Divagações



Havia um garotinho e uma garotinha sentados no pátio da escola, na hora do intervalo, comendo. O garotinho possuía os olhos de um verde profundo, e seus cabelos muito negros apontavam para todas as direções. A menina tinha os cabelos bem longos, castanho claro, quase louro, formando cachos perfeitos. Seus olhos amendoados brilhavam. O intervalo era sempre sua parte favorita, porque assim tinha a atenção daquele garoto que ela tanto apreciava só para ela.


O garoto em questão se chamava Harry Potter, e tinha, no entanto, a atenção toda voltada para o sanduíche que sua mãe havia preparado para ele. Harry sempre fora muito quieto, mesmo na companhia de sua melhor amiga, e ela entendia isso. Por esse fato, só a companhia de Harry a fazia feliz. E enquanto este comia, distraidamente seu sanduíche, ele a viu...


Aquela menina era nova na escola, com certeza, caso contrário ele já a teria notado. Longos cabelos de um vermelho intenso e olhos azuis que se destacavam ante sua pele branca como a neve.


-  Qu... Quem é aquela? – Harry perguntou a garotinha sentada a seu lado chamada Hermione.


- Quem, Harry?


- Ela – Ele indicou com a cabeça a menina ruiva.


- Hã? Quem? Ahn! Ela... Ela se chama Gina, Gina Weasley. Ela é irmã do Rony, Harry. Acho que ela se mudou para Hogwarts faz só alguns dias...


- Ela parece um anjo... – Harry disse mais para si mesmo do que para Hermione, no entanto, ela ouviu, e seus olhos não mais brilhavam.


 


***




Hermione saiu do banho. O aquecedor de sua casa deixava o ambiente quente e aconchegante, diferente do tempo que fazia lá fora. A neve caía em grandes e brancos flocos e o vento soprava alto. Ela vestiu a camisola e foi para seu ateliê, que ficava no sótão.


Hermione se formara em artes pela Universidade Londrina de Artes e Literatura fazia menos de um ano. No momento, ela fazia um curso de aperfeiçoamento em pintura de paisagem e retrato. Mas, mesmo formada a pouco tempo, seus quadros já faziam sucesso em sua galeria, no centro de Londres, que, com a ajuda de seus pais, ela abrira no penúltimo ano da faculdade. Agora Hermione tinha uma vida confortável. Além da galeria, ela também havia comprado uma casa, nos arredores de Londres, onde havia menos movimento, e mais árvores, exatamente como ela gosta. Agora, ela morava sozinha, situação que almejara desde que entrou na universidade.


No entanto, mesmo com sua vida indo bem, com seus quadros sendo vendidos feito água, e com sua casa em um lugar tão inspirador, Hermione estava com um problema.Um bloqueio, para ser mais exato. Desde um determinado acontecimento, ocorrido a menos de uma semana atrás, ela não conseguira pintar nada, e essa noite não seria diferente.


Hermione sentou em frente a sua nova tela, preparara suas tintas e pincéis, mas nada, simplesmente nada vinha a sua cabeça, pois essa tinha um só pensamento: Harry.


Harry havia ido embora estudar a quatro anos atrás,e naquela época, Hermione achou que seria tempo suficiente para esquecer sua paixão por ele. Porque é fato que era completamente apaixonada pelo melhor amigo desde que amadureceu o suficiente para entender o que era aquela sensação que sentia sempre que o via. Aquela sensação engraçada de borboletas no estômago, aquela vontade de sorrir só por ele estar perto, a aquela alegria que tomava conta de todas as partes do seu corpo quando ele a abraçava, o rubor que ficava em seu rosto quando ele a beijava na bochecha... E o ciúmes quando harry falava de Gina, e quando eles começaram a namorar. A dor foi tão grande que Hermione entendeu que aquilo só poderia ser algo mais do que simples amizade. Harry, no entanto nunca demonstrara considerar Hermione mais do que uma amiga, por isso todo aquele sentimento sempre fora guardado e escondido, deixando que somente a amizade fosse direcionada a Harry.


O problema era que, mesmo em quatro anos, não esqueceu o melhor amigo e agora, ante a perspectiva de vida com o amigo de volta, sua cabeça havia simplesmente bloqueado todos os seus arroubos de inspiração.


Como nada veio em sua mente, Hermione levantou e foi para perto da janela. Enquanto olhava a neve caindo, os fatos que ocorreram durante a semana passavam pela sua mente.


Logo depois de pegar Harry no aeroporto, Hermione o levou para a casa de seus pais. A surpresa e alegria destes foi enorme. Choraram e riram ao mesmo tempo. Lílian estava radiante ante a volta de Harry, e Tiago, orgulhoso. Hermione fora convidada para ficar para o jantar, e a noite se concluíra de maneira fantástica e tudo estaria perfeito se não fosse por ela, Gina. Um dia depois da volta de Harry, a família Weasley foi avisada. Harry almoçou na casa deles e, pelo que Hermione soube, porque não fora ao almoço por estar muito ocupada com as coisas da galeria, tudo ocorrera bem. Gina, no entanto não estava na cidade e o reencontro desta com seu grande amor ainda não ocorrera.


Contudo, Gina estaria de volta amanhã, e Hermione sabia que Harry não tardaria a ir se encontrar com ela e eles reatariam o namoro e todo aquele sofrimento que ela passou quando Harry e Gina começaram a namorar voltaria com força total. Hermione tinha certeza que era essa preocupação que a deixava impossibilitada de pintar seus quadros.


E foi enquanto pensava sobre essas coisas que Hermione se assustou com o toque da campainha. Olhou no relógio e se surpreendeu. Ficara tanto tempo olhando a neve cair e divagando sobre Harry, que nem viu o tempo passar, já passava das 10!


Hermione desceu vagarozamente as escadas, colocou o robe que sempre deixava pendurado no cabideiro ao lado da porta de entrada e discretamente olhou pelo olho mágico. Sorriu ao ver quem estava lá fora. Abriu a porta e o abraçou. Era um jovem alto, de pele muito branca e cabelos loiros platinados, com olhos azuis que se destacavam mais ainda, pois este estava vestindo um casaco preto.


 - Você demorou para abrir a porta. – Ele reclamou, embora sorrisse.


 - Desculpa, estava no ateliê. – respondeu Hermione – Não que eu não goste, amor, mas o que te traz aqui tão tarde?


O jovem assumiu aquela expressão arrogante e sedutora que tanto encantara milhões de mulheres, inclusive Hermione, a segurou pela cintura, aproximou o seu rosto do dela e respondeu, com uma voz  que beirava o sussurro:


- Por quê? Não posso mais fazer uma visita surpresa a minha namorada? 


Hermione o olhou com uma cara séria, e depois sorrindo lhe disse:


- Você pode me visitar sempre que quiser, Draco.


 


 


***


 


 


Harry estava deitado na cama de seu antigo quarto. Ele olhava para o alto, encarando o teto acima. Era tão estranho voltar ali depois de tanto tempo. Todas aquelas coisas que foram esquecidas, pôsteres, livros, CD, roupas... Tudo parecia pertencer à outra pessoa. A alguém que a muito ele deixara de ser.


Ele se virou na cama e olhou para o criado mudo a seu lado. Sobre este havia um porta-retrato, daqueles duplos, que parecem um livro aberto, onde dava pra você colocar duas fotos. Em uma das partes havia uma foto de um casal. Um garoto que aparentava ter uns dezesseis anos, os cabelos bagunçados, apontados para todas as direções e os olhos muito verdes por trás das lentes dos óculos. O garoto abraçava uma menina, de cabelos ruivos e olhos muito azuis. Ambos sorriam e pareciam muito felizes. A foto fora tirada em dia ensolarado de inverno, então o Sol brilhava por entre as árvores cheias de neve atrás dos dois. Era fácil ver naquela fotografia o quanto eles se amavam.


Ao lado, na outra foto, o mesmo garoto estava na companhia de seus dois melhores amigos. Harry tinha o braço nas costas de Hermione enquanto Rony pulava nas costas de ambos para aparecer no vão entre as cabeças deles.


Harry sentou na cama e pegou o porta-retrato na mão. Nas fotos, três das pessoas que ele mais amava no mundo. Seu olhar pousou na garota de cabelos ruivos. Gina estava viajando e voltaria amanhã e o estômago de Harry embrulhava só de pensar no reencontro. Esteve fora por tanto tempo, e havia mudado tanto, que agora, voltar e olhar para a garota que ele amava desde criança fazia sua cabeça explodir de dúvidas. É fato que amava Gina, mas e se amanhã, ele não encontrar a Gina que ele havia deixado? E se, como ele, ela também tivesse mudado? E se ela tivesse mudado para pior? E se ela não o amasse mais!?


Harry sentiu uma pontada de dor de cabeça quando esses pensamentos invadiram sua mente. Ele fechou os olhos e, ao abri-los de novo, seu olhar recaiu sobre a segunda garota do porta- retrato. Hermione sempre esteve ao lado dele em todas as situações. Quando ele cresceu o suficiente para entender o que sentia por Gina, foi Hermione quem ficou ao lado dele e o apoiou em seu relacionamento com a garota. Quando descobriu que teria que viajar para o exterior, foi Hermione quem o ouviu e o acalmou. Quando terminou com Gina, foi ela que o o confortou. Enfim, Harry poderia passar a noite listando as situações em que ela sempre o ajudou e o aconselhou.


Ele olhou no relógio. Já passava das 10 horas. No entanto, ele sabia que Hermione não tinha o costume de dormir cedo, e mesmo que a amiga já tivesse ido para a cama, ambos já tinham acordado um ao outro em visitas noturnas para conversas, na adolescência. Assim, Harry pegou o casaco e desceu as escadas em direção a sala. Seus pais haviam adormecido em frente à televisão, por isso, ele rabiscou um bilhete rápido, pegou as chaves do carro e saiu.


Sempre que estava confuso, Hermione o ajudava, por isso, dessa vez não seria diferente. Ele iria até a casa que amiga havia passado o endereço, onde ela estava morando atualmente, eles conversariam, ela lhe faria um chocolate quente e sua confusão com certeza diminuiria. Afinal, se tinha uma coisa que ele, Harry, simplesmente amava saber, era que sua amizade com Hermione é algo que não mudaria nunca!


 


***


 


 


Sempre foi assim desde que Hermione começara a namorar Draco: os beijos dele a deixavam sem ar.


Assim que chegou, Draco a abraçou ali mesmo, na soleira da porta e a beijou. O vento soprava gelado e Hermione estava vestindo só uma camisola e um roupão de seda, mas era difícil sentir frio com Draco colando seu corpo junto ao dela. Suas mãos deslizavam pelas costas da garota, protegida apenas com a seda das vestimentas que usava, deixando um rastro de fogo por onde passavam.


Beijar Draco era único. Como experimentar algo que você nunca tinha experimentado antes, mas tinha certeza que iria gostar. Era como sentir o gosto doce e viciante do chocolate pela primeira vez. Como ver algo maravilhoso pela primeira vez, como o mar. Você nunca mais esquece a primeira sensação da areia macia sob seus pés, nem de como as ondas lambem suas pernas, a água gelada fazendo subir um arrepio pela sua espinha. Era como o primeiro gole de vinho, quando você nunca tinha experimentado álcool antes. A sensação da bebida descendo sua garganta, sua cabeça leve e livre de pensamentos ruins. E a vontade de mais. Mais, até você ficar sem ar, mais até seu pensamento não ser outro a não ser ele, mais, até o pudor e a vergonha não se fazerem mais presentes. Mais, sempre mais...


E nesses “mais”, quando todo o ar esvaiu de seus pulmões, ele deu uma “leve” mordiscada em seu lábio inferior, e concluiu o beijo.


- Adoro te deixar sem ar. – Ele sorria, sedutor.


- Sabe que eu estou começando a notar. –  Ela disse, rindo e respirando rápido.


Apesar deles ainda estarem abraçados, Hermione estava começando a sentir o frio vindo de fora. Ela o empurrou para dentro da casa e fechou a porta. Assim que entraram Hermione teve mais tempo de reparar nas roupas do namorado.


 – Você acabou de chegar?


 - Sim, sai direto da reunião e dirigi uma hora e meia de Cambridge até a sua casa.


- Ahn Draco, eu...


-Há, não diz nada, garota. Eu estava com saudades e quis te ver. Faz uma semana que não te vejo. Faz uma semana que eu não te beijo, faz uma semana que a gente não faz...


- Ok ok, garoto, eu entendi –Ela riu e o olhou de cima a baixo. Ele parecia cansado – Porque a gente não faz o seguinte: você sobe, toma um banho bem quente, enquanto eu faço um chocolate bem quente, e depois...


- Depois a gente sobe para o seu quarto e conclui essa noite de uma maneira bem quente? – Ele perguntou. A expressão de Draco fez Hermione rir. Era a expressão que ele usava sempre que queria algo da garota.


- Você tirou as palavras da minha boca, garoto. – E ele sempre conseguia.


 


***


 


Harry encontrou a nova casa da amiga fácil. Demorou um pouco, por ser afastada da Londres central, mas ele a achou. Dentro do carro de seu pai, parado em frente à casa de Hermione, ele não conseguiu conter um sorriso pela garota. Ela sempre reclamou de morar no centro da cidade, cheio demais, barulho demais, pessoas demais. Ela sempre dizia que quando se tornasse financeiramente auto suficiente, ela compraria uma casa afastada da Londres movimentada, rodeada de árvores, onde ela pudesse pintar em paz.


E lá estava ela, realizando aos poucos todos os sonhos que ela descrevia para ele desde que se conheceram.


Harry deu uma última olhada na casa antes de descer do carro. Ele apertou ainda mais o casaco contra o corpo e atravessou a rua em direção à porta. No entanto, antes de anunciar sua chegada, Harry notou algo estranho. Na garagem ao lado da casa, havia dois carros estacionados. O primeiro automóvel Harry não reconheceu que marca ou modelo seria, mas soube, no entanto, a quem pertencia. Era a cara da amiga, um modelo simples, mas sofisticado, características típicas de Hermione. O segundo, contudo, se tratava claramente de um Aston Martin preto, no maior estilo James Bond. Não era a cara de Hermione ter dois carros, que dirá um modelo esportivo caro feito aquele. Talvez a amiga estivesse com visitas, e ao pensar nisso Harry quase deu meia volta e foi embora. Mas o rapaz não conseguia pensar em ninguém que a visitasse a essa hora da noite, muito menos alguém com gostos para carros esportivos. Mas logo que tentava resolver essa questão, um pensamento invadiu a cabeça de Harry: fosse quem fosse que estivesse com Hermione àquela hora, ela com certeza daria prioridade e ele, Harry, o melhor amigo, aquele que ficou fora por quatro anos e agora estava de volta! E foi com essa idéia na cabeça que Harry subiu os dois degraus que o separavam da porta de entrada da casa e, ansiando para ver a amiga, tocou a campainha.


 


***


 


Hermione estava na cozinha de sua casa. Enquanto o namorado tomava banho, ela preparava um pequeno lanche para ambos. O chocolate quente esquentava no forno, enquanto ela separava alguns biscoitos, os favoritos de Draco. Assim que a bebida esquentou, ela a colocou em uma garrafa, arrumou os biscoitos dentro de uma pequena tigela e colocou tudo em uma bandeja, junto com alguns guardanapos e xícaras. Depois de tudo pronto, ela olhou para a bandeja sobre a mesa:


- Espero que Draco não demore, senão o chocolate esfria... -Ela sentou na mesa, em frente à bandeja e esperou até que o namorado terminasse o banho.


Namorado. Se alguém dissesse a Hermione que ela namoraria Draco Malfoy depois que terminasse a escola, ela mandaria essa pessoa se internar em algum hospital de pessoas com problemas mentais. Naquela época, ela nunca sonharia em namorar ele. É fato que Draco sempre fora cobiçado pelas garotas na escola. Talvez fosse seu jeito sério e sedutor que as deixava encantadas, ou o cabelo louro platinado, arrumado displicente, um pouco caído e comprido, ou os olhos azuis... Enfim, características encantadoras em Draco eram inúmeras. Mas este também sempre fora um conquistador e Hermione passava longe desse tipo de garoto, fora o seu jeito arrogante. Isso a irritava. “Mas ele mudou tanto...”  Ela pensou, e isso era incontestável. Ele ainda era um pouco arrogante, mas ganhara uma segurança e um charme fora do comum quando amadurecera mais. Draco se tornara mais cavalheiro, mais educado, mais maduro, mais... Apaixonante. E assim a conquistara. Ela, a garota que ele tanto implicava na escola, agora era sua namorada.


Contudo... Mesmo encantada com Draco e todas as suas características, ainda eram aqueles olhos verdes que a perseguiam durante a noite, em seus sonhos. Ainda era aquele sorriso doce que ela às vezes achava ver em qualquer esquina, e quando olhava de novo, era apenas um estranho. Aquela voz suave que ela ouvia em cada canto de sua cabeça quando ele partiu, e que a lembrança tanto a fez chorar. Aquele olhar gentil que tanto sentira falta e que agora estava de volta...


- Ahn Harry...


Tão perdida em lembranças, Hermione não ouviu um carro estacionar na frente de sua casa. Ela não ouviu o bater da porta do automóvel e nem os passos que se seguiram. Ela só foi notar a chegada de uma segunda pessoa em sua casa quando, pela segunda vez aquela noite, seus pensamentos foram interrompidos pelo som da campainha.


 


 


***


Primeiro capítulo prontíssimo genteee!! Espero que gostem. Ahn, pessoas, sou moviida a comentários, então, você que está lendo minha fiic, pleaase, comentee. é a minha primeiira fic, entã gostaria de saber como estou indo.  ^^


Mah.Potter: Ahhn que bom que você gostou. *-* Tomara que você goste do 2º cap. tbm ^^


Fofíssima sem nome: Somos duas que abrimos os olhos todos os dias ")


Ivilyn: Você que é super, linda *-*

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