, e sorrir a ela sem tem que se esconder. Dizer a todos que Hermione era sua. Sua namorada, sua melhor amiga... Mas sofria pensando que poderia não ser correspondido, mesmo tendo muitas provas que refutavam esta ideia.


Entrou na biblioteca e a procurou com o olhar, substancialmente, não a encontrara nas mediações. Perguntou por ela, e Hermione ainda não tinha pisado por ali.


Impaciente, resolveu esperar, ela apareceria.Sempre vinha a biblioteca.


Enquanto isso procurava dissolver sua raiva. Seu ciúme e frustração. Qualquer outro não sentiria escrúpulos, mas ele não tinha tanta falta de caráter. Embora Córmaco não o merecesse e ele não quisesse oferecer solidariedade. Mas não gostaria de ser enganado e traído. Era muito cruel.


Caminhou até uma das mesas que sabia que Hermione tinha predileção, e encostou-se nela. Antes colocara sua mochila na superfície lustrosa de madeira, e cruzou os braços na altura do peito.


Segundos se passaram sem que a morena aparecesse, e ele sentira um perfume característico pairar em suas narinas e nada tinha com o adocicado perfume de Hermione. Conhecia este muito bem. Fugia de sua dona como o diabo da cruz...


Suspirou fundo, quando virou o rosto, vendo se aproximar dele, uma garota de cabelos escuros e volumosos. O sorriso dela aumentara quando o enxergara. E insinuante Romilda parou diante do moreno.


Desde que terminara pública e “oficialmente” com Charlotte, a garota não o deixava em paz. O seguia sempre que possível, e tentava por todo custo fazê-lo comer algumas guloseimas que o presenteava. Só que a bruxa não contava que Harry detinha de muita astúcia, pois vira os olhares dela nas poções do amor que os gêmeos vendiam em sua loja; poderia não ser muito eficiente, mas seria capaz de fazê-lo sentir um frisson por ela.


Sabia que seu coração já tinha dona, mas seu corpo poderia reagir conforme o determinado na poção. Estaria enfeitiçado de todo modo, somente assim para sentir algo mais por Romilda Vane.


- Olá, Harry. – falou manhosa.
- Romilda... E aí?
- Esperando a Granger? – perguntou, fazendo uma careta ao citar o sobrenome de Hermione.
- Sim, eu estou.
- Claro... Você quase não aparece por aqui. A não ser que esteja com ela. – mexeu nos cabelos, todos os seus gestos eram uma tentativa de chamar a atenção de Harry.


E era sim para a pergunta que ela lhe fizera.
Isto era a mais pura verdade. E novamente Hermione apoderou-se de sua mente. E subitamente, o ciúme lhe corroera outra vez. Imaginou-a com o namorado, motivo possível do atraso. Os dois se beijando e Córmaco acariciando a pele dela. Aquela tez perfumada e macia, que somente ele sabia como se fazer arrepiar.


Enquanto pensava em tais coisas, Romilda não parava de falar. No entanto, sua voz era um eco distante, não entendia nada do que ela falava, só conseguia discernir tudo que tinha a ver com Hermione. Só reparou-a num detalhe, quando a garota corvinal, se aproximara mais dele. Encurralando-o entre a mesa.


O sorriso nos lábios róseos dela era o mais malicioso que Harry já vira numa garota, e sem saída, deixou-se levar.


Não tivera tempo de nada, Romilda já o beijava com certa urgência. E o pior, ele correspondera, muito embora não tivesse a intenção de fazê-lo. Mas ela o provocava de uma forma que não podia combater. As ações ousadas o tiravam da realidade. Afinal, era um ser humano com fraquezas...


E pensar no ciúme que Hermione lhe fazia sentir, só aumentava seu desejo de revidar. Se ela podia beijar Córmaco, ele também poderia fazer isso com qualquer outra garota. Sem nenhum problema, e sem nenhum peso de consciência. O que mais tarde, sabia que seria inevitável não sentir.


Mas vivia o agora, e o futuro... Encarregar-se-ia dele depois.


Apertou-a em seus braços, e sua boca agia com fome, mas não era saciada. Seu coração pulsava cheio de vigor, mas não era verdadeiro tal entusiasmo.


Concentrou-se no beijo, e desligou-se do mundo ao seu redor. Portanto, não vira o par de olhos castanhos que o fitava desolado.


Parada, vendo aquela cena se formar com clareza e som, Hermione sentia-se sem chão, sem rumo, sem tudo! O coração se despedaçara, e refeito, só podia sentir despeito. Tudo que vivera com Harry tinha sido uma ilusão, as palavras bonitas que ele lhe tinha dito foram insignificantes. O amor que ele lhe detinha era uma farsa...


Passado o susto, e a incredulidade, e cabendo a si a aceitação, Hermione fora consumida por uma ira gigantesca. Tudo que pensava em fazer era arrancar Romilda de perto de Harry, e...


Que Deus a perdoasse, mas não iria ser bonito.


Moveu-se devagar, dera um passo à frente, pronta para fazer um escândalo, mas lembrou-se a tempo de evitar parecer ainda mais idiota, de que não poderia. Harry era somente seu “amigo”, e seria inexplicável sua atitude.


Resignada com sua condição de expectadora, a morena sentiu os olhos arderem, assim como a garganta.


Apertou o livro que trazia consigo, e aproximou-se do casalzinho. Assumiu uma postura rígida, e altiva. Ergueu a cabeça, deixando a arrogância dar as honras.


Passara perto de Romilda, e com o corpo tenso, empurrara-a mais de encontro a Harry. Os dois pararam de se beijar, completamente sem fôlego. Hermione pudera ver o sorrisinho dos dois, e extravasando sua fúria, a morena deixou o pesado livro de aritmancia cair sobre a mesa.


Espantado, o apanhador virou-se e encontrara-a. A bruxa não tinha uma expressão amigável, poderia jurar que se estivesse em condições ela o teria esganado, assim que acabasse o serviço com Romilda. Esta sorriu superior, e encarou Hermione, com uma pose vencedora.


Os lábios dela estavam comprimidos, e o olhar fixo na outra garota. Segundos depois, ela apenas disse:


- Aqui não é lugar para isso, então, sugiro que procurem outro mais apropriado.


 


...


- Porque fez aquilo?


Hermione erguera a cabeça, e deixou um sorriso cínico se apossar de seus lábios quando fitou Harry. O que era para ser uma noite agradável estava se tornando o inicio de um martírio.


Odiavam discutir, mas diante das circunstancias seria inevitável não fazê-lo.
Para os dois lados.


- Aquilo, o que? – retrucou, secamente.
- Azarou Romilda - acusou sem precedentes. O momento em que achou que Hermione apenas lançava um típico olhar de ódio, fora mais que suficiente para uma azaração. -, porque eu sei que foi você, portanto, não negue... E ainda há rumores de que EU fui o responsável por todas as brotoejas que surgiram no rosto dela.
- Achei que gostasse de vermelho, Harryzinho. Ela ficou mais bonitinha, admita. Aquele contraste, ficou estupendo.
- Pare com essa maldita ironia! – bradou, mas ela não recuara. - Não acredito que possa ser tão sádica, e ainda tivera a coragem de dizer a Romilda que...
- Escute, eu não disse isso literalmente, ela tirou suas próprias conclusões. Apenas mandei-a tomar cuidado com quem escolhe para beijar. – levantou-se da poltrona. Estivera esperando por esse momento a tarde toda.


Queria ela acusá-lo. E agora podia.
Queria fazer uma cena. E faria.


- Como se atreveu a beijá-la? Romilda Vane. É o cúmulo! – resmungou num tom alto. Impondo-se de uma maneira que Harry nunca vira. Fato que apenas reforçava a concepção de um grave e sério desentendimento... Deixou que ela falasse, então poderia impor-se também. Seria um duelo e tanto. – Fora muito audacioso mesmo, sentiu-se vingado? 
- Já disse para deixar de ser irônica.
- E perder uma característica única para esse momento? Desculpe, mas não...
- Primeiramente, eu não lhe devo nenhuma. Ouviu? Nenhuma explicação. Eu não sou seu namorado, deste modo, não lhe devo também fidelidade... Romilda estava ali, e eu estava com vontade de beijar.
- Como fez comigo da primeira vez, e que tentou depois remendar a história com aquele papinho de que não teria sido com outra. – comentou sentindo as pernas fraquejarem. – Me usou. E ainda tem o descaramento de me cobrar certas coisas.
- Não me cobre você, Hermione. Não tem esse direito. – disse baixo, mas firme. – Até hoje não rompeu com seu adorado Córmaco, e eu não vou esperar a vida toda até que isso aconteça. Tem gente que se contenta comigo apenas.
- Não precisa esperar a vida toda... Não precisa esperar por mim. Nosso relacionamento não teria mesmo futuro, começou tão rápido, e tendia a terminar assim também.
- É você tem razão. Foi bom, enquanto durou. Diverti-me bastante nas noites de ronda, e aqui mesmo na sala comunal. – disse cruelmente; estava acabado, e por orgulho acabaria com ela também. – Mas acabou e a vida continua.
- Espero que se divirta mais com a Romilda, vocês se merecem...


O restante não ouvira.


Somente sentira o baque, e o peso da mão de Hermione em seu rosto. Logo depois a pele ficara formigando, e esta se tornou avermelhada. Selou os ouvidos para as palavras, mas não pudera evitar ouvir os soluços dela. Fizera Hermione chorar. E isso lhe doía mais que o tapa.


Imóvel, Harry a vira subir as escadas até o dormitório.


...

N/A: Uauuu, penúltimo capítulo, ALELUIA!
então pessoal, será que eu fui boazinha e Harry e Hermione não tiveram o "ponto final" no relacionamento, ou eu fui muito Sonserina e os deixei brigados para a possível continuação... Ou não foi nenhuma das alternativas anteriores? Porque ainda falta o último capítulo... Humm, só o tempo poderá dizer, e os comentários tb!

Pois o último capt, só virá após mais mudinhos entrarem em ação. E se você era um mudinho, eu agradeço por comentar... Adorei alguns comentários aí que surgiram após meu desabafo.

E lembrem-se ainda nao adquiri o poder da vidência, então COMENTEM muitoooo!

Obrigada a todos os leitores lindos e maravilhosos que comentam... em especial a Laís que sempre passa aqui, o capt de hoje é dedicado a você, florzinha. ;D

Então é isso, espero mtos coments...

Até mais!
Beijokas. 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.